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Cultura das Mídias Aula 6

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Hipermodernidade
Gilles Lipovetsky. 
Aula 6
Profa. Isabel Spagnolo. 
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Modernidade
Os ideais da modernidade se estabeleceram no final do século XVII e se cristalizaram no final do século XVIII. 
A modernidade pode ser compreendida como um conjunto de valores constituídos a partir da ruptura com o pensamento medieval dominado pela Escolástica: saber da escola, escola religiosa, saber religioso. 
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A Modernidade é marcada pelo predomínio da razão. 
A transição do conhecimento religioso para o conhecimento científico foi feita por Descartes com a máxima: Penso, logo existo. 
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A modernidade é caracterizada pelas instituições como a Nação-Estado, a burocracia, os aparatos administrativos, o conhecimento teórico, os ideais humanistas, o iluminismo, o desenvolvimento da ciência e tecnologia voltadas para o progresso humano. 
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Zygmunt Bauman caracteriza a Modernidade como sólida. Para ele é modernidade sólida por ser constituída por um conjunto estável de valores. 
Para Stuart Hall, o período da modernidade é marcado pela construção de uma identidade cultural fixa. Para ele, o sujeito do Iluminismo é motivado pela razão e consciência. Seu eixo é fixo. 
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Ele é sempre o mesmo durante toda a existência. 
Esse eixo fixo é construído pelo projeto de racionalidade ocidental.
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Pós-Modernidade
Surgiu nos anos 80. É marcada pela renúncia das utopias. É a passagem de uma economia de produção para uma economia de consumo. 
Desapareceram as grandes figuras, elas foram substituídas por pequenos ídolos midiáticos que logo são substituídos por outros. 
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Percebe-se, nesse contexto a desconstrução de valores mais sólidos e estáveis, a desconstrução também de ideais humanitários e o aparecimento da efemeridade. 
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A pós-modernidade representa o momento histórico em que todos os freios institucionais que se opunham à emancipação individual desapareceram dando lugar à manifestação dos desejos subjetivos. 
Não existem mais modelos prescritos, mas condutas escolhidas. 
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 	Os meios massivos assim como os meios corporativos e a indústria do consumo se converteram em centros de poder. 
	Para Bauman, a modernidade sólida foi substituída pela modernidade líquida na qual tudo é volátil e as relações perdem a estabilidade. 
	
