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Prof. Daniel Sena www.focusconcursos.com.br 1 DIREITO CONSTITUCIONAL Direitos Fundamentais Direitos e deveres individuais e coletivos DIREITO À IGUALDADE Introdução Também conhecido como isonomia, a igualdade é um típico direito fundamental de segunda geração que tem como objetivo reduzir as desigualdades entre as pessoas. Inicialmente a Constituição demonstra clara preocupação com este direito, tanto que além de trazê-lo no caput do artigo 5º duas vezes, ainda repete o direito no primeiro inciso: Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição; Tratar com igualdade, portanto, parece ser o direito em que todos são tratados da mesma forma, como no texto constitucional acima. Contudo, ampliando o estudo deste instituto percebi que em algumas situações a igualdade não é tão igual como parecia ser. Vejamos alguns exemplos interessantes: 1. Licença maternidade – 120 dias. Para o homem, apenas 5 dias de licença paternidade. 2. Aposentadoria – a mulher se aposenta 5 anos mais cedo que o homem segundo as regras vigentes no Brasil. 3. Serviço Militar Obrigatório – Segundo o artigo 143 apenas o homem está obrigado a servir as forças armadas durante o serviço militar inicial. Igualdade formal X igualdade material Entende-se como sendo igualdade formal a situação em que todos são tratados da mesma forma, sem distinções, no sentido do caput do artigo 5º. Já a igualdade material é a igualdade real, efetiva, em que as pessoas são tratadas segundo a realidade da sua situação. Por meio deste tratamento procura-se a justiça real entre as pessoas. Uma expressão costuma sintetizar bem o seu significado: Igualdade material significa tratar os iguais com igualdade e os desiguais com desigualdade na medida das suas desigualdades. Ações afirmativas Chamamos de ações afirmativas as políticas públicas de compensação social desenvolvidas pelos governantes com o objetivo de reparar os prejuízos que algumas minorias possuem em razão da sua condição social. No Brasil temos vários exemplos que poderão ser cobrados em sua prova. A mais conhecida de todas as medidas de ação afirmativa é a quota para afrodescendente ter acesso a universidade pública. Segundo o Supremo, estas quotas são perfeitamente constitucionais haja vista concretizar a igualdade material entre os candidatos. Prof. Daniel Sena www.focusconcursos.com.br 2 DIREITO CONSTITUCIONAL Direitos Fundamentais Direitos e deveres individuais e coletivos Outra política de ação afirmativa é a reserva de vaga para deficiente nos concursos públicos. Temos ainda políticas voltadas para a proteção das mulheres, como é o caso da lei Maria da Penha (Lei 11.340/2006) que protege a mulher contra a violência doméstica. Como se pode perceber, o Brasil é um país bem voltado a este tipo de medida de inclusão social a qual concretiza o conceito da igualdade material. Igualdade nos concursos públicos Segundo o STF pode-se exigir critérios distintivos para acesso a cargos públicos. Obviamente que não é qualquer exigência que poderá ser feita, devendo ser observadas duas condições para isso: 1. Ser fixado em lei 2. Ser necessário ao exercício do cargo União estável homoafetiva Por fim, não poderíamos deixar de falar de um tema mais recente e que tem ganhado espaço nas questões de prova que são os direitos dos homossexuais. Esse público a cada dia avança na conquista de um tratamento isonômico com base no objetivo estabelecido no artigo 3º da Constituição que prevê: Art. 3º, IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. Nessa linha, o STF já deferiu o tratamento de igualdade em diversas situações jurídicas como em questões previdenciárias e trabalhistas. O reconhecimento de igualdade alcançou também à equiparação da união estável homoafetiva a união estável heterossexual. Inclusive o Conselho Nacional de Justiça inovou determinando aos cartórios de todo o Brasil que não impeçam o casamento de pessoas do mesmo sexo. DIREITO À LIBERDADE Introdução A Constituição avançou ao garantir diversas prescrições que efetivam a liberdade como direito individual. O que veremos a partir daqui são as várias feições que a liberdade tomou dentro do texto constitucional e que certamente aparecerão em suas provas. Liberdade de ação A primeira liberdade que estudaremos é a prevista no segundo inciso do artigo 5º: Art. 5º, II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei; Temos aqui a chamada liberdade de ação. Qualquer ação humana só poderá ser limitada por meio de lei. Prof. Daniel Sena www.focusconcursos.com.br 