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UCAM – UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
DANIELA DE SOUZA SILVA
AVALIAÇÃO DE ATIVOS IMOBILIZADOS NO SETOR PÚBLICO – ESTUDO DE CASO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA
VIÇOSA - MG
2015
UCAM – UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
DANIELA DE SOUZA SILVA
AVALIAÇÃO DE ATIVOS IMOBILIZADOS NO SETOR PÚBLICO – ESTUDO DE CASO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA
Artigo Científico Apresentado à Universidade Candido Mendes - UCAM, como requisito parcial para a obtenção do título de Especialista em Gestão de Pessoas.
VIÇOSA - MG
2015�
AVALIAÇÃO DE ATIVOS IMOBILIZADOS NO SETOR PÚBLICO – ESTUDO DE CASO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA
Daniela de Souza Silva�
RESUMO
Com foco no patrimônio, os agentes públicos são obrigados a avaliar seus bens. A reavaliação de ativos é uma técnica que substitui o custo histórico. Este artigo apresenta o impacto dessa avaliação, considerando as novas regras, por meio de um estudo de caso na Universidade Federal de Viçosa. Os resultados evidenciaram uma redução em dois grupos de bens e aumento nos demais, esse aumento foi devido principalmente pela grande quantidade de bens registrados por valores irrisórios. Conhecer o valor do patrimônio administrado pode ser o ponto de partida para a definição de metas e a destinação de recursos orçamentários de maneira mais eficiente,
Palavras-chave: Reavaliação de ativos, Patrimônio Público. NBCASP.
Introdução
A contabilidade do Setor Público tem o enfoque mais patrimonial, com base que o objeto de estudo da contabilidade é o patrimônio. Com isso todas as variações e fatos que influencie no valor do patrimônio público devem ser registrados para que se tenha uma contabilidade eficiente e que esta transmita a real situação do órgão. 
A contabilidade Pública nasce na necessidade de apoio à administração pública moderna, pois é de fundamental importância para o controle e planejamento de todos os fatos que ocorrem dentro da entidade. 
A Contabilidade Aplicada ao Setor Público tem a função de auxiliar o gestor público no processo de tomada de decisões através de informações confiáveis. A NBC T - 16.1, Norma Brasileira de Contabilidade aplicada ao Setor Público, trás conceitos, objeto e campo de aplicação da Contabilidade Pública, onde define a Contabilidade Pública como: Ramo da Ciência Contábil que aplica, no processo gerados de informações, os princípios e as normas contábeis direcionados ao controle patrimonial de entidades do setor público. (Redação dada pela Resolução CFC nº. 1.437/13)
O objetivo geral deste trabalho é demonstrar a importância da avaliação de ativos para restabelecer o valor informacional dos bens do imobilizado da Universidade Federal de Viçosa, analisar os procedimentos adotados pela Divisão de Patrimônio para realizar essa reavaliação, assim como verificar seu impacto. A escolha por este órgão público ocorreu em função da acessibilidade às informações, por ser a instituição onde a autora exerce suas atividades profissionais. A metodologia utilizada foi a pesquisa exploratória, para a coleta e o posterior tratamento dos dados, foi utilizado o estudo de caso, que, segundo Yin (2010, p. 106), “é uma maneira importante de aumentar a confiabilidade da pesquisa de estudo de caso e se destina a orientar o investigador na realização da coleta de dados de um caso único”. 
Desenvolvimento
Bezerra Filho (2008) define patrimônio público ao assegurar que “constitui o conjunto de bens, valores, créditos e obrigações de conteúdo econômico e avaliáveis em moeda que a Fazenda Pública possui e utiliza na consecução dos seus objetivos”.
A maioria dos ativos imobilizados possui vida útil limitada, fazendo com que seu uso ocorra durante um prazo finito de períodos contábeis futuros. Desta maneira, o sistema contábil deve incluir, nos períodos contábeis em que o ativo for utilizado, a apropriação gradativa de seu valor como custo ou despesa sob a denominação de amortização, depreciação e exaustão, dependendo da sua natureza (Silva, 2009). 
