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OAB 2ª FASE Direito do Trabalho Aryanna Manfredini MANDADO DE SEGURANÇA, AÇÃO RESCISÓRIA AÇÕES POSSESSÓRIAS 1. MANDADO DE SEGURANÇA O Mandado de Segurança está previsto no artigo 5º, LXIX da CF e está disciplinado pela Lei 12.016/2009, que foi sancionada em agosto de 2009. Art. 5º, LXIX, CF. Conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas-corpus ou habeas-data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público; [...] Art. 1º, Lei 12016/2009. Conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, sempre que, ilegalmente ou com abuso de poder, qualquer pessoa física ou jurídica sofrer violação ou houver justo receio de sofrê- la por parte de autoridade, seja de que categoria for e sejam quais forem as funções que exerça. §1º. Equiparam-se às autoridades, para os efeitos desta Lei, os representantes ou órgãos de partidos políticos e os administradores de entidades autárquicas, bem como os dirigentes de pessoas jurídicas ou as pessoas naturais no exercício de atribuições do poder público, somente no que disser respeito a essas atribuições. § 2º. Não cabe mandado de segurança contra os atos de gestão comercial praticados pelos administradores de empresas públicas, de sociedade de economia mista e de concessionárias de serviço público. §3º. Quando o direito ameaçado ou violado couber a várias pessoas, qualquer delas poderá requerer o mandado de segurança. Este remédio constitucional visa proteger qualquer direito líquido e certo do cidadão, salvo o direito de locomoção e o direito de acesso a informações pessoais, que são protegidos pelo habeas corpus e habeas data, respectivamente. OAB 2ª FASE Direito do Trabalho Aryanna Manfredini “Direito líquido e certo é aquele que não demanda posteriormente a produção de prova, uma vez que o direito já está comprovado documentalmente ou reconhecido pela autoridade coatora.” 1 Observação: a Carta Magna também prevê o mandado de segurança coletivo, que pode ser impetrado pela organização sindical, dentre outras entidades. Art. 5º, LXX, CF. O mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por: a) partido político com representação no Congresso Nacional; b) organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados; Conclui-se que o mandado de segurança é ação utilizada, diante da inexistência de outro meio jurídico, para proteger um direito líquido e certo, que fora violado por um ato de autoridade. O MS pode compelir a autoridade pública a praticar ou deixar de praticar algum ato. 1.1 COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO Inicialmente, apenas os Tribunais Regionais do Trabalho e o Tribunal Superior do Trabalho tinham competência para apreciar e julgar mandado de segurança, uma vez que o artigo 652 e 653 da CLT não incluem o mandado de segurança no âmbito da atuação jurisdicional dos órgãos de primeira instância. Contudo, “com o advento da EC 45/2004, que modificou substancialmente o artigo 114 da CF, parece-nos que a Vara do Trabalho será funcionalmente competente para processar e julgar mandado de segurança em que o empregador pretenda discutir a validade do ato praticado – penalidade – pela autoridade administrativa encarregada da fiscalização das relações do trabalho.” 2 1 BITTENCOURT, Marcus Vinicius Corrêa. Curso de Direito Constitucional. 2. ed. rev. e ampl. Belo Horizonte: Fórum, 2008. p. 90. 2 LEITE. Carlos Henrique Bezerra. Curso de Direito Processual do Trabalho. 7. ed. São Paulo: Ltr, 2009. p. 997. OAB 2ª FASE Direito do Trabalho Aryanna Manfredini Art. 114, VII, CF. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar: [...] VII - as ações relativas às penalidades administrativas impostas aos empregadores pelos órgãos de fiscalização das relações de trabalho; [...] Agente de Juiz do Fiscalização Trabalho Ato do TRT Juiz 1º Grau Ato do membro TRT do TRT Ato do membro TST do TST 1.2 LEI 12.016/2009 A Lei 12.016/2009 alterou a disciplina do mandado de segurança individual e coletivo, revogando a Lei 1533/51. Cumpre salientar que o estudo das súmulas e OJ’s relativas ao Mandado de Segurança são fundamentais para o Exame de Ordem de II fase. Alguns Dispositivos Relevantes Art. 23, Lei 12016/09. O direito de requerer mandado de segurança extinguir-se-á decorridos 120 (cento e vinte) dias, contados da ciência, pelo interessado, do ato impugnado. Súmula 632, STF. É constitucional lei que fixa PRAZO DE DECADÊNCIA para a impetração do Mandado de Segurança. Súmula 512, STF. Não cabe condenação em honorários de advogado na ação de mandado de segurança. OAB 2ª FASE Direito do Trabalho Aryanna Manfredini Súmula 105, STJ. Na ação de mandado de segurança não se admite condenação em honorários advocatícios. Súmula 266, STF. Não cabe mandado de segurança contra lei em tese. Súmula 267, STF. Não cabe mandado de segurança contra ato judicial passível de recurso ou correição. Súmula 268, STF. Não cabe mandado de segurança contra decisão judicial com trânsito em julgado. Súmula 33, TST. Não cabe mandado de segurança contra decisão judicial transitada em julgado. OJ 99, SDI – 2, TST. Mandado de segurança. Esgotamento de todas as vias recursais disponíveis. Trânsito em julgado formal. Descabimento. Esgotadas as vias recursais existentes, não cabe mandado de segurança. OJ 140, SDI – 2, TST. Não cabe mandado de segurança para impugnar despacho que acolheu ou indeferiu liminar em outro mandado de segurança. Súmula 201, TST. Da decisão do Tribunal Regional