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MpMagEst Direito Civil Francisco Loureiro Data: 08/03/2013 Aula 03 MpMasEst – 2013 Anotador(a): Carlos Eduardo de Oliveira Rocha Complexo Educacional Damásio de Jesus RESUMO SUMÁRIO 1. Direitos da Personalidade. 2. Fatos Jurídicos. 1. DIREITOS DA PERSONALIDADE (Art. 11 a 21 CC). 1.1. Alteração do sobrenome: Adoção Divorcio Casamento Fim do casamento O código civil autoriza acrescentar o nome do cônjuge no sobrenome (art. 1565). No caso de união estável, a lei 6.015/73 tem a previsão do companheiro em adotar o nome do outro. Obs.: o prazo de 05 anos não mais se exige para reconhecimento da união estável; impedimento de casar deve ser lido em consonância com a união as diretrizes da união estável; “Art. 1.565. Pelo casamento, homem e mulher assumem mutuamente a condição de consortes, companheiros e responsáveis pelos encargos da família. § 1o Qualquer dos nubentes, querendo, poderá acrescer ao seu o sobrenome do outro. § 2o O planejamento familiar é de livre decisão do casal, competindo ao Estado propiciar recursos educacionais e financeiros para o exercício desse direito, vedado qualquer tipo de coerção por parte de instituições privadas ou públicas. “Art. 1.571. A sociedade conjugal termina: I - pela morte de um dos cônjuges; II - pela nulidade ou anulação do casamento; III - pela separação judicial; IV - pelo divórcio. § 1o O casamento válido só se dissolve pela morte de um dos cônjuges ou pelo divórcio, aplicando-se a presunção estabelecida neste Código quanto ao ausente. § 2o Dissolvido o casamento pelo divórcio direto ou por conversão, o cônjuge poderá manter o nome de casado; salvo, no segundo caso, dispondo em contrário a sentença de separação judicial.” 2 de 6 No divórcio a previsão é expressa e não se termina a perda do nome. A separação com base na culpa do outro cônjuge, diz que o inocente pode pedir que o culpado deixe de usar o sobrenome do outro. Salvo se a perda do sobrenome provocar imenso prejuízo ao outro. Não há perda do sobrenome quando não houver divergência do sobrenome da mãe com os filhos que levam o sobrenome dos pais. Quando a perda do sobrenome por alguma razão provocar prejuízo à outra parte. “Art. 1.578. O cônjuge declarado culpado na ação de separação judicial perde o direito de usar o sobrenome do outro, desde que expressamente requerido pelo cônjuge inocente e se a alteração não acarretar: I - evidente prejuízo para a sua identificação; II - manifesta distinção entre o seu nome de família e o dos filhos havidos da união dissolvida; III - dano grave reconhecido na decisão judicial. § 1o O cônjuge inocente na ação de separação judicial poderá renunciar, a qualquer momento, ao direito de usar o sobrenome do outro. § 2o Nos demais casos caberá a opção pela conservação do nome de casado.” Está previsto como direitos da personalidade que eventual ato culposo do casamento, não pode prejudicar interesses da personalidade da outra parte. Alteração do sobrenome Art. 57,§8º da Lei 6.015 é possível à adoção do sobrenome do padrasto, desde que com sua autorização. “Art. 57. A alteração posterior de nome, somente por exceção e motivadamente, após audiência do Ministério Público, será permitida por sentença do juiz a que estiver sujeito o registro, arquivando-se o mandado e publicando-se a alteração pela imprensa, ressalvada a hipótese do art. 110 desta Lei.” § 8º O enteado ou a enteada, havendo motivo ponderável e na forma dos §§ 2o e 7o deste artigo, poderá requerer ao juiz competente que, no registro de nascimento, seja averbado o nome de família de seu padrasto ou de sua madrasta, desde que haja expressa concordância destes, sem prejuízo de seus apelidos de família”. Fora hipóteses previstas na lei, a jurisprudência inovou em alguns sentidos: A retirada do sobrenome do seu pai, em razão de abandono afetivo. O filho não quer carregar o seu sobrenome. 2.2. Situações que expõe a pessoa a humilhação pública, pelo uso indevido do nome. “Art. 17. O nome da pessoa não pode ser empregado por outrem em publicações ou representações que a exponham ao desprezo público, ainda quando não haja intenção difamatória.” 