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Uma teoria da Justiça – John Rawls Cap. IV 3.1. A sequência de quatro estágios. A aplicação dos dois tipos de princípios de justiça requer três espécies de juízos que cidadão deve fazer, ele precisa avaliar a justiçada da legislação e das políticas sociais, sabendo ele que suas opiniões nem sempre coincidirão com as dos outros ,o homem sempre ou quase sempre perde se o juízo quando há interesse envolvido, o cidadão deve decidir que ordenações constitucionais são justas para compatibilizar opiniões conflitantes sobre a justiça, o cidadão aceita uma determinada constituição como justa e pensa que certos procedimentos tradicionais são apropriados ,exemplo, o procedimento do domínio da maioria devidamente delimitado. O cidadão precisa verificar quando as leis elaboradas pela maioria devem ser obedecidas e quando devem ser rejeitadas, como não vinculante, ele precisa saber determinar os fundamentos e limites das obrigações e deveres políticos. A teoria da justiça tem que lidar com pelo menos três tipos de questões, e pode ser útil pensar nos princípios aplicados em uma sequência de vários estágios. Cada estágio deve representar um pouco de vista apropriado, a partir do qual certos tipos de questões devem ser considerados. Adotadas os princípios de justiça na posição original, as partes procuram formar uma convenção constituinte, que decidem sobre a justiça de formas políticas e escolher uma constituição que recebem uma delegação para essa convenção, observando as restrições dos princípios da justiça devem propor um sistema para o poderes constitucionais de governo e os direitos básicos dos cidadãos, e é nesse estágio que elas avaliam a justiça dos procedimentos para lidar com concepções políticas diversas, já não se limitam as informações implícitas nas circunstancias da justiça. Liberdades de cidadania igual devem ser elaboradas na constituição e protegidas por ela, essas liberdades incluem a liberdade de consciência e de pensamento, a liberdade individual e a igualdade dos direitos de políticos, cujo o sistema pode ser uma forma de democracia constitucional, não seria um sistema justo se não incorporasse essas liberdades. Bentham tem um problema com a identificação artificial de interesses só que nesse caso as regras *procedimento justos* estão estruturadas para propiciar uma legislação *resultado justo* que tenda a concordas com os princípios da justiça e não com os da utilidade. Resolvendo esse problema de modo inteligente, e necessário o conhecimento de crenças e interesses nos quais os cidadãos envolvidos nesse sistema, utilizando táticas políticas, dadas as suas circunstancias. Os diversos institutos legais devem satisfazer não apenas os princípios da justiça, mas também respeitar quaisquer limites estabelecidos na constituição, a questão de se saber se uma legislação e justa ou injusta, especialmente em relações políticas econômicas e sociais, esta geralmente sujeita a divergências bem fundadas de opinião, o julgamento muitas vezes depende das doutrinas políticas e econômicas especulativas e da teoria social em geral. A aplicação precisa do princípio de diferença geralmente exige mais informações do que podemos esperar obter, exige mais do que a aplicação do primeiro princípio, a injustiça esta patente na estrutura publica das instituições, essa situação e comparativamente rara no caso de políticas econômicas e sociais reguladas pelo princípio de diferença. O princípio da liberdade seus requisitos principais são os de que as liberdades individuais fundamentais e a liberdade de consciência e a de pensamento sejam protegidas e de que o processo político como um todo seja um procedimento justo. O segundo princípio atua no estágio da legislatura, que determina as políticas sócias e econômicas visem maximizar as expectativas a longo prazo dos menos favorecidos, em condições de igualdade equitativa de oportunidades e obedecendo a manutenção das liberdades iguais, assim a prioridade do primeiro princípio de justiça em relação ao segundo se reflete na prioridade da convenção constituinte em relação ao estágio legislativo. O último estágio e da aplicação das regras a casos particulares por parte de juízes e administradores e o da observância delas pelos cidadãos em geral, nesse estágio todo tem total acesso a todos os