do Trabalho em mandado de segurança cabe recurso ordinário, no prazo de 8 (oito) dias, para o Tribunal Superior do Trabalho, correspondendo igual dilação para o recorrido e interessados apresentarem razões de contrariedade. OJ 148, SDI – 2, TST. É responsabilidade da parte, para interpor recurso ordinário em mandado de segurança, a comprovação do recolhimento das custas processuais no prazo recursal, sob pena de deserção. Súmula 414, TST. I - A antecipação da tutela concedida na sentença não comporta impugnação pela via do mandado de segurança, por ser impugnável mediante recurso ordinário. A ação cautelar é o meio próprio para se obter efeito suspensivo a recurso. II - No caso da tutela antecipada (ou liminar) ser concedida antes da sentença, cabe a impetração do mandado de segurança, em face da inexistência de recurso próprio. III - A superveniência da sentença, nos autos originários, faz perder o objeto do mandado de segurança que impugnava a concessão da tutela antecipada (ou liminar). OAB 2ª FASE Direito do Trabalho Aryanna Manfredini Súmula 417, TST. I - Não fere direito líquido e certo do impetrante o ato judicial que determina penhora em dinheiro do executado, em execução definitiva, para garantir créditoexeqüendo, uma vez que obedece à gradação prevista no art. 655 do CPC. II - Havendo discordância do credor, em execução definitiva, não tem o executado direito líquido e certo a que os valores penhorados em dinheiro fiquem depositados no próprio banco, ainda que atenda aos requisitos do art. 666, I, do CPC. III - Em se tratando de execução provisória, fere direito líquido e certo do impetrante a determinação de penhora em dinheiro, quando nomeados outros bens à penhora, pois o executado tem direito a que a execução se processe da forma que lhe seja menos gravosa, nos termos do art. 620 do CPC. Súmula 418, TST. A concessão de liminar ou a homologação de acordo constituem faculdade do juiz, inexistindo direito líquido e certo tutelável pela via do mandado de segurança. OJ 67, SDI – 2, TST. Não fere direito líquido e certo a concessão de liminar obstativa de transferência de empregado, em face da previsão do inciso IX do art. 659 da CLT. OJ 92, SDI – 2, TST. Não cabe mandado de segurança contra decisão judicial passível de reforma mediante recurso próprio, ainda que com efeito diferido. OJ 98, SDI – 2, TST. É ilegal a exigência de depósito prévio para custeio dos honorários periciais, dada a incompatibilidade com o processo do trabalho, sendo cabível o mandado de segurança visando à realização da perícia, independentemente do depósito. OJ 137, SDI – 2, TST. Constitui direito líquido e certo do empregador a suspensão do empregado, ainda que detentor de estabilidade sindical, até a decisão final do inquérito em que se apure a falta grave a ele imputada, na forma do art. 494, caput e § único, da CLT. 1.3 ESTRUTURA DO MANDADO DE SEGURANÇA I. Fatos II. Requisitos Específicos Mandado III. Mérito de Segurança IV. Liminar V. Requerimentos Finais VI. Valor da Causa OAB 2ª FASE Direito do Trabalho Aryanna Manfredini EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR FEDERAL PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA _____ REGIÃO. NOME DO IMPETRANTE, qualificação e endereço completos, vem respeitosamente perante Vossa Excelência, por intermédio de seu advogado adiante assinado (PROCURAÇÃO ANEXA), com escritório profissional no endereço completo, onde recebe intimações e notificações, com fulcro no art. 5º, LXIX, e 114, IV da Constituição Federal e art. 1° da Lei 12016/09, IMPETRAR: MANDADO DE SEGURANÇA com pedido liminar contra o ato do Juiz da Vara do Trabalho de ________, proferido nos autos da RT n°, em que figura no pólo passivo ___________, qualificação e endereço completos, pelas razões de fato e de direito a seguir expostas. I – FATOS II – REQUISITOS ESPECÍFICOS 01. DO CABIMENTO ► Art. 5º, II, Lei 12016/2009 – Não se concederá mandado de segurança quando se tratar: II - de decisão judicial da qual caiba recurso com efeito suspensivo; ► OJ 92 da SDI-II do TST: OJ 92, SDI – 2, TST. Não cabe mandado de segurança contra decisão judicial passível de reforma mediante recurso próprio, ainda que com efeito diferido. ► Súmula 267 do STF Súmula 267, STF. Não cabe mandado de segurança contra ato judicial passível de recurso ou correição. OAB 2ª FASE Direito do Trabalho Aryanna Manfredini 02. DA TEMPESTIVIDADE ► Art. 23, Lei 12016/2009. O direito de requerer mandado de segurança extinguir-se-á decorridos 120 (cento e vinte) dias, contados da ciência, pelo interessado, do ato impugnado. III – MÉRITO 01. DO DIREITO LIQUIDO E CERTO E DO ABUSO DE PODER ou DA ILEGALIDADE DO ATO (o título variará conforme o caso apresentado na prova) §1 Fato §2 Fundamento §3 Pedido Diante do exposto, requer a concessão de segurança para suspender o ato da autoridade coatora IV – LIMINAR §1 Encontram-se presentes os requisitos do art. 7°, III, da Lei 12016/09, autorizadores da concessão de segurança em caráter liminar. Observe-se: §2 FUNDAMENTO RELEVANTE (fumus boni iuris)= (...) POSSIBILIDADE DE RESULTAR A INEFICÁCIA DA MEDIDA (periculum in mora) = (...) §3 Diante do exposto, requer, em caráter liminar, a concessão de segurança para a imediata suspensão do ato que (...) V – REQUERIMENTOS FINAIS Diante do exposto, requer: a) a concessão da segurança em caráter liminar, conforme previsto no art. 7º, III da Lei 12016/09, sem a oitiva da outra parte, para que se suspenda de imediato o ato (...); b) a notificação da autoridade coatora para que preste informações no prazo de 10 (dez) dias, nos moldes do artigo 7º, I da Lei 12016/09; OAB 2ª FASE Direito do Trabalho Aryanna Manfredini c) a intimação do Sr.