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Entidades paraestatais e terceiro setor

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Aula 03
Direito Administrativo p/ TST 2017 (Analista Judiciário - Área Judiciária) - Com
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Olá pessoal! 
Na aula de hoje estudaremos o tema ³entidades paraestatais e 
WHUFHLUR� VHWRU´� Além disso, veremos as características das 
agências reguladoras e das agências executivas. 
Para tanto, seguiremos o seguinte sumário: 
SUMÁRIO 
Entidades paraestatais e Terceiro Setor ............................................................................................................ 3 
Serviços sociais autônomos ...................................................................................................................................... 6 
Organizações sociais (OS) ....................................................................................................................................... 10 
Organizações da sociedade civil de interesse público (OSCIP) ............................................................... 17 
Principais distinções entre OS e OSCIP ............................................................................................................. 22 
Organizações da Sociedade Civil .......................................................................................................................... 24 
Entidades de Apoio ................................................................................................................................................... 44 
Agências executivas e reguladoras .................................................................................................................... 46 
Agências executivas .................................................................................................................................................. 46 
Agências reguladoras ............................................................................................................................................... 49 
Principais distinções entre agências executivas e reguladoras .............................................................. 62 
Questões de prova ....................................................................................................................................................... 63 
RESUMÃO DA AULA ..................................................................................................................................................... 98 
Jurisprudência da aula ............................................................................................................................................ 101 
Questões comentadas na aula ............................................................................................................................. 112 
Gabarito ........................................................................................................................................................................... 126 
 
Preparados? Aos estudos! 
 
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ENTIDADES PARAESTATAIS E TERCEIRO SETOR 
Como vimos na aula passada, a Administração Pública formal divide-
se em Administração Direta e Indireta, sendo a primeira subdividida em 
órgãos sem personalidade jurídica, utilizada para o exercício de atividades 
centralizadas por parte do Estado, e a segunda, a indireta, composta por 
entidades com personalidade jurídica própria, exercendo funções 
descentralizadas. 
No entanto, os órgãos e entidades da Administração Pública formal 
não são capazes de atender todas as demandas da sociedade. Sendo 
assim, existem outras pessoas jurídicas que, embora não integrando o 
sistema da Administração Pública formal, direta ou indireta, 
cooperam com o governo, prestando serviços de utilidade pública. 
Estamos falando das entidades paraestatais. 
Entidades paraestatais são aquelas pessoas jurídicas que atuam 
ao lado e em colaboração com o Estado, sem com ele se confundirem. 
Trata-se de pessoas privadas, vale dizer, instituídas por particulares, 
sem fins lucrativos, que exercem função típica, embora não 
exclusiva, do Estado, se sujeitando ao controle direto ou indireto do 
Poder Público. 
Maria Sylvia Di Pietro apresenta a seguinte conceituação: 
Entidades paraestatais são pessoas privadas que colaboram com o 
Estado desempenhando atividade não lucrativa e às quais o Poder Público 
dispensa especial proteção, colocando a serviço delas manifestações do 
seu poder de império, como o tributário, por exemplo. 
Como exemplo de entidades paraestatais pode-se citar os serviços 
sociais autônomos, as organizações sociais, as organizações da 
sociedade civil de interesse público e, mais recentemente, as 
organizações da sociedade civil. Todas essas entidades incluem-se 
entre as chamadas organizações não governamentais (ONGs). 
A importância das entidades paraestatais cresceu a partir do processo 
de Reforma do Estado, movimento ocorrido no país na segunda metade 
dos anos noventa que teve como fundamento, dentre outros, a diminuição 
da presença do Estado em algumas áreas nas quais sua atuação não fosse 
imprescindível. Nesse processo, o Poder Público passou a transferir ao 
setor privado algumas de suas atividades não-exclusivas, com a 
justificativa de que os particulares, pelo menos em tese, poderiam 
desenvolvê-las de forma mais eficiente. 
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Segundo Maria Sylvia Di Pietro, os teóricos da Reforma do Estado 
incluem as entidades paraestatais no denominado terceiro setor, assim 
entendido aquele que é composto por entidades da sociedade civil sem 
fins lucrativos; esse terceiro setor coexiste com o primeiro setor, que 
é o Estado, e o segundo setor, que é o mercado, ou seja, o setor privado 
empresarial, com fins lucrativos. 
 
As entidades paraestatais não fazem parte 
da Administração Indireta; elas integram o 
terceiro setor. 
O terceiro setor caracteriza-se por prestar atividade de interesse 
público, por iniciativa privada, sem fins lucrativos. Justamente pelo 
interesse público da atividade, as entidades que integram o terceiro setor 
podem receber incentivos do Estado, inclusive sob a forma de aportes de 
recursos públicos. Tais incentivos é que compõem a atividade 
administrativa de fomento. Por essa razão, as entidades paraestatais, 
embora instituídas por particulares, se sujeitam a algumas normas de 
direito público, como o controle pela Administração Pública e pelo 
Tribunal de Contas. 
Detalhe importante é que as entidades do terceiro setor não 
precisam, necessariamente, manter qualquer vínculo com o Poder Público. 
Se mantiver ± que seria ocaso, por exemplo, de uma associação que se 
qualifica como organização social para receber repasse de recursos 
públicos ± essa entidade do terceiro setor passa a ser considerada 
entidade paraestatal. Por outro lado, se uma entidade privada 
desenvolver atividade não econômica de interesse do Estado e, apesar 
disso, não mantiver qualquer vínculo com o Estado, ela seria uma 
entidade do terceiro setor, mas não uma paraestatal, qualificação que 
pressupõe algum vínculo como Poder Público1. 
 
 
 
 
 
1 Lucas Furtado (2014, p. 181). 
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Alguns doutrinadores mais tradicionais empregam o termo 
 “entidade paraestataů ? para abranger toda pessoa jurídica 
que tenha vínculo com o Estado, incluindo, assim, as 
entidades da administração indireta de direito privado (empresas públicas, 
sociedades de economia mista e fundações públicas de direito privado), e também 
os serviços sociais autônomos. 
Conforme o pensamento do autor, “ou a pessoa caracteriza-se como estatal, se 
for integrante do próprio Estado, como é o caso das pessoas federativas, ou, não 
sendo assim, terá ela que qualificar-se como paraestatal, por atuar em direta 
colaboração com o Estado por força de vínculo jurídico formal ?. 
Todavia, esse conceito ƚƌĂĚŝĐŝŽŶĂů� ĚĞ� “ĞŶƚŝĚĂĚĞƐ� ƉĂƌĂĞƐƚĂƚĂŝƐ 开 ŶĆŽ� ƚĞŵ� ƐŝĚŽ�
adotado pela doutrina mais moderna, a qual considera que o termo abrange 
exclusivamente pessoas privadas que exercem atividades de interesse público que 
não integram a Administração Pública formal. 
Em suma, os principais atributos das entidades paraestatais são: 
ƒ Entidades privadas, ou seja, são instituídas por particulares; 
ƒ Desempenham serviços não exclusivos do Estado, porém em 
colaboração com ele; 
ƒ Recebem algum tipo de incentivo do Poder Público (fomento); 
ƒ Se sujeitam ao controle da Administração Pública e do Tribunal de 
Contas. 
ƒ Regime jurídico de direito privado, porém parcialmente 
derrogado por normas de direito público; 
ƒ Não fazem parte da Administração Indireta; 
ƒ Integram do terceiro setor. 
 
 
 
 
 