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Como lembra Luiz Mauro de Sá Martino: “Na pós-modernidade não existem códigos fixos, eles são criados em um momento e rompidos no outro”. 
Como definiu o músico austríaco Kurt Pahlen: o sujeito pós-moderno é marcado pela fragmentação, indefinição e flutuações. 
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Para Stuart Hall, o sujeito pós-moderno é fragmentado e descentrado do discurso da modernidade. É um sujeito sem lugar num espaço não menos caótico que é a pós-modernidade. 
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Hipermodernidade
Termo criado pelo filósofo francês Gilles Lipovetsky para delimitar o momento atual da sociedade. Esse conceito ganhou destaque em 2004 com o livro Os Tempos Hipermodernos. 
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Para Lipovetsky, a hipermodernidade não significa uma contestação da modernidade, pois apresenta características similares em relação a seus princípios:
1 – ênfase no progresso técnico-científico. 
2 – valorização da razão humana e valorização do individualismo. 
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Essas duas características são fundamentais e estruturantes tanto da Modernidade quanto da Hipermodernidade. 
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Segundo Lipovetsky, o termo Pós-moderno se tornou vago e não consegue dimensionar o mundo atual. 
O pós-mdoerno se refere ao passado como se esse já estivesse morto. 
Lipovetsky sugere o termo hipermoderno, pois para ele surge numa nova fase da modernidade: do pós ao hiper: 
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“A pós-modernidade não terá sido mais que um estágio de transição, um momento de curta duração”.
A hipermodernidade é caracterizada por uma cultura de excesso, do sempre mais. Todas as coisas se tornam intensas e urgentes. O movimento é acelerado e as mudanças ocorrem em ritmo esquizofrênico. 
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O tempo é marcado pela efemeridade.
Hipermercado, hiperconsumo, hipertexto, hipercorpo, tudo é levado á potência do maior. A hipermodernidade é a cultura do excesso. 
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O Tempo na Hipermodernidade
O tempo é vivido como a preocupação maior. Não estamos mais presos ao passado e ao futuro. É o reinado da urgência, as agendas estão lotadas, o tempo extrapola o mundo do trabalho. 
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Identidade caracterizada pela modernidade. 
Enrico – década de 70. 
Símbolo do velho capitalismo. 
Característica fundamental: Rotina. 
Trabalha há 20 anos como faxineiro no mesmo emprego. Sinônimo de estabilidade. 
É casado com Flávia, passadeira numa lavanderia. 
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O objetivo do trabalho era servir a família. 
Simbolizavam um antigo modelo de trabalho e família. 
Levaram 15 anos para economizar dinheiro para a compra de uma casa no subúrbio por ser melhor para os filhos e economizaram para a educação universitária dos mesmos. 
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Tempo Linear = Cumulativo = Tempo previsível = Tempo racionalizado pela estrutura burocrática. 
Autodisciplina para aplicação do tempo a longo prazo na realização de metas. 
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O senso de comunidade de Enrico era encontrado nas reuniões dos sindicatos dos faxineiros, nos encontros com vizinhos, amigos da Igreja e do bairro. 
Enrico encarna o modelo fordista, trabalho rotinizado, burocratizado, planejando suas vidas e suas metas. 
Ele construiu sua história e expectativas a partir de uma progressão a longo prazo. 
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Identidade caracterizada pela pós-modernidade. 
Rico é filho de Enrico. 
Década de 90.
Rico é o símbolo do novo capitalismo = capitalismo globalizado, sujeito pós-moderno. 
Consultor tecnológico. Em 14 anos de trabalho mudou-se 4 vezes. 
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Casado com Jannette que dirige uma equipe de contatos. Rico a vê como uma parceira de trabalho. Simbolizam o atual modelo de trabalho e família. Tiveram filhos. 
Despreza os conformistas e representam o modelo de mobilidade ascendente. Vestia no aeroporto um terno caro e usava um anel de sinete com brasão
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O tempo é sinônimo de curto prazo. 
Seu senso de comunidade é encontrado na rede, uma vez que perdiam o contato com os amigos e vizinhos em função das constantes mudanças.
Seu maior medo: 
- Sentiam suas vidas emocionais à deriva. 
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Rico é um trabalhador flexibilizado do novo capitalismo. Não estabelece laços duráveis de afinidade com os vizinhos. Muda de emprego constantemente, não planeja suas metas a partir de expectativas a longo prazo. 
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Identidade Hipermoderna
O Diabo Veste Prada. 
Andrea é jornalista recém-formada e idealista do interior dos E.U.A, se muda para N.Y em busca de emprego. 
O estilo pessoal de Andrea é despojado, despreza a moda e desconhece as marcas. 
Possui uma rotina estável e planeja suas metas a longo prazo. 
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Andrea pode ser comparada a uma identidade ligada aos valores do velho capitalismo. 
Em N.Y. é contratada como segunda assistente de Miranda Priestly, editora de moda da revista Runway. 
Miranda simboliza o sistema corporativo com os valores e a frieza do capitalismo globalizado. 
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Em contato com Miranda, Andrea toma pra si os valores e códigos daquele grupo e altera sua rotina, trocando-a pela flexibilidade do sistema corporativo. 
Seu tempo deixa de existir e passa a viver na urgência do tempo de Miranda e da Runway. 
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O comportamento de Andrea se transforma em função das relações de trabalho. 
O filme mostra o individualismo exacerbado, a efemeridade das relações. 
Andrea vive no reinado da urgência. 
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Sua conduta ética passa a ser questionável. 
Na hipermodernidade, a ética não é mais vivida como no passado, segundo a lógica do dever sacrificial. 
Agora o que predomina é uma moral individual, opcional, que funciona mais pela emoção do que pela obrigação. 
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Andrea passa também a viver sobre o reinado da moda, do individualismo e da celebração e amor ao corpo. 
Sua entrada no sistema corporativo é marcada por excessos, perda
da estabilidade, hiperconsumo, a ruptura com os amigos e o namorado. 
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Ao ver-se no lugar de Miranda, no futuro, Andrea abre mão da Runway e resgata valores éticos que naquele espaço seriam incompatíveis.

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