fatos, não há mais limites o conhecimento. E essencial ter em mente que a sequência dos quatros estágios e um recurso para a aplicação dos princípios da justiça, estabelece uma serie de pontos de vista a partir dos quais se devem resolve os diferentes problemas da justiça ,num processo em que cada ponto de vista e marcado pelas restrições adotadas nos estágios precendentes.Assim, em muitos problemas de políticas social e econômica, precisamos recorrer a noção da justiça procedimental quase pura, definir o âmbito da justiça mais condizente com nossos juízos ponderados, e se isolar com maior nitidez os erros mais graves que uma sociedade deveria evitar. 32. O conceito de liberdade Essa e uma questão de filosofia política substantiva e requer –se uma teoria do justo e da justiça, as questões da definição podem desempenhar na melhor das hipóteses um papel subsidiário, por isso, qualquer liberdade pode ser explicada mediante a três itens, os agentes que são livres, as restrições ou limitações de que eles estão livres, e aquilo que eles estão livres para fazer ou não fazer. A descrição geral de uma liberdade então assume a seguinte forma, esta ou aquela pessoa, está ou não está, livre desta ou daquela restrição para fazer, ou não fazer, isto ou aquilo. Neste caso a liberdade e uma certa estrutura de instituições, um certo sistema de normas públicas que definem direitos e deveres. As pessoas tem liberdade para fazer alguma coisa quando estão livres de certas restrições que levam a faze-la ou não faze-la, e quando sua ação ou ausência de ação esta protegidas contra a interferência de outras pessoas, consideremos a liberdade de consciência como a leia define, então os indivíduos tem essa liberdade básica quando estão livres para perseguir seus interesses morais, filosóficos ou religiosos sem restrições legais que exijam que eles se comprometam como qualquer forma particular de pratica religiosa ou de outra natureza, e quando os demais tem um dever estabelecidos por lei de não interferir. Não apenas deve ser permissível que os indivíduos façam ou não façam uma determinada coisa, mas também o governo e as outras pessoas devem ter a obrigação legal de não criar obstáculos. As liberdades básicas devem ser avaliadas como um todo, como um sistema único, o valor dessas liberdades normalmente depende das especificações das outras liberdades, contudo algumas das liberdades podem ser mais extensivas do que as outras, cada liberdade pode ser medida em sua própria escala, então as várias formas de liberdade podem ser ampliadas ou limitadas, dependendo de como se influenciam mutuamente. Uma liberdade básica resguardada pelo primeiro princípio só pode ser limitada em consideração a própria liberdade, ou seja, apenas para assegurar que a mesma liberdadeou uma outra liberdade básica estará adequadamente protegida, e para ajustar o sistema único de liberdade da melhor forma possível. O ajuste do sistema completo da liberdade depende exclusivamente da definição e da extensão das liberdades especificas, o sistema deve ser sempre avaliado do ponto de vista do cidadão representativo e justo, cuja a perspectiva da convenção constituinte ou do estágio legislativo. A incapacidade de beneficiar-se dos próprios direitos e oportunidades, como consequência da pobreza a da ignorância, e da falta de meios em geral, e as vezes incluídas entre as restrições que definem a liberdade, podemos notar que a estrutura básica bipartida permite reconciliar a liberdade com a igualdade. Assim a liberdade e o valor da liberdade se distinguem da seguinte maneira, a liberdade e representada por um sistema completo das liberdades de cidadania igual, enquanto o valor da liberdade para pessoas e grupos depende de sua capacidade de promover seus fins dentro da estrutura definida pelo sistema, mas o valor da liberdade não e mesmo para todos, alguns tem mais autoridades e riqueza, e portanto maiores meios de atingir seus objetivos, o valor menor da liberdade e compensado, uma vez que a capacidade dos membros menos afortunados da sociedade para conseguir seus objetivos seria ainda menos caso eles não aceitassem as desigualdades existentes sempre que o princípio da diferença fosse respeitado, mas não deve confundir a compensação valor menor da liberdade com a afirmação de uma liberdade desigual, juntamente se os dois princípios ,a