(a) ____ (das outras partes no processo) para integrar a lide como litisconsorte(s) passivo(s). d) se abra vista ao Ministério Público do Trabalho para que se manifeste sobre o feito, no prazo de 10 dias, conforme o artigo 12 da Lei 12016/09. e) a intimação do Advogado Geral da União, dando-se ciência da impetração do presente mandado de segurança, nos exatos termos do artigo 6º e 7º, II da Lei 12016/09. f) oportuno salientar que as provas pré-constituídas dos fatos alegados que asseguram o direito líquido e certo se encontram anexas, quais sejam: (se a proposta fizer referência a algum tipo de prova é aconselhável incluí-las no MS) g) a concessão da segurança em caráter definitivo, confirmando-se os termos da liminar acima referida. Atribui-se à causa o valor de _____. Nestes Termos, Pede Deferimento, Local e data Advogado OAB 2. AÇÃO RESCISÓRIA A ação rescisória está prevista pelo artigo 836 da CLT, e seu processamento no processo do trabalho segue as normas do processo civil, com aplicação subsidiária dos dispositivos 485 ao 495, no que for compatível aos princípios do processo do trabalho. Além destes, por se tratar de uma nova ação deve atender também aos requisitos do artigo 282 do CPC, que regula a petição inicial. OAB 2ª FASE Direito do Trabalho Aryanna Manfredini Execução definitiva Sentença não há Trânsito em Juiz recurso julgado Ação Rescisória (Art. 485, CPC) A ação rescisória no processo civil, de acordo com o artigo 488, II do CPC, está sujeita ao depósito prévio de 5% sobre o valor da causa. No entanto, no processo do trabalho o depósito prévio é de 20% sobre o valor da causa (art. 836, CLT). Art. 836, CLT. É vedado aos órgãos da Justiça do Trabalho conhecer de questões já decididas, excetuados os casos expressamente previstos neste Título e a ação rescisória, que será admitida na forma do disposto no Capítulo IV do Título IX da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973 – Código de Processo Civil, sujeita ao depósito prévio de 20% (vinte por cento) do valor da causa, salvo prova de miserabilidade jurídica do autor. Parágrafo único. A execução da decisão proferida em ação rescisória far-se-á nos próprios autos da ação que lhe deu origem, e será instruída com o acórdão da rescisória ea respectiva certidão de trânsito em julgado. Art. 488, CPC. A petição inicial será elaborada com observância dos requisitos essenciais do Art. 282, devendo o autor: I - cumular ao pedido de rescisão, se for o caso, o de novo julgamento da causa; II - depositar a importância de 5% (cinco por cento) sobre o valor da causa, a título de multa, caso a ação seja, por unanimidade de votos, declarada inadmissível, ou improcedente. Parágrafo único. Não se aplica o disposto no nº II à União, ao Estado, ao Município e ao Ministério Público. As hipóteses de cabimento da ação rescisória no processo do trabalho estão previstas no artigo 485 do CPC. Art. 485, CPC. A sentença de mérito, transitada em julgado, pode ser rescindida quando: I - se verificar que foi dada por prevaricação, concussão ou corrupção do juiz; II - proferida por juiz impedido ou absolutamente incompetente; III - resultar de dolo da parte vencedora em detrimento da parte vencida, ou de colusão entre as partes, a fim de fraudar a lei; IV - ofender a coisa julgada; V - violar literal disposição de lei; VI - se fundar em prova, cuja falsidade tenha sido apurada em processo criminal ou seja provada na própria ação rescisória; OAB 2ª FASE Direito do Trabalho Aryanna Manfredini VII - depois da sentença, o autor obtiver documento novo, cuja existência ignorava, ou de que não pôde fazer uso, capaz, por si só, de lhe assegurar pronunciamento favorável; VIII - houver fundamento para invalidar confissão, desistência ou transação, em que se baseou a sentença; IX - fundada em erro de fato, resultante de atos ou de documentos da causa. O direito de propor ação rescisória se extingue em 2 anos (prazo decadencial), contados do trânsito em julgado da decisão rescindenda (art. 495 do CPC, Súmula 100, TST e OJ 12 da SDI – 2, TST). A observância do disposto nas Súmulas 100 e 299 do TST é indispensável para a propositura de ação rescisória. Súmula 100, TST. I - O prazo de decadência, na ação rescisória, conta-se do dia imediatamente subseqüente ao trânsito em julgado da última decisão proferida na causa, seja de mérito ou não. II - Havendo recurso parcial no processo principal, o trânsito em julgado dá-se em momentos e em tribunais diferentes, contando-se o prazo decadencial para a ação rescisória do trânsito em julgado de cada decisão, salvo se o recurso tratar de preliminar ou prejudicial que possa tornar insubsistente a decisão recorrida, hipótese em que flui a decadência a partir do trânsito em julgado da decisão que julgar o recurso parcial. III - Salvo se houver dúvida razoável, a interposição de recurso intempestivo ou a interposição de recurso incabível não protrai o termo inicial do prazo decadencial. IV - O juízo rescindente não está adstrito à certidão de trânsito em julgado juntada com a ação rescisória, podendo formar sua convicção através de outros elementos dos autos quanto à antecipação ou postergação do "dies a quo" do prazo decadencial. V - O acordo homologado judicialmente tem força de decisão