Com a internacionalização dos mercados faz-se necessário que as informações contábeis possam ser comparadas, e por isso surge a necessidade de padronizar procedimentos em diversos países, permitindo assim que as informações sejam compreensíveis em todo o mundo, atendendo assim as demandas do setor público (SILVA, 2012).
Cabe à Contabilidade Pública servir como instrumento de controle para a sociedade no que tange ao acompanhamento das políticas públicas e à gestão do patrimônio gerado por tais recursos, a partir do emprego das informações pertencentes às demonstrações contábeis das prestações de contas dos administradores públicos. Para isso, essas informações devem ser compreensíveis e representar adequadamente a movimentação, a origem e a aplicação dos recursos públicos, por meio do devido registro dos elementos da contabilidade, assim entendidos os ativos, os passivos, as receitas e as despesas (CARLIN, 2008). 
O CFC emitiu a norma NBC T 16.10 – Avaliação e Mensuração de Ativos e Passivos em Entidades do Setor Público – que apresenta critérios e procedimentos para a avaliação e mensuração de ativos e passivos que compõem o patrimônio público.
O setor público começará a se utilizar dessa técnica para restabelecer o valor de seus ativos e, segundo a NBC T 16.10, aprovada pela Resolução CFC nº 1.137/08, em relação à reavaliação e sua periodicidade
As reavaliações devem ser feitas utilizando-se o valor justo ou o valor de mercado na data de encerramento do Balanço Patrimonial, pelo menos: 
(a) anualmente, para as contas ou grupo de contas cujo valores de mercado variar em significativamente em relação aos valores anteriormente registrados;
(b) a cada quatro anos, para as demais contas ou grupos de contas. (CRC/SC, 2008).
Segundo Rossetto, Nobre, Silva e Martins (2001), a avaliação dos ativos pode ser conduzida com base em valores de entrada, que representam o sacrifício que a empresa teve, tem ou terá que realizar para adquirir determinado recurso (custo histórico, custo corrente e custo de reposição futuro); ou valores de saída,
A reavaliação de ativos é uma técnica utilizada em substituição ao custo com base no valor de entrada, ou valor original. Segundo Iudícibus, Martins e Gelbcke (2009), “reavaliar significa avaliar de novo, o que implica a deliberação de abandonar os valores antigos”. 
A NBC T 16.10 define o conceito de reavaliação, valor recuperável (impairment) e valor justo (fair value): 
Reavaliação: a adoção do valor de mercado ou de consenso entre as partes para bens do ativo, quando esse for superior ao valor líquido contábil. 
Redução ao valor recuperável (impairment): o ajuste ao valor de mercado ou de consenso entre as partes para bens do ativo, quando esse for inferior ao valor líquido contábil. (...) 
Valor de mercado ou valor justo (fair value): o valor pelo qual um ativo pode ser intercambiado ou um passivo pode ser liquidado entre partes interessadas que atuam em condições independentes e isentas ou conhecedoras do mercado 
 o fair value como “o valor pelo qual um ativo pode ser intercambiado ou um passivo pode ser liquidado entre partes interessadas que atuam em condições independentes e isentas ou conhecedoras do mercado”(CFC, 2008)
A NBC T 16.10 ainda conceitua a reavaliação como a adoção do valor de mercado ou do valor de consenso entre as partes quando estes forem superiores ao valor contábil, sendo que, na impossibilidade de se estabelecer o valor de mercado, o valor do ativo pode ser definido com base em parâmetros de referência, que considerem características, circunstâncias e localizações assemelhadas. 
