Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
MpMagEst Direito Civil Obrigações José Simão Data: 25/03/2013 Aula 05 MpMasEst – 2013 Anotador(a): Carlos Eduardo de Oliveira Rocha Complexo Educacional Damásio de Jesus RESUMO SUMÁRIO 1. Obrigação solidária. 2. Pagamento ou adimplemento 1. OBRIGAÇÃO SOLIDÁRIA Regras da solidariedade Juros: “Art. 280. Todos os devedores respondem pelos juros da mora, ainda que a ação tenha sido proposta somente contra um; mas o culpado responde aos outros pela obrigação acrescida.” Regra geral: pressupõe culpa. Mora é o inadimplemento culposo da prestação que ainda é útil ao credor. Todos os devedores respondem solidariamente pelos juros de mora. Se o devedor inocente pagar terá direito de regresso contra o devedor culpado. Remissão: é o perdão de uma dívida, constituindo direito exclusivo do credor de exonerar o devedor. A remissão concedida a um dos codevedores extingue a dívida na parte a ele correspondente, não atingindo a solidariedade em relação aos demais. Entretanto, para que o credor cobre a dívida deverá abater dos demais a quota do devedor que foi perdoado. A solidariedade, para todos os efeitos, permanece. “Art. 277. O pagamento parcial feito por um dos devedores e a remissão por ele obtida não aproveitam aos outros devedores, senão até à concorrência da quantia paga ou relevada.” “Art. 388. A remissão concedida a um dos co-devedores extingue a dívida na parte a ele correspondente; de modo que, ainda reservando o credor a solidariedade contra os outros, já lhes não pode cobrar o débito sem dedução da parte remitida.” Renúncia Art. 282: “Art. 282. O credor pode renunciar à solidariedade em favor de um, de alguns ou de todos os devedores.” 2 de 5 1.1. A renúncia é negócio jurídico unilateral, pois não precisa da concordância para produzir efeitos. Se o credor renunciar a solidariedade em favor de todos os devedores solidários, não há redução da dívida, mas a obrigação passa a ser divisível ou indivisível de acordo com a natureza do seu objeto. Se a renúncia beneficiar apenas um dos devedores, o beneficiado só poderá ser cobrado quanto a seu quinhão na dívida. Já os demais continuam solidariamente responsáveis, mas a doutrina diverge. Primeira corrente – doutrina majoritária Maria Helena Diniz e enunciado 349 do CJF, os demais devedores respondem solidariamente descontando-se a cota do beneficiado pela renúncia. Segunda corrente – Gustavo Tepedino. Os demais devedores respondem solidariamente pela integralidade da dívida 1.2. Direito de regresso. Se um dos devedores pagar a dívida toda, poderá cobrar dos codevedores a suas cotas no débito, mas de maneira divisível, pois a solidariedade se extingue com o pagamento. O devedor que pagou desconta sua parte no débito e cobra a diferença dos demais. Exceção (art. 285) “Art. 285. Se a dívida solidária interessar exclusivamente a um dos devedores, responderá este por toda ela para com aquele que pagar. Por este artigo se a dívida beneficiar penas um dos devedores solidários e o não beneficiado pagá- la integralmente, poderá cobrar integralmente o valor que quitou. Ex.: fiador que por força do contrato se torna devedor solidário e paga a dívida toda. 1.3. Rateio da cota do insolvente (Art. 284cc) “Art. 284. No caso de rateio entre os co-devedores, contribuirão também os exonerados da solidariedade pelo credor, pela parte que na obrigação incumbia ao insolvente.” Se no momento do regresso um dos codevedores for insolvente sua cota será dividida entre os demais, pois não seria justo que a insolvência de um devedor prejudicasse apenas aquele que pagou. Obs.: Pela literalidade do artigo 284, participa do rateio da cota do insolvente mesmo os devedores beneficiados pela renuncia, insto porque, a renúncia não extingue sua obrigação. A lei não menciona se os devedores perdoados participam do rateio, mas a resposta é negativa, pois com o perdão a dívida se extinguiu. Enunciado 350 do CJF. Obs.: Onde a dívida morre, morre a responsabilidade pelo rateio (Renuncia) Onde a dívida não morre, a responsabilidade do rateio permanece (Remissão) 2. PAGAMENTO OU ADIMPLEMENTO Pagamento é sinônimo de adimplemento? 1ª Corrente: Orlando Gomes e Judite Martins-Costa. A resposta é afirmativa, não havendo diferença quanto aos efeitos. 2ª Corrente: Silvio Rodrigues. O adimplemento é um gênero que contém duas espécies: (i) pagamento é o meio direto de cumprimento da prestação Ex.: o devedor faz o muro. (ii) adimplemento pelos meios indiretos de cumprimento da prestação (novação, confusão, dação, etc). 3 de 5 3ª Corrente: Pontes de Miranda. Pagamento se aplica apenas as obrigações pecuniárias (dar dinheiro). 2.1. Pagamento direito – roteiro: 2.1.1. Quem deve pagar 2.1.2. A quem se deve pagar 2.1.3. Objeto do pagamento 2.1.4. Lugar do pagamento 2.1.5. Tempo do pagamento. 