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MpMagEst Direito Civil Obrigações José Simão Data: 04/04/2013 Aula 06 MpMasEst – 2013 Anotador(a): Carlos Eduardo de Oliveira Rocha Complexo Educacional Damásio de Jesus RESUMO SUMÁRIO 1. Pagamento direto 2. Lugar do pagamento 3. Tempo do pagamento 4. Obrigação com prazo de vencimento. 1. PAGAMENTO DIRETO 1.1. Objeto do pagamento. Regra geral do direito obrigacional (serve nas obrigações de dar, fazer ou não fazer - Art. 313). O credor não é obrigado a aceitar prestação diversa ainda que mais valiosa aliud pro alio (uma coisa pela outra). A regra se aplica as prestações de dar, fazer e não fazer (regra geral de pagamento). Se o credor aceitar prestação diversa ocorre dação em pagamento. “Art. 313. O credor não é obrigado a receber prestação diversa da que lhe é devida, ainda que mais valiosa.” Princípio da identidade física da prestação (art. 314): “Art. 314. Ainda que a obrigação tenha por objeto prestação divisível, não pode o credor ser obrigado a receber, nem o devedor a pagar, por partes, se assim não se ajustou.” Ainda que a prestação seja divisível, o devedor não pode cumpri-la em partes nem se o credor assim exigi-la salvo expressa previsão legal o u contratual. O pagamento deve ser integral. Obs.: o CPC no artigo 745-A, excepciona o princípio permitindo ao executado que reconhecendo a dívida e depositando 30% do seu valor, requeira o parcelamento do saldo em até 06 vezes. “Art. 745-A. No prazo para embargos, reconhecendo o crédito do exeqüente e comprovando o depósito de 30% (trinta por cento) do valor em execução, inclusive custas e honorários de advogado, poderá o executado requerer seja admitido a pagar o restante em até 6 (seis) parcelas mensais, acrescidas de correção monetária e juros de 1% (um por cento) ao mês.” Princípio do nominalismo (art. 315): “Art. 315. As dívidas em dinheiro deverão ser pagas no vencimento, em moeda corrente e pelo valor nominal, salvo o disposto nos artigos subseqüentes.” 2 de 5 As dívidas em dinheiro devem ser pagas no seu vencimento pelo valor nominal, ou seja, sem qualquer acréscimo ou reajuste. Exceções ao princípio do nominalismo: (i) Dívida de valor – é aquela em que a quantia paga permite ao credor a aquisição de certos bens ex.: pensão alimentícia, nesta hipótese a correção monetária é automática; Art. 1710 do cc. “Art. 1.710. As prestações alimentícias, de qualquer natureza, serão atualizadas segundo índice oficial regularmente estabelecido.” (ii) Cláusula de escala móvel (Art. 316 cc) – é a alteração ou reajuste das prestações por previsão contratual. “Art. 316. É lícito convencionar o aumento progressivo de prestações sucessivas.” A cláusula contratual pode prever correção monetária que é a recomposição do valor de compra da moeda que se altera em razão da inflação. O índice oficial de correção monetária é o IPC – índice de preços ao consumidor. O IGMP é medido pela Fundação Getúlio Vargas e não é oficial. Obs.: para evitar inflação a MP que criou o plano real em 1994 e depois foi convertida em lei (10.192/01), proíbe a correção monetária em periodicidade inferior a um ano, sob pena de nulidade da cláusula. O contrato também pode prever pagamento de juros que serão devidos entre a formação do contrato e o vencimento da obrigação. Estes juros são chamados remuneratórios e são frutos civis produzidos pelo capital. Não se confundem com a correção monetária que é o principal atualizado. A taxa oficial que indica os juros é a SELIC, fixada pelo comitê de politica econômica a cada 45 dias. (iii) Revisão judicial do contrato (Art. 317) “Art. 317. Quando, por motivos imprevisíveis, sobrevier desproporção manifesta entre o valor da prestação devida e o do momento de sua execução, poderá o juiz corrigi-lo, a pedido da parte, de modo que assegure, quanto possível, o valor real da prestação.” Quando por motivos imprevisíveis ocorrer desproporção manifesta entre o valor da prestação devida e o do momento de sua execução o juiz poderá corrigi-lo de maneira a assegurar o valor real da prestação. O contrato nasce equilibrado e sofre desequilíbrio por motivo imprevisível e posterior. Observações: 3 de 5 A revisão do contrato está no plano da eficácia, pois decorre de motivo posterior a formação. Há quebra do sinalagma funcional se este não puder ser equilibrado ocorrerá resolução do contrato. Difere da lesão, pois nesta o contrato já nasce desequilibrado, ou seja, o problema está no sinalagma genético e portanto o contrato é anulável (plano da validade). A cláusula Rebus sic stantibus (estando assim as coisas), é criação medieval que permite a revisão ou extinção do contrato desde que mudem as coisas entre a sua formação e o seu comprimento. O código civil adota a teoria da imprevisão que é um desdobramento da cláusula rebus. 