Os ativos a serem considerados nesta pesquisa são os bens móveis. Não abrange os bens intangíveis, por não estarem sujeitos à reavaliação e nem os bens imóveis, por não serem gerenciados pela Divisão de Patrimônio, e que obedece a regras específicas para as reavaliações dessegrupo. Além disso, serão considerados somente os bens incorporados no ativo da UFV antes do exercício de 2010 e ainda em utilização. 
Com base no Sistema Integrado de Materiais (SIM) da UFV, foi retirado um extrato dos bens móveis, do ativo imobilizado. Foram selecionados somente os bens que estão em utilização e que foram incorporados ao patrimônio até 31 de dezembro de 2009, pois a Secretaria do Tesouro Nacional (STN) afirma que os ativos incorporados a partir de 2010 já apresentam base sólida e não precisam ser reavaliados. 
Em 2011 e 2012 foram constituídas as comissões para avaliação dos bens das seguintes contas contábeis: Mobiliário em geral; Aparelhos, Equipamentos e Utensílios Médicos, Odontológicos, Laboratoriais e Hospitalares; Máquinas e Equipamentos de Natureza Industrial; Aparelhos e equipamentos de Comunicação; Veículos de Tração Mecânica e Equipamentos de processamento de dados.
Pela análise dos dados, verificou-se que 44.050 itens foram avaliados dos bens registrados no patrimônio até o final de 2009 considerando todos os tipos de incorporação, inclusive produção própria, e doações. 
O maior número de incidência está no grupo “Mobiliário em geral”, com 35.126 ocorrências, que representa 79,75% do total de bens avaliados. Em segundo lugar está o grupo “Equipamentos de processamento de dados”, com 4.202 ocorrências, seguido por “Aparelho, Equipamentos e Utensílios Médicos, Odontológicos, Laboratoriais e Hospitalares” (2.744), “Aparelho e Equipamentos de Comunicação” (1.496), “Veículos de Tração Mecânica” (450) e “Máquinas e Equipamentos de Natureza Industrial” (32).
No total os bens avaliados tiveram aumento de valor de R$369.271,53, a conta que teve maior aumento foi Veículos de Tração Mecânica que cresceu mais de 400 vezes, já em valores monetários foi o Mobiliário em geral, isso devido a diversos itens terem sido lançados no sistema com valores irrisórios menor que R1,00, sendo que muitos tinham o valor de R$0,01. Já a conta com maior desvalorização foi a Equipamentos de processamento de dados. Esses dados podem ser observados na tabela abaixo.
	Conta Contábil
	Descrição
	Valor Histórico
	Valor reavaliado
	Qtdade itens
	44905202
	Aeronave
	 
	 
	 
	44905206
	Aparelho e Equipamentos de Comunicação
	R$ 83.446,45
	R$ 42.731,00
	1496
	44905208
	Aparelho, Equipamentos e Utensílios Médicos, Odontológicos, Laboratoriais e Hospitalares
	R$ 1.696.942,95
	R$ 2.475.305,94
	2744
	44905228
	Máquinas e Equipamentos de Natureza Industrial
	R$ 215.645,44
	R$ 377.191,00
	32
	44905252
	Veículos de Tração Mecânica
	R$ 838,85
	R$ 335.582,87
	450
	44905235
	Equipamentos de processamento de dados
	R$ 3.760.326,73
	R$ 455.627,92
	4202
	44905242
	Mobiliário em geral
	R$ 1.167.383,70
	R$ 3.607.416,92
	35126
	 
	TOTAL
	R$ 6.924.584,12
	R$ 7.293.855,65
	44050
Conclusão
A administração pública vem assumindo um novo direcionamento com relação a gestão dos recursos públicos, isso mostrar a grande importância de se utilizar os recursos que possui de maneira eficiente.
A reavaliação de ativos está presente nos normativos contábeis de alcance geral, bem como nas Normas Brasileiras de Contabilidade Aplicadas ao Setor Público - NBCASP e é permitida nos casos previstos legalmente. A Lei 4.320/64 estabelece essa permissão, mas não a obriga.
