Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
MpMagEst Direito Civil Francisco Loureiro Data: 28/06/2013 Aula 10 MpMagEst – 2013 Anotador(a): Carlos Eduardo de Oliveira Rocha Complexo Educacional Damásio de Jesus RESUMO SUMÁRIO 1. Responsabilidade Civil. 2. Dano moral. 3. Nexo de causalidade 1. RESPONSABILIDADE CIVIL 1.1. Elementos (continuação). (i) Culpa: é a violação do dever de conduta que o agente podia conhecer e deveria observar. Na responsabilidade aquiliana é um dever amplo, disposto no artigo 186. Na responsabilidade contratual é um dever de se comportar de acordo com as regras e de acordo com a conduta que foi ajustada no contrato. (ii) Responsabilidade (iii) Dano Obs.: Cláusula geral – são princípios positivados – art. 186 responsabilidade subjetiva: “Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.” Ao verificar se alguém agiu de modo culposo ou não, é considerado o homem médio –“bonus pater familias” – teoria normativa da culpa, porque sempre se constata a violação do dever de conduta comparando com a conduta do homem ideal. Modalidades de culpa: Imprudência: falta de dever de cuidado. O agente é precipitado, descuidado; Negligencia: é um comportamento omissivo, o agente permanece inerte quando tinha o dever legal de agir. Trata-se da desídia. Imperícia: é a culpa profissional, onde se tem a violação da aptidão técnica (teórica ou prática) desenvolvida por alguém na sua atividade profissional. Grau de culpa – classificação: “Art. 944. A indenização mede-se pela extensão do dano. Parágrafo único. Se houver excessiva desproporção entre a gravidade da culpa e o dano, poderá o juiz reduzir, eqüitativamente, a indenização.” 2 de 5 Em certos casos há uma desproporção entre o dano e a culpa (grau de reprovabilidade da conduta do agente). Por um pequeno descuido, não se pode levar o agente a ruína. Pode ser determinado que o agente culposo repare apenas parte da dívida. No dano moral, além da aplicação da minoração do prejuízo, também é possível a majoração em razão do grau de culpa. Culpa grave: Culpa leve: Culpa levíssima: O incapaz (absoluta e relativamente) responde pessoalmente pelos prejuízos que causar – de forma subjetiva: “Art. 928. O incapaz responde pelos prejuízos que causar, se as pessoas por ele responsáveis não tiverem obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de meios suficientes. Parágrafo único. A indenização prevista neste artigo, que deverá ser eqüitativa, não terá lugar se privar do necessário o incapaz ou as pessoas que dele dependem.” O juiz poderá deixar de aplicar a condenação se entender que tal fato o levará a sérios prejuízos, ou a miséria – regra de equidade. A ideia é não deixar a vítima sem indenização. Culpa in vigilando: é a violação do dever de zelar, de cuidar, de controlar alguém – em especial os incapazes – está em franco declínio em razão da responsabilidade objetiva dos pais Culpa in elegendo: é a modalidade de culpa decorrente da má escolha do agente culposo – (art. 932) – esta em franco desuso. Culpa in contrahendo: é a violação a deveres de conduta em especial ao princípio da boa-fé objetiva. Fase da puntuação – nos contratos é a fase anterior a assinatura que se avalia a viabilidade da contratação – trata-se da responsabilidade pré-contratual (responsabilidade aquiliana). É a justa expectativa de contratação. Se frustrada sem justo motivo é possível indenização e reparação dos custos que teve a fim de objetivar a contratação ex.: custos com advogado, contadores, perícias etc. “Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil: I - os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia; II - o tutor e o curador, pelos pupilos e curatelados, que se acharem nas mesmas condições; III - o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício do trabalho que lhes competir, ou em razão dele; IV - os donos de hotéis, hospedarias, casas ou estabelecimentos onde se albergue por dinheiro, mesmo para fins de educação, pelos seus hóspedes, moradores e educandos; V - os que gratuitamente houverem participado nos produtos do crime, até a concorrente quantia.” 3 de 5 1.2. Responsabilidade objetiva (art 927, p. único) – teoria do risco: “Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo. Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.” 1.2.1. Modalidade de teoria do risco: (i) Teoria do risco integral (não adotada pelo código civil): pouco importa a natureza do dano, basta demonstrar o dano ligado a uma certa atividade para que a vítima tenha direito a indenização. Nesse caso a culpa exclusiva da vítima, fortuito ou força maior são afastadas. Ex.: responsabilidade civil por quem explora atividade nuclear, indenização profissional previdenciária; (ii) Teoria do risco proveito: alguém em suas múltiplas funções cria riscos para outrem e tem vantagens econômicas para si, é justo que no caso de dano seja responsabilizado; “ubi emolumentum ibi onus” – quem tem a vantagem paga a conta ex.: CDC nos casos de acidente de consumo. (iii) Risco atividade ou risco criado: uma atividade naturalmente perigosa que provoque um risco potencial de quem dessa atividade se aproxima. A diferença entre o risco proveito é que nele não exige atividade de risco, mas que tenha apenas proveito econômico. A responsabilidade objetiva ocorre sem prejuízo dos casos expressos em lei, ou seja, o código civil não revogou as hipóteses de responsabilidade definidas em leis especiais. Art. 187 não exige culpa do agente, basta exercício do direito de forma excessiva ou desiquilibrada ex.: negativação do devedor em razão de valor irrisório R$0,50. Deve indenizar. 