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1. (Cespe ± PC/BA 2013) Entidades paraestatais são pessoas jurídicas privadas 
que colaboram com o Estado no desempenho de atividades não lucrativas, mas não 
integram a estrutura da administração pública. 
 Comentário: O quesito está correto, pois apresenta o exato conceito de 
entidades paraestatais. Exemplos de entidades paraestatais são organizações 
sociais (OS), organizações da sociedade civil de interesse público (OSCIP) e 
serviços sociais autônomos. Vale prestar atenção no fato de que as entidades 
paraestatais, embora recebam fomento do Estado, não integram a estrutura 
formal da Administração Pública, vale dizer, não são entidades da 
Administração Indireta e muito menos órgãos da Administração Direta. 
 Gabarito: Certo 
Vejamos então um pouquinho mais sobre cada uma das entidades 
paraestatais mais estudadas pela doutrina. 
SERVIÇOS SOCIAIS AUTÔNOMOS 
Os serviços sociais autônomos desempenham atividades de utilidade 
pública, sem fins lucrativos, que beneficiam determinados 
grupamentos sociais ou profissionais, usualmente direcionadas ao 
aprendizado profissionalizante e à prestação de serviços 
assistenciais. 
São exemplos de serviços sociais autônomos as entidades do 
³6LVWHPD�6´��GHQWUH�elas: 
ƒ SESC ± Serviço Social do Comércio e SESI ± Serviço Social da 
Indústria, destinados à assistência social a empregados dos setores 
comercial e industrial, respectivamente; 
ƒ SENAI ± Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial; SENAC ± 
Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial, destinados à 
formação profissional e educação para o trabalho. 
ƒ SEBRAE ± Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas 
Empresas, que se destina à execução de programas de auxílio e 
orientação a empresas de pequeno porte. 
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ƒ SENAR ± Serviço Nacional de Aprendizagem Rural, com o objetivo 
de organizar, administrar e executar o ensino da formação 
profissional rural e a promoção social do trabalhador rural; 
ƒ SEST ± Serviço Social do Transporte e SENAT ± Serviço Nacional 
de Aprendizagem do Transporte, que incentivam a formação 
profissional dirigida aos serviços de transporte; 
ƒ SESCOOP ± Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo, 
que atua na formação profissional, desenvolvimento e promoção 
social do trabalhador em cooperativa e dos cooperados. 
Os serviços sociais autônomos possuem administração e 
patrimônio próprios e são constituídos sob a forma de instituições 
particulares convencionais (fundações, sociedades civis ou associações). 
A criação dos serviços sociais autônomos depende de autorização 
em lei, a exemplo do que ocorre com as pessoas da Administração 
Indireta de direito privado. Assim, a aquisição de sua personalidade 
jurídica somente se dá com a inscrição dos seus atos constitutivos no 
registro competente. 
Porém, ao contrário das entidades da Administração Indireta, não é o 
Poder Executivo quem usualmente recebe autorização para criar os 
serviços sociais autônomos. Diferentemente, tal encargo geralmente é 
conferido pela lei autorizadora a entidades representativas de 
categorias econômicas, como a Confederação Nacional da Indústria ± 
CNI, a Confederação Nacional do Comércio ± CNC, dentre outras. 
Ressalte-se que, embora sejam criados por autorização dada em lei, 
os serviços sociais autônomos, assim como as demais entidades 
paraestatais, não integram a Administração Pública formal, direta ou 
indireta. 
 
Os serviços sociais autônomos, embora 
criados por autorização em lei, não integram 
a Administração Pública formal. 
 
 
 
 
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 Embora a criação dos serviços sociais autônomos 
geralmente seja tarefa atribuída às Confederações 
Nacionais, algumas leis recentes têm autorizado o 
Poder Executivo a instituir entidades com essa classificação. 
Todavia, essas novas entidades criadas pelo Executivo, conquanto denominem-se 
serviços sociais autônomos, destes se diferenciam em muitos aspectos, a começar 
pelo fato de dependerem quase exclusivamente de recursos do orçamento público 
para sobreviver. 
São exemplos dessas entidades a APEX-Brasil ? Agência de Promoção de 
Exportações do Brasil e a ABDI ? Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial. 
Carvalho Filho salienta que esses serviços sociais autônomos mais recentes 
afastaram-se do modelo clássico e se aproximaram das pessoas administrativas 
integrantes da Administração Indireta. Todavia, o autor ressalta que, mesmo nesses 
casos, os serviços sociais autônomos não pertencem à Administração Indireta. Na 
verdade, a instituição dessas novas entidades fez surgir um regime híbrido: são 
típicas pessoas administrativas, embora excluídas da formalmente da Administração 
Indireta. 
A necessidade de lei para autorizar a criação dos serviços sociais 
autônomos decorre do fato de que suas atividades são mantidas, 
predominantemente, por contribuiçõesarrecadadas compulsoriamente de 
determinados contribuintes, as chamadas contribuições parafiscais. 
Tais recursos são arrecadados pela Receita Federal e repassados 
diretamente às entidades, ou seja, não chegam a compor o erário ou 
transitar pelo orçamento público. Apesar disso, são considerados 
recursos públicos, afinal, as contribuições são compulsórias, ou seja, 
pagas obrigatoriamente pelos contribuintes, a semelhança dos tributos. 
Além disso, sua aplicação deve estar vinculada aos objetivos institucionais 
da entidade definidos na lei instituidora, sob pena de desvio de finalidade 
passível de controle pelos órgãos públicos competentes. 
Detalhe importante é que, segundo a jurisprudência do STF, a 
instituição das contribuições parafiscais pode ser feita mediante 
lei ordinária, sendo desnecessária a edição de lei complementar2. 
 
2 RE 635.682/RJ 
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Os contribuintes das contribuições parafiscais são as pessoas 
jurídicas incluídas no setor econômico a que está vinculada a entidade. 
Para o SENAI e o SESI, por exemplo, são contribuintes as empresas 
inseridas no setor da indústria, ao passo que para o SESC e o SENAC 
contribuem as empresas do comércio3. 
O Supremo entende que a cobrança da contribuição é válida 
independentemente de contraprestação direta em favor do 
contribuinte. Para surgir a obrigação de recolher a contribuição, o que 
importa é tão somente o setor econômico em que a empresa atua, e não 
o fato de ser diretamente beneficiada pelo serviço prestado pela entidade 
paraestatal. 
Maria Sylvia Di Pietro esclarece que os serviços sociais autônomos 
não prestam serviço público delegado pelo Estado, mas atividade 
privada de interesse público (serviços não exclusivos do Estado). 
Assim, não se trata de serviço público que incumbisse ao Estado e que ele 
tenha transferido a outra pessoa jurídica, por meio da descentralização. 
Trata-se, sim, de atividade privada de interesse público que o Estado 
resolveu incentivar e subvencionar. A atuação estatal, no caso, é de 
fomento e não de prestação de serviço público. 
Os serviços sociais autônomos, por serem pessoas jurídicas de direito 
privado, sujeitam-se, basicamente, às regras de direito privado. 
Todavia, pelo fato de administrarem recursos públicos, também se 
submetem a algumas normas de direito público, sobretudo no que toca 
à utilização dos recursos, à prestação de contas e aos fins institucionais. 
Com efeito, os serviços sociais autônomos se submetem a controle 
pelo Poder Público, nos termos e condições estabelecidas na 
legislação pertinente a cada entidade. É o que dispõe o Decreto-Lei 
200/1967: 
Art. 183. As entidades e organizações em geral, dotadas de personalidade 
jurídica de direito privado, que recebem contribuições para fiscais e 
prestam serviços de interesse público ou social, estão sujeitas à 
fiscalização do Estado nos termos e condições estabelecidas na legislação 
pertinente a cada uma. 
Assim, as leis instituidoras dessas entidades devem prever os meios 
de controle a que se submetem. 
 
3 Também contribuem para o SESC e o SENAC as empresas prestadoras de serviço, salvo quando integram 
outro serviço social (Súmula STJ 499). 
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Ainda quanto ao controle, vale destacar que os serviços sociais 
autônomos estão sempre vinculados à supervisão do Ministério em 
cuja área de competência estejam enquadrados. O SESI, SENAI, SESC e 
SENAC, por exemplo, estão vinculados ao Ministério do Trabalho 4 . 
Ademais, também devem prestar contas ao Tribunal de Contas da 
União. 
Detalhe importante é que, segundo a jurisprudência do TCU, os 
serviços sociais autônomos não se submetem inteiramente à Lei de 
Licitações. De fato, a Corte de Contas entende que tais entidades, nas 
suas contratações, devem observar apenas os princípios da 
Administração Pública, e não necessariamente os procedimentos 
previstos na Lei 8.666/1993, podendo, em consequência, editar 
regulamentos próprios para definir as regras relativas aos contratos 
que venham a celebrar 5 . Todavia, ressalte-se que os serviços sociais 
autônomos não podem inovar na ordem jurídica por meio de seus 
regulamentos próprios, por exemplo, instituindo novas hipóteses de 
dispensa e de inexigibilidade de licitação, haja vista que a matéria deve 
ser disciplinada por norma geral, de competência privativa da União 6 . 
Dessa forma, tais regulamentos devem conter apenas regras 
procedimentais, como número mínimo de propostas, prazos, meios de 
garantir a publicidade etc. 
Por fim, vale destacar que o STF já deixou assente que as entidades 
GR�6LVWHPD�³6´�SRVVXHP natureza privada e não integram a administração 
pública, direta ou indireta, razão pela qual elas não estão obrigadas a 
realizar concurso público para contratar pessoal7. 
ORGANIZAÇÕES SOCIAIS (OS) 
Maria Sylvia Di Pietro assim define as organizações sociais: 
Organização social é a qualificação jurídica dada a pessoa jurídica 
de direito privado, sem fins lucrativos, instituída por iniciativa de 
particulares, e que recebe a delegação do Poder Público, mediante 
contrato de gestão, para desempenhar serviço público de natureza 
social. 
 
4 Decreto 74.296/1976, art. 4º. 
5 Acórdão 526/2013-TCU-Plenário 
6 TCU: Informativo de Licitações e Contratos 159/2013 
7 RE 789.874 
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Conforme ensina a professora, nenhuma entidade nasce com o 
nome de organização social; a entidade é criada como associação ou 
fundação privada e, habilitando-se perante o Poder Público, recebe a 
qualificação; trata-se de título jurídico outorgado e cancelado pelo Poder 
Público. 
Assim, ao invés de montar um hospital público ou posto de saúde, o 
Poder Público pode buscar no setor privado alguma entidade privada sem 
fim lucrativo que atua nesse setor, a qualificar como organização social e 
repassar à entidade privada os recursos públicos necessários à prestação 
dos serviços à população8. 
 