estrutura básica deve ser ordenada para maximizar o valor para os menos favorecidos, no sistema completo de liberdade igual partilhada por todos, isso e o que define o fim da justiça social. Lembrando que essas observações a respeito do conceito de liberdade são abstratas,deve-se,enfatizar que aqui a explicação das liberdades básica não se apresenta como um critério preciso para determinar quando podemos justificadamente restringir uma liberdade, seja básica ou não, não há como evitarmos totalmente de depender do nosso senso de equilíbrio e discernimento, objetivo e formular uma concepção da justiça que ,por mais que dependa das nossas capacidades intuitivas ajude a fazer com que os nossos juízos ponderados de justiça sejam convergentes. 33. Igual liberdade de consciência A questão de liberdade de consciência e um dos pontos fixos dos nossos juízos ponderados da justiça, ela ilustra a natureza do argumento a favor do princípio da liberdade igual, embora não sempre com a mesma força, a liberdade de consciência parece evidente que as partes devem escolher princípios que assegurem a integridade de sua liberdade moral e religiosa, elas não sabem quais são suas convicções morais ou religiosas, ou qual e o conteúdo particular de suas obrigações religiosas ou morais ou interpreta –las. Além disso as partes não sabem como e vista a sua concepção moral ou religiosa no seio de sua sociedade, por exemplo, tem o favor da maioria ou da minoria, tudo o que sabem e que a obrigação que interpretam de determinada maneira, elas devem decidir e saber qual princípio deveria adotar para regular as liberdades dos cidadãos no que se referem aos seus interesses fundamentais de natureza religiosa, moral e filosófica. Parece que a igual liberdade de consciência e o único princípio que as pessoas na posição original conseguem reconhecer, elas não podem correr riscos envolvendo a sua liberdade, permitindo que a doutrina religiosa ou dominante persiga ou elimine outras doutrinas se o pretender. Apostar nesse sentido seria mostrar que não se leva a sério as convicção morais e religiosas, ou que não se dá grande valor a liberdade de examinar as próprias crenças, nem por outro lado ,poderiam as partes aceitar o princípio da utilidade, sua liberdade estaria sujeita ao cálculo de interesses sócias e elas estariam autorizando as restrições desse cálculo, se isso conduzisse ao um maior saldo líquido de satisfações ,nada se ganha deixando de agir assim, e na medida em que o resultado do cálculo atuarial não estiver claro, muito se pode perder. Um indivíduo que reconhece obrigações morais e religiosas as considera como absolutamente vinculativas, no sentido de que ele não pode condicionar a implementação delas para ter maiores meios de promover seus outros interesses, maiores benefícios econômicos e sócias não constituem uma razão suficiente para aceitar menos do que a liberdade igual. Parece impossível consentir uma liberdade desigual apenas na hipótese de haver uma ameaça de coerção a qual, do ponto de vista da própria liberdade não é prudente resistir. O véu da ignorância conduz a um consenso sobre o princípio da liberdade igual, e das forças das obrigações morais e religiosas como a humanidade as compreende parece exigir que os dois princípios sejam dispostos em ordem serial, pelo menos quando aplicados a liberdade de consciência. Talvez se diga contra o princípio de liberdade igual que as seitas religiosas, por exemplo, não podem reconhecer absolutamente nenhum princípio que limite suas reivindicações mutuas, sendo absoluto o dever para com a lei divina e religiosa, não e permissível de um ponto de vista religioso, nenhum entendimento entre pessoas de confissões diferentes, com certeza muitos homens acreditavam nessa doutrina. Mill entende que o princípio da utilidade muitas vezes sustenta a liberdade,Mill define o conceito de valor fazendo referências aos interesses do homem como um ser que progride, ele se refere aos interesses que os homens teriam as atividades que eles preferiam desenvolver em condições que encorajasse a liberdade de escolha, ele adota um critério de valor baseando na escolha, uma atividade e melhor que outra se for preferida por aqueles que podem fazer as duas coisa e que passaram pelas duas experiências em circunstancias de liberdade. As alegações de Mill por mais convincentes que