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adolescência normal um enfoque psicanalitico

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Desenvolvimento Humano (6° material dado)
Unidade 6: Adolescência normal: Um enfoque psiquiátrico
1)O adolescente e a liberdade
Adolescência palavra derivada do verbo latino "adolescere" significa "crescer" ou "crescer até a maturidade".
2)Arminda Aberastury (1910 - 1972) 
Psicanalista - Buenos Aires.
- Psicologia da Criança e do Adolescente
Aberastury acreditava que a identidade genital é percebida desde os primeiros momentos da vida e depende da relação existente entre os pais entre si e entre eles e o filho ou filha. E faz da explicação da paternidade um complemento da teoria kleiniana. 
 O brinquedo possui muitas características dos objetos reais ( ... ) Permite que a criança repita, à vontade, situações prazerosas e dolorosas que, entretanto,, ela por si mesma não pode reproduzir no mundo real.
3)O luto pelo corpo de criança, pela identidade infantil e pela relação com os pais da infância é condição necessária para o desprendimento da condição de criança.
Neste período flutua entre uma dependência e uma independência extremas, e só a maturidade lhe permitirá, mais tarde, aceitar ser independente dentro de um limite de necessária dependência.
É uma período de contradições, ambivalência, caracterizado por atritos com o meio familiar e social- confundido com crises e estados patológicos. 
Estas mudanças, nas quais perde a sua identidade de criança, implicam a busca de uma nova identidade, que vai se construindo num plano consciente e inconsciente.
4)O adolescente e a liberdade 
A perda que o adolescente deve aceitar ao fazer o luto pelo corpo é dupla: a de seu corpo de criança, e do papel que terão que assumir, não só na união com o parceiro, mas também na procriação.
As flutuações de identidade se experimentam também nas mudanças bruscas pelo uso de diferentes vestimentas.
Não só o adolescente padece este longo processo, mas também os pais têm dificuldades para aceitar o crescimento.
O adolescente provoca uma verdadeira revolução no seu meio familiar e social e isto cria um problema de gerações nem sempre bem resolvido.
 
5)O adolescente e a liberdade 
Os pais também vivem os lutos pelos filhos, precisam fazer o luto pelo corpo do filho pequeno, pela sua identidade de criança e pela sua relação de dependência infantil. 
Também os pais têm que se desprender do filho criança e evoluir para uma relação com o filho adulto, o que impõe muitas renúncias de sua parte. Vê-se enfrentado com a aceitação do porvir, do envelhecimento e da morte. 
Neste balanço, nesta prestação de contas, o filho é a testemunha mais implacável do realizado e do frustrado.
 Até hoje, o estudo da adolescência centralizou-se somente no adolescente. Este enfoque será sempre incompleto quando não se levar em conta o outro lado do problema: a ambivalência e a resistência dos pais em aceitar o processo de crescimento.
A problemática do adolescente começa com as mudanças corporais, com a definição do seu papel na procriação e segue-se com mudanças psicológicas.
 Geralmente, é o adulto que tem escrito sobre adolescência e enfatizado o problema do filho e fala muito pouco da dificuldade do pai e do adulto em geral para aceitar o crescimento, estabelecendo uma nova relação com ele, de adulto para adulto.
O adolescente procura a solução teórica de todos os problemas transcendentes e daqueles com os quais se enfrentará a curto prazo: o amor, a liberdade, o matrimônio, a paternidade, a educação, a filosofia, a religião.
Neste momento se produz um aumento da intelectualização para superar a incapacidade de ação (que é correspondente ao período de onipotência do pensamento na criança pequena).
A sociedade em que vivemos, com seu quadro de violência e destruição, não oferece garantias suficientes de sobrevivência e cria uma nova dificuldade para o desprendimento.
Erikson tem afirmado que a sociedade oferece à criança uma moratória social. Da minha parte, considero que esta moratória social não é mais do que o conteúdo manifesto de uma situação muito mais profunda. 
A dificuldade do adulto para aceitar o amadurecimento intelectual e sexual da criança é a base dessa pseudomoratória social.
É destacável, também, que só tenham evidenciado até agora os aspectos ingratos do crescimento, deixando de lado a felicidade e a criatividade plenas que caracterizam também o adolescente.
É no momento decisivo da crise adolescente que os pais recorrem geralmente a dois meios de coação: o dinheiro e a liberdade.
Os adolescentes de hoje são muito mais sérios, estão mais informados. Valorizam mais o amor e o sexo e, para eles, este permite realmente um ato de amor e não uma mera descarga ou um passatempo ou uma afirmação de potência.
O jovem sadio de hoje está ciente de muitas das problemáticas do adulto; dir-se-ia que é mais possível que o adulto aprenda do adolescente e não que o adulto possa dar-lhe sua experiência.
Toda a adolescência tem, além da característica individual, as características do meio cultural, social e histórico desde o qual se manifesta, e o mundo em que vivemos nos exige mais do que nunca a busca do exercício da liberdade sem recorrer à violência para restringi-Ia. 
É um momento crucial na vida do homem e precisa de uma liberdade adequada, com a segurança de normas que lhe possam ir ajudando a adaptar-se às suas necessidades ou a modificá-las sem entrar em conflitos graves consigo mesmo, com seu ambiente e com a sociedade.
6)A síndrome da adolescência normal
Mauricio Knobel (1922-2008) - psicanalista argentino
Em seus trabalhos clínicos freqüentemente atendia adolescentes onde, a priori, havia como queixa a existência de comportamentos considerados anormais ou patológicos, mas que, durante o atendimento, pôde notar que eram apenas externamente patológicos. Numa visão interna do dinamismo pessoal, estes comportamentos poderiam ser considerados como normais e faziam parte de um momento evolutivo.
Knobel conclui que não se pode atingir a maturidade antes de se passar por um certo grau de "conduta patológica", onde as relações de infância, oportunidades e perspectivas da genitalidade se entrecruzam. Vários destes aspectos "patológicos" da conduta adolescente, foram sintetizados num conjunto de sintomas ou características que ele define como a "síndrome da adolescência normal". 
 (Rappaport, 1982)
6.1) Busca de si mesmo e da identidade
A identidade é uma característica de cada momento evolutivo.
Knobel toma basicamente o modelo de Erikson para definir a constituição da identidade.
A construção da imagem e do esquema corporal, as defesas e fantasias, e, sobretudo, o luto pela perda da infância e definição da genitalidade estão presentes na formulação de Knobel.
Movimentos dinâmicos dos processos psicológicos básicos de dissociação, projeção, introjeção e identificação, irão se estabelecendo. 
A maturidade psíquica precisa de certos graus de condutas patológicas.
6.1.1)Adoção de identidades diferentes na crise:
a)Identidades transitórias - modelos de conduta decorrentes de uma aquisição recente. 
Ex: O jovem que após uma vitória esportiva passa semanas vivendo e se sentindo como um atleta, ou os momentos de modelos intelectuais após um sucesso obtido.
b) Identidades ocasionais - construção de um novo modelo de ser diante de situações novas. Ex: O modelo que usa para conquistar a namorada; a postura que assume no primeiro baile. 
c) Identidades circunstanciais - personalidades distintas, em função do grupo circunstancial ao qual está ligado.
 Ex: pode ser agressivo na escola, rebelde em casa, submisso no grupo de colegas. 
 
Estas condutas aparentemente tão discrepantes, são aceitas como normais dentro da moratória social (não se requerem papéis específicos e se permite experimentar com o que a sociedade tem para oferecer com a finalidade de permitir a posterior definiçãoda personalidade) que é dada ao adolescente.
Experimentar vários modelos de identidade neste momento. O adolescente precocemente definido seria o patológico. Estaria dentro de identificações e defesas rígidas que não permitiriam a busca da verdadeira identidade.
6.2) Tendência grupal
Grupo - escudo de defesa
Pode proporcionar segurança e estima pessoal pela uniformidade grupal.
Processo de superidentificação em massa:
- Todos se identificam com cada um. 
Inclina-se às regras do grupo, em relação a modas, vestimenta, costumes, etc.
- Representam a oposição às figuras parentais. Transferência do poder familiar. 
Transfere-se ao grupo grande parte da dependência que anteriormente se mantinha com a estrutura familiar - etapa intermediária para a independência.
O líder - fica como um modelo paralelo de submissão e questionamento dos pais;
Experiências dos valores do bem e do mal;
Exercício da crueldade e violência - à medida que a culpa fica atribuída ao grupo em si e não ao indivíduo
O fenômeno grupal facilita a conduta psicopática normal - desafeto, crueldade, indiferença, falta de responsabilidade, que são típicas da psicopatia.
Psicopatologia está na manutenção destas atitudes. Normal está na brevidade das mesmas.
Evolutivamente eles ajudam o adolescente a defrontar-se com suas fantasias destrutivas, para em seguida poder dominá-las.
6.3) Necessidade de intelectualizar e fantasiar
 Decorrem da luta contra a perda do corpo infantil, das regras que organizavam este período e das tutelas parentais.
Perde o modelo de proteção e onipotência infantil, perde a bissexualidade da identidade infantil.
São os momentos de criatividade, de ilusões e de grandes projetos.
É um tipo de fuga para o interior, uma espécie de reajuste emocional, que leva à preocupação por princípios éticos, filosóficos, sociais e políticos, que muitas vezes implicam formular-se um plano de vida bem diferente do que se tinha.
Permite a teorização acerca de grandes reformas que poderiam acontecer no mundo exterior.
Não é o mundo que ele quer reconstruir ou salvar, mas é a si que deseja construir e estabilizar. Knobel mostra que este é um dos motivos básicos que leva o adolescente às manifestações artísticas e culturais.