As organizações sociais não são uma 
categoria de pessoa jurídica. Trata-se, 
apenas, de uma qualificação atribuída pelo 
Poder Público a determinadas entidades 
privadas. 
No âmbito da Reforma do Estado, as organizações sociais foram 
idealizadas para substituir a Administração Pública em determinadas 
iUHDV�� PHGLDQWH� D� ³DEVRUomR´� GDV� DWLYLGDGHV� H[HUFLGDV� SRU� yUJmRV� H�
entidades administrativas a serem extintos, processo este denominado de 
publicização. 
Na esfera federal, as organizações sociais são regidas pela 
Lei 9.637/1998. 
A aludida Lei prescreve que o Poder Executivo poderá qualificar 
como organizações sociais as pessoas que observem três fundamentos 
principais: 
1. Devem ter personalidade jurídica de direito privado; 
2. Não podem ter fins lucrativos; 
3. Devem desenvolver atividades dirigidas ao ensino, à pesquisa 
científica, ao desenvolvimento tecnológico, à proteção e 
preservação do meio ambiente, à cultura e à saúde (art. 1º) 
A qualificação como organização social é ato discricionário do Poder 
Público, dependendo da aprovação do Ministério competente para 
supervisionar ou regular a área de atividade correspondente aoobjeto 
social da entidade (art. 2º, II). Dessa forma, a qualificação não é 
conferida a toda e qualquer entidade que atenda aos requisitos legais, e 
 
8 Lucas Furtado (2014, p. 182). 
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sim depende do juízo de conveniência e oportunidade da autoridade 
competente. 
As entidades qualificadas como OS são declaradas como entidades 
de interesse social e utilidade pública, para todos os efeitos legais 
(art. 11). 
A habilitação da entidade privada como OS é feita mediante a 
assinatura de contrato de gestão9 com o Poder Público. É no contrato de 
gestão que estarão discriminadas as atribuições, responsabilidades e 
obrigações do Poder Público e da organização social. Tal instrumento é 
elaborado de comum acordo entre o órgão representante do Poder 
Público e a entidade qualificada. 
Para que passe a valer, o contrato de gestão deverá ser submetido ao 
Ministro de Estado ou autoridade supervisora da área correspondente 
à atividade fomentada, para fins de aprovação. 
Na elaboração do contrato de gestão, devem ser observados os 
princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade, 
economicidade e, também, os seguintes preceitos: 
ƒ Especificação do programa de trabalho proposto pela organização social, 
a estipulação das metas a serem atingidas e os respectivos prazos de 
execução; 
ƒ Previsão expressa dos critérios objetivos de avaliação de desempenho a 
serem utilizados, mediante indicadores de qualidade e produtividade; 
ƒ Estipulação dos limites e critérios para despesa com remuneração e 
vantagens de qualquer natureza a serem percebidas pelos dirigentes e 
empregados das organizações sociais, no exercício de suas funções. 
A execução do contrato de gestão celebrado por organização social 
será fiscalizada pelo órgão ou entidade supervisora da área de atuação 
correspondente à atividade fomentada, a qual deverá designar uma 
comissão para analisar os resultados atingidos com a execução do 
contrato de gestão ± controle de resultado (art. 8º). 
Os responsáveis pela fiscalização da execução do contrato de gestão, 
ao tomarem conhecimento de qualquer irregularidade ou ilegalidade na 
utilização de recursos ou bens de origem pública por organização social, 
 
9 O contrato de gestão celebrado entre o Poder Público e as OS é diferente do previsto no art. 37, §8º da 
CF, o qual é celebrado entre o Poder Público e entidades da Administração Indireta ou órgãos da 
Administração Direta, com a finalidade de ampliar a sua autonomia gerencial, orçamentária e financeira, e •‘„”‡�‘�“—ƒŽ�ˆƒŽƒ”‡‘•�“—ƒ†‘�‡•–—†ƒ”‘•�ƒ•�Dzƒ‰²…‹ƒ•�‡š‡…—–‹˜ƒ•dzǤ 
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dela darão ciência ao Tribunal de Contas da União, sob pena de 
responsabilidade solidária (art. 9º). 
Além disso, sem prejuízo da comunicação ao TCU, os responsáveis 
pela fiscalização representarão ao Ministério Público, à Advocacia-
Geral da União ou à Procuradoria da entidade para que requeira ao 
juízo competente a decretação da indisponibilidade dos bens da entidade e 
o sequestro dos bens dos seus dirigentes, bem como de agente público ou 
terceiro, que possam ter enriquecido ilicitamente ou causado dano ao 
patrimônio público (art. 10). 
O órgão de deliberação superior das organizações sociais, seu 
Conselho de Administração, deve ter representantes do Poder Público e 
de membros da comunidade, de notória capacidade profissional e 
idoneidade moral (art. 3º). 
À semelhança dos serviços sociais autônomos, as OS também não 
prestam serviço público delegado pelo Estado, mas sim atividade 
privada de interesse público (serviços não exclusivos do Estado), em 
seu próprio nome, com incentivo (fomento) do Estado. 
Conforme previsto na Lei 9.637/1998, o fomento às organizações 
sociais pode ocorrer das seguintes formas: 
ƒ Destinação de recursos orçamentários. 
ƒ Destinação de bens públicos necessários ao cumprimento do 
contrato de gestão, dispensada a licitação, mediante permissão 
de uso, consoante cláusula expressa do contrato de gestão. 
ƒ Cessão especial servidor, devendo o órgão de origem arcar com a 
sua remuneração. 
Um ponto importante é que os contratos a serem celebrados pela 
Organização Social com terceiros, para aplicação dos recursos públicos 
recebidos em razão do contrato de gestão, devem ser conduzidos de 
forma pública, objetiva e impessoal, com observância dos princípios do 
caput do art. 37 da CF, e nos termos do regulamento próprio a ser 
editado por cada entidade (não precisam realizar licitação, portanto). 
É o que prescreve o art. 17 da Lei 9.637/1998: 
Art. 17. A organização social fará publicar, no prazo máximo de noventa 
dias contado da assinatura do contrato de gestão, regulamento próprio 
contendo os procedimentos que adotará para a contratação de obras e 
serviços, bem como para compras com emprego de recursos 
provenientes do Poder Público. 
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Por outro lado, quando Administração Pública (de qualquer esfera, 
federal, estadual, distrital ou municipal) contrata serviços a serem 
prestados pelas organizações sociais, a licitação é dispensável, desde 
que aquele serviço esteja previsto no contrato de gestão celebrado pela 
organização social (Lei 8.666/1993, art. 24, inciso XXIV10). 
 
Quando for a entidade contratante, a organização social não precisa realizar licitação nos 
termos da Lei 8.666/1993, mas deverá observar os procedimentos de regulamento próprio, 
conduzindo as contratações de forma pública, objetiva e impessoal. 
Por outro lado, quando for a entidade contratada pelo Poder Público para prestar serviços 
previstos no contrato de gestão, a licitação é dispensável. 
Quando constatado o descumprimento das disposições contidas no 
contrato de gestão, o Poder Executivo poderá proceder à 
desqualificação da entidade como organização social (art. 16). 
Sobre esse ponto, Carvalho Filho anota que, a despeito de a lei haver 
empregado a expressão ³SRGHUi� SURFHGHU� j� GHVTXDOLILFDomR´, dando a 
impressão de que se trata de conduta facultativa, o certo é que, 
descumpridas as normas e cláusulas a que está submetida, a 
Administração exercerá atividade vinculada, devendo (e não podendo) 
desqualificar a entidade responsável pelo descumprimento. 
A desqualificação será precedida de processo administrativo, 
assegurado o direito de ampla defesa, respondendo os dirigentes da 
organização social, individual e solidariamente, pelos danos ou prejuízos 
decorrentes de sua ação ou omissão. 
A desqualificação importará reversão ao Poder Público dos bens e 
dos valores entregues à utilização da organização social, sem prejuízo de 
outras sanções cabíveis. 
 