sejam, aparentemente não justificam uma liberdade igual para todos, ainda precisamos de equivalentes das conhecidas concepções utilitarista. As liberdades de cidadania igual estão inseguras quando fundadas em princípios teológicos, a argumentação a favor delas se apoia em cálculos tão precários quanto controversos, e em premissas incertas. Além disso nada se ganha dizendo que as pessoas têm um valor intrínseco igual, a menos que isso seja simplesmente uma maneira de usar os pressupostos clássicos como se fizessem parte do princípio de utilidade, isto e, alguém aplica esse principio 3.4 A tolerância e o interesse comum Apesar da garantia da liberdade moral, da liberdade de pensamento e da liberdade de convicção estabelecidas pela Convenção Constituinte, essas também podem ser regulamentadas de acordo com o interesse da garantia da ordem pública e da segurança pelo Estado. Este, por sua vez deve apresentar-se laico, de modo a não mostrar aderência ou favorecimento a qualquer religião particular. É vedada ao Estado a aplicação de qualquer sanção ou repreensão à escolha ou convicção religiosa ou à ausência delas. Não obstante a ordem pública e a segurança sejam fatores limitantes à liberdade de consciência, essa não é uma premissa da qual decorre a ideia de que os interesses públicos sejam superiores aos interesses morais ou religiosos, mas tão somente, há o reconhecimento de que é necessária a limitação da liberdade de consciênciapara que haja liberdade comum e que todos possam desenvolver suas vidas alcançando seus objetivos, sejam eles de natureza moral, religiosa ou não. Por outro lado, o autor, enfatiza que o ceticismo filosófico, a indiferença a religião, os interesses sociais ou as razões de Estado não justificam as limitações da liberdade, esta apenas se justifica quando visa evitar a restrição da própria liberdade. É importante citarmos Santo Tomás de Aquino como um exemplo de fundamento de intolerância aceito em épocas passadas, o qual defendia a pena de morte a hereges sob o argumento de que mais grave seria a corrupção da fé, do que falsificar moedas. Porém, como bem afirma o autor estas são questões de dogma que não permitem qualquer discussão. Por isso, é de suma importância a escolha de uma constituição que garanta igualdade de consciência, regulamentada por argumentos aceitos e que somente possam ser limitados mediante conflitos, que demonstrem um conflito minimamente concreto com os princípios da própria ordem pública. O traço característico dos argumentos que defendem a liberdade de consciência é baseado unicamente na concepção de justiça e, assim, como a liberdade religiosa e moral decorrem do princípio da liberdade igual e, a única explicação para negar as liberdades iguais seria evitar uma injustiça ou perda de liberdade ainda maior. Estes argumentos não estão baseados em doutrinas filosóficas ou metafísicas específicas, nem em opiniões já estabelecidas e aceitas por todos ou que possam ser provadas através da ciência. Eles se dirigem ao senso comum, mas sua estrutura dispensa maiores presunções. Rawls vai dizer que “A defesa da liberdade é no mínimo tão forte como o mais forte de seus argumentos; os fracos e falaciosos é melhor esquecê-los”. Assim, a limitação da liberdade só se justifica quando for necessária para a própria liberdade, para impedir uma incursão contra a liberdade que seria pior. Locke e Rosseau se diferenciam de Santo Tomás de Aquino e dos Reformadores Protestantes. Os dois primeiros limitavam a liberdade com o fundamento que supunham serem consequências evidentes e claras para a ordem pública, já os dois últimos, diziam que as razões da intolerância são elas mesmas matérias de fé e essa diferença é mais fundamental do que os limites da tolerância estabelecidos numa situação concreta. Ou seja, enquanto nas palavras de Locke e Rosseau haveria um erro na definição dos limites impostos e a experiência não é fato justificativo a restrição da liberdade, para Santo Tomás de Aquino e os Reformadores Protestantes, não haveria argumentação possível para restringir a liberdade. 