6.4) As crises religiosas
O adolescente oscilar entre posição religiosa ou mística e ateísta absoluto.
Há dois processos básicos no suporte desta relação:
As transições do corpo e correspondentes fantasias que o jogam na busca externa ou fantasiada de algo definitivo e duradouro.
O enfrentamento da separação definitiva dos pais e também a possível morte dos mesmos.
O indivíduo descobre a morte, face às fantasias de morte dos pais.
Toda segurança que era dada pela imagem dos pais durante a infância fica perdida. 
Isto explica como o adolescente pode chegar a ter tanta necessidade de fazer identificações projetivas com figuras muito idealizadas.
As crises de religiosidade correspondem a momentos de busca de segurança. 
6.5) A deslocalização temporal 
O tempo vivencial, em oposição ao cronológico, se torna dominante.
Decorre do luto pelas perdas sofridas.
O adolescente imobiliza o tempo, reduzindo ao presente o passado e o futuro, tentando preservar as conquistas passadas e apaziguar as angústias vinculadas ao futuro. 
O pensamento temporal assume características típicas do processo primário, uma vez que está mais centralizado no desejo do que na realidade. 
Quando o adolescente pode reconhecer um passado e formular projetos de futuro, com capacidade de espera e elaboração no presente, supera grande parte da problemática da adolescência. 
6.6) A evolução sexual desde o auto-erotismo até a heterossexualidade
Há um tipo de jogo entre a atividade masturbatória e o começo do exercício genital, que tem um caráter basicamente exploratório.
Depende da fantasia positiva ou negativa dos pais incorporados.
A ausência ou déficit da figura do pai vai ser a que determinará a fixação na mãe e, conseqüentemente, vai ser também a origem da homossexualidade, tanto do homem como da mulher.
A sexualidade é exploratória, não integra os prazeres da mutualidade e as responsabilidades concomitantes. 
Os eventuais episódios homossexuais ocorridos na adolescência, quando não ligados a estruturas patológicas anteriores, não apresentarão conseqüências sérias.
 	6.7) Atitude social reivindicatória
O ambiente social é visto como rígido e restritivo as suas ações.
A microssociedade do adolescente é ainda seu grupo familiar.
Ambivalência dual:
A vivência dos conflitos de escolha ressoa nas relações pais-filhos, onde cada qual tenderá a se aferrar em suas próprias posições, tentando impô-las ao outro. Estes combates são deslocados para a relação com a sociedade.
Dificuldade de percepção das próprias contradições.
Se sofre a perda da proteção do que definimos sob o rótulo "pais da infância", cobra protetivamente que a sociedade lhe propicie as mesmas proteções e cuidados que recebera em casa quando criança.
As frustrações, os combates e as tentativas de conquistas são naturais.
6.8) Contradições sucessivas em todas as manifestações da conduta 
A conduta do adolescente está dominada pela ação.
Sua personalidade é permeável e sua inestabilidade necessária.
Lida permanentemente com o imprevisível, tanto no seu mundo interno como no externo.
Aparece contraditório, embora seja esta, ou as condutas mais variáveis, as mais adequadas a este complexo momento evolutivo.
Estas contradições, com a variada utilização de defesas, facilitam a elaboração dos lutos típicos deste período da vida e caracterizam a identidade adolescente.
Só o adolescente mentalmente doente poderá mostrar rigidez na conduta.
6.9) Separação progressiva dos pais
Para atingir a maturidade é necessário ter individualidade e independência reais.
Pais que não resolveram seus próprios conflitos negarão o crescimento dos filhos, passando a ser vivenciados com acentuadas características persecutórias.
A separação progressiva dos pais será intermediada pela ligação a ídolos idealizados, em geral artistas, atletas e outros heróis valorizados pela cultura específica.
A presença internalizada de boas imagens parentais, com papéis bem definidos, e uma cena primária amorosa e criativa, permitirá uma boa separação dos pais, um desprendimento útil, e facilitará ao adolescente a passagem à maturidade, para o exercício da genitalidade num plano adulto.
6.10) Constantes flutuações do humor e do estado de ânimo
De maneira geral o adolescente é sujeito a "microcrises maníaco-depressivas".
Uma conquista, por mínima que seja entusiasma e alegra. Uma frustração  aborrece e deixa triste. Isto acontece milhares de vezes ao dia.
O adolescente, dentro da labilidade emocional desta etapa, alternará momentos de recolhimento quase que autistas com fantasias mágicas de alegria e realização.
7) Bibliografia:
ABERASTURY, Arminda e KNOBEL, Mauricio. Adolescência normal: um enfoque psicanalítico. Tradução Suzana Maria Garagoray Ballve. Porto Alegre: Artmed, 1981. 
RAPPAPORT, Clara Regina; FIORI, Wagner da Rocha; DAVIS, Cláudia. Psicologia do desenvolvimento: A idade escolar e a adolescência. V. 4. São Paulo: EPU, 1981.

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