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MpMagEst Administrativo Celso Spitzcovisky Data: 19/06/2013 Aula 16 MpMagEst – 2013 Anotador(a): Carlos Eduardo de Oliveira Rocha Complexo Educacional Damásio de Jesus RESUMO SUMÁRIO 1. Servidores 2. Regime disciplinar – lei 8.112/90 1. SERVIDORES 1.1. Remuneração dos servidores (continuação): a) Vencimentos: é composto pelo recebimento de salário mais vantagens Gratificações: são vantagens de recebimento em caráter temporário e especial ex.: adicionais, que são vantagens percebidas em caráter permanente pela execução de um serviço especial em condições comuns. O critério para percepção de vencimentos é de caráter residual, ou seja, são aqueles que não recebem subsídio. 1.2. Destinatários do teto de remuneração art. 37, XI (os valores recebidos pelos ministros do STF): são destinatários desse teto todos os que se encontram dentro da administração nas quatro esferas de governo, independente de estar sob regime estatutário ou celetista, exceto: as empresas públicas e sociedade de economia mista autossuficientes e não dependem de verbas públicas (art. 37, § 9º da CF): “XI - a remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos, funções e empregos públicos da administração direta, autárquica e fundacional, dos membros de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, dos detentores de mandato eletivo e dos demais agentes políticos e os proventos, pensões ou outra espécie remuneratória, percebidos cumulativamente ou não, incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer outra natureza, não poderão exceder o subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, aplicando- se como li-mite, nos Municípios, o subsídio do Prefeito, e nos Estados e no Distrito Federal, o subsídio mensal do Governador no âmbito do Poder Executivo, o subsídio dos Deputados Estaduais e Distritais no âmbito do Poder Legislativo e o sub-sídio dos Desembargadores do Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por cento do subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo Tri-bunal Federal, no âmbito do Poder Judiciário, aplicável este limite aos membros do Ministério Público, aos Procuradores e aos Defensores Públicos;” “§ 9º O disposto no inciso XI aplica-se às empresas públicas e às sociedades de economia mista, e suas subsidiárias, que receberem 2 de 8 recursos da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios para pagamento de despesas de pessoal ou de custeio em geral.” Obs.: Se o servidor estadual, o limite será a remuneração do governador do Estado. Se o servidor estadual estiver ocupando cargo no legislativo, o limite será a remuneração do deputado estadual. Se o servidor estadual estiver ocupando cargo no judiciário, o limite será a remuneração do desembargador do TJ. Se o servidor estiver ocupando cargo no município, o limite será a remuneração do prefeito. 1.2.1. Redução (art. 37, XV da CF): é proibida a redução na remuneração do servidor, mas excepcionalmente admite a redução quando a remuneração estiver sendo percebida de forma inconstitucional – acima do teto ou acima dos subtetos. “XV - o subsídio e os vencimentos dos ocupantes de cargos e empregos públicos são irredutíveis, ressalvado o disposto nos incisos XI e XIV deste artigo e nos arts. 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I” Obs.: tal remuneração tem natureza alimentar (art. 48 da Lei 8.112/90) significando que sobre elas não podem recair, arresto, sequestro ou penhora, exceto quando a dívida contraída pelo servidor também apresentar natureza alimentar. 1.3. Acumulação remunerada de cargos: Regra geral art. 37, XVI: a cumulação remunerada é proibida – cargos dentro da administração pública – nas quatro esferas de governo. Contudo excepcionalmente é possível cumulação se preenchida as exigências estabelecidas pela CF: (i) Compatibilidade de horários; (ii) O resultado financeiro da cumulação não ultrapasse o teto de remuneração dentro da administração; “XVI - é vedada a acumulação remunerada de cargos públicos, exceto, quando houver compatibilidade de horários, observado em qualquer caso o disposto no inciso XI: a) a de dois cargos de professor; b) a de um cargo de professor com outro técnico ou científico; c) a de dois cargos ou empregos privativos de profissionais de saúde, com profissões regulamentadas;” “XVII - a proibição de acumular estende-se a empregos e funções e abrange autarquias, fundações, empresas públicas, sociedades de economia mista, suas subsidiárias, e sociedades controladas, direta ou indiretamente, pelo poder público;” Obs.: mandato de vereador com compatibilidade de horários: é possível cumulação 1.3.1. Sanção aos que cumularem cargos de forma irregular (art. 132 da Lei 8.112/90): demissão. 