3.5 A tolerância para com os intolerantes A justiça exige que se tolere os intolerantes, mesmo que essa tolerância pareça ser inconsistente com os princípios da justiça. Um aspecto a ser abordado nesse tópico será a tolerância religiosa. É necessário a análise de várias questões como por exemplo, saber se uma facção intolerante tem algum direito de se queixar se não for tolerada, saber em que condições as facções tolerantes têm o direito de não tolerar as intolerantes, e por fim saber quando tem o direito de não as tolerar e para que fins deve esse direito ser exercido. Uma facção intolerante não pode se queixar quando uma liberdade igual lhe é negada, isso porque ela não pode questionar uma atitude que ela mesma tomaria. Uma pessoa intolerante acredita agir de boa-fé, e acha normal sua atitude e por isso deve compreender quando não for tolerada por outros indivíduos. Nenhuma interpretação particular da verdade religiosa deve ser considerada obrigatória para todos os cidadãos, nem se pode concordar com a existência de uma única autoridade com direito de resolver questões teleológicas. Cada pessoa deve insistir em seu direito de decidir quais são suas obrigações religiosas, a pessoa não pode simplesmente renunciar ao seu direito à liberdade. Deve exercer seus direitos mostrando que é livre para escolher seu representante, e que é livre para mudar de religião quando quiser. A justiça é infringida sempre que a liberdade igual é negada a um indivíduo. O problema é saber se o fato de ser intolerante diminui a liberdade do indivíduo. As condições para que uma facção tolerante tenha o direito de não tolerar os intolerantes são quando acreditam que a intolerância é necessária para sua própria segurança, visando a autopreservação. A justiça não exige que os homens se mantenham inertes enquanto outros destroem os fundamentos de sua existência. O que é questionável é se os tolerantes podem reprimir os intolerantes mesmo que estes não ofereçam nenhum perigo imediato à liberdade. Já que existe uma constituição justa, todos tem o direito de defender sua justiça. Preservando sua liberdade e a liberdade do outro, para que não corra perigo. É possível forçar os intolerantes a respeitarem a liberdade do outro, já que todos devem respeitar os direitos estabelecidos por princípios que regem a sociedade. Mas quando a constituição estiver assegurada, a liberdade aos intolerantes não será negada. A questão de tolerar os intolerantes relaciona-se com a estabilidade de uma sociedade bem- ordenada, regulada a partir da posição de cidadania igual aderidas às várias associações religiosas, e através da mesma posição conduzir as discussões entre si. Os cidadãos de uma sociedade livre não devem se considerar incapazes no senso de justiça. As liberdades dos intolerantes podem persuadi-los a crer na liberdade; persuasão a qual se dá pelo psicológico, onde aqueles que estão com sua liberdade protegida pela constituição, com o tempo passam a se submeter a mesma, tendendo assim a abandonar a intolerância e aceitar a liberdade de consciência, caso surja uma facção intolerante. Conclui-se então que, embora uma facção intolerante não tenha ela mesma o direito de denunciar a intolerância, sua liberdade só deve ser restringida quando os tolerantes, acreditam que sua própria segurança e a das instituições de liberdade estão em perigo, sendo assim, apenas nesse caso deveriam os tolerantes controlar os intolerantes. Vale ressaltar que, é apenas a liberdade do intolerante que deve ser limitada, com o intuito de preservar a liberdade igual em uma constituição justa, onde os próprios intolerantes reconheceriam esse princípio na posição original; se é que conseguem a partir desse princípio concordar com o da liberdade igual. 3.6 A Justiça política e a democracia O autor inicia pontuando o significado da liberdade igual dentro da justiça da Constituição, que seria a justiça política. A constituição deve ser vista em dois momentos, em primeiro lugar ela deve satisfazer as exigências da liberdade igual, sendo uma constituição justa. Em segundo momento, ela deve ser estruturada de modo que, dentre todas as ordenações viáveis, ela seja a que tem maiores probabilidades de resultar num sistema de legislação justo e eficaz. O princípio da liberdade igual definido pela constituição, exige que todos os cidadãos tenham um direito igual de participar no processo constituinte. Rawls expõe que uma justiça equitativa começa com a ideia de que, quando princípios comuns são necessários e trazem vantagens para todos, eles devem ser formulados de forma que traga um resultado igualitário para cada