2.2. Quem deve pagar? Solvens (art. 304 a 307 cc). É o devedor, ou seja, o sujeito passivo da obrigação. Contudo, o sistema brasileiro admite que terceiros paguem a dívida. Isso porque o objetivo do processo obrigacional é o adimplemento. Exceção se dá com a obrigação personalíssima – intuitu personae – que só pode ser cumprida pelo devedor. Art. 304. Qualquer interessado na extinção da dívida pode pagá- la, usando, se o credor se opuser, dos meios conducentes à exoneração do devedor. Parágrafo único. Igual direito cabe ao terceiro não interessado, se o fizer em nome e à conta do devedor, salvo oposição deste.” Existem dois tipos de terceiros: a) Terceiro interessado: é aquele que pode sofrer as consequências jurídicas do inadimplemento ex.: fiador, pois pode ser cobrado pela dívida e sublocatário que pode ser despejado caso o locatário não pague a dívida. O terceiro interessado que paga, tem direito de reembolso, com a vantagem da sub-rogação, ou seja, substitui o credor automaticamente nos direitos, garantias e privilégios. b) Terceiro não interessado: é o que não sofre as consequências jurídicas do inadimplemento. Paga por motivos pessoais ou morais. Obs.: interesse patrimonial, não significa interesse afetivo. Ex.: um pai que paga uma dívida do filho por intuito afetivo deve ser considerado terceiro não interessado. ATENÇÃO: se o terceiro pagar “em nome do devedor”, fez uma liberalidade que equivale a uma doação e, portanto, nada poderá cobrar. Se o terceiro pagar em nome próprio, terá direito de reembolso, mas sem a vantagem da sub- rogação. Obs.: (art. 306 cc.) “Art. 306. O pagamento feito por terceiro, com desconhecimento ou oposição do devedor, não obriga a reembolsar aquele que pagou, se o devedor tinha meios para ilidir a ação.” O terceiro não terá direito ao reembolso se o pagamento foi feito com desconhecimento ou oposição do devedor que tinha meios para afastar a cobrança ex.: terceiro paga dívida prescrita. 4 de 5 2.3. A que se deve pagar? Accipiens (art. 308 a 309 cc.) Em regra paga-se para o credor, pois ele é o sujeito ativo da obrigação. Contudo, excepcionalmente pode se pagar ao terceiro, são as hipóteses de representação legal (ex.: representante do incapaz) ou contratual (ex.: mandatário). “Art. 308. O pagamento deve ser feito ao credor ou a quem de direito o represente, sob pena de só valer depois de por ele ratificado, ou tanto quanto reverter em seu proveito.” O efeito do pagamento é extinguir a obrigação liberando, exonerando o devedor. Assim, quando este paga ao credor ou ao seu representante, o pagamento é eficaz, o libera. Contudo, se o pagamento é feito a um terceiro o devedor não está liberado, a obrigação não se extinguiu. Pagamento ineficaz, assim, quem paga mal (a quem não é credor) paga duas vezes,ou seja, pode ser cobrado pelo credor. Exceções: (art. 358) o pagamento feito a terceiros que libera o devedor: (i) Se o credor confirmar (ratificar) o pagamento. A confirmação impede a cobrança, pois o credor atentaria contra a boa-fé (venire contra factum proprium) “Art. 385. A remissão da dívida, aceita pelo devedor, extingue a obrigação, mas sem prejuízo de terceiro.” (ii) Se o devedor provar que o pagamento reverteu em benefício do credor. Ex.: credor não recebe o aluguel mas seu irmão que o recebeu paga contas do próprio credor. 2.3.1. Credor aparente ou putativo (art. 309 cc) “Art. 309. O pagamento feito de boa-fé ao credor putativo é válido, ainda provado depois que não era credor.” É aquele que aos olhos do mundo parece ser credor, mas não o é. Ex.: pagamento ao herdeiro deserdado por testamento. Duas hipóteses: (i) Devedor não sabia se tratar de credor putativo, agindo de boa-fé. Nesta hipótese está exonerado, cabendo ao credor real cobrar o putativo. (ii) Se o devedor agiu de má-fé, pagou mal, ou seja, o pagamento é ineficaz e continua devendo ao credor real. Trata-se de boa-fé subjetiva, que é o conhecimento ou não de um fato. ATENÇÃO: o termo da lei é “válido” (no sentido popular e não jurídico) e deve ser lido como ineficácia. 2.3.2. Pagamento cientemente feito ao credor incapaz de quitar (art. 310 cc) “Art. 310. Não vale o pagamento cientemente feito ao credor incapaz de quitar, se o devedor não provar que em benefício dele efetivamente reverteu.” Apresar de a lei se utilizar do vocábulo válido, o pagamento feito a incapaz não produz efeitos, ou seja, não libera o devedor. Portanto não se trata de pagamento nulo ou 5 de 5 anulável, mas sim ineficaz. Contudo se o devedor provar que o pagamento aproveitou ao incapaz este será eficaz, liberando o devedor. ATENÇÃO: os artigos 308, 309 e 310, repercutem no plano da eficácia e não no plano da validade. Enunciado 425 do CJF. Benefício do credor é dado objetivo, ou seja, independe de sua vontade, bastando um acréscimo patrimonial ou redução de suas dívidas. 2.4. Objeto do pagamento.
Compartilhar