 
10 Art. 24. É dispensável a licitação: 
XXIV - para a celebração de contratos de prestação de serviços com as organizações sociais, qualificadas 
no âmbito das respectivas esferas de governo, para atividades contempladas no contrato de gestão. 
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Em 1998,na ADI 1.923/DF, PT e PDT questionaram a constitucionalidade da 
Lei 9.637/1998 e da possibilidade de dispensa de licitação prevista no art. 24, XXIV, 
da Lei 8.666/1993. Após muitos anos, recentemente (16/4/2015), o STF julgou o 
mérito da referida Ação, reconhecendo a constitucionalidade das normas, 
ressaltando apenas a necessidade de observância dos princípios administrativos 
previstos no art. 37 da Constituição Federal. A decisão também confirma o poder do 
Ministério Público e do Tribunal de Contas da União para fiscalizar a aplicação 
correta dos recursos recebidos pelas entidades. 
Além de reconhecer a constitucionalidade das normas, o STF fixou alguns 
entendimentos sobre a matéria. Vejamos: 
a) o procedimento de qualificação das organizações sociais deve ser conduzido 
de forma pública, objetiva e impessoal, com observância dos ƉƌŝŶĐşƉŝŽƐ�ĚŽ� “ĐĂƉƵƚ ?�
do art. 37 da CF, e de acordo com parâmetros fixados em abstrato segundo o 
disposto no art. 20 da Lei 9.637/98; 
b) a celebração do contrato de gestão deve ser conduzida de forma pública, 
objetiva e impessoal, com observância dos princşƉŝŽƐ�ĚŽ� “ĐĂƉƵƚ ?�ĚŽ�Ăƌƚ ?� ?�ĚĂ��& ? 
c) as hipóteses de dispensa de licitação para contratações (Lei 8.666/1993, art. 
24, XXIV) e outorga de permissão de uso de bem público (Lei 9.637/1998, art. 12, § 
3º) são válidas, mas devem ser conduzidas de forma pública, objetiva e impessoal, 
ĐŽŵ�ŽďƐĞƌǀąŶĐŝĂ�ĚŽƐ�ƉƌŝŶĐşƉŝŽƐ�ĚŽ� “ĐĂƉƵƚ ?�ĚŽ�Ăƌƚ ?� ?�ĚĂ��& ? 
d) os contratos a serem celebrados pela Organização Social com terceiros, com 
recursos públicos, devem ser conduzidos de forma pública, objetiva e impessoal, 
com observância dos princípios do caput do art. 37 da CF, e nos termos do 
regulamento próprio a ser editado por cada entidade (não precisam realizar 
licitação, portanto); 
d) a seleção de pessoal pelas organizações sociais deve ser conduzida de forma 
pública, objetiva e impessoal 唀 ĐŽŵ�ŽďƐĞƌǀąŶĐŝĂ�ĚŽƐ�ƉƌŝŶĐşƉŝŽƐ�ĚŽ� “ĐĂƉƵƚ 开 ĚŽ�Ăƌƚ ?� ?�
da CF, e nos termos do regulamento próprio a ser editado por cada entidade; e 
e) qualquer interpretação que restrinja o controle, pelo Ministério Público e 
pelo Tribunal de Contas da União, da aplicação de verbas públicas deve ser 
afastada. 
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2. (ESAF ± AFRFB 2005) Assinale entre o seguinte rol de entidades de 
cooperação com o Poder Público, não-integrantes do rol de entidades 
descentralizadas, aquela que pode resultar de extinção de entidade integrante da 
Administração Pública Indireta. 
a) Organização social. 
b) Fundação previdenciária. 
c) Organização da sociedade civil de interesse público. 
d) Entidade de apoio às universidades federais. 
e) Serviço social autônomo. 
 Comentário: Trata-se das organizações sociais �RSomR� ³D´��� &RQIRUPH�
ensina Carvalho Filho, a necessidade de ser ampliada a descentralização na 
prestação de serviços públicos levou o Governo a instituir o Programa 
Nacional de Publicização, através da Lei 9.637/1998, pelo qual algumas 
atividades de caráter social, hoje exercidas por entidades e órgãos 
administrativos de direito público, poderão ser posteriormente absorvidas por 
pessoas de direito privado, segundo consta expressamente do art. 20: 
Art. 20. Será criado, mediante decreto do Poder Executivo, o Programa Nacional de 
Publicização - PNP, com o objetivo de estabelecer diretrizes e critérios para a 
qualificação de organizações sociais, a fim de assegurar a absorção de atividades 
desenvolvidas por entidades ou órgãos públicos da União, que atuem nas 
atividades referidas no art. 1o, por organizações sociais (...) 
 A absorção implicará, naturalmente, a extinção daqueles órgãos e 
entidades, assim como a descentralização dos serviços para a execução sob 
regime de parceria. 
Gabarito: DOWHUQDWLYD�³D´ 
 
 
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ORGANIZAÇÕES DA SOCIEDADE CIVIL DE INTERESSE PÚBLICO (OSCIP) 
Maria Sylvia Di Pietro assim define as organizações da sociedade civil 
de interesse público (Oscip): 
Organização da sociedade civil de interesse público (Oscip) é a 
qualificação jurídica dada a pessoas jurídicas de direito privado, sem fins 
lucrativos, instituídas por iniciativa de particulares, para desempenhar 
serviços sociais não exclusivos do Estado com incentivo e fiscalização pelo 
Poder Público, mediante vínculo jurídico instituído por meio de termo de 
parceria. 
Da mesma forma que as organizações sociais, as Oscip não 
constituem uma categoria de entidades, e sim uma qualificação 
conferida pelo Poder Público a determinadas pessoas privadas, sem fins 
lucrativos, que exercem atividade social ou de utilidade pública. 
Na esfera federal, as Oscip são regidas pela Lei 9.790/1999. 
Segundo a referida lei, as Oscip deverão atuar em pelo menos uma 
das seguintes finalidades (art. 3º): 
ƒ Promoção da assistência social, da cultura, defesa e conservação do patrimônio 
histórico e artístico; 
ƒ Promoção gratuita da educação e da saúde; 
ƒ Promoção da segurança alimentar e nutricional; 
ƒ Defesa, preservação e conservação do meio ambiente e promoção do desenvolvimento 
sustentável; 
ƒ Promoção do voluntariado; 
ƒ Promoção do desenvolvimento econômico e social e combate à pobreza; 
ƒ Experimentação, não lucrativa, de novos modelos sócio-produtivos e de sistemas 
alternativos de produção, comércio, emprego e crédito; 
ƒ Promoção de direitos estabelecidos, construção de novos direitos e assessoria jurídica 
gratuita de interesse suplementar; 
ƒ Promoção da ética, da paz, da cidadania, dos direitos humanos, da democracia e de 
outros valores universais; 
ƒ Estudos e pesquisas, desenvolvimento de tecnologias alternativas, produção e 
divulgação de informações e conhecimentos técnicos e científicos que digam respeito às 
atividades antes mencionadas. 
ƒ Estudos e pesquisas para o desenvolvimento, a disponibilização e a implementação de 
tecnologias voltadas à mobilidade de pessoas, por qualquer meio de transporte. 
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Além de atuar em algum dos segmentos acima, a lei estabelece que 
só podem se qualificar como OSCIP as pessoas jurídicas de direito privado 
sem fins lucrativos que tenham sido constituídas e se encontrem em 
funcionamento regular há, no mínimo, 3 (três) anos (art. 1º, caput). 
Além disso, a Lei 9.790/1999 enumerou um rol de entidades que não 
poderão ser qualificadas como Oscip, ainda que se dediquem de 
qualquer forma às atividades anteriormente descritas. São elas (art. 2º): 
ƒ Sociedades comerciais; 
ƒ Sindicatos, as associações de classe ou de representação de categoria profissional; 
ƒ Instituições religiosas ou voltadas para a disseminação de credos, cultos, práticas e 
visões devocionais e confessionais; 
ƒ Organizações partidárias e assemelhadas, inclusive suas fundações; 
ƒ Entidades de benefício mútuo destinadas a proporcionar bens ou serviços a um círculo 
restrito de associados ou sócios; 
ƒ Entidades e empresas que comercializam planos de saúde e assemelhados; 
ƒ Instituições hospitalares privadas não gratuitas e suas mantenedoras; 
ƒ Escolas privadas dedicadas ao ensino formal não gratuito e suas mantenedoras; 
ƒ Organizações sociais; 
ƒ Cooperativas; 
ƒ Fundações públicas; 
ƒ Fundações, sociedades civis ou associações de direito privado criadas por órgãopúblico 
ou por fundações públicas; 
ƒ Organizações creditícias que tenham quaisquer tipo de vinculação com o sistema 
financeiro nacional. 
A entidade privada interessada em obter a qualificação como 
organização da sociedade civil de interesse público deverá formalizar 
requerimento perante o Ministério da Justiça (art. 5º). Assim, a 
qualificação é sempre concedida pelo Ministério da Justiça, e não pelo 
Ministério correspondente à área de atuação da entidade. 
A outorga da qualificação de Oscip é ato vinculado ao cumprimento 
dos requisitos instituídos pela Lei 9.790/1999, ou seja, o Ministério da 
Justiça só poderá indeferir o pedido no caso de a pessoa jurídica 
requerente desatender a algum desses requisitos (art. 1º, §1º; art. 6º, 
§3º). 
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Aliás, essa é uma diferença relevante entre as Oscip e as OS, uma 
vez que a qualificação como organização social constitui 
ato discricionário, cabendo ao Ministro de Estado ou titular do órgão 
supervisor correspondente à área de atuação da entidade decidir quanto à 
conveniência e oportunidade de sua qualificação (Lei 9.637/1998, art. 2º, 
inciso II). 
 