pessoa. É importante salientar, que a autoridade que determina as políticas sociais básicas, reside num corpo representativo escolhido, onde esse corpo tem poderes que vão além de uma função consultiva. É uma assembleia legislativa com poderes para fazer leis e não simplesmente um fórum de delegados de vários setores da sociedade, que reconhece o sentimento público. Portanto, todos os adultossadios, tem o direito de participar dos assuntos políticos. Existem três pontos acerca da liberdade igual, que seria seu significado, sua extensão e as medidas que reforçam seu valor. Sobre o significado, o preceito um-eleitor-um-voto, estabelece que cada voto tem aproximadamente o mesmo peso na determinação do resultado de eleições. O princípio da participação vai sustentar que todo cidadão deve ter um direito de igual acesso aos cargos públicos, sendo que cada cidadão é apto para participar de partidos políticos, bem como candidatar-se a cargos eletivos e ocupar postos de autoridade. Com relação ao princípio da participação, o segundo ponto acerca da liberdade igual, é a sua extensão. Ela consiste em uma sociedade que deve assegurar a máxima liberdade para cada pessoa, de igual para todos. A liberdade em Rawls tem uma atenção maior com relação aos direitos políticos, onde há liberdade de expressão. Essa liberdade igual fundamenta sua liberdade de pensamento para proteger constitucionalmente uma sociedade igual para a realização da justiça política. 37. Limitações do princípio de participação A extensão do princípio da participação é limitada pelo grau em que o procedimento da regra da maioria (simples) é limitado por mecanismos próprios do constitucionalismo. Esses recursos servem para limitar o alcance da regra da maioria, os tipos de questões em que as maiorias têm autoridade final e a rapidez com que os objetivos da maioria são postos em prática. Uma declaração de direitos pode remover totalmente certas liberdades do âmbito da regulamentação da maioria, e a separação dos poderes com o controle judicial podem diminuir o ritmo das mudanças legislativas. Por isso, é mais fácil justificar essas restrições do que as liberdades políticas desiguais. Se a todos é dado desfrutar de uma liberdade maior, ao menos todos perdem igualmente, todos os demais fatores mantidos iguais; e se essa liberdade menor é desnecessária e não imposta por alguma descoberta humana, o sistema da liberdade é, na mesma medida, mais irracional que injusto. Um dos dogmas do liberalismo clássico diz que as liberdades políticas têm menos importância intrínseca do que a liberdade de consciência e a liberdade pessoal. Na hipótese de alguém ser forçado a escolher entre as liberdades políticas e todas as outras liberdades, a administração de um bom soberano que reconhecesse estas últimas e defendesse o estado de direito seria altamente preferível. Segundo essa visão, o mérito principal do princípio da participação é o de garantir que o governo respeite os direitos e o bem-estar dos governados. É uma questão de pesar e comparar entre si pequenas variações na extensão e interpretação das diferentes liberdades. A prioridade da liberdade não exclui pequenas trocas dentro do sistema de liberdades. Além disso, permite, embora sem exigir, que certas liberdades, como por exemplo, as que são cobertas pelo princípio da participação, sejam menos essenciais, no sentido de que seu papel principal é o de proteger as demais liberdades. A justificativa da liberdade política desigual se processa quase do mesmo modo. Toma- se o ponto de vista do cidadão representativo na convenção constituinte e avalia-se o sistema total de liberdade como ele o vê. Mas há neste caso uma diferença importante. A regra da prioridade exige que mostremos que a desigualdade de direito seria aceita pelos menos favorecidos em troca de uma maior proteção de suas outras liberdades que resulta dessa restrição. Talvez a desigualdade política mais óbvia seja a violação do preceito uma pessoa um voto. No entanto, até épocas recentes a maioria dos autores rejeitava o sufrágio universal igual. O seu distanciamento do preceito um homem um voto é a medida de sua injustiça abstrata e indica a força das razões contrárias que fatalmente se apresentam. Além disso, o efeito do autogoverno, quando os direitos políticos iguais têm seu valor equitativo, é o de aumentar a