3 DIREITO CONSTITUCIONAL Direitos Fundamentais Direitos e deveres individuais e coletivos Liberdade de manifestação do pensamento Fruto direto do pluralismo político, a liberdade de manifestação do pensamento é base dos demais direitos individuais que exprimem a personalidade de cada individuo da sociedade. Sua previsão expressa está no artigo 5º, II: Art. 5º, IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato; Uma questão que já foi cobrada em prova é em relação à possibilidade de utilização da denúncia anônima no Brasil. Apesar da vedação expressa no texto constitucional, o Supremo reconheceu a constitucionalidade da denúncia anônima desde que não sirva de base para instauração de procedimento formal de investigação, seja investigação criminal, cível ou administrativa. Em outra decisão interessante que já foi cobrada em prova, o STF reconheceu a constitucionalidade da “marcha da maconha” considerando como legítima este tipo de manifestação como fruto direto da liberdade de reunião e da manifestação do pensamento. Não menos importante, temos ainda a decisão em que o Supremo declara a inconstitucionalidade da exigência de diploma de jornalismo para o exercício da profissão de jornalista. Ou seja, o exercício da referida profissão deriva diretamente da liberdade de manifestação do pensamento e não pode ser censurada pelo Estado. Liberdade de consciência e crença religiosa Veja como a Constituição estabeleceu esta liberdade no inciso VI do artigo 5º: Art. 5º, VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias; Em uma primeira leitura, percebe-se claramente o estado de liberdade religiosa existente no Brasil. Por isso somos considerados um Estado Laico. Diz-se laico, leigo ou não confessional quando existe uma relação de separação entre o Estado político e o religioso. O Brasil, portanto, não possui uma religião oficial, tolerando a convivência de qualquer forma de crença e consciência desde que, obviamente, sejam compatíveis com a ordem constitucional. Só tenha cuidado nas provas com um detalhe. Esta separação entre o estado e a igreja não é absoluta, podendo ocorrer em situações muito especiais, de colaboração de interesse público, como prevê o artigo 19, I da CF: Art. 19. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: I - estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou seus representantes relações de dependênciaou aliança, ressalvada, na forma da lei, a colaboração de interesse público; A Constituição, além de proteger a liberdade religiosa, garantiu a sua prestação nas entidades civis e militares de internação coletiva como hospitais, quarteis e presídios: Art. 5º, VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas entidades civis e militares de internação coletiva; Prof. Daniel Sena www.focusconcursos.com.br 4 DIREITO CONSTITUCIONAL Direitos Fundamentais Direitos e deveres individuais e coletivos De todos os incisos que o artigo 5º traz sobre a liberdade religiosa, o mais cobrado em prova é certamente o inciso VIII: Art. 5º, VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei; Esta é a famosa escusa de consciência, também conhecida como imperativo ou objeção de consciência. Este dispositivo prevê como regra que ninguém será privado de direitos por causa daquilo que pensa. Esta regra possui uma exceção, ou seja, será possível privar dos seus direitos em razão do que pensa quando o individuo recusar o cumprimento de uma obrigação imposta a todos e recusar também a prestação alternativa fixada em lei. Havendo lei que fixe a prestação alternativa, o individuo que se recusar a cumprir a obrigação imposta a todos deverá cumprir ao menos a prestação alternativa sob pena de ter seus direitos restringidos a luz do artigo 15 da CF: Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou suspensão só se dará nos casos de: IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa, nos termos do art. 5º, VIII; Uma questão interessante sobre esse tema e que, apesar da divergência doutrinária, tem sido cobrada em prova diz respeito à consequência para quem não cumprir a obrigação imposta a todos ou a prestação alternativa. Neste caso teríamos perda ou suspensão dos direitos políticos? Tem prevalecido nas provas o entendimento de perda dos direitos políticos. Introdução Igualdade formal X igualdade material Ações afirmativas Igualdade nos concursos públicos União estável homoafetiva Introdução Liberdade de ação Liberdade de manifestação do pensamento Liberdade de consciência e crença religiosa
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