1.3. Dano: diferença patrimonial da vítima comparando seu patrimônio antes e posterior ao ato ilícito. Teoria do interesse: o dano é a lesão ao interesse juridicamente protegido O dano é a medida da indenização (art. 944): “Art. 944. A indenização mede-se pela extensão do dano. Parágrafo único. Se houver excessiva desproporção entre a gravidade da culpa e o dano, poderá o juiz reduzir, eqüitativamente, a indenização.” 1.3.1. Requisitos do dano: (i) Certo – não se indeniza dano eventual ou hipotético. O dano deve ser real ou pelo menos uma probabilidade de sua existência ex.: o que poderia ter acontecido, mas não ocorreu. Obs.: perda de uma chance: só será indenizada quando perdida, tiver uma valor econômico dentro de um critério de probabilidade ex.: show do milhão, as quatro respostas estavam erradas e assim pleiteou a perda de uma chance de ganhar o concurso. O STJ determinou que pagasse 1/4 de R$ 500 mil. Calculou a indenização nos critérios da chance e não do 4 de 5 valor total do que poderia ganhar. Ex.: responsabilidade civil do advogado por perda do prazo. (ii) Dano deve ser imediato (art. 403): só indeniza os danos que tiveram causa direta e imediata. “Art. 403. Ainda que a inexecução resulte de dolo do devedor, as perdas e danos só incluem os prejuízos efetivos e os lucros cessantes por efeito dela direto e imediato, sem prejuízo do disposto na lei processual.” É possível o dano material reflexo ou por ricochete – prejuízo sofrido por terceiro em decorrência dos danos sofridos pela vítima. Apenas serão indenizáveis se provado o nexo de causalidade.(iii) O dano deve ser injusto – deve haver ofensa ao interesse legítimo, caso contrário não há dano a ser indenizado. (iv) O dano de ser subsistente – não deve ter sido indenizado por outrem ex.: alguém atropelado é cuidado pelo plano de saúde não tem direito a indenização por tais gastos. O valor pago a título previdenciário não pode ser compensado a título de indenização. Obs.: o dano futuro só poderá ser indenizado se não for eventual. 2. DANO MORAL (art. 186 e 5º, X da CF) É todo e qualquer sofrimento humano que não é causado por uma perda pecuniária. É uma lesão ao bem da personalidade. Segundo o STJ alguma modalidade de dano moral é “in re ipsa” – é o dano moral que não se precisa comprovar o sofrimento ex.: negativação. Em outros casos, há dano moral subjetivo – uma angústia intensa, onde se deve comprovar o sofrimento. Principais súmulas do STJ “Súmula 37 – São cumuláveis indenização por dano moral e material oriundos do mesmo fato.” “Súmula: 388 – A simples devolução indevida de cheque caracteriza dano moral.” “Súmula: 370 – Caracteriza dano moral a apresentação antecipada de cheque pré-datado.” “Súmula: 387 – É lícita a cumulação das indenizações de dano estético e dano moral.” “Súmula: 385 – Da anotação irregular em cadastro de proteção ao crédito, não cabe indenização por dano moral, quando preexistente legítima inscrição, ressalvado o direito ao cancelamento.” 5 de 5 “Súmula: 362 A correção monetária do valor da indenização do dano moral incide desde a data do arbitramento.” “Súmula: 326 – Na ação de indenização por dano moral, a condenação em montante inferior ao postulado na inicial não implica sucumbência recíproca.” Obs.: o valor da causa não se submete a estimação do dano moral –poderá ser fixada a menor. 3. NEXO DE CAUSALIDADE É a interligação entre o ato ilícito e o dano sofrido pela vítima. Obs.: tem ordenamentos que amplia o nexo de causalidade e outros que diminuem. O art. 403 menciona que nem todos os danos são indenizáveis. Coautoria de agentes causadores do ato ilícito: se for em decorrência de responsabilidade aquiliana, trata-se de responsabilidade solidária dos agentes. Contudo se a solidariedade for contratual, não terá efeito automático. Teoria da equivalência das condições (totalmente em desuso): toda contribuição é equivalente para concorrência do dano. Varia a responsabilização ao infinito. Teoria da causalidade adequada (é constantemente utilizada): só é causa do dano o fator que por si só é apta a produzi-lo. É o fator que normalmente produz aquele efeito. Teoria do dano direito e imediato: é indenizável todo dano que se filie a uma causa desde que seja necessária. Não há nenhum outro fator que possa justificar aquele dano. Teoria da responsabilidade civil pelo fato da coisa: aquele que tem coisas perigosas em seu poder responde pelos danos que causar a terceiros 935 e 938 “Art. 935. A responsabilidade civil é independente da criminal, não se podendo questionar mais sobre a existência do fato, ou sobre quem seja o seu autor, quando estas questões se acharem decididas no juízo criminal.” “Art. 938. Aquele que habitar prédio, ou parte dele, responde pelo dano proveniente das coisas que dele caírem ou forem lançadas em lugar indevido.” Obs.: o art. 935 foi estendido pelos proprietários de veículo, inclusive para as locadoras de veículos, mas não se estende as arrendadoras (leasing).
Compartilhar