2. LUGAR DO PAGAMENTO. Em regra a dívida é paga no domicílio do devedor – denominada de quesível (quérable) Art. 327 “Art. 327. Efetuar-se-á o pagamento no domicílio do devedor, salvo se as partes convencionarem diversamente, ou se o contrário resultar da lei, da natureza da obrigação ou das circunstâncias. Parágrafo único. Designados dois ou mais lugares, cabe ao credor escolher entre eles.” Obs.: a lei o contrato podem determinar pagamento em lugar diverso hipótese em que a dívida é chamada de portável (portable) DICA: quem porta, carrega, logo sai de seu domicílio. Obs.: se houver mais de um lugar para o pagamento caberá ao credor a escolha. Trata-se de exceção legal ao princípio que favorece o devedor – Favor debitoris. Desdobramento da boa-fé objetiva art. 330 cc.: “Art. 330. O pagamento reiteradamente feito em outro local faz presumir renúncia do credor relativamente ao previsto no contrato.” O pagamento repetidamente feito em lugar diverso do contratado faz presumir renuncia do credor quanto ao lugar previsto o contrato. Trata-se de decorrência da boa-fé objetiva em que a confiança gerada pela conduta dos contratantes deve ser observada. Há prevalência do lugar fático do pagamento sobre o previsto do contrato. Quanto ao lugar previsto no contrato ocorre supressio, que o abandono da posição jurídica e portanto surge um novo lugar por surrectio, posição jurídica que nasce da supressio. 3. TEMPO DO PAGAMENTO Obrigação sem prazo de vencimento: regra, não havendo prazo, a obrigação pode ser exigida pelo credor desde logo, salvo se a prestação tiver de ser feita em lugar diverso ou depender de tempo. Ex. art. 134; obrigação de construir um muro. “Art. 331. Salvo disposição legal em contrário, não tendo sido ajustada época para o pagamento, pode o credor exigi-lo imediatamente.” 4 de 5 “Art. 134. Os negócios jurídicos entre vivos, sem prazo, são exeqüíveis desde logo, salvo se a execução tiver de ser feita em lugar diverso ou depender de tempo.” No contrato de mutuo, a prestação em dinheiro não pode ser exigida antes de 30 dias, art. 592, II. “Art. 592. Não se tendo convencionado expressamente, o prazo do mútuo será: II - de trinta dias, pelo menos, se for de dinheiro;” No contrato de comodato, o prazo presume-se que seja o necessário para o uso da coisa concedida. Ex.: o empréstimo do trator para plantio, presume-se pelo tempo necessário a esta atividade. “Art. 581. Se o comodato não tiver prazo convencional, presumir- se-lhe-á o necessário para o uso concedido; não podendo o comodante, salvo necessidade imprevista e urgente, reconhecida pelo juiz, suspender o uso e gozo da coisa emprestada, antes de findo o prazo convencional, ou o que se determine pelo uso outorgado.” 4. OBRIGAÇÃO COM PRAZO DE VENCIMENTOO termo existe nos contratos em favor do devedor, que pode pagar antecipadamente suas dívidas salvo previsão contratual que o impeça. Em regra a dívida se vence no termo, mas em situações excepcionais pode ocorrer vencimento antecipado. a) Vencimento antecipado por força de contrato – o contrato expressamente prevê que o não pagamento de uma prestação implica vencimento antecipado das demais. b) Por força de lei – (Art. 333 cc.) (i) Se o devedor se tornar insolvente; Chamada regra conditio pars creditoris. Isto porque, na hipótese de insolvência, abre-se concurso de credores e a igualdade entre eles deve ser respeitada; (ii) Se o bem empenhado ou hipotecado for penhorado. Ocorre o vencimento antecipado para que o credor pignoratício ou hipotecário que tem preferencia legal possam exercê-las quando o bem for penhorado por um outro credor (credor quirografário); (iii) Se cessarem ou se tornarem insuficientes as garantias reais ou pessoais (fidejussórias) e o devedor intimado se negar a reforça-las. “Art. 333. Ao credor assistirá o direito de cobrar a dívida antes de vencido o prazo estipulado no contrato ou marcado neste Código: I - no caso de falência do devedor, ou de concurso de credores; II - se os bens, hipotecados ou empenhados, forem penhorados em execução por outro credor; 5 de 5 III - se cessarem, ou se se tornarem insuficientes, as garantias do débito, fidejussórias, ou reais, e o devedor, intimado, se negar a reforçá-las. Parágrafo único. Nos casos deste artigo, se houver, no débito, solidariedade passiva, não se reputará vencido quanto aos outros devedores solventes.” O tempo significa riscos de recebimento do credor, contudo a garantia diminui esses riscos. Se a garantia perece o vencimento antecipado servirá de redução do risco.
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