A qualificação como organização social é 
ato discricionário. Já a qualificação como 
Oscip é ato vinculado. 
O vínculo de cooperação entre o Poder Público e as entidades 
qualificadas como Oscip se dá mediante a celebração de termo de 
parceria. 
No termo de parceria devem estar previstos os direitos e as 
obrigações das partes signatárias, tais como o objeto do ajuste, as metas, 
os prazos de execução, os critérios de avaliação de desempenho, a 
previsão de receitas e despesas e a obrigatoriedade de apresentação de 
relatório anual demonstrando os resultados alcançados, acompanhado da 
respectiva prestação de contas. 
É possível a vigência simultânea de dois ou mais termos de 
parceria, ainda que com o mesmo órgão estatal, desde que a Oscip tenha 
capacidade operacional para executar seus objetos. 
Embora a qualificação seja conferida pelo Ministério da Justiça, a 
execução do objeto do termo de parceria será acompanhada e fiscalizada 
por órgão do Poder Público da área de atuação correspondente à 
atividade fomentada, e pelos Conselhos de Políticas Públicas das 
áreas correspondentes de atuação existentes, em cada nível de 
governo (art. 11). 
Os resultados atingidos com a execução do termo de parceria devem 
ser analisados por comissão de avaliação, composta de comum acordo 
entre o órgão parceiro e a Oscip. A comissão deverá apresentar à 
autoridade competente um relatório conclusivo sobre a avaliação 
procedida (art. 11). 
Os responsáveis pela fiscalização do termo de parceria, ao tomarem 
conhecimento de qualquer irregularidade ou ilegalidade na utilização de 
recursos ou bens de origem pública pela organização parceira, darão 
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imediata ciência ao Tribunal de Contas respectivo e ao Ministério 
Público, sob pena de responsabilidade solidária (art. 12). 
Além disso, sem prejuízo dessa comunicação, os responsáveis pela 
fiscalização representarão ao Ministério Público e à Advocacia-Geral 
da União para que requeiram ao juízo competente a decretação da 
indisponibilidade dos bens da entidade e o sequestro dos bens dos seus 
dirigentes, bem como de agente público ou terceiro, que possam ter 
enriquecido ilicitamente ou causado dano ao patrimônio público (art. 13). 
Da mesma forma que as organizações sociais, as Oscip não precisam 
observar os procedimentos da Lei 8.666/93 para celebrar contratos com 
recursos públicos. Elas podem editar regulamentos próprios, devendo 
ainda observar os princípios da Administração Pública e conduzir os 
certames de forma pública, objetiva e impessoal. 
Por outro lado, a Lei 8.666/1993 não prevê hipótese de dispensa de 
licitação para que a Administração Pública contrate uma Oscip. Vale dizer, 
o fato de uma entidade ser qualificada como Oscip não é, por si só, 
fundamento para que o Poder Público dispense a licitação caso pretenda 
contratar essa entidade para prestar algum serviço. 
 
A Lei de Licitações não permite que a 
Administração contrate OSCIP por dispensa 
de licitação; permite apenas a contratação de 
OS. 
Na hipótese de posterior descumprimento dos requisitos legais, a 
perda da qualificação como Oscip ocorrerá mediante decisão proferida 
em processo administrativo, instaurado no Ministério da Justiça, de 
ofício ou a pedido da entidade interessada, ou judicial, de iniciativa 
popular ou do Ministério Público, nos quais serão assegurados a ampla 
defesa e o contraditório (Decreto 3.100/1999, art. 4º). 
Na hipótese do pedido de desqualificação ser proveniente de iniciativa 
popular, a Lei veda o anonimato e estabelece que o pedido deva ser 
amparado em fundadas evidências de erro ou fraude (art. 8º). 
 
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3. (Cespe ± TCDF 2012) Uma OSCIP que receba recursos financeiros oriundos 
de termo de parceria com o governo do DF estará obrigada a seguir a Lei de 
Licitações da administração pública para comprar com esses recursos. 
 Comentário: Conforme estabelece a Lei 9.790/1999: 
Art. 14. A organização parceira fará publicar, no prazo máximo de trinta dias, contado 
da assinatura do Termo de Parceria, regulamento próprio contendo os 
procedimentos que adotará para a contratação de obras e serviços, bem como 
para compras com emprego de recursos provenientes do Poder Público, 
observados os princípios estabelecidos no inciso I do art. 4o desta Lei. 
 Isso significa que a OSCIP, em regra, ao utilizar recursos públicos em 
suas aquisições de bens e serviços, deverá observar os princípios da 
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade, economicidade e 
eficiência. Entretanto, ela não precisará seguir os procedimentos da 
Lei 8.666/1993, e sim o seu regulamento próprio. 
 Gabarito: Errado 
4. (Cespe ± AGU 2012) Para que sociedades comerciais e cooperativas 
obtenham a qualificação de organizações da sociedade civil de interesse público, é 
preciso que elas não possuam fins lucrativos e que tenham em seus objetivos 
sociais a finalidade de promoção da assistência social. 
 Comentário: É certo que a qualificação de OSCIP somente será conferida 
às pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, cujos objetivos 
sociais tenham pelo menos uma das finalidades listadas no art. 3º da Lei 
������������ GHQWUH� DV� TXDLV�� D� ³SURPRomR� GD� DVVLVWrQFLD� VRFLDO´� �LQFLVR� ,���
Entretanto, nos termos do art. 2º da mesma lei, ³sociedades comerciais´ e 
³cooperativas´, dentre outras entidades, não são passíveis de qualificação 
como OSCIP, daí o erro. 
De se destacar, ainda, a previsão do caput do art. 1º no sentido de que a 
entidade privada, para se qualificar como OSCIP, deve estar em funcionamento 
regular há, no mínimo, 3 anos. 
Gabarito: Errado 
 
 
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PRINCIPAIS DISTINÇÕES ENTRE OS E OSCIP 
As organizações sociais (OS) e as organizações da sociedade 
civil de interesse público (Oscip) possuem regimes jurídicos bastante 
parecidos. Em ambos os casos, temos pessoas privadas, sem fins 
lucrativos, que exercematividades de interesse social ou de utilidade 
pública e recebem uma qualificação do Poder Público, observadas as 
exigências legais. Uma vez qualificadas, as entidades passam a receber 
algum auxílio por parte do Estado, dentro da atividade de fomento. 
Contudo, OS e Oscip apresentam muitas diferenças. Para destacar as 
principais, vamos elaborar um quadro comparativo11: 
OS OSCIP 
Foram idealizadas para substituir órgãos e 
entidades da Administração Pública, que 
seriam extintos e teriam suas atividades 
 “ĂďƐŽƌǀŝĚĂƐ ?�ƉĞůĂ�K^ ? 
Não foram idealizadas para substituir órgãos 
e entidades da Administração Pública. 
Formalizam parceria com o Poder Público 
mediante contrato de gestão. 
Formalizam parceria com o Poder Público 
mediante termo de parceria. 
Qualificação é ato discricionário. Qualificação é ato vinculado. 
Qualificação depende de aprovação pelo 
Ministro de Estado ou titular de órgão 
supervisor ou regulador da área de 
atividade correspondente ao objeto social 
da OS. 
Qualificação concedida pelo Ministério da 
Justiça. 
A lei exige que a OS possua um Conselho de 
Administração, do qual participem 
representantes do Poder Público; não exige 
que a OS tenha Conselho Fiscal. 
A lei exige que a Oscip tenha um 
Conselho Fiscal; não exige que a Oscip tenha 
um Conselho de Administração. Não há 
exigência de que existam representantes do 
Poder Público em algum órgão da entidade. 
É hipótese de licitação dispensável a 
contratação de OS pelo Poder Público, para 
o desempenho de atividades contempladas 
no contrato de gestão. 
Não existe hipótese de licitação dispensável 
para a contratação de Oscip pelo Poder 
Público. 
 
11 Adaptado de Alexandrino, M. e Paulo, V (2014, p. 155). 
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A desqualificação como OS pode ser feita 
pelo Poder Executivo, em processo 
administrativo, assegurado o contraditório e 
a ampla defesa. 
A desqualificação como Oscip pode ser feita 
a pedido da própria entidade, por iniciativa 
de qualquer cidadão ou do Ministério 
Público, em processo administrativo ou 
judicial, assegurado o contraditório e a 
ampla defesa. 
Por fim, ressalte-se que uma entidade não pode ser qualificada 
como OS e OSCIP ao mesmo tempo. 
 
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ORGANIZAÇÕES DA SOCIEDADE CIVIL 
A Lei 13.019/2014 12 trouxe uma disciplina mais abrangente e 
rigorosa acerca das parcerias entre o Poder Público e as entidades do 
terceiro setor, estas últimas chamadas genericamente na lei de 
Organizações da Sociedade Civil (OSC). 
Conforme o seu art. 1º, a lei institui normas gerais para as 
parcerias entre a Administração Pública e Organizações da 
Sociedade civil, em regime de mútua cooperação, para a consecução 
de finalidades de interesse público e recíproco, mediante a execução 
de atividades ou de projetos previamente estabelecidos em planos de 
trabalho inseridos em termos de colaboração, em termos de fomento 
ou em acordos de cooperação. 
NotH� TXH� D� /HL� ������������ LQVWLWXL� ³QRUPDV� JHUDLV´�� as quais são 
aplicáveis às três esferas de governo (União, Estados, Distrito Federal e 
Municípios). Saliente-se que os entes podem estabelecer normas próprias 
e específicas, desde que observem as normas gerais contidas na lei. 
 Nem todos os dispositivos da Lei 13.019/2014 são 
obrigatórios para as demais esferas de governo. 
Por exemplo, o art. 15 preceitua que ?ƉŽĚĞƌĄ�ƐĞƌ�ĐƌŝĂĚŽ 唀 ŶŽ�
âmbito do Poder Executivo federal, o Conselho Nacional de Fomento e Colaboração, 
de composição paritária entre representantes governamentais e organizações da 
sociedade civil, com a finalidade de divulgar boas práticas e de propor e apoiar 
políticas e ações voltadas ao fortalecimento das relações de fomento e de 
ĐŽůĂďŽƌĂĕĆŽ�ƉƌĞǀŝƐƚĂƐ�ŶĞƐƚĂ�>Ğŝ ?. 
�ŽŵŽ�Ž�ĚŝƐƉŽƐŝƚŝǀŽ�ĨĂůĂ�Ğŵ� “WŽĚĞƌ��džĞĐƵƚŝǀŽ�federal 弃?�Ġ�ǀĄůŝĚŽ�ĂƉĞŶĂƐ�ƉĂƌĂ�Ă�União. 
Abrangência 
Vamos então falar a respeito da abrangência da Lei 13.019/2014, 
PDLV�HVSHFLILFDPHQWH�VREUH�R�DOFDQFH�GRV�WHUPRV�³Administração P~EOLFD´�
H� ³Organização da Sociedade CLYLO´�� TXH� VmR� justamente as partes 
celebrantes dos instrumentos de parceira. 
 
12 A Lei 13.019/2014 teve sua vigência adiada por diversas vezes. Por fim, o prazo de vigência ficou sendo 
de 540 dias após a data de sua publicação (ocorrida em 1º/8/2014). Assim, a lei finalmente entrou em 
vigor em 23/01/2016. Para os Municípios, contudo, a Lei 13.019/2014 só entra em vigor a partir de 
1º/1/2017, sendo facultada a implantação das suas disposições a partir de 23/01/2016 mediante a 
edição de ato administrativo local (art. 88, §§1º e 2º). 
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Em relação à Administração Pública, a lei abrange os órgãos da 
administração direta da União, dos Estados, DF e Municípios, assim como 
as respectivas autarquias, fundações e empresas estatais 
dependentes prestadoras de serviço público. Lembrando que 
empresas estatais dependentes são as empresas públicas e sociedades 
de economia mista, e suas subsidiárias, que recebam recursos da 
União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios para pagamento 
de despesas de pessoal ou de custeio em geral. Ou seja, a lei não 
incide sobre estatais não dependentes e exploradoras de atividade 
econômica. 
Sendo assim, o termo ³Administração P~EOLFD´, para fins de 
aplicação da Lei 13.019/2014, compreende: 
Administração Pública 
 
Quanto às Organizações da Sociedade Civil, pode-se afirmar que 
são todas as do terceiro setor que façam parceria com o Poder 
Público13. Especificamente, para fins de aplicação da Lei 13.019/2014, o 
WHUPR�³RUJDQL]DomR�GD�VRFLHGDGH�FLYLO´�FRPSUHHQGH� 
ƒ entidade privada sem fins lucrativos que não distribua entre os seus 
sócios ou associados, conselheiros, diretores, empregados, doadores ou 
terceiros eventuais resultados, sobras, excedentes operacionais, brutos 
ou líquidos, dividendos, isenções de qualquer natureza, participações ou 
parcelas do seu patrimônio, auferidos mediante o exercício de suas 
 
13 Di Pietro (2014, p. 631) 
 ?União
 ?Estados
 ?Distrito Federal
 ?Municípios
Administração Direta
 ?Autarquias
 ?Fundações
 ?EP e SEM "dependentes" prestadoras de 
serviço público
Administração Indireta
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atividades, e que os aplique integralmente na consecução do respectivo 
objeto social, de forma imediata ou por meio da constituição de fundo 
patrimonial ou fundo de reserva; 
ƒ sociedades cooperativas previstas na Lei no 9.867, de 10 de novembro 
de 1999; as integradas por pessoas em situação de risco ou 
vulnerabilidade pessoal ou social; as alcançadas por programas e ações 
de combate à pobreza e de geração de trabalho e renda; as voltadas 
para fomento, educação e capacitação de trabalhadores rurais ou 
capacitação de agentes de assistência técnica e extensão rural; e as 
capacitadas para execução de atividadesou de projetos de interesse 
público e de cunho social. 
ƒ organizações religiosas que se dediquem a atividades ou a projetos de 
interesse público e de cunho social distintas das destinadas a fins 
exclusivamente religiosos; 
Organizações da sociedade civil 
 
Detalhe é que a Lei 13.019/2014, de forma diversa do que ocorre 
com a legislação das OS e OSCIP, não prevê qualquer qualificação 
formal da entidade privada como OSC, mediante ato administrativo. Para 
ser considerada OSC, a entidade deve simplesmente se enquadrar em 
alguma das três espécies listadas acima. A partir daí, caso a OSC venha a 
firmar parceria com a Administração Pública, deverá observar as 
exigências da Lei 13.019. 
Como regra, qualquer parceria firmada entre a Administração 
Pública e uma entidade considerada OSC deverá observar as regras da 
Lei 13.019/14. 
Contudo, é importante ressaltar que a Lei 13.019 não revogou as leis 
anteriores que disciplinam outras modalidades de parcerias entre os 
setores públicos e privado, especialmente as Leis 9.637/98 (Organizações 
Sociais) e 9.790/99 (OSCIP). Em outras palavras, as exigências da 
Lei 13.019 não se aplicam aos contratos de gestão celebrados com 
Organizações Sociais nem aos termos de parceria celebrados com 
Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público, desde que 
Entidades privadas 
sem fins lucrativos
Sociedades 
cooperativas
Organizações 
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cumpridos os requisitos da legislação específica. A Lei também não se 
aplica às parcerias entre a Administração Pública e os serviços sociais 
autônomos (art. 3º, III, VI e X)14. 
 
A Lei 13.019 não se aplica aos contratos de 
gestão celebrados com OS, aos termos de 
parceria celebrados com OSCIP, nem às 
parcerias com os serviços sociais autônomos. 
Assim, por exemplo, determinada entidade privada sem fins 
lucrativos poderá formalizar parceria com o Poder Público assinando um 
contrato de gestão e qualificando-se como OS ou firmando um termo de 
parceria e qualificando-se como OSCIP ou, ainda, firmando algum dos 
instrumentos previstos na Lei 13.019/2014 (termo de colaboração, termo 
de fomento ou acordo de cooperação, que veremos adiante). 
Dessa forma, pode-se afirmar que OS, OSCIP e OSC são espécies 
distintas entre si. 
Por outro lado, a Lei 13.019/2014 restringiu bastante a aplicação do 
convênio como instrumento de parceria entre o setor público e privado. 
Isso porque, a partir da vigência da lei, somente poderão ser celebrados 
convênios nas seguintes hipóteses15: 
ƒ Entre entes federados ou pessoas jurídicas a eles vinculadas; 
ƒ Com entidades filantrópicas e sem fins lucrativos no âmbito do 
sistema único de saúde, nos termos do §1o do art. 199 da CF16. 
Assim, não podem mais existir convênios entre entes federados e 
entidades privadas. As parcerias celebradas com entidades privadas que 
se enquadrem no conceito de Organização da Sociedade Civil terão que 
ser formalizadas por meio dos instrumentos previstos na Lei 13.019/2014 
(termo de colaboração, termo de fomento ou acordo de cooperação). 
 