1.4. Aposentadoria dos servidores: 3 de 8 1.4.1. Natureza jurídica do sistema de aposentadoria dentro da administração (art. 40, caput): o sistema tem natureza contributiva, logo só se aposenta por essas regras os servidores que contribuíram para a manutenção do sistema. O critério que a constituição utilizou para a concessão de aposentadoria é o tempo de contribuição. “Art. 40. Aos servidores titulares de cargos efetivos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, incluídas suas autarquias e fundações, é assegurado regime de previdência de caráter contributivo e solidário, mediante contribuição do respectivo ente público, dos servidores ativos e inativos e dos pensionistas, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial e o disposto neste artigo.” 1.4.2. Extensão do critério do tempo de contribuição (art. 40, §9º e 201, §9º da CF): “§ 9º - O tempo de contribuição federal, estadual ou municipal será contado para efeito de aposentadoria e o tempo de serviço correspondente para efeito de disponibilidade.” “§ 9º Para efeito de aposentadoria, é assegurada a contagem recíproca do tempo de contribuição na administração pública e na atividade privada, rural e urbana, hipótese em que os diversos regimes de previdência social se compensarão financeiramente, segundo critérios estabelecidos em lei.” 1.4.3. Destinatários: há critérios de aposentação fixados pela própria constituição Art. 40 caput: Os servidores que titularizam cargo em caráter efetivo; atenção: a expressão mais abrangente de todas é agentes públicos que envolvem (agentes políticos e servidores) e servidores envolvem (funcionários, empregados, temporários e particulares em colaboração), logo a aposentadoria só envolve funcionários de caráter efetivos. Os demais se aposentarão pelo regime geral. 1.4.4. Modalidade de aposentadoria: (i) Invalidez (art. 40, II): fato gerador é a invalidez permanente que impeça o servidor de continuar exercendo as atribuições do seu cargo. Como regra geral os proventos serão proporcionais, excepcionalmente os proventos integrais nas situações que resultarem de acidente em serviço, moléstia profissional ou doença grave contagiosa ou incurável. (ii) Compulsória (art. 40, II): atingimento do limite máximo de idade previsto na constituição – 70 anos. Os proventos serão proporcionais ao tempo de contribuição. (iii) Voluntária: proventos integrais e proporcionais Obs.: provento é o nome atribuído a remuneração do aposentado, que podem ser percebidos em caráter integral ou proporcional ao tempo de contribuição. 4 de 8 Proventos integrais Homens Mulheres 10 anos de serviço 10 anos de serviço 05 anos no cargo 05 anos no cargo 60 anos de idade 55 anos de idade 35 de contribuição 30 anos de contribuição Proventos proporcionais Homens Mulheres 10 anosde serviço 10 anos de serviço 05 anos no cargo 05 anos no cargo 65 anos de idade 60 anos de idade Xxx não tem Xxx não tem (iv) Aposentadorias especiais (art. 40, §4º da CF): a) Limite formal: só podem ser criadas por lei complementar; b) Recaem sobre portadores de necessidades especiais ou sob atividades insalubres (prejudiciais e saúde e a integridade física) Ex.: carreiras policiais, radiologistas, mineradores; 1.4.5. Teto dos proventos da aposentadoria: limites da remuneração dos ministros do STF (art. 40, §11) e critérios para teto particular (art. 40, §2º e 3º) “§ 11 - Aplica-se o limite fixado no art. 37, XI, à soma total dos proventos de inatividade, inclusive quando decorrentes da acumulação de cargos ou empregos públicos, bem como de outras atividades sujeitas a contribuição para o regime geral de previdência social, e ao montante resultante da adição de proventos de inatividade com remuneração de cargo acumulável na forma desta Constituição, cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração, e de cargo eletivo.” “§ 2º - Os proventos de aposentadoria e as pensões, por ocasião de sua concessão, não poderão exceder a remuneração do respectivo servidor, no cargo efetivo em que se deu a aposentadoria ou que serviu de referência para a concessão da pensão.” “§ 3º Para o cálculo dos proventos de aposentadoria, por ocasião da sua concessão, serão consideradas as remunerações utilizadas como base para as contribuições do servidor aos regimes de previdência de que tratam este artigo e o art. 201, na forma da lei.” 2. REGIME DISCIPLINAR – Lei 8.112/90 2.1. Deveres dos servidores (art. 116) Destaques: (i) Cumprimento de ordens emitidas por um superior; (ii) Guardar sigilo das informações atinentes ao cargo (iii) Assiduidade 5 de 8 Art. 116. São deveres do servidor: I - exercer com zelo