Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ FACULDADE DE MEDICINA Aula 3 Aula 1 Disciplina: Epidemiologia II Profª. Cristiane Novaes Luciane Tavares Luciana Freire Estudos Epidemiológicos • Todos os estudos epidemiológicos são conduzidos tendo como base uma população em particular denominada POPULAÇÃO FONTE • As possibilidades de desenhos (tipos) de estudo diferem em função de: – Definição da população fonte – Forma de obtenção da informação durante o estudo Populações • POPULAÇÃO ALVO – População para qual se pretende extrapolar os resultados – Grupo de indivíduos para o qual se deseja fazer inferências estatísticas relacionadas com o objetivo do estudo • POPULAÇÃO FONTE – População definida – Mais limitada que a população alvo – De onde se originam os indivíduos que constituíram a amostra do estudo – Conjunto de indivíduos elegíveis para constituírem a população de estudo Desenhos de estudos em epidemiologia Estratégias de desenho da investigação epidemiológica, segundo foco: • Descrever o comportamento de doenças (descritiva) OU • Elucidar seus determinantes (analítica) Descritivos x Analíticos • Distribuição dos eventos em uma população • Consideram características de pessoa, tempo e lugar • Não tem grupo de comparação • Sugerem hipóteses etiológicas • Levantam hipóteses • Verifica associação • Ocorrência de eventos em uma população • Tem grupo de comparação • Tem como propósito testar hipóteses etiológicas • Verifica causalidade Tipologia dos desenhos de investigação em epidemiologia Tipo operativo Posição do investigador Referência temporal Denominação Agregado Observacional Transversal Estudos ecológicos (descritivo) Longitudinal Estudos de tendência (analíticos) Intervenção Longitudinal Ensaios comunitários (analíticos) Individuado Observacional Transversal Inquéritos e surveys (descritivo) Longitudinal Estudos prospectivos (coorte) (analíticos) Estudos retrospectivos (caso- controle) (analíticos) Intervenção Longitudinal Ensaios Clínicos (analíticos) PRESSUPOSTOS DA EPIDEMIOLOGIA 1- Os desfechos não ocorrem ao acaso 2 – Os desfechos tem fatores causais que podem ser descobertos ENTÃO Estudo da distribuição e dos determinantes dos desfechos ESTUDOS Estabelecer relação EIXOS Experimentação Grupo de comparação Unidade de pesquisa Temporalidade Observação do desfecho Amostragem Direcionalidade Quantificar Fonte Obtenção da informação EIXOS Intervenção Experimentais. & Quasi experimentais Comparabilidade Amostragem Direcionalidade C/ grupo de comparação Dinâmico (incidência) Com desenho amostral Parte da exposição Grupo (agregada) Unidade de pesquisa Experimentação Observacionais Descritivos & Analíticos S/ grupo de comparação Sem desenho amostral Parte da doença Indivíduo Retrospectivo Prospectivo Temporalidade Estático (prevalência) Observação do desfecho Instantâneo Estudos Observacionais x Estudos Experimentais A principal diferença entre essas categorias se encontra no papel desempenhado pelo pesquisador – Ativo: Estudos de intervenção – Passivo: Estudos observacionais Nos estudos observacionais O pesquisador observa o curso natural dos eventos verifica quem é exposto e não exposto e quem desenvolveu ou não o desfecho de interesse Nos estudos experimentais É o pesquisador que determina a exposição segue os indivíduos para observar o subseqüente desenvolvimento de doença Eixo de Experimentação A seleção do fator de exposição pode ser randomizada ou não Quando no estudo a seleção dos elementos que receberão a intervenção e aqueles que não receberão é efetuada de forma randomizada o delineamento é o de um experimento verdadeiro – ESTUDO EXPERIMENTAL Quando a seleção de elementos que receberão a intervenção e aqueles que não a receberão não é efetuada de forma randomizada, o delineamento é o denominado QUASI- EXPERIMENTAL Eixo de Experimentação O investigador faz uma escolha aleatória dos indivíduos que receberão as diferentes categorias do fator de exposição do estudo? SIM Estudo experimental NÃO Estudo quasi-experimental Estudos observacionais Expostos Não Expostos Desfecho + Desfecho - População de estudo Desfecho + Desfecho - Estudos Experimentais Grupo de Intervenção Grupo controle Desfecho + Desfecho - População de estudo Desfecho + Desfecho - Aleatorização da intervenção determinada pelo pesquisador Expostos Não expostos Eixo de comparabilidade • Estudos comparados são aqueles em que existe grupo de comparação • Diz-se que um delineamento é comparado quando existem indivíduos nas quatro categorias: • com fator e com o desfecho, com fator e sem o desfecho, sem fator e com o desfecho e sem fator e sem o desfecho • O grupo controle é sempre necessário quando o objetivo do estudo é avaliar o contraste entre duas populações ou entre dois fenômenos E+D+ E-D+ E+D- E-D- Estudos observacionais Expostos Não Expostos Desfecho + Desfecho - População de estudo Desfecho + Desfecho - Estudos Experimentais Grupo de Intervenção Grupo controle Desfecho + Desfecho - População de estudo Desfecho + Desfecho - Aleatorização da intervenção determinada pelo pesquisador Expostos Não expostos Eixo de Unidade da Pesquisa Unidade de pesquisa = nível comum para o qual os dados de todas as variáveis foram reduzidos e analisados A unidade de estudo pode ser: Individual Idade Número de cigarros Informação sobre cada membro da amostra unidade agregada (grupo de indivíduos) Média etária Média de cigarros Vai ser sempre uma média, uma taxa, uma proporção para um conjunto de pessoas ou um grupo Eixo Unidade da Pesquisa • Exemplo: • Estudo sobre hábito de consumir carne vermelha e doença isquêmica do coração (DIC) • Nível individual: – Vamos coletar as informações sobre as variáveis do estudo, para saber de cada indivíduo se ele come carne ou não, se fuma, se consome bebida alcóolica e se tem ou não DIC • Nível agregado: – Vamos coletar informações sobre a quantidade per capita de carne consumida, proporção de fumantes, média de consumo de bebida alcóolica e as taxas de DIC em diferentes municípios, sem saber se as características de interesse estão ou não presentes no mesmo indivíduo Eixo de Temporalidade (Timing) Temporalidade – Instantânea: Estudos transversais – Serial: Estudos longitudinais • Prospectivo • Retrospectivo • Misto ou Ambi-direcional Eixo de Temporalidade (Timing) Seleção dos participantes Seguimento (follow up) O investigador inicia o estudo O investigador inicia o estudo O investigador inicia o estudo Prospectivo Retrospectivo Misto Eixo de Amostragem A população-base é a população de onde a experiência do estudo esta sendo captada Se a seleção de indivíduos desta população é completa refere-se a um censo da população-base Outras vezes, a seleção é incompleta, selecionando-se apenas uma fração Eixo de observação do desfecho Como está sendo medido o desfecho saúde-doença? Refere-se à natureza da experiência dos indivíduos durante o curso da investigação. em um contexto dinâmico, permitindo evidenciar uma mudança no estado saúde- doença (caos incidentes); ou em um contexto estático, refletindo apenas um estado de saúde-doença (casos prevalentes). Transversal As observações nos indivíduos são realizadas em um único ponto no tempo Prevalência (casos existentes) Longitudinal Pelo menos dois conjuntos de observações são realizadas nos indivíduos, em diferentes momentos A população é monitorada continuamente, ao longo de um período de tempo, para detectar mudanças específicas (eventos) em seus membros Estudos longitudinais envolvem um período de seguimento Incidência (casos novos) Eixo de observação Eixo da Direcionalidade • Ponto de partida é a exposição – O início do estudo se dá com a classificação dos indivíduos segundo as categorias de presença / ausência exposição • Ponto de partida é o desfecho – O início do estudo se dá com a classificação dos indivíduos segundo as categorias de presença / ausência do desfecho Estudos observacionais Expostos Não Expostos Desfecho + Desfecho - População de estudo Desfecho + Desfecho - Direção da investigação Ponto de partida Estudos observacionais Casos Controles População de estudo Exposição + Ponto de partida Direção da investigação Exposição + Exposição - Exposição - Eixo da Direcionalidade Doentes Não doentes Expostos a b Iexp= doentesexp/totalexp Iexp= a /a+b Não expostos c d Inexp= doentesnexp/totalnexp Inexp= c /c+d RR= Iexp /Inexp Ponto de partida é a exposição Eixo da Direcionalidade Expostos Não expostos Casos a b oddscasos= casosexp/casos nexp Controles c d oddscontroles=controlesexp/controles nexp OR= a/b c/d OR= oddscasos/ oddscontroles Ponto de partida é o desfecho EIXOS Intervenção Experimentais. & Quasi experimentais Comparabilidade Amostragem Direcionalidade C/ grupo de comparação Dinâmico (incidência) Com desenho amostral Parte da exposição Grupo (agregada) Unidade de pesquisa Experimentação Observacionais Descritivos & Analíticos S/ grupo de comparação Sem desenho amostral Parte da doença Indivíduo Retrospectivo Prospectivo Temporalidade Estático (prevalência) Observação do desfecho Instantâneo Tipologia dos desenhos de investigação em epidemiologia Tipo operativo Posição do investigador Referência temporal Denominação Agregado Observacional Transversal Estudos ecológicos Longitudinal Estudos de tendência Intervenção Longitudinal Ensaios comunitários Individuado Observacional Transversal Inquéritos e surveys Longitudinal Estudos prospectivos (coorte) Estudos retrospectivos (caso- controle) Intervenção Longitudinal Ensaios Clínicos ESTUDOS DESCRITIVOS Estudos populacionais: Estudos de correlação / Ecológicos Estudos individuados: Relatos de Caso ou Série de casos Estudos Transversais ESTUDOS DESCRITIVOS Estudos Ecológicos ESTUDOS ECOLÓGICOS Dados coletados de rotina são utilizados para estudar a ocorrência de doença e possíveis causas em grupos de indivíduos • Diferentes populações • Diferentes períodos ESTUDOS ECOLÓGICOS Tipo de medida: • Medidas agregadas – Resumem as características de um grupo como valores médios de um certo parâmetro ou a proporção em que uma população ou grupo apresenta uma característica – Média de consumo calórico – Taxa de incidência de uma morbidade – Prevalência de tabagismo ESTUDOS ECOLÓGICOS Tipo de medida: • Medidas ambientais – Características físicas da área onde a população reside podendo expressar nível de exposição – Poluição do ar – Horas diárias de sol – Nível de ruído ESTUDOS ECOLÓGICOS Tipo de medida: • Medidas globais – Que não tem análogo em nível individual – Sistema de saúde ou político – Regulamentos e leis – Lei de desarmamento, SUS ESTUDOS ECOLÓGICOS / DE CORRELAÇÃO • Nos estudos de correlação, as medidas que representam características de populações inteiras são utilizadas para descrever desfecho em relação a algum fator de interesse como idade, tempo calendário, utilização de serviços de saúde, ou consumo de alimentos, medicamentos, ou outro produto • Esse tipo de estudo utiliza dados de populações inteiras para comparar freqüências de doenças entre diferentes grupos, durante o mesmo período de tempo ou, na mesma população, em diferentes pontos no tempo. ESTUDOS ECOLÓGICOS Vantagens: • Baratos – dados já coletados • Bom para estudos preliminares • Exploratório • Bom quando há pouca variabilidade intra-populacional • Bom para avaliação interpopulacional se a variabilidade é alta • Quando o nível de inferência de interesse é populacional (disponibilidade de alimentos, desigualdades de saúde, etc) Desvantagens: • Não generalizável para o indivíduo • Depende da qualidade dos dados • Requer confirmação por outros estudos Ecological fallacy “The bias that may occur because an association observed between variables on aggregate levels does no necessarily represent the association that exists at the individual level” Last: Dictionary of Epidemiology, 1995 ESTUDOS ECOLÓGICOS Falácia ecológica • Nível da exposição é médio para o grupo • A distribuição no grupo é heterogênea • Não é possível extrapolar o dado agregado para o indivíduo • A relação observada em nível grupal não necessariamente se mantém em nível individual Usual daily salt intake Hypothetical data on individuals from a World-wide population Strong positive (linear) association Usual daily salt intake Hypothetical data on individuals from a World-wide population Usual daily salt intake Individuals from country A No association Usual daily salt intake Hypothetical data on individuals from a World-wide population Country B Country A Country D Country C Country F Country E Country G Mean usual daily salt intake Hypothetical ecologic data from 7 countries Strong positive (linear) association Country B Country A Country D Country C Country F Country E Country G POPULAÇÃO A 1.050,00 3.450,00 2.850,00 1.220,00 4.560,00 1.750,00 1.980,00 Renda média: 2.394,00 acidentes de trânsito: 4/7=47% POPULAÇÃO B 1.250,00 3.250,00 2.430,00 1.000,00 1.430,00 3.800,00 2.640,00 Renda média: 2.243,00 acidentes de trânsito: 3/7=43% POPULAÇÃO C 2.870,00 3.020,00 1.250,00 2.350,00 1.080,00 2.270,00 2.050,00 Renda média: 2.141,00 acidentes de trânsito: 2/7=29% Quanto maior a renda média da população maior o risco de acidentes de trânsito. As pessoas que sofreram acidente foram aquelas com maior renda média?
Compartilhar