irrecorrível, na forma do art. 831 da CLT. Assim sendo, o termo conciliatório transita em julgado na data da sua homologação judicial. VI - Na hipótese de colusão das partes, o prazo decadencial da ação rescisória somente começa a fluir para o Ministério Público, que não interveio no processo principal, a partir do momento em que tem ciência da fraude. VII - Não ofende o princípio do duplo grau de jurisdição a decisão do TST que, após afastar a decadência em sede de recurso ordinário, aprecia desde logo a lide, se a causa versar questão exclusivamente de direito e estiver em condições de imediato julgamento. VIII - A exceção de incompetência, ainda que oposta no prazo recursal, sem ter sido aviado o recurso próprio, não OAB 2ª FASE Direito do Trabalho Aryanna Manfredini tem o condão de afastar a consumação da coisa julgada e, assim, postergar o termo inicial do prazo decadencial para a ação rescisória. IX - Prorroga-se até o primeiro dia útil, imediatamente subseqüente, o prazo decadencial para ajuizamento de ação rescisória quando expira em férias forenses, feriados, finais de semana ou em dia em que não houver expediente forense. Aplicação do art. 775 da CLT. X - Conta-se o prazo decadencial da ação rescisória, após o decurso do prazo legal previsto para a interposição do recurso extraordinário, apenas quando esgotadas todas as vias recursais ordinárias. OJ 12, SDI – 2, TST Ação Rescisória. Decadência. Consumação antes ou depois da edição da medida provisória nº 1.577/1997. Ampliação do prazo. I - A vigência da Medida Provisória nº 1.577/1997 e de suas reedições implicou o elastecimento do prazo decadencial para o ajuizamento da ação rescisória a favor dos entes de direito público, autarquias e fundações públicas. Se o biênio decadencial do art. 495 do CPC findou após a entrada em vigor da referida medida provisória e até sua suspensão pelo STF em sede liminar de ação direta de inconstitucionalidade (ADIn 1753-2), tem-se como aplicável o prazo decadencial elastecido à rescisória. II - A regra ampliativa do prazo decadencial para a propositura de ação rescisória em favor de pessoa jurídica de direito público não se aplica se, ao tempo em que sobreveio a Medida Provisória nº 1.577/1997, já se exaurira o biênio do art. 495 do CPC. Preservação do direito adquirido da parte à decadência já consumada sob a égide da lei velha. Súmula 299, TST. I - É indispensável ao processamento da ação rescisória a prova do trânsito em julgado da decisão rescindenda. II - Verificando o relator que a parte interessada não juntou à inicial o documento comprobatório, abrirá prazo de 10 (dez) dias para que o faça, sob pena de indeferimento. III - A comprovação do trânsito em julgado da decisão rescindenda é pressuposto processual indispensável ao tempo do ajuizamento da ação rescisória. Eventual trânsito em julgado posterior ao ajuizamento da ação rescisória não reabilita a ação proposta, na medida em que o ordenamento jurídico não contempla a ação rescisória preventiva. IV - O pretenso vício de intimação, posterior à decisão que se pretende rescindir, se efetivamente ocorrido, não permite a formação da coisa julgada material. Assim, a ação rescisória deve ser julgada extinta, sem julgamento do mérito, por carência de ação, por inexistir decisão transitada em julgado a ser rescindida. 2.1 COMPETÊNCIA DA AÇÃO RESCISÓRIA OAB 2ª FASE Direito do Trabalho Aryanna Manfredini A ação rescisória é uma ação originária dos Tribunais, ou seja, a ação rescisória jamais será proposta para um juiz do trabalho. Assim, perante uma ação rescisória proposta em face de sentença que transitou em julgado, a competência será do TRT à que está subordinado o juízo de 1º grau que proferiu a decisão. Sentença Trânsito em Ação Rescisória RO Rext Juiz julgado TRT TST (SDI) STF Ação Rescisória Recurso Ordinário Constitucional TST STF Cada tribunal é competente para julgar ação rescisória de suas decisões. Atente-se para o fato de que “se o acórdão do TST NÃO apreciar o mérito da causa, como ocorre, quando aquela Corte não conhece do recurso interposto, a ação rescisória voltar-se-á contra o acórdão regional que tenha adentrado no mérito, sendo competente o TRT para processá-la e julgá-la.” 3 Sentença Ação Rescisória Juiz 1º Grau TRTCada Tribunal Decisão Definitiva Ação Rescisória é competente TRT TRT para julgar AR Decisão Definitiva Ação Rescisória de suas decisões TST TST ► Súmulas e Orientações Jurisprudenciais relacionadas ao CABIMENTO da Ação Rescisória 3 LEITE. Carlos Henrique Bezerra. Curso de Direito Processual do Trabalho. 7. ed. São Paulo: Ltr, 2009. p. 1029. OAB 2ª FASE Direito do Trabalho Aryanna Manfredini Súmula 100, TST + Art. 495, CPC Súmula 259, TST. Só por rescisória é atacável o termo de conciliação previsto no parágrafo único do Art. 831 da Consolidação das Leis do Trabalho. Súmula 407, TST. A legitimidade "ad causam" do Ministério Público para propor ação rescisória, ainda que não tenha sido parte no processo que deu origem à decisão rescindenda, não está limitada às alíneas "a" e "b" do inciso III do art. 487 do CPC, uma vez que traduzem hipóteses meramente exemplificativas. Art. 487, CPC. Tem legitimidade para propor a ação: I - quem foi parte no processo ou o seu sucessor a título universal ou singular; II - o terceiro juridicamente interessado; III - o Ministério Público: a) se não foi ouvido no processo, em que lhe era obrigatória a intervenção; b) quando a sentença é o efeito de colusão das partes, a fim de