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MpMagEst Administrativo Celso Spitzcovisky Data: 02/05/2013 Aula 12 MpMasEst – 2013 Anotador(a): Carlos Eduardo de Oliveira Rocha Complexo Educacional Damásio de Jesus RESUMO SUMÁRIO 1. Responsabilidade do Estado 2. Bens públicos 1. RESPONSABILIDADE DO ESTADO 1.1. Prazo para propositura da ação pela vítima em face do Estado: 05 anos (decreto 20.910/32) Sendo o Estado condenado na ação de reparação, promoverá em sede de via regressiva ação contra o causador do dano de forma imprescritível (art. 37, § 5º da CF): “§ 5º - A lei estabelecerá os prazos de prescrição para ilícitos praticados por qualquer agente, servidor ou não, que causem prejuízos ao erário, ressalvadas as respectivas ações de ressarcimento.” Obs.: Responsabilidade do Estado é objetiva, sendo secundário saber quem causou e quem sofreu o dano. RE 591874 – o dano pode ser causado pela administração ou por particulares que (concessionário ou permissionário) que estejam executando os serviços. 1.2. Quando o dano resulta de exploração de atividade econômica: Premissas: (i) Quando o Estado explora a atividade econômica ele passa a competir com a iniciativa privada – porque em regra quem explora esta atividade é a iniciativa privada; (ii) Esta competição deve respeitar os princípios da ordem econômica (art. 170 da CF), em especial o da livre concorrência; “Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios: I - soberania nacional; II - propriedade privada; III - função social da propriedade; IV - livre concorrência; V - defesa do consumidor; VI - defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação; 2 de 5 VII - redução das desigualdades regionais e sociais; VIII - busca do pleno emprego; IX - tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sua sede e administração no País. Parágrafo único. É assegurado a todos o livre exercício de qualquer atividade econômica, independentemente de autorização de órgãos públicos, salvo nos casos previstos em lei. (iii) Para que esta concorrência seja livre, o Estado deverá se submeter aos mesmos regimes jurídicos das empresas privadas, inclusive no que se refere aos direitos e obrigações – civis, comerciais, trabalhistas e tributárias; “Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a exploração direta de atividade econômica pelo Estado só será permitida quando necessária aos imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei. § 1º A lei estabelecerá o estatuto jurídico da empresa pública, da sociedade de economia mista e de suas subsidiárias que explorem atividade econômica de produção ou comercialização de bens ou de prestação de serviços, dispondo sobre: II - a sujeição ao regime jurídico próprio das empresas privadas, inclusive quanto aos direitos e obrigações civis, comerciais, trabalhistas e tributários; § 2º - As empresas públicas e as sociedades de economia mista não poderão gozar de privilégios fiscais não extensivos às do setor privado. Exemplos: INFRAERO (empresa pública federal) responsabilidade objetiva- monopólio estatal. Correios (empresa pública federal) responsabilidade objetiva – monopólio estatal. Caixa Econômica Federal (empresa pública) responsabilidade subjetiva Petrobras (sociedade de economia mista) responsabilidade objetiva – monopólio estatal Banco do Brasil (sociedade de economia mista) responsabilidade subjetiva. Para determinar o perfil da responsabilidade do estado deve ser verificada qual é a atividade que se desenvolvia quando a vítima sofreu o dano, sendo exploração de atividade econômica sob o regime da livre concorrência, será responsabilidade subjetiva e não objetiva conforme art. 37, §6º da CF. 1.3. Dano resultante de uma omissão do poder público: Mesmo que o dano resulte de uma omissão a responsabilidade é objetiva, contudo há posicionamento em sentido contrário seja na doutrina, seja na jurisprudência. Celso Antonio Bandeira de Melo e Maria Silvia entendem que a responsabilidade é objetiva “faute du service” (culpa do serviço) – ou o serviço não foi prestado ou foi prestado de forma deficiente. 1.4. Variante do risco integral: 3 de 5 Por esta variante, acionado em juízo pela vítima, o Estado responde por qualquer dano experimentado por ela, ainda que não tenha sido o seu causador. Sendo assim, ele não poderá utilizar em sua defesa excludentes ou atenuantes de responsabilidade, ou seja, caso fortuito e força maior. O risco integral se apresentaria em relação a danos resultantes de atividade nuclear. É o que defende a doutrina minoritária, pois pela posição majoritária configura responsabilidade objetiva (art. 21, XXIII, “d”): “XXIII - explorar os serviços e instalações nucleares de qualquer natureza e exercer monopólio estatal sobre a pesquisa, a lavra, o enriquecimento e reprocessamento, a industrialização e o comércio de minérios nucleares e seus derivados, atendidos os seguintes princípios e condições: d) a responsabilidade civil por danos nucleares independe da existência de culpa;” Para outros autores o risco integral se apresentaria em decorrência de danos ambientais, dano resultante de atividade terrorista em aeronave brasileira e dano resultante de atividade legislativa, desde que essa inconstitucionalidade tenha reconhecida pelo poder judiciário com efeitos erga omnes. Indenização por erro judiciário (art. 5º, LXXV): LXXV - o Estado indenizará o condenado por erro judiciário, assim como o que ficar preso além do tempo fixado na sentença; 2. BENS PÚBLICOS 2.1. Definição (art. 98 do Código Civil): são todos aqueles que integral o patrimônio das pessoas jurídicas de direito público, considerando-se particulares todos os demais. Art. 98. São públicos os bens do domínio nacional pertencentes às pessoas jurídicas de direito público interno; todos os outros são particulares, seja qual for a pessoa a que pertencerem. 2.2. Principal classificação dos bens públicos: que considera sua destinação (art. 99 do código civil) “Art. 99. São bens públicos: I - os de uso comum do povo, tais como rios, mares, estradas, ruas e praças; II - os de uso especial, tais como edifícios ou terrenos destinados a serviço ou estabelecimento da administração federal, estadual, territorial ou municipal, inclusive os de suas autarquias; III - os dominicais, que constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de direito público, como objeto de direito pessoal, ou real, de cada uma dessas entidades. Parágrafo único. Não dispondo a lei em contrário, consideram-se dominicais os bens pertencentes às pessoas jurídicas de direito público a que se tenha dado estrutura de direito privado.” 4 de 5 (i) Bens de uso comum – são aqueles destinados ao uso de toda a população (art. 103 CC). Uso gratuito: ex. ruas das cidades Uso oneroso: ex. estradas. “Art. 103. O uso comum dos bens públicos pode ser gratuito ou retribuído, conforme for estabelecido legalmente pela entidade a cuja administração pertencerem.” (ii) Bens de uso especial – são aqueles que apresentam uma destinação específica; Uso gratuito: repartição pública, fóruns, quartéis Uso oneroso: (iii) Bens dominicais – não tem nenhuma destinação incidindo sobre eles. São as chamadas terras devolutas (ou vazias). São propriedades que não se tem acesso. Afetação: afetar um bem significaatribuir a ele uma destinação Desafetação: é retirar do bem a destinação que ele antes possuía. 2.3. Regime jurídico dos bens públicos: (i) Inalienabilidade – como regra geral, bens públicos não podem ser alienados; excepcionalmente podem ser alienados, considerados os seguintes requisitos: a) Situação de interesse público; b) Pesquisa prévia de preços (evitar alienação por preços abaixo dos praticados no mercado); c) Abertura de licitação com as exceções previstas pela Lei 8.666/93, art. 17: ex.: alienação para pessoas internas da administração e permuta. d) Desafetação – quando se tratar de bens de uso comum e especial (art. 100 e 102 do CC): “Art. 100. Os bens públicos de uso comum do povo e os de uso especial são inalienáveis, enquanto conservarem a sua qualificação, na forma que a lei determinar.” “Art. 101. Os bens públicos dominicais podem ser alienados, observadas as exigências da lei.” e) Autorização legislativa quando se tratar de alienação de bens imóveis (ii) Imprescritibilidade – bens públicos não podem ser adquiridos por usucapião (art. 183, §3º e 191, p. único e súmula 340 do STF): “§ 3º - Os imóveis públicos não serão adquiridos por usucapião.” “Súmula 340 do STF – Desde a vigência do código civil, bens dominicais como os demais bens públicos não podem ser adquiridos por usucapião.” Obs.: a súmula é antiga e, portanto o código civil que ela se refere é o código de 1916. (iii) Impenhorabilidade – bens públicos não podem ser objetos de penhora, ou seja, não podem ser dados em garantia para o cumprimento de obrigações que o poder público 5 de 5 contraiu junto a terceiros. Impede-se, em regra a penhora, para não prejudicar a continuidade da prestação do serviço público. Por outro lado, a possibilidade de penhora afronta o artigo 100 da CF: “Art. 100. Os pagamentos devidos pelas Fazendas Públicas Federal, Estaduais, Distrital e Municipais, em virtude de sentença judiciária, far-se-ão exclusivamente na ordem cronológica de apresentação dos precatórios e à conta dos créditos respectivos, proibida a designação de casos ou de pessoas nas dotações orçamentárias e nos créditos adicionais abertos para este fim:”
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