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MpMagEst Empresarial Marcelo Cometti Data: 04/06/2013 Aula 08 MpMagEst – 2013 Anotador(a): Carlos Eduardo de Oliveira Rocha Complexo Educacional Damásio de Jesus RESUMO SUMÁRIO 1. Recuperação Judicial – Lei 11.101/05 2. Título de crédito 1. RECUPERAÇÃO JUDICIAL – LEI 11.101/05 (continuação) 1.1. Somente o empresário (art. 1º) – somente o empresário tem acesso a recuperação judicial e extrajudicial, preenchido certos requisitos objetivos previstos no art. 48. Obs.: ressalta-se que nos termos do art. 48, p. único, o cônjuge sobrevivente, herdeiros ou inventariante, bem como, os sócios da sociedade empresária devedora, também terão legitimidade para requerer a recuperação judicial da empresa explorada. “Art. 48. Poderá requerer recuperação judicial o devedor que, no momento do pedido, exerça regularmente suas atividades há mais de 2 (dois) anos e que atenda aos seguintes requisitos, cumulativamente: I – não ser falido e, se o foi, estejam declaradas extintas, por sentença transitada em julgado, as responsabilidades daí decorrentes; II – não ter, há menos de 5 (cinco) anos, obtido concessão de recuperação judicial; III – não ter, há menos de 8 (oito) anos, obtido concessão de recuperação judicial com base no plano especial de que trata a Seção V deste Capítulo; IV – não ter sido condenado ou não ter, como administrador ou sócio controlador, pessoa condenada por qualquer dos crimes previstos nesta Lei. Parágrafo único. A recuperação judicial também poderá ser requerida pelo cônjuge sobrevivente, herdeiros do devedor, inventariante ou sócio remanescente.” É competente para conceder a recuperação judicial, o juízo do principal estabelecimento do empresário devedor. 1.1.1. Documentos que devem instruir o pedido de recuperação judicial. O pedido deverá conter a exposição das causas concretas da situação patrimonial do devedor, e as razões de sua crise econômico-financeira, sendo instruído pelos documentos previsto no art. 50 da lei 11.101/05, dentre os quais destacam-se: (i) Demonstrações financeiras relativas aos três últimos exercícios sociais; (ii) Relação completa de seus credores; (iii) Relação integral dos empregados, com a indicação dos respectivos salários e funções; 2 de 4 (iv) Extrato atualizado das contas bancárias do devedor, bem como, de eventuais aplicações financeiras; (v) Relação de bens dos sócios controladores e administradores da sociedade; (vi) Relação subscrita pelo devedor de todas as ações judiciais em que figure como parte. 1.1.2. Deferimento do processamento da recuperação judicial. Estado o pedido devidamente instruído com os documentos previstos no art. 50, o juiz deferirá o processamento da recuperação judicial, ocasião em que nomeará o administrador judicial e determinará a suspensão pelo prazo de 180 dias de todas as ações e execuções promovidas contra o devