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Efeito da Drenagem Linfática na Redução de Edema

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Efeito da Drenagem Linfática na Redução de Edema de Membro Inferior: Estudo de Caso em Pré e Pós-Operatório de Abdominoplastia
Docente: Nely Varela
Discente: Rosynally de França
				Introdução
No Brasil é onde se faz mais cirurgias plásticas no mundo, atingindo 23 milhões em 2013, sendo a maior parte contingente representado por mulheres. A abdominoplastia é um dos procedimentos cirúrgicos onde o Brasil é líder no mundo e ela é indicada basicamente para a correção de protrusão e excesso de pele no abdômen. Entre as consequências o edema é o excesso de líquido intercelular que ocorre com frequência em cirurgias e, em especial, na abdominoplastia. A presença de edema interfere significativamente na cicatrização e recupera- ção pós-cirúrgica do paciente, embora seja frequentemente subestimado. Um dos principais métodos para a diminuição de edema é a Drenagem Linfática Manual (DLM).
Dentre as manobras de drenagem linfática propostas por Vodder, distinguem-se alguns movimentos: círculos fixos ou rotação parada no lugar, movimentos de bombeamento andando e parado no lugar. A drenagem linfática deve ser iniciada pelo segmento proximal ao processo de evacuação, obtendo um descongestionamento das vias pelas quais a linfa fluirá, cisterna do quilo, ducto torácico, ângulo venoso, cadeia linfática inguinal, cadeia linfática poplítea, cadeia linfática axilar. O sentido é de proximal-distal, num total de 5 a 7 vezes e o segmento corpóreo deve estar em posição de drenagem durante o procedimento.
A técnica de drenagem linfática manual é uma técnica de massagem destinada a melhorar as funções do sistema linfático por meio de manobras precisas, leves, suaves, lentas e rítmicas, que obedecem o trajeto do sistema linfático superficial. Estes autores afirmam que a drenagem linfática drena os líquidos excedentes que banham as células, mantendo, desta forma, o equilíbrio hídrico dos espaços intersticiais.
Segundo Godoy et al. 8 “a técnica consiste em fazer esta drenagem através de compressão externa que promove um diferencial de pressão entre as extremidades, podendo deslocar o fluído contido em um vaso linfático”. Isto leva a uma redução da pressão no interior do vaso e, assim, facilita a entrada do excesso de líquido contido no interstício para o interior do mesmo por diferença de pressão. 
Para Santos & Machado, as vias linfáticas da pele e do tecido subcutâneo não possuem uma direção de fluxo definida, isto é, esses capilares não são valvulados como os coletores linfáticos de maior calibre. O sentido do fluxo linfático superficial, então, depende de forças externas ao sistema linfático, como a drenagem linfática manual, que aumenta a absorção da linfa. A drenagem linfática manual impulsiona o líquido excedente do espaço intersticial para dentro dos capilares linfáticos. Tal fato acontece quando há pressão positiva e os filamentos de Casley-Smith ou de proteção abrem as micro válvulas endoteliais da parede capilar. À medida que o vaso enche, as válvulas fecham-se e a linfa flui.
A DLM é utilizada no tratamento da lipodistro- fiaginóide, edemas, hematomas, aderências, mialgias, stress, pós e pré-operatório. No período pré- cirúrgico, a drenagem linfática ajuda a ativar a circulação linfática da zona que vai ser operada e reduzir o edema, especialmente quando o paciente apresenta uma circulação lenta. Na recuperação póscirurgia, a técnica é empregada de forma suave para drenar edemas, favorecer e agilizar a regeneração e reparação da pele e de outros tecidos afetados. Para Guirro & Guirro 9 a DLM é contraindicada na presença de processos infecciosos, neoplasias, trombose venosa profunda, erisipela, entre outros.
A abdominoplastia consiste em uma intervenção cirúrgica com o objetivo de remodelar o abdômen ao retirar o excesso de pele que se acumula abaixo do umbigo, “e ajustar a cinta muscular com pontos ou plicatura que vem a corrigir a frouxidão dos músculos reto-abdominais”. No caso da cirurgia de abdominoplastia, a DLM é recomendada como procedimento terapêutico pós-cirúrgico para redu- ção do edema, reabsorção de hematomas e aceleração do processo de cicatrização. A DLM nestes pacientes tem que ser rítmica e sem muita pressão, pois a linfa corre na superfície da pele, seu fluxo é relativamente lento e precisa ser respeitado. Nestes pacientes pós-operados a DLM tem a função de acelerar o processo de retirada dos líquidos acumulados entre as células, e os resíduos metabólicos, encaminhando-os aos vasos capilares e, por meio de movimentos específicos, direcionando para que sejam eliminados4 .
A hipótese de pesquisa é de que com um trabalho efetivo de drenagem linfática no pré e pós-operatório de abdominoplastia é possível melhorar o edema de membro inferior. Parte-se do princípio que a aplica- ção diária desta técnica pode promover o bem estar geral, diminuindo a dor e promovendo a recupera- ção no pós-operatório de abdominoplastia. Este trabalho tem o objetivo de avaliar os efeitos terapêuticos da DLM na redução do edema dos membros inferiores em pré e pós-operatório de cirurgia de abdominoplastia, bem como avaliar a redução no pós-operatório da dor referida pela pessoa submetida à cirurgia, após a sessão de DLM.
	‘			Metodologia
Trata-se de uma pesquisa aplicada classificada como Estudo de Caso, de caráter exploratório e de análise quantitativa. Para André¹ , o desenvolvimento de um estudo de caso se realiza em três fases. A primeira é a fase exploratória, que é o momento em que o pesquisador entra em contato com a situação a ser investigada para definir o caso, estabelecer os contatos, localizar os sujeitos e definir os procedimentos e instrumentos de coleta de dados. A segunda fase é a de coleta dos dados ou de delimitação do estudo. A terceira fase é a de análise sistemática dos dados, traçadas como linhas gerais para condução deste tipo de pesquisa, podendo ser, em algum momento, conjugada uma ou mais fases, ou até mesmo sobrepor em outras, variando de acordo com a necessidade.
Na etapa exploratória foi realizado um levantamento bibliográfico dos assuntos a serem abordados. Foi, então, definido o problema e o objeto de estudo. Através do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, foi estabelecida a participação da voluntária neste estudo. Foi desenvolvida uma ficha de avaliação constando anamnese, bem como dados referentes à perimetria de membros inferiores e o método de avaliação da dor no pós-operatório (Escalas Numéricas e Visuais Analógicas da dor). Na etapa de coleta de dados, a pesquisa teve como sujeito um indivíduo do sexo feminino, 42 anos, que foi submetida à cirurgia de abdominoplastia. A voluntária tinha obesidade há vários anos (não relatado com exatidão) e pesava 136 quilos (na bariátrica) e, na época do estudo pesava 98 quilos, com 164 centímetros de altura.
Imediatamente após o procedimento a voluntária fez uso de meias compressivas da marca Sigvaris média compressão 24 horas por dia durante todo o período das sessões de drenagem. Nas primeiras 24 horas após o procedimento fez uso de bota pneumática no hospital. Parte do dia a paciente ficava em repouso com os membros inferiores elevados, sua alimentação após a saída do hospital não foi alterada ou restrita. A voluntária fez uso de medicação após o procedimento cirúrgico e, mesmo com a intervenção da medicação, relatava dor antes da aplicação da técnica e alívio da dor após as sessões de drenagem linfática manual.
Foram realizadas 20 sessões de drenagem linfá- tica, utilizando o método de Vodder num período de 25 dias, sendo 5 sessões pré-operatórias e 15 sessões pós-operatórias, que foram iniciadas após o 5o dia da data da cirurgia. A primeira coleta perimétrica foi realizada na primeira sessão pré-operatória da DLM. A segunda coleta de perimetria foi realizada na primeira sessão após a cirurgia de abdominoplastia, ou seja no 5o dia pós-operatório. A terceira e a quarta coletas de perimetria foram realizadas a cada 5 sessões. A drenagem linfática foi realizada apenas em membros inferiores. A perimetria, que pode ser definida
como o perímetro máximo de um segmento corporal quando medido de um ângulo reto em relação ao seu eixo6 . A perimetria foi considerada o método mais adequado para a avalia- ção do edema, sendo que muitos autores a utilizam em seus trabalhos, tais como Piccinin et al. ¹².
Além dos dados da perimetria foram coletados dados acerca da dor referida pela voluntária antes e após a sessão de DLM, sendo feitas quatro coletas. O método utilizado foi o da Escala Visual e Analógica da dor. Segundo Martinez et al. ¹¹ o método é de fácil e rápida aplicação, tem fácil entendimento pelo paciente, sendo uma forma adequada para estimar a intensidade da dor presente. Na etapa de análise dos dados, estes foram compilados sob a forma de tabelas e gráficos com o objetivo de facilitar a análise dos mesmos, através do programa Microsoft Excel.
				Resultados
				Discussão
No pré-operatório foi possível verificar edema de MMII, e bom estado geral da voluntária sem demais queixas. Após cinco sessões pré-operatórias, a voluntária foi submetida ao procedimento. No pós-operatório, a primeira sessão foi realizada cinco dias após o procedimento cirúrgico e apresentava MMII com perimetria menor do que no pré- operatório. Esta redução foi consequência das 5 sessões diárias de DLM no pré-operatório. Este fato corrobora a afirmação de Winter , no que diz respeito ao efeito da aplicação de DLM no pré-operatório
Logo após a cirurgia, a voluntária referia dor moderada e sensibilidade no local. Conforme mostrado na Tabela 1, as avaliações da intensidade da dor foram diminuindo ao longo das sessões, bem como eram reduzidas comparando-se antes e depois de cada sessão. Portanto, a DLM mostrou-se eficaz na redução do quadro álgico pós-cirúrgico, concordando com Barbosa & Mergulhão 2 ). As linhas de tendência dos gráficos mostram que o edema foi reduzindo ao longo das sessões sendo que nas regiões proximais a variação foi maior (linha mais inclinada) do que nas regiões mediais e distais. 
O início precoce das drenagens após a cirurgia pode prevenir as complicações e proporcionar uma recuperação mais rápida dos indivíduos. Neste estudo de caso foi observada uma redução progressiva do edema ao longo das sessões de DLM (ver Figuras 1 e 2), e a dor da voluntária teve considerável melhora (ver Tabela 1).
			Considerações Finais
Observou-se que o efeito da drenagem realizada no pré-operatório se manteve no pós-operatório, e que as sessões realizadas após o procedimento cirúrgico foram eficientes na diminuição das medidas dos MMII.
A análise subjetiva dos pesquisadores mostrou uma satisfação da voluntária após a realização das sessões de DLM, pois a mesma diminuía a ansiedade pela sua recuperação cirúrgica, conforme relato espontâneo da voluntária
Assim, pode-se concluir que a DLM é importante no plano terapêutico que inclui cuidados pré e pós-operatórios.
				Referencias 
[1] André, M.E.D.A., Estudo de Caso em Pesquisa e Avaliação Educacional. Brasília, DF: Liber Livro Editora, 2005. 
[2] Barbosa, G.P. & Mergulhão, S.M.S., A eficácia da drenagem linfática manual como tratamento fisioterapêutico no edema em membros inferiores de paciente no final da gestação. Revista Presciência, 5:7–18, 2012. 
[3] Bruhns, F.B.; Ruzene, A.C.S. & Simões, N.V.N., Vacuoterapia - Aplicações e Efeitos em Terapia e Estética. Monografia de conclusão do curso de fisioterapia, Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, SP, 1994. 
[4] Dutra, G.S. & Mejia, D.P.M., Drenagem linfática nos pós operatório de abdominoplastia. Disponível na Internet, 2013. Http://portalbiocursos.com.br/ohs/data/docs/18/75_- _Drenagem_LinfYtica_nos_PYs_OperatYrio_de_ Abdominoplastia.pdf. 
[5] Elwing, A. & Sanches, O., Drenagem Linfática Manual: teoria e prática. São Paulo, SP: SENAC, 2010.
 [6] Fernandes Filho, J., A Prática da Avaliação Física. 2a edi- ção. Rio de Janeiro, RJ: Shape, 2003. 
[7] Ferrandez, J.C.; Theys, S. & Bouchet, J.Y., Reeducação Vascular Edemas dos Membros Inferiores. 1a edição. São Paulo, SP: Manole, 2001.
 [8] Godoy, J.M.P.; Godoy, M.F.G.; Godoy, M.F. & Braile, D.M., Drenagem linfática e bandagem auto-adesiva em paciente com linfedema de membros inferiores. Cirurgia Vascular & Angiologia, 16:204–211, 2004. 
[9] Guirro, E. & Guirro, R., Fisioterapia Dermato-Funcional. 3a edição. São Paulo, SP: Manole, 2002. 
[10] Leduc, A. & Leduc, O., Drenagem Linfática – Teoria e Prática. 2a edição. São Paulo, SP: Manole, 2000. 
[11] Martinez, J.E.; Grassi, D.C. & Marques, L.G., Análise da aplicabilidade de três instrumentos de avaliação de dor em distintas unidades de atendimento: ambulatório, enfermaria e urgência. Revista Brasileira de Reumatologia, 51(4):299–308, 2011.
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[13] Santos, P.C.S. & Machado, M.I.M., A drenagem linfática manual e a laserterapia de baixa intensidade (he-ne) no pósoperatório de mamasplatia redutora estética. Revista Brasileira de Fisioterapia Dermato-Funcional, 1(10):100–106, 2003. 
[14] Silva, A.P. & Moraes, M.W., Incidência de dor no pósoperatório de cirurgia plástica estética. Revista da Dor, 11(2):136–139, 2010. 
[15] Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, , De acordo com a ISAPS, brasil lidera ranking de cirurgias plásticas no mundo. Disponível na Internet, 2013. Http://www2.cirurgiaplastica.org.br/de-acordo-com-aisaps-brasil-lidera-ranking-de-cirurgias-plasticas-nomundo/. 
[16] Vodder, E., Le Drainage Lymphatique, une nouvelle méthode thérapeutique. Paris, France: Santé pour Tous, 1936.
[17] Winter, W.R., Drenagem Linfática Manual. 2a edição. Rio de Janeiro, RJ: Vida Estética, 1985.

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