A Universidade Federal de Viçosa possui um número significativo de ativos em plena utilização, com grande parte avaliada até a um real, resultado da conversão da moeda nacional, em 1994. Nesses casos, a contabilidade do setor público não conseguiu, por meio das técnicas de evidenciação até então utilizadas, preservar o valor real desses ativos e a reavaliação foi adotada de forma compulsória, o que foi informado pelas orientações da Secretaria do Tesouro Nacional feitas por meio do COMUNICA e do Manual Siafi, nas quais se evidenciou a obrigatoriedade formal da reavaliação como requisito para a depreciação.
As normas técnicas apresentadas pelo Manual Siafi, com procedimentos e regras – incluídas as regras para reavaliação de ativos – a serem adotadas por todas as instituições a ela vinculadas. foram emitidas em meados de 2010, porém a Universidade Federal de Viçosa não efetuou reavaliações até 31 de dezembro de 2011, tendo iniciado sua reavaliação no segundo semestre de 2013 terminando no fim de 2014.
A reavaliação de ativos apresenta-se como uma técnica útil, tendo em vista que muitos dos ativos das instituições públicas estão registrados por valores irrisórios. Notou-se a dificuldade em realizar a avaliação dos ativos da UFV, devido a falta de pessoal técnico qualificado, tempo disponível e metodologia específica para avaliação de cada tipo de ativo.
O processo de avaliação dos ativos imobilizados pode trazer benefícios gerenciais para os administradores do setor público. Conhecer o valor do patrimônio administrado pode ser o ponto de partida para a definição de metas e a destinação de recursos orçamentários de maneira mais eficiente, além de servir como base para a implantação de um sistema de gestão de custos que não que evidenciado no setor público.
REFERÊNCIAS
BEZERRA FILHO, J. E. Contabilidade Pública: Teoria, técnica de elaboração de balanços e 500 questões. 3 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008.
Carlin, D. O. Considerações sobre o processo de convergência na contabilidade pública brasileira. Revista Eletrônica do CRCRS, 2008
RESOLUÇÃO CFC 1.137, de 21 de novembro de 2008. Aprova a NBC T 16.10 – Avaliação e Mensuração de Ativos e Passivos em Entidades do Setor Público. Disponível em < http://www.cfc.org.br/uparq/NBCT16_10.pdf > Acesso em 06 de março de 2015.
RESOLUÇÃO CFC N° 1.437, DE 22 DE MARÇO DE 2013. Altera, inclui e exclui itens das NBCs T 16.1, 16.2, 16.4, 16.5, 16.6, 16.10 e 16.11 que tratam das Normas Brasileiras de Contabilidade Técnicas aplicadas ao Setor Público. Disponível em: www.cfc.org.br. Acesso em 25 de fevereiro de 2015
ROSSETTO, V., NOBRE, W., SILVA, P. R., MARTINS, E. Valores de entrada. In: Fipecafi; Martins, E. (Ed.). Avaliação de empresas: Da mensuração contábil à econômica. São Paulo: Atlas, 2001
SILVA, L. M. Contabilidade Governamental: um enfoque administrativo da nova
contabilidade pública. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2009.
SILVA, A. C., MACEDO, M. A. s., SAUERBRONN, F. F., SZUSTER, N. Avaliação de ativos imobilizados no setor público: Estudo de caso em uma organização militar da marinha do Brasil. Revista Informação Contábil, v. 6, n. 3, p. 51 – 73, jul/set. 2012. Disponível em <http://www.revista.ufpe.br/ricontabeis/index.php/contabeis/article/view/470/305> Acesso em 07 de março de 2015.
Yin, R. K. Estudo de caso: planejamento e métodos. 4. ed. Porto Alegre: Bookman, 2010.
�	 Graduada em Gestão do Agronegócio (2008) e Ciências Contábeis (2012) na Universidade Federal de Viçosa.

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