fraudar a lei. Súmula 514, TST. Admite-se ação rescisória contra sentença transitada em julgado, ainda que contra ela não se tenham esgotado todos os recursos. Súmula 401, STJ (inaplicável no Processo do Trabalho) O prazo decadencial da ação rescisória só se inicia quando não for cabível qualquer recurso do último pronunciamento judicial. Súmula 219, TST II - É cabível a condenação ao pagamento de honorários advocatícios em ação rescisória no processo trabalhista, salvo se preenchidos os requisitos da Lei nº 5.584/70. Súmula 299, TST + OJ 84, SDI – 2, TST. Ação rescisória. Petição inicial. Ausência da decisão rescindenda e/ou da certidão de seu trânsito em julgado devidamente autenticadas. Peças essenciais para a constituição válida e regular do feito. Arguição de ofício. Extinção do processo sem julgamento do mérito. A decisão OAB 2ª FASE Direito do Trabalho Aryanna Manfredini rescindenda e/ou a certidão do seu trânsito em julgado, devidamente autenticadas, à exceção de cópias reprográficas apresentadas por pessoa jurídica de direito público, a teor do art. 24 da Lei nº 10.522/02, são peças essenciais para o julgamento da ação rescisória. Em fase recursal, verificada a ausência de qualquer delas, cumpre ao Relator do recurso ordinário arguir, de ofício, a extinção do processo, sem julgamento do mérito, por falta de pressuposto de constituição e desenvolvimento válido do feito. ► Súmula relacionada a hipótese de INTERPOSIÇÃO DE RECURSO em Ação Rescisória Súmula 158, TST. Da decisão do Tribunal Regional do Trabalho, em ação rescisória, cabível é o recurso ordinário para o Tribunal Superior do Trabalho, em face da organização judiciária trabalhista. O recurso ordinário previsto nesta súmula tem previsão no artigo 895, II, CLT. Contra decisões dos Tribunais Regionais em processos de dissídio individual de sua competência originária é cabível a interposição de RO para o TST. Ação Rescisória RO Rext TRT TST (SDI) STF 14.2 ESTRUTURA DA AÇÃO RESCISÓRIA I. Fatos II. Requisitos Específicos Ação III. Mérito Rescisória IV. Liminar V. Requerimentos Finais VI. Valor da Causa EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR FEDERAL PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA ____ REGIÃO. OAB 2ª FASE Direito do Trabalho Aryanna Manfredini Processo nº NOME DO AUTOR, qualificação e endereço completos, vem respeitosamente perante Vossa Excelência, por intermédio de seu advogado adiante assinado (PROCURAÇÃO ANEXA), com escritório profissional no endereço completo, onde recebe intimações e notificações, com fulcro no artigo 836 da CLT combinado com o artigo 485, ____ do CPC, PROPOR: AÇÃO RESCISÓRIA em face de NOME DO RÉU, qualificação e endereço completos, pelas razões de fato e de direito a seguir expostas, a fim de desconstituir a decisão transitada em julgado. I – DOS FATOS O autor ajuizou reclamatória trabalhista em face da empresa ré postulando (...). A sentença, que julgou (im)procedente o pedido, transitou em julgado. II – REQUISITOS ESPECÍFICOS A presente ação rescisória foi proposta com observância das disposições legais. LEGITIMIDADE – Art. 487, I, CPC. TEMPESTIVIDADE – Art. 495, CPC + Súmula 100, TST. DEPÓSITO PRÉVIO – Art. 836, CLT (20% do valor da causa). DOCUMENTOS OBRIGATÓRIOS – Súmula 299, TST + OJ 84, SDI – 2, TST: (cópia da decisão rescindenda e certidão de transito em julgado, devidamente autenticadas). III – MÉRITO (é aconselhável que o título do tópico do mérito faça alusão ao inciso do art. 485, CPC, que sofreu violação) 01. DA VIOLAÇÃO LITERAL A DISPOSIÇÃO DE LEI (exemplo) §1º Fato §2º Fundamento (ex: violação do artigo 440, CLT) OAB 2ª FASE Direito do Trabalho Aryanna Manfredini §3º Autorizando assim, conforme artigo 485, inciso ____ do CPC, a desconstituição da decisão transitada em julgado. §4º Pedido 02. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS IV – LIMINAR Artigo 489, CPC - Analise se há necessidade de requerer a concessão de liminar (urgência do pedido): Fumus Boni Iuris e Periculum in Mora V – REQUERIMENTOS FINAIS ● Art. 491, CPC – Citação ● Art. 492, CPC – Produção de provas ● Requerer o julgamento procedente da ação rescisória, a fim de rescindir a decisão transitada em julgado e, se for o caso, requerer novo julgamento pelo Tribunal da causa (art. 488, I, CPC). Atribui-se a causa o valor de R$ ______. Termos em que, Pede deferimento. Local e data Advogado OAB 1) Endereçamento: o endereçamento da ação deve ser realizado de acordo com a competência para processar e julgar a ação rescisória. Portanto, conforme visto, a interposição da ação rescisória deverá ser dirigida ao TRT diante de uma decisão que foi proferida pelas Varas do Trabalho. Caso a decisão a ser rescindida tenha sido proferida pelo próprio TRT, a competência será do próprio Tribunal de onde se originou o acórdão (ação de competência originária). Por fim, perante um acórdão, que foi OAB 2ª FASE Direito do Trabalho Aryanna Manfredini proferido pelo TST, a competência para rescindir a decisão é do próprio TST. Veja os exemplos: 2) Artigo 489, CPC: “a Lei 11.280/2006 deu nova redação ao artigo 489 do CPC, para esclarecer, de maneira definitiva, que o fato de o ajuizamento da ação rescisória não impedir o cumprimento da sentença ou acórdão rescindendo não exclui a concessão, caso imprescindíveis e sob os pressupostos previstos em lei, de medidas de natureza cautelar ou antecipatória de tutela. A regra do artigo 489 deixa claro que o ajuizamento da rescisória nãotem o condão de suspender a execução da sentença nela atacada. Uma vez, porém, que os pressupostos da tutela cautelar ou da antecipação de tutela se façam presentes, claro é que a competente medida de urgência haverá de ser tomada, para impedir que o resultado da ação rescisória perca a sua utilidade para a parte e para a própria jurisdição.” 