14 O art. 3º lista outros casos em que as exigências da Lei 13.019/2014 não se aplicam, a exemplo das 
transferências de recursos homologadas pelo Congresso Nacional ou autorizadas pelo Senado 
Federal naquilo em que as disposições específicas dos tratados, acordos e convenções internacionais 
conflitarem com a Lei 13.019; e dos aos pagamentos realizados a título de anuidades, contribuições ou 
taxas associativas em favor de organismos internacionais ou entidades que sejam obrigatoriamente 
constituídas por membros de Poder ou do Ministério Público, dirigentes de órgão ou de entidade da 
administração pública, pessoas jurídicas de direito público interno ou pessoas jurídicas integrantes da 
administração pública. 
15 Os convênios celebrados nessas hipóteses serão regidos pelo art. 116 da Lei 8.666/93. 
16 Art. 199. A assistência à saúde é livre à iniciativa privada. 
§ 1º - As instituições privadas poderão participar de forma complementar do sistema único de saúde, 
segundo diretrizes deste, mediante contrato de direito público ou convênio, tendo preferência as entidades 
filantrópicas e as sem fins lucrativos. 
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Formalização das parcerias 
As parcerias entre a Administração Pública e as Organizações da 
Sociedade Civil devem ser formalizadas por meio dos seguintes 
instrumentos: 
¾ Termo de colaboração: instrumento por meio do qual são formalizadas 
as parcerias estabelecidas pela administração pública com organizações da 
sociedade civil para a consecução de finalidades de interesse público e 
recíproco propostas pela administração pública que envolvam a 
transferência de recursos financeiros; 
¾ Termo de fomento: instrumento por meio do qual são formalizadas as 
parcerias estabelecidas pela administração pública com organizações da 
sociedade civil para a consecução de finalidades de interesse público e 
recíproco propostas pelas organizações da sociedade civil, que 
envolvam a transferência de recursos financeiros; 
¾ Acordo de cooperação: instrumento por meio do qual são formalizadas 
as parcerias estabelecidas pela administração pública com organizações da 
sociedade civil para a consecução de finalidades de interesse público e 
recíproco que não envolvam a transferência de recursos financeiros; 
Note que as definições são iguais nos seguintes aspectos: (i) todos 
os termos são instrumentos de parcerias entre a Administração Pública e 
as Organizações da Sociedade Civil; (ii) todos os instrumentos têm por 
finalidade a consecução de atividades de interesse público e recíproco. 
As diferenças são as seguintes: enquanto o termo de colaboração 
é proposto pela Administração Pública �D�26&�p�FKDPDGD�D�³FRODERUDU´�
com a Administração), o termo de fomento é proposto pela 
Organização da Sociedade Civil �D�$GPLQLVWUDomR�³IRPHQWD´�D�SURSRVWD�
apresentada pela entidade), sendo que ambos envolvem a transferência 
de recursos financeiros (no caso, do Poder Público para a entidade 
privada). Por sua vez, o acordo de cooperação é celebrado nas 
hipóteses em que não há transferência de recursos financeiros, 
independentemente de quem propõe o ajuste. 
 
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Termo de colaboração Termo de fomento Acordo de cooperação 
Tem por finalidade a 
consecução de atividades de 
interesse público e 
recíproco. 
Tem por finalidade a 
consecução de atividades de 
interesse público e 
recíproco. 
Tem por finalidade a 
consecução de atividades de 
interesse público e 
recíproco. 
Proposto pela Administração 
Pública. 
Proposto pela organização 
da sociedade civil 
Proposto tanto pela 
administração pública como 
pela organização da 
sociedade civil 
Há transferência de recursos 
financeiros 
Há transferência de 
recursos financeiros 
Não há transferência de 
recursos financeiros 
Na celebração do termo de colaboração e do termo de fomento, 
a Administração deve indicar, de forma expressa, a existência de prévia 
dotação orçamentária para execução da parceria, afinal, nesses casos, 
haverá a transferência de recursos financeiros para oparceiro privado. 
Ademais, a celebração desses instrumentos (termo de colaboração e 
termo de fomento) depende da aprovação de plano de trabalho, que 
descreva o objeto da parceria, as metas a serem atingidas e respectivos 
parâmetros de aferição, os projetos a serem executados e a previsão de 
receitas e despesas (art. 22). Para os acordos de cooperação, tais 
exigências não se aplicam. 
A lei também estabelece alguns requisitos a serem observados pelas 
OSC que desejam celebrar termo de colaboração ou termo de 
fomento. Conforme o art. 33, as OSC deverão ser regidas por normas 
de organização interna que prevejam, expressamente (art. 33): 
ƒ Objetivos voltados à promoção de atividades e finalidades de relevância 
pública e social; 
ƒ Que, em caso de dissolução da entidade, o respectivo patrimônio 
líquido seja transferido a outra pessoa jurídica de igual natureza que 
preencha os requisitos da Lei 13.019 e cujo objeto social seja, 
preferencialmente, o mesmo da entidade extinta; 
ƒ Escrituração de acordo com os princípios fundamentais de contabilidade e 
com as Normas Brasileiras de Contabilidade; 
ƒ Possuir os seguintes prazos mínimos de existência, admitida a 
redução desses prazos por ato específico de cada ente na hipótese de 
nenhuma organização atingi-los: 
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o Um ano, caso a parceria seja celebrada com Município; 
o Dois anos, caso a parceria seja celebrada com o Distrito Federal 
ou Estado; 
o Três anos, caso a parceria seja celebrada com a União. 
ƒ Possuir experiência prévia na realização, com efetividade, do objeto da 
parceria ou de natureza semelhante; 
ƒ Possuir instalações, condições materiais e capacidade técnica e 
operacional para o desenvolvimento das atividades ou projetos 
previstos na parceria e o cumprimento das metas estabelecidas. 
Na celebração de acordos de cooperação, somente será exigido o 
primeiro requisito acima (objetivos voltados à promoção de atividades e 
finalidades de relevância pública e social), dispensando-se os demais. 
Perceba que a lei exige adequações estruturantes por parte das 
Organizações da Sociedade Civil, as quais deverão promover, quando 
necessário, alterações em seus estatutos sociais, ajustar suas estruturas 
administrativas e desenvolver metodologias de planejamento e gestão 
compatíveis com as exigências do regime jurídico das parcerias. 
A Lei 13.019 admite a atuação em rede por duas ou mais OSC, 
sendo que uma delas ficará encarregada de firmar o instrumento de 
parceria com a Administração, assumindo, assim, a integral 
responsabilidade pela execução do ajuste. Para tanto, a OSC signatária 
do termo de fomento ou de colaboração deve possuir mais de cinco 
anos de inscrição no CNPJ e capacidade técnica e operacional para 
supervisionar e orientar diretamente a atuação da organização que com 
ela estiver atuando em rede (art. 35-A). A atuação em rede permite que a 
OSC signatária repasse recursos às entidades não celebrantes, garantindo 
uma maior descentralização das atividades. 
Por fim, ressalte-se que o termo de fomento, o termo de colaboração 
e o acordo de cooperação somente produzirão efeitos jurídicos após a 
publicação dos respectivos extratos no meio oficial de publicidade da 
administração pública. 
Chamamento público 
Como regra, a celebração de termos de colaboração ou de termos 
de fomento depende da prévia realização de chamamento público, 
exceto aqueles que envolvam recursos decorrentes de emendas 
parlamentares às leis orçamentárias anuais (art. 24 c/c art. 29 e 35, I). 
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Por sua vez, os acordos de cooperação serão celebrados sem 
chamamento público, exceto quando o objeto envolver a celebração de 
comodato, doação de bens ou outra forma de compartilhamento de 
recurso patrimonial. 
 
O chamamento público nada mais é que um procedimento destinado 
a selecionar a OSC para firmar parceria, de modo a tornar mais eficaz a 
execução do objeto, no qual se garanta a observância dos seguintes 
princípios e dos que lhes são correlatos (art. 2º, XII): 
 
 ?Termos de colaboração
 ?Termos de fomento
 ?Acordos de cooperação que envolvam
compartilhamento de recurso patrimonial
Com
chamamento 
público
 ?Acordos de cooperação
 ?Termos de colaboração e termos de
fomento que envolvam recursos de
emendas parlamentares às LOA
Sem
chamamento 
público
Princípios do 
chamamento 
público
 ?Isonomia
 ?Legalidade
 ?Impessoalidade
 ?Moralidade
 ?Igualdade
 ?Públicidade
 ?Probidade administrativa
 ?Vinculação ao instrumento convocatório
 ?Julgamento objetivo
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Ressalte-se que, embora a Lei 13.019 deixe claro que a Lei 8.666/93 
(Lei de Licitações e Contratos) não se aplica às parcerias por ela regidas 
(art. 84), a doutrina entende que o chamamento público é, em 
essência, uma modalidade de licitação, regida por legislação 
própria. Com efeito, a Lei 13.019 apresenta praticamente os mesmos 
princípios previstos na Lei 8.666 (conforme listado acima), além de 
tratar das hipóteses de dispensa e inexigibilidade do chamamento 
público, sanções aplicáveis à entidade, dentre outros. 
O chamamento público deve observar as seguintes fases17: 
 