autoestima e o senso de capacidade política do cidadão comum. A consciência de seu próprio valor, desenvolvida no seio das associações menores de sua comunidade, é confirmada na constituição de toda a sociedade. Uma vez que se espera que ele exerça seu direito de voto, espera-se também que tenha opiniões políticas. Tendo de explicar e justificar suas posições perante os outros, ele precisa apelar para princípios que os outros julguem aceitáveis. Nesse pensamento de Mill, o autor acrescenta que os cidadãos que adquiriam um senso positivo de dever e obrigação políticos, isto é, uma disposição que vai além da simples disposição de se submeter à lei e ao governo, além da simples disposição de se submeter à lei e ao governo. Os cidadãos já não se consideram uns aos outros como associados, que podem cooperar na promoção de alguma modalidade do bem público. Ao contrário, veem-se como rivais, ou então como obstáculos na busca de seus objetivos particulares. Essas liberdades reforçam nos cidadãos o senso do próprio valor, amplias suas sensibilidades intelectuais e morais e lançam a base de uma noção de dever e obrigação, da qual depende a estabilidade das instituições justas. 38. O estado de direito É óbvio que o estado de direito está intimamente relacionado com a liberdade. Isso podemos ver quando consideramos a noção de um sistema jurídico e de sua íntima conexão com os preceitos que definem a justiça como regularidade. Quando essas regras são justas, elas estabelecem uma base para expectativas legítimas. Um sistema de regras dirigidas a pessoas racionais para organizar sua conduta se preocupa com o que elas podem ou não fazer. Não deve impor um dever de fazer o que não é possível fazer. Legisladores e juízes, e outras autoridades do sistema, devem acreditar que as leis podem ser obedecidas; e devem supor que todas as ordens dadas podem ser executadas. Um sistema de regras dirigidas a pessoas racionais para organizar sua conduta se preocupa com o que elas podem e não podem fazer. Legisladores e juiz e outras autoridades do sistema, devem acreditar quer as leis podem ser obedecidas; e devem supor que todas as ordens podem ser executadas. O estado de direito envolve também o princípio segundo o qual casos semelhantes devem receber o tratamento semelhante. Os homens não poderiam regular suas ações por meio de regras se esse preceito não fosse seguido. Sem dúvida, essa noção não nos leva muito longe. Todavia, o preceito de que em casos semelhantes se adotem soluções semelhantes limita, de modo significativo, a discrição dos juízes e de outros que ocupam cargos de autoridade. Os cidadão podem afirmar que a lei é o menos de dois males, conformando-se com o fato de que, embora possam ser considerados culpados por coisas que não fizeram, os riscos para a sua liberdade em qualquer outra situação seriam piores. Uma vez que existem profundos desentendimentos, não há como prevenir a ocorrência de algumas injustiças, segundo a nossa maneira normal de ver as coisas. Tudo o que se pode fazer é limitar esssas injustiças da maneira menos injusta. Qualquer injustiça na ordem social fatalmente cobra seu tributo; é impossível que suas consequencias sejam inteiramente eliminadas. Na aplicação do princípio da legaldiade, devemos ter em mente a totalidade de direitos e deveres que definem as liberdades e, de acordo com eles, harmoniza as reinvidicações. Somos às vezes forçados a aceitar certas violações dos princípios, se quisermos mitigar a perda da liberdade por causa de males sociais que não podem ser eliminados, e a visar a menor injustiça que as condições reais permitem. 39. Definição da prioridade da liberdade Há várias prioridades que devemos distinguir. Ao falar da prioridadeda liberdade estou me referindo à precedencia do princípio da liberdade igual em relação ao segundo princípio da justiça. Os dois princípios estão em ordem lexical, e portanto as reividicações da liberdade devem ser satisfeitas primeiro. Até conseguirmos isso nem um pricípio entra em jogo. A prioridade do direito sobre o bem, ou da oportunidade equitativa sobre o princípio da diferença, não no interessa no momento. A precedência da liberdade significa que a liberdade pode ser limitada apenas pel própria liberdade. Há doi tipos de casos. As liberdades básicas podem ser ou menos amplas, mesmo permanecendo iguais, ou podem ser