4 Art. 489, CPC. O ajuizamento da ação rescisória não impede o cumprimento da sentença ou acórdão rescindendo, ressalvada a concessão, caso imprescindíveis e sob os pressupostos previstos em lei, de medidas de natureza cautelar ou antecipatória de tutela. 3) Pedido de novo julgamento: o artigo 488, I do CPC estabelece como requisito da petição inicial de uma ação rescisória o pedido de rescisão do julgado, bem como, se for o caso, o pedido de novo julgamento, uma vez que este último pedido não será considerado implícito ao primeiro. Portanto, fique atento, pois são poucas as hipóteses em que não haverá necessidade de pleitear um novo julgamento, por exemplo, ofensa a coisa julgada e incompetência absoluta. AÇÕES POSSESSÓRIAS No âmbito trabalhista, esta ação possessória vem sendo utilizada pelos empregadores em casos de greve, a fim de garantir a sua posse, diante de uma ameaça (interdito proibitório); ou de manter a sua posse, em caso de turbação (ação de 4 LEITE. Carlos Henrique Bezerra. Curso de Direito Processual do Trabalho. 7. ed. São Paulo: Ltr, 2009. p. 712. OAB 2ª FASE Direito do Trabalho Aryanna Manfredini manutenção da posse); ou de retomar a posse, em caso de esbulho (ação de reintegração de posse). Apesar das normas processuais serem as mesmas, não se deve confundir a Ação de Manutenção de Posse com a Ação de Reintegração de Posse ou com o Interdito Proibitório. Ameaça Interdito Proibitório (receio de moléstia) Turbação Ação de Manutenção de Posse Esbulho Ação de Reintegração de Posse Com isso, surgiu uma grande discussão a respeito da competência da Justiça do Trabalho para julgar estas ações possessórias originadas pelas greves de trabalhadores. O STF, por meio da súmula vinculante 23, pôs fim a esta celeuma, in verbis: Súmula Vinculante 23, STF. A Justiça do Trabalho é competente para processar e julgar ação possessória ajuizada em decorrência do exercício do direito de greve pelos trabalhadores da iniciativa privada. “O interdito proibitório é a ação possessória que objetiva evitar que a posse seja afrontada, quando houver fundado receio de moléstia (art. 932, CPC). Nessa hipótese, a turbação ou esbulho ainda não terá havido. O possuidor ainda não terá sofrido qualquer óbice ao exercício da posse, mas os indícios de vir a sofrer são veementes, o que autoriza a proteção possessória preventiva.”5 Art. 932, CPC. O possuidor direto ou indireto, que tenha justo receio de ser molestado na posse, poderá impetrar ao juiz que o segure da turbação ou esbulho iminente, mediante mandado proibitório, em que se comine ao réu determinada pena pecuniária, caso transgrida o preceito. 5 WAMBIER, Luiz Rodrigues. Curso Avançado de Processo Civil: processo cautelar e procedimentos especiais. 9 ed. rev., atual. e ampl. v. 3. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008. p. 195. OAB 2ª FASE Direito do Trabalho Aryanna Manfredini Desde já é interessante destacar o artigo 933 do CPC, o qual ordena que sejam aplicadas ao interdito proibitório as normas da ação de manutenção de posse e da ação de reintegração de posse, dispostas nos artigos 926 a 931 do CPC. Art. 933, CPC. Aplica-se ao interdito proibitório o disposto na seção anterior. SEÇÃO ANTERIOR: Art. 926, CPC. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação e reintegrado no de esbulho. Art. 927, CPC. Incumbe ao autor provar: I - a sua posse; II - a turbação ou o esbulho praticado pelo réu; III - a data da turbação ou do esbulho; IV - a continuação da posse, embora turbada, na ação de manutenção; a perda da posse, na ação de reintegração. Art. 928, CPC. Estando a petição inicial devidamente instruída, o juiz deferirá, sem ouvir o réu, a expedição do mandado liminar de manutenção ou de reintegração; no caso contrário, determinará que o autor justifique previamente o alegado, citando-se o réu para comparecer à audiência que for designada. Parágrafo único. Contra as pessoas jurídicas de direito público não será deferida a manutenção ou a reintegração liminar sem prévia audiência dos respectivos representantes judiciais. Art. 929, CPC. Julgada procedente a justificação, o juiz fará logo expedir mandado de manutenção ou de reintegração. Art. 930, CPC. Concedido ou não o mandado liminar de manutenção ou de reintegração, o autor promoverá, nos 5 (cinco) dias subseqüentes, a citação do réu para contestar a ação. Parágrafo único - Quando for ordenada a justificação prévia (Art. 928), o prazo para contestar contar-se-á da intimação do despacho que deferir ou não a medida liminar. Art. 931, CPC. Aplica-se, quanto ao mais, o procedimento ordinário. 