3 de 6 É proibido usar o nome da pessoa sem autorização em propaganda comercial. Art. 18 Essa vantagem econômica é ampla (tb. Em casos de campanha politica). “Art. 18. Sem autorização, não se pode usar o nome alheio em propaganda comercial.” Pseudônimo (é o falso nome, é o nome artístico): deve ser constante, (ao longo do tempo) e legítimo. Obs.: a lei não admite que seja notório. Designa a pessoa sem ser com seu nome civil. Pseudônimo e nome verdadeiro tem a mesma proteção legal. “Art. 19. O pseudônimo adotado para atividades lícitas goza da proteção que se dá ao nome.” 2.3. Direito a integridade moral. Palavra, imagem e escritos da pessoa. “Art. 20. Salvo se autorizadas, ou se necessárias à administração da justiça ou à manutenção da ordem pública, a divulgação de escritos, a transmissão da palavra, ou a publicação, a exposição ou a utilização da imagem de uma pessoa poderão ser proibidas, a seu requerimento e sem prejuízo da indenização que couber, se lhe atingirem a honra, a boa fama ou a respeitabilidade, ou se se destinarem a fins comerciais.” Art. 21. A vida privada da pessoa natural é inviolável, e o juiz, a requerimento do interessado, adotará as providências necessárias para impedir ou fazer cessar ato contrário a esta norma. A lei de direito de autor 9.610/98, regula a proteção intelectual e a imagem da pessoa como direito da personalidade. O direito a imagem está previsto como direito de personalidade autônomo no art. 5º, X da CF e não se confunde com direito a honra, a intimidade. Ou seja, protege-se a imagem de forma autônoma. Obs.: protegem-se, inclusive gestos peculiares das pessoas. “X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;” Imagem retrato: é a imagem física da pessoa, Imagem atributo: é o conjunto de características que identifica a pessoa no grupo social. Também pode ser violada (ex.: Xuxa ajuizou ação proibindo a veiculação do filme com conteúdo sexual) O dano pela veiculação indevida da imagem o dano é “in re ipsa”. Quando se viola um direito da personalidade eu não preciso provar um sofrimento extenso, o dano é natural da violação. Quando não há violação direita ao direito da personalidade é um dano moral subjetivo. Sumula 403 STJ. Independe de prova do prejuízo pela publicação da imagem não autorizada provoca dano in re ipsa. 4 de 6 STJ REsp 1020936 – médicos acionaram planos de saúde por inclusão de seus nomes nos livros de médicos credenciados sem as devidas autorizações. http://www.jusbrasil.com.br/diarios/50851059/djpa-15-02-2013-pg-156/pdfView STJ REsp 1005278 – acidente grave de veículo, utilização indevida das imagens do acidente com sensacionalismo. http://www.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/17380430/recurso-especial-resp-1005278-se-2007- 0264631-0-stj/inteiro-teor Tutela de direito à imagem: Como qualquer direito da personalidade Art. 12 caput, possui tutela preventiva e repressiva. Mas não se aplica quando se tratar de pessoa já falecida. “Art. 12. Pode-se exigir que cesse a ameaça, ou a lesão, a direito da personalidade, e reclamar perdas e danos, sem prejuízo de outras sanções previstas em lei. Parágrafo único. Em se tratando de morto, terá legitimação para requerer a medida prevista neste artigo o cônjuge sobrevivente, ou qualquer parente em linha reta, ou colateral até o quarto grau.” Art. 20 cc. tem legitimaçãomais restrita – pessoa morta e ausente – legitimação não inclui os colaterais. Seção do uso do direito à imagem não é perpetua – é permitida a cessão temporária. Não pode ser excessivamente genérica. Não se exige que ela seja solene, mas se exige que seja inequívoca. Exceções: manutenção a ordem pública, independe de autorização para veiculação da imagem, da mesma forma quando há interesse da administração da justiça (cartaz de procurado). Local público: o sujeito reclama que não autorizou a veiculação de sua foto (ex.: jogo de futebol), o sujeito está no contexto e portanto, a foto quer retratar o evento. Direito a intimidade e a vida privada (Art. 21 cc, Art. 5,X, XI e XII CF.). Vida privada são fatos que dizem respeito não só à pessoa, mas ao vinculo de convívio. Condomínio, clube, etc. Intimidade: são fatos que dizem respeito ao vínculo familiar. Segredo: são fatos que se referem só a pessoa. É o direito de preservar do conhecimento alheio tudo aquilo que é intimo e pessoal. Abrange o sigilo bancário, postal, telefônico, o direito de não ter sua doença vinculada, etc. Se o fato for verdadeiro é irrelevante. Art. 1301 cc. Direito de vizinhança, o vizinho tem a faculdade de pedir que ele feche a janela a menos de um metro e médio da linha divisória. Se demorar mais de ano e dia, pode ser erguido um muro. “Art. 1.301. É defeso abrir janelas, ou fazer eirado, terraço ou varanda, a menos de metro e meio do terreno vizinho. 5 de 6 § 1º As janelas cuja visão não incida sobre a linha divisória, bem como as perpendiculares, não poderão ser abertas a menos de setenta e cinco centímetros”. 3. FATOS JURÍDICOS (Art. 104 a 184 cc) 2.1. Fato jurídico: qualquer acontecimento que provoca efeitos jurídicos (criação, modificação ou extinção de uma relação jurídica). Para que haja fato jurídico é necessário um acontecimento e esse fato deve encontrar resposta no ordenamento jurídico como suficiente para produzir consequências. Fatos jurídicos se dividem: Fatos jurídicos naturais, ou em sentido estrito: é o fato da natureza que provoca efeitos jurídicos (chuva, seca, neve, etc.) (i) Ordinários (ii) Extraordinário Fatos jurídicos voluntários são atos jurídicos em sentido lato, que decorre da vontade humana. (i) Ilícito: gera apenas deveres de quem pratica o ato – é uma fonte de obrigações. (ii) Lícito: geram direitos e obrigações – a liberdade para criar obrigações a) Em sentido estrito é a manifestação de vontade cujos efeitos não dependem do agente. A consequência decorre da lei e não da vontade do agente. Ex.: mudança de domicílio. Reconhecimento de filho menor, os alimentos decorrem diretamente da lei. b) Ato fato (muito próximo ao ato jurídico em sentido estrito) leva em conta as consequências do fato, despreza completamente a vontade de praticar o fato. Ex.: alguns atos praticados pelo incapaz produzem efeitos jurídicos – são comportamentos socialmente aceitos e não se cogita da capacidade do agente. Ex.: filho de 10 anos que faz compras na padaria, no mercado etc. Menor com 13 anos utiliza sozinho metro e ônibus. c) Negócio jurídico: declaração de vontade destina a produzir efeitos que o agente deseja e que o ordenamento jurídico reconhece. (criar direitos, modificar direitos, excluir direitos) 3.2. Planos do negócio jurídico a) Existência – elementos essenciais do negócio jurídico (se faltar qualquer um deles o negócio é inexistente). (i) Consentimento (ii) Objeto (iii) Forma – quando o negócio jurídico não tem forma, ele sequer nasce. b) Validade – a invalidade de divide em dois planos: nulidade e anulabilidade. 6 de 6 c) Eficácia – o negócio existe, é válido, mas uma circunstância externa obsta a produção de efeitos (condição). (i) Absoluta – quando o negócio jurídico não produz efeitos à ninguém. (ii) Relativa – quando o negócio jurídico não produz efeitos a certas pessoas que a lei indicará Ex.: fraude a execução. 3.3. Disposições gerais do negócio jurídico (Art.104 a 114 cc). Art. 110 cc. Reserva mental (ou reticencia) – a manifestação de vontade discordante do seu real conteúdo (aparenta querer um negócio, mas não na verdade não quer). Não é simulação, que se caracteriza quando duas pessoas acordam com o objetivo de prejudicar terceiros. Também não é erro porque neste há falsa percepção da realidade. Efeito da reticencia: vale o que foi declarado, se a pessoa a quem se dirige a declaração, o negócio é válido, é irrelevante a reserva mental. No entanto se o destinatário da declaração de vontade sabia da reserva, o negócio é inexistência, porque nem consenso existe. Contudo o Nelson Nery diz que o negócio é nulo (corrente minoritária). Art. 111 cc. Silêncio. Significa a anuência quando as circunstancias e os usos autorizarem. O silencio é neutro, não significa aceitação nem recusa. Silencio circunstanciado, quando a lei ou usos e costumes conferirem efeitos jurídicos positivos e negativos do silencio. No CDC art 39,III – contra o consumidor não se admite o silencio.
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