e dedicação as atribuições do cargo; II - ser leal às instituições a que servir; III - observar as normas legais e regulamentares; IV - cumprir as ordens superiores, exceto quando manifestamente ilegais; V - atender com presteza: a) ao público em geral, prestando as informações requeridas, ressalvadas as protegidas por sigilo; b) à expedição de certidões requeridas para defesa de direito ou esclarecimento de situações de interesse pessoal; c) às requisições para a defesa da Fazenda Pública. VI - levar as irregularidades de que tiver ciência em razão do cargo ao conhecimento da autoridade superior ou, quando houver suspeita de envolvimento desta, ao conhecimento de outra autoridade competente para apuração; VII - zelar pela economia do material e a conservação do patrimônio público; VIII - guardar sigilo sobre assunto da repartição; IX - manter conduta compatível com a moralidade administrativa; X - ser assíduo e pontual ao serviço; XI - tratar com urbanidade as pessoas; XII - representar contra ilegalidade, omissão ou abuso de poder. Parágrafo único. A representação de que trata o inciso XII será encaminhada pela via hierárquica e apreciada pela autoridade superior àquela contra a qual é formulada, assegurando-se ao representando ampla defesa.” 2.2. Proibições atribuídas aos servidores (art. 117) Destaques: (i) Retirar documentos sem autorização; (ii) Participar de gerencia ou administração de sociedade privada; (iii) Cobrança de propina; “Art. 117. Ao servidor é proibido: I - ausentar-se do serviço durante o expediente, sem prévia autorização do chefe imediato; II - retirar, sem prévia anuência da autoridade competente, qualquer documento ou objeto da repartição; III - recusar fé a documentos públicos; IV - opor resistência injustificada ao andamento de documento e processo ou execução de serviço; V - promover manifestação de apreço ou desapreço no recinto da repartição; VI - cometer a pessoa estranha à repartição, fora dos casos previstos em lei, o desempenho de atribuição que seja de sua responsabilidade ou de seu subordinado; VII - coagir ou aliciar subordinados no sentido de filiarem-se a associação profissional ou sindical, ou a partido político; 6 de 8 VIII - manter sob sua chefia imediata, em cargo ou função de confiança, cônjuge, companheiro ou parente até o segundo grau civil; IX - valer-se do cargo para lograr proveito pessoal ou de outrem, em detrimento da dignidade da função pública; X - participar de gerência ou administração de sociedade privada, personificada ou não personificada, exercer o comércio, exceto na qualidade de acionista, cotista ou comanditário; XI - atuar, como procurador ou intermediário, junto a repartições públicas, salvo quando se tratar de benefícios previdenciários ou assistenciais de parentes até o segundo grau, e de cônjuge ou companheiro; XII - receber propina, comissão, presente ou vantagem de qualquer espécie, em razão de suas atribuições; XIII - aceitar comissão, emprego ou pensão de estado estrangeiro; XIV - praticar usura sob qualquer de suas formas; XV - proceder de forma desidiosa; XVI - utilizar pessoal ou recursos materiais da repartição em serviços ou atividades particulares; XVII - cometer a outro servidor atribuições estranhas ao cargo que ocupa, exceto em situações de emergência e transitórias; XVIII - exercer quaisquer atividades que sejam incompatíveis com o exercício do cargo ou função e com o horário de trabalho; XIX - recusar-se a atualizar seus dados cadastrais quando solicitado Parágrafo único. A vedação de que trata o inciso X do caput deste artigo não se aplica nos seguintes casos: I - participação nos conselhos de administração e fiscal de empresas ou entidades em que a União detenha, direta ou indiretamente, participação no capital social ou em sociedade cooperativa constituída para prestar serviços a seus membros; e II - gozo de licença para o trato de interesses particulares, na forma do art. 91 desta Lei, observada a legislação sobre conflito de interesses. 2.3. Responsabilidade do servidor (art. 121 a 126): Hipótese de demissão: obs.: a reintegração no cargo quando o servidor é absolvido pelo judiciário com análise de mérito que se conclua pela negativa do fato ou inexistência de autoria pelo servidor. 2.4. Sanções que podem ser aplicadas pela prática de irregularidades ligadas ao cargo (Art. 127): ex.: advertência, suspensão, demissão, cassação de aposentadoria. As sanções para serem aplicadas devem ser motivadas (art. 128). Tal motivação exige contraditório, ampla defesa com a observância de considerar 05 itens obrigatório: (i) Natureza da infração; (ii) Gravidade dela; (iii) Os prejuízos que causou; (iv) Atenuantes e agravantes do caso concreto; (v) Os antecedentes do servidor. 