3.1 ESTRUTURA BÁSICA DO INTERDITO PROIBITÓRIO I. Fatos OAB 2ª FASE Direito do Trabalho Aryanna Manfredini II. Requisitos Específicos Interdito III. Mérito Proibitório IV. Liminar V. Requerimentos Finais VI. Valor da Causa EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA _____ VARA DO TRABALHO DE ... . NOME DA EMPRESA, qualificação e endereço completos, vem respeitosamente perante Vossa Excelência, por intermédio de seu advogado adiante assinado (PROCURAÇÃO EM ANEXO), com escritório profissional no endereço completo, com fulcro no artigo 920 e seguintes do CPC, PROPOR: AÇÃO DE INTERDITO PROIBITÓRIO com pedido liminar em face de SINDICATO, qualificação e endereço completos; e EMPREGADOS GREVISTAS (qualificação e endereço completo), pelas razões de fato e de direito a seguir expostas. I – DOS FATOS II – REQUISITOS ESPECÍFICOS 01. DA COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO Nos termos da súmula vinculante 23 do STF, a Justiça do Trabalho é competente para processar e julgar ação possessória ajuizada em decorrência do exercício do direito de greve pelos trabalhadores da iniciativa privada, tendo em vista que o artigo 114, II da CF, acrescentado pela Emenda Constitucional 45/04, ampliou a competência da Justiça do Trabalho incluindo as ações que envolvam exercício do direito de greve. 02. REQUISITOS DO ARTs. 927 e 933 do CPC: Art. 933, CPC. Aplica-se ao interdito proibitório o disposto na seção anterior Art. 927, CPC. Incumbe ao autor provar: OAB 2ª FASE Direito do Trabalho Aryanna Manfredini I - a sua posse; Il - a turbação ou o esbulho praticado pelo réu; III - a data da turbação ou do esbulho; IV - a continuação da posse, embora turbada, na ação de manutenção; a perda da posse, na ação de reintegração. III – MÉRITO 01. Demonstrar o justo receio de ser molestado na posse, pleiteando a segurança da turbação ou esbulho iminente, mediante mandado proibitório, em que se comine ao réu determinada pena pecuniária (art.932, CPC), caso transgrida o preceito. Alguns dispositivos relacionados: artigo 9º, §2º, CF; artigo 5º, XXII; artigo 14, Lei 7783/89; artigo 1210, CC. Art. 9º, CF. É assegurado o direito de greve,competindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender. § 1º - A lei definirá os serviços ou atividades essenciais e disporá sobre o atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade. § 2º - Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis às penas da lei. Art. 5º, XXII, CF. É garantido o direito de propriedade; Art. 6º, § 3º, Lei 7783/89. As manifestações e atos de persuasão utilizados pelos grevistas não poderão impedir o acesso ao trabalho nem causar ameaça ou dano à propriedade ou pessoa. Artigo 14, Lei 7783/89. Constitui abuso do direito de greve a inobservância das normas contidas na presente Lei, bem como a manutenção da paralisação após a celebração de acordo, convenção ou decisão da Justiça do Trabalho. Parágrafo único. Na vigência de acordo, convenção ou sentença normativa não constitui abuso do exercício do direito de greve a paralisação que: I - tenha por objetivo exigir o cumprimento de cláusula ou condição; II - seja motivada pela superveniência de fatos novo ou acontecimento imprevisto que modifique substancialmente a relação de trabalho. Art. 1.210, CC. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação, restituído no de esbulho, e segurado de violência iminente, se tiver justo receio de ser molestado. § 1º O possuidor turbado, ou esbulhado, poderá manter-se ou restituir-se por sua própria força, contanto que o faça logo; os atos de defesa, ou de desforço, não podem ir além do indispensável à manutenção, ou restituição da posse. § 2º Não obsta à manutenção ou reintegração na posse a alegação de propriedade, ou de outro direito sobre a coisa. 02. INDENIZAÇÃO POR PERDAS E DANOS Conforme a proposta, cumular o pedido possessório com o de indenização por perdas e danos, nos termos do art. 921 do CPC. Art. 921, CPC. É lícito ao autor cumular ao pedido possessório o de: I - condenação em perdas e danos; Il - cominação de pena para caso de nova turbação ou esbulho; III - desfazimento de construção ou plantação feita em detrimento de sua posse. OAB 2ª FASE Direito do Trabalho Aryanna Manfredini IV – LIMINAR Requerer, com fundamento no artigo 928 do CPC, a expedição do mandado proibitório liminar, sem ouvir o réu. E, com base no artigo 932 do CPC, pleitear que se comine ao réu pena pecuniária, caso transgrida o preceito. Lembrete: requerer a concessão liminar, com fulcro no artigo 928 do CPC e, em sentença, a confirmação dos termos da liminar requerida. V – REQUERIMENTOS FINAIS ● Concessão de mandado proibitório liminar, sem oitiva da parte contrária, nos termos do art. 928 do CPC. ● Citação ● Produção de provas ● Requerer o julgamento procedente da ação de interdito proibitório, confirmando os termos da liminar requerida, fixando multa em caso de nova ameaça e, se for o caso da proposta, condenando os reclamados ao pagamento de indenização por perdas e danos. Atribui-se a causa o valor de R$ ______. Termos em que, Pede deferimento. Local e data Advogado OAB nº EXERCÍCIO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE Murilo, Patrícia, Renato Saraiva, Rafael Tonassi e Aryanna Manfredini, todos trabalhadores da empresa Desejam Boa Sorte Ltda., com o apoio do Sindicato Profissional de categoria, resolvem aderir à greve deflagrada pela categoria, objetivando pressionar a empresa a conceder reajuste salarial de 15%. Ocorre que eles invadiram a sede da empresa, acamparam no local e passaram a impedir que o empregador e outros empregados que não aderiram à greve ingressassem no estabelecimento. Outrossim, destruíram totalmente o automóvel da empresa avaliado em R$ 40.000. Na qualidade de OAB 2ª FASE Direito do Trabalho Aryanna Manfredini advogado da empresa Desejam Boa Sorte Ltda., promova a medida judicial cabível objetivando garantir o acesso do empregador e demais empregados à empresa. RESOLUÇÃO DO EXERCÍCIO DE AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUÍZ DA VARA DE TRABALHO DE ... DESEJAM BOA SORTE LTDA., qualificação e endereço completos, vem respeitosamente perante Vossa Excelência, por intermédio de seu advogado adiante assinado (procuração em anexo), com escritório profissional no endereço completo, com fulcros nos art. 114, II, da CF/1988, súmula 23 do STF e art. 920 e seguintes do CPC e 1.210 e seguintes do Código Civil, PROPOR: AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE COM PEDIDO DE LIMINAR em face de Murilo, Patrícia, Renato Saraiva, Rafael Tonassi e Aryanna Manfredini, qualificação e endereço completos, e do Sindicato...., qualificação e endereço completos, na pessoa do seu presidente, Sr. ..., pelas razões de fato e de direito a seguir expostas. I – DOS FATOS Murilo, Patrícia, Renato Saraiva, Rafael Tonassi e Aryanna Manfredini, todos trabalhadores da empresa Desejam Boa Sorte LTDA., com o apoio do Sindicato Profissional de categoria resolveram aderir à greve deflagrada pela categoria, objetivando pressionar a empresa a conceder reajuste salarial de 15%. Outrossim, destruíram totalmente o automóvel da empresa avaliado em R$ 40.000.00. II – DOS REQUISITOS ESPECÍFICOS 03. DA COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO Nos termos da súmula vinculante 23 do STF, a Justiça do Trabalho é competente para processar e julgar ação possessória ajuizada em decorrência do exercício do direito de greve pelos trabalhadores da iniciativa privada, tendo em vista que o artigo 114, II da CF, acrescentado pela Emenda Constitucional 45/04, ampliou a competência da Justiça do Trabalho incluindo as ações que envolvam exercício do direito de greve. 04. PROVA DA POSSE, DO ESBULHO, DA DATA DO ESBULHO E DA PERDA DA POSSE Os documentos em anexo comprovam a posse, o esbulho, a data deste e a perda da posse pela tomada pelos trabalhadores e sindicatos da empresa, acampando na mesma, nos termos do art. 927 do Código de Processo Civil. II – DO MÉRITO 01. REINTEGRAÇÃO O art. 926 do CPC estabelece que o possuidor tem o direito a ser mantido na posse em caso de turbação e reintegrado no de esbulho. Da mesma forma, o art. 1.210 do Código Civil estabelece que o possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação, restituído no de esbulho, e segurado de violência iminente, se tiver justo receio de ser molestado. OAB 2ª FASE Direito do Trabalho Aryanna Manfredini Embora o movimento grevista seja garantido constitucionalmente (art. 9º, da CF/1988) e previsto na Lei nº 7.783/1989, nos termos do art. 6º, § 1º da Lei 7783/89 o mesmo deve ser pacífico, sendo que os meios adotados pelos empregados não poderão violar ou constranger os direitos e garantias fundamentais de outrem. Por outro lado, estabelece o mesmo artigo 6º, §3º, da Lei nº 7.783/1989 que as manifestações e atos de persuasão utilizados pelos grevistas não poderão impedir o acesso ao trabalho nem causar ameaça ou dano à propriedade ou pessoa. No presente caso, os atos praticados pelos trabalhadores grevistas, incentivados pelo Sindicato Profissional, constituem abuso do direito de greve e flagrante esbulho possessório, a ser imediatamente repelido por este juízo através da expedição do competente mandado de liminar da reintegração de posse, uma vez que a demandante vem sofrendo prejuízo irreparável, seja pela destruição do seu patrimônio, seja pela impossibilidade de cumprir seus compromissos e gerenciar a empresa, em face do ilegal esbulho praticado. 02. INDENIZAÇÃO POR PERDAS E DANOS Como referido, os trabalhadores, com o apoio do sindicato, destruíram totalmente o automóvel da empresa avaliado em R$ 40.000,00. Encontram-se presentes os requisitos da responsabilidade civil, previstos nos art. 186 e 927 do Código Civil, quais sejam: culpa,dano e nexo. Observe-se: A culpa resta caracterizada pelo fato de ser ilícita a conduta dos trabalhadores de destruírem o automóvel da empresa, uma vez que nos termos do art. 6º, § 1º da Lei 7783/89, os grevistas não poderão violar ou constranger os direitos e garantias fundamentais de outrem. O dano verifica-se pela destruição de um automóvel da empresa causando-lhe um prejuízo de R$ 40.000,00 e, por fim, o nexo também está presente uma vez que o dano decorreu da conduta ilícita dos trabalhadores e seu sindicato. Conforme preceitua o art. 921, I, do CPC, é possível cumular pedido possessório com o de indenização por perdas e danos. Diante do exposto requer a condenação dos réus ao ressarcimento do valor do prejuízo. IV – LIMINAR Requerer, com fundamento no artigo 928 do CPC, a expedição do mandado de reintegração de posse, sem ouvir o réu. V – REQUERIMENTOS FINAIS Diante do exposto, requer: a) a concessão do mandado de reintegração, em caráter liminar, sem oitiva da parte contrária, nos termos do art. 928 do CPC. b) a citação do réu, nos termos do art. 930 do CPC; c) a produção de todos os meios de provas em direito admitidas, em especial a prova documental, depoimento pessoal e oitiva de testemunhas. d) Por fim, requerer o julgamento procedente da ação de reintegração de posse, bem como, a fixação de pena em caso de novo esbulho possessório (art. 921 do CPC) e a condenação solidária dos demandados à indenização no valor de R$ 40.000,00 (quarenta mil reais) em face dos mesmos terem destruído um veículo da empresa. OAB 2ª FASE Direito do Trabalho Aryanna Manfredini Atribui-se a causa o valor de R$ ... Termos em que, Pede deferimento. Local e data Advogado OAB nº
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