desiguais. Se a liberdade for menos ampla, o cidadão representativo, ao fazer o balanço da situação, deve julgar esse fato com um ganho para a sua liberdade; e se a liberdade for desigual, a liberdade dos que têm uma liberdade menor deve ter mais garantias. Nos dois casos a justificativa decorre do sistem a global de liberdades iguais. Vendo a teoria da justiça como um todo, a parte ideal apresenta uma concepão de uma sociedade justa que, se for possível, devemos atingir. A classificação lexical do princípios especifica que elementos da teoria ideal são relativamente mais importantes, e as regras de prioridade sugeridas por essa ordenação também devem aplicar-se a casos não ideais. Assim, até onde as circunstâncias o permitem, temos um dever natural de eliminar quaisquer injustiças, a começar pela mais crueis que são identificadas pela medida do seu desvio em relação à justiça perfeita. As diversas partes da teoria não ideal podem ser ilustradas por vários exemplos. Um tipo de situação é o que envolve uma liberdade menos ampla. Uma vez que não desigualdades, mas a liberdadede todos ao invés de mais ampla é mais extreita, a questão pode ser avaliada da perspectiva do cidadão representativo igual. Apelar para os interesses desse homem representativo na aplicação dos princípios da justiça é invocar o pricípio do interesse comum. Essas limitações nascem das condiçoes permanente da vida humana e, portanto, esses casos pertecem àquela parde da teoria não ideal que trata das limitações naturais. Como já observado, pode haver a necessidade de se abdicar de parte das liberdades, quando isso for exigido para transformar uma sociedade menos privilegiada numa outra na qual as liberdades básicas possa ser desfrutadas plenamente. Devemos, porém, certificar-nos de que no curso da mudança que esta sendo seguido é de tal natureza que por fim serão criadas condições sociais em que as limitaões dessar liberdades já não se justifiquem. A realização plena desses condições é, por assim dizer, a tendência inerente de um sestema justo, a longo prazo. 40. A interpretação kantiana da justiça como equidade No subtítulo “A interpretação kantiana da justiça como equidade”, o autor analisa que através dos estudos da autonomia que o Kant faz é possível fazer interpretação da concepção de justiça. A legislação para Kant deverá ser seguida em determinadas condições que caracterizam os homens como seres racionais iguais e livres. A partir dessa concepção o autor vai analisar a teoria do Kant sobre o ponto de vista dele. O Rawls assevera que Kant pensava que a pessoa que age de forma autônoma quando os princípios de suas ações são escolhidos por ela, consequentemente os princípios que norteiam suas ações não são adotados por causa de sua posição social. Quando as pessoas seguem princípios de justiça querem dizer que elas escolheriam aqueles princípios para conduzirem suas vidas na qualidade de pessoas racionais que independeria de posições sócias. Portanto quando é seguido um princípio sem oposição ou sem insatisfação, logo indica que a pessoa está de acordo com tudo aquilo que imposto, ou seja, os princípios de justiça que é base para uma sociedade. Os princípios da justiça também se apresentam como equivalentes aos imperativos categóricos (princípio de conduta), ao seguir o princípio de justiça independem de qualquer desejo particular do homem. Os princípios da justiça se aplicam a todas as pessoas que tem projetos racionais de vida, qualquer que seja seus conteúdos, e esses princípios representam as limitações apropriadas à liberdade. Assim, os homens mostram sua liberdade, sua independência em relação às contingencias da natureza e da sociedade, agido de maneira que eles teriam aprovado na oposição original. Em suma o autor expõe qual é o principal objetivo de Kant que é aprofundar e justificar a ideia de Rousseau de que liberdade é agir de acordo com a lei que nós estabelecemos para nós mesmo. Ao agir de acordo com os princípios de justiça demonstra o quanto são seres racionais iguais e livres, com a liberdade de escolha. A liberdade humana deve ser regulada por princípios escolhidos a luz das limitações que são impostas aos homens. Enfim ele ressalta que os seus estudos sobre o Kant tiveram como finalidade o estudo da liberdade como equidade.
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