O edital do chamamento público deve ser amplamente divulgado 
em página do sítio oficial da administração pública na internet, com 
antecedência mínima de 30 dias (art. 26). 
Ressalte-se que, com o objetivo que garantir a isonomia entre os 
interessados, é vedado ³admitir, prever, incluir ou tolerar, nos atos de 
convocação, cláusulas ou condições que comprometam, restrinjam ou 
frustrem o seu caráter competitivo em decorrência de qualquer 
circunstância impertinente ou irrelevante para o específico objeto da 
parceria´��1mR�REVWDQWH��p�permitido (art. 24, §2º): 
ƒ selecionar propostas apresentadas exclusivamente por concorrentes 
sediados ou com representação atuante e reconhecida na unidade da 
Federação onde será executado o objeto da parceria; 
ƒ estabelecer cláusula que delimite o território ou a abrangência da 
prestação de atividades ou da execução de projetos, conforme 
estabelecido nas políticas setoriais. 
Para o julgamento das propostas, o art. 27 impõe como critério 
obrigatório ³R grau de adequação da proposta aos objetivos específicos 
do programa ou da ação em que se insere o objeto da parceria e, quando 
for o caso, ao valor de referência constante do chamamento´. 
Note: esse critério de julgamento (grau de adequação da proposta os 
objetivos da parceria e ao valor de referência) é obrigatório, mas a lei 
 
17 Di Pietro (2014, p. 636) 
Instrumento 
convocatório 
(edital)
Julgamento e 
classificação
Homologação Habilitação
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permite que outros critérios também possam ser previstos no edital 
(juntamente com o obrigatório, logicamente), conforme disposto no 
art. 24, §1º, inciso V. 
Detalhe interessante é que a lei admite a seleção de proposta que 
não for a mais adequada ao valor de referência constante do 
chamamentopúblico. A única exigência é que, neste caso, a escolha deve 
ser obrigatoriamente justificada (art. 27, §5º). 
O julgamento das propostas é feito por uma comissão de seleção 
previamente designada. Tal comissão é um órgão colegiado que deve 
contar a participação de pelo menos um servidor ocupante de cargo 
efetivo ou emprego permanente do quadro de pessoal da 
Administração Pública (art. 2º, X). 
Ressalte-se que, se o projeto for financiado com recursos de fundos 
específicos18, a comissão de seleção será o respectivo conselho gestor, 
não se aplicando, portanto, a regra de conter pelo menos um servidor 
efetivo. 
Será impedida de participar da comissão de seleção pessoa que, nos 
últimos 5 anos, tenha mantido relação jurídica com, ao menos, uma das 
entidades participantes do chamamento público. Configurado o 
impedimento, deverá ser designado membro substituto que possua 
qualificação equivalente à do substituído (art. 27, §§2º e 3º). 
Concluído o julgamento, a Administração Pública homologará o 
resultado e o divulgará no mesmo site em que o edital foi publicado 
(art. 27, §4º). Importante destacar que a homologação não gera direito 
para a OSC à celebração da parceria (art. 27, §6º). 
Encerrada essa fase, a Administração Pública procederá à verificação 
dos documentos que comprovem o atendimento pela OSC selecionada dos 
requisitos exigidos na lei, notadamente a adequação das suas normas de 
organização interna segundo os critérios do art. 33 e a apresentação de 
certidões de regularidade fiscal e jurídica, conforme rol do art. 34. Essa 
seria a fase de habilitação (art. 28). 
 Como a fase de julgamento ocorre antes da fase de habilitação, pode-se 
dizer que no chamamento público ocorre a “inversão de fases͟, assim 
como na modalidade de licitação pregão. 
 
18 ��Ž‡‹� ‘�†‡ˆ‹‡�“—ƒ‹•�•‡”‹ƒ�‡••‡•�Dzˆ—†‘•�‡•’‡…Àˆ‹…‘•dzǤ� 
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Na hipótese de a OSC selecionada não atender aos requisitos de 
habilitação, a Administração poderá convidar a segunda classificada e, 
sucessivamente, as classificadas imediatamente seguintes, até que 
alguma aceite celebrar a parceria nos termos da proposta da primeira 
colocada, e não nos seus próprios preços e condições (art. 28, 
§1º). Caso alguma OSC convidada aceite celebrar a parceria, a 
Administração deverá verificar os respectivos documentos de habilitação. 
Maria Sylvia Di Pietro ensina que, embora a lei não o diga, é evidente que 
se nenhuma OSC preencher os requisitos ou concordar com os termos 
propostos pela primeira classificada, o procedimento terá que ser 
revogado. 
O art. 30 da Lei 13.019 prevê quatro hipóteses de dispensa de 
chamamento público: 
ƒ No caso de urgência decorrente de paralisação ou iminência de 
paralisação de atividades de relevante interesse público, pelo prazo 
de até 180 dias; 
ƒ Nos casos de guerra, calamidade pública, grave perturbação da 
ordem pública ou ameaça à paz social; 
ƒ Quando se tratar da realização de programa de proteção a pessoas 
ameaçadas ou em situação que possa comprometer a sua segurança; 
ƒ No caso de atividades voltadas ou vinculadas a serviços de educação, 
saúde e assistência social, desde que executadas por organizações da 
sociedade civil previamente credenciadas pelo órgão gestor da 
respectiva política. 
Detalhe é que a dispensa não é obrigatória quando ocorre alguma 
das situações acima, cabendo à Administração decidir discricionariamente 
pela dispensa ou pela abertura do chamamento público, mediante 
adequada motivação19. 
O art. 31, por sua vez, prevê a inexigibilidade do chamamento 
público na hipótese de inviabilidade de competição entre as 
organizações da sociedade civil, em razão da natureza singular do 
objeto da parceria ou se as metas somente puderem ser atingidas por 
uma entidade específica, especialmente quando: 
ƒ O objeto da parceria constituir incumbência prevista em acordo, ato ou 
compromisso internacional, no qual sejam indicadas as instituições que 
utilizarão os recursos; 
 
19 Di Pietro (2014, p. 639) 
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ƒ A parceria decorrer de transferência para organização da sociedade civil 
que esteja autorizada em lei na qual seja identificada expressamente 
a entidade beneficiária, inclusive quando se tratar da subvenção 
social, observado o art. 26 da Lei de Responsabilidade Fiscal20. 
Ressalte-se que o chamamento público é inexigível sempre que não 
for possível haver competição entre OSC. As duas situações listadas acima 
são apenas exemplificativas. 
A dispensa e a inexigibilidade devem ser justificadas pela 
Administração. O extrato da justificativa deve ser publicado, na mesma 
data em que for efetivado, no sítio oficial da Administração Pública na 
internet e, eventualmente, a critério do administrador público, também no 
diário oficial. Ou seja, a publicação da justificativa no sítio oficial é 
obrigatória e no diário oficial, facultativa. Sem essa publicidade, o ato de 
formalização da parceria por dispensa ou inexigibilidade será nulo (art. 
32, §1º). Note que, aqui, a publicidade não é mero requisito de eficácia, e 
sim de legalidade do ato. 
A publicidade da justificativa é para possibilitar a interposição de 
impugnações, isto é, de contestações à justificativa dada pela 
Administração. Para tanto, o interessado deverá apresentar a impugnação 
no prazo de 5 dias a contar da publicação da justificativa, sendo que a 
Administração deverá analisar o pleito em até 5 dias da data do 
respectivo protocolo. 
Caso a Administração considere que há fundamento na impugnação, 
deverá revogar o ato que declarou a dispensa ou considerou inexigível o 
chamamento público, e será imediatamente iniciado o procedimento para 
a realização do chamamento público, conforme o caso (art. 32, §3º). 
Di Pietro ensina que, embora o dispositivo fale em revogação (que supõe 
desfazimento por razões de conveniência e oportunidade), se houver vício 
de legalidade na dispensa ou inexigibilidade, será hipótese de anulação. 
1D�SURYD��SRUpP��VH�FDLU�³UHYRJDomR´��GHYH-se considerar correto, pois é o 
que está escrito na lei. 
Um dos fundamentos da Lei 13.019 p�D�³SDUWLFLSDomR�VRFLDO´�H��QHVVH�
sentido, o art. 18 institui o procedimento de manifestação de 
interesse social��FRPR�³instrumento por meio do qual as organizações 
da sociedade civil, movimentos sociais e cidadãos poderão 
 
20 Art. 26. A destinação de recursos para, direta ou indiretamente, cobrir necessidades de pessoas físicas ou 
déficits de pessoas jurídicas deverá ser autorizada por lei específica, atender às condições estabelecidas na lei 
de diretrizes orçamentárias e estar prevista no orçamento ou em seus créditos adicionais. 
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apresentar propostas ao poder público para que este avalie a 
possibilidade de realização de um chamamento público objetivando a 
celebração de parceria´. 
A Administração deverá tornar públicas as propostas em seu sítio 
eletrônico e, se entender que há conveniência e oportunidade para a 
realização do procedimento de manifestação de interesse social, o 
instaurará para que a sociedade seja ouvida sobre o tema (art. 20).

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