2.4.1. Prescrição das sanções (art. 142): 7 de 8 “Art. 142. A ação disciplinar prescreverá: I - em 5 (cinco) anos, quanto às infrações puníveis com demissão, cassação de aposentadoria ou disponibilidade e destituição de cargo em comissão; II - em 2 (dois) anos, quanto à suspensão; III - em 180 (cento e oitenta) dias, quanto à advertência. § 1º O prazo de prescrição começa a correr da data em que o fato se tornou conhecido. § 2º Os prazos de prescrição previstos na lei penal aplicam-se às infrações disciplinares capituladas também como crime. § 3º A abertura de sindicância ou a instauração de processo disciplinar interrompe a prescrição, até a decisão final proferida por autoridade competente. § 4º Interrompido o curso da prescrição, o prazo começará a correr a partir do dia em que cessar a interrupção. 2.5. Instrumentos (art. 143 e seguintes): tanto a sindicância quanto o processo disciplinar, são instrumentos voltados a apuração de irregularidades na esfera administrativa. Nos dois procedimentos haverácontraditório e ampla defesa. 2.5.1. Sindicância: tem campo de atuação limitado objetivamente para apurar irregularidades que comportem no máximo a pena de suspensão por 30 dias. Além desse limite, sindicância não poderá ser mais utilizada. Resultados possíveis de uma sindicância art. 145: “Art. 145. Da sindicância poderá resultar: I - arquivamento do processo; II - aplicação de penalidade de advertência ou suspensão de até 30 (trinta) dias; III - instauração de processo disciplinar.” A conversão da sindicância em processo disciplinar com a utilização de todas as provas produzidas. 2.5.2. Processo disciplinar: pode ser utilizado para apuração de qualquer irregularidade administrativa. Para irregularidades que preveem suspensão até 30 dias pode ser apurados por sindicância ou processo disciplinar. Art. 148. O processo disciplinar é o instrumento destinado a apurar responsabilidade de servidor por infração praticada no exercício de suas atribuições, ou que tenha relação com as atribuições do cargo em que se encontre investido. 2.5.3. Fases do processo disciplinar (art. 151): “Art. 151. O processo disciplinar se desenvolve nas seguintes fases: I - instauração, com a publicação do ato que constituir a comissão; II - inquérito administrativo, que compreende instrução, defesa e relatório; 8 de 8 III - julgamento.” (i) Abertura: sempre pela publicação de uma portaria que deve descrever com detalhes a supostas irregularidades praticadas; deve apontar os integrantes da comissão processante; todos os integrantes da comissão devem ser estáveis; o presidente da comissão deve ter cargo superior ou igual ao investigado. “Art. 152. O prazo para a conclusão do processo disciplinar não excederá 60 (sessenta) dias, contados da data de publicação do ato que constituir a comissão, admitida a sua prorrogação por igual prazo, quando as circunstâncias o exigirem. § 1o Sempre que necessário, a comissão dedicará tempo integral aos seus trabalhos, ficando seus membros dispensados do ponto, até a entrega do relatório final. § 2o As reuniões da comissão serão registradas em atas que deverão detalhar as deliberações adotadas. (ii) Inquérito administrativo: é a fase de produção de provas; o servidor tem a possibilidade de defesa técnica por advogado sob pena de processo nulo, contudo, se dada a possibilidade de defesa técnica e for negada pelo servidor não ofenderá a constituição – súmula vinculante nº 05. “a falta de defesa técnica por advogado no processo administrativo disciplinar não ofende a constituição.” (iii) Fase de julgamento: o julgamento deve ser motivado. 2.5.4. Pedido de revisão (art. 174): pode ser proposto a qualquer tempo; fatos geradores do pedido de revisão: (i) Fato novo que não era conhecido das partes; (ii) Inadequação da pena Art. 174. O processo disciplinar poderá ser revisto, a qualquer tempo, a pedido ou de ofício, quando se aduzirem fatos novos ou circunstâncias suscetíveis de justificar a inocência do punido ou a inadequação da penalidade aplicada. § 1º Em caso de falecimento, ausência ou desaparecimento do servidor, qualquer pessoa da família poderá requerer a revisão do processo. § 2º No caso de incapacidade mental do servidor, a revisão será requerida pelo respectivo curador. Obs.: artigo 182, p. único proíbe o agravamento da situação do servidor por ocasião do pedido de revisão, contudo, surgindo fato novo agravando a situação do servidor é legítimo o agravamento da situação. Obs.: a apreciação judicial só será legítima no âmbito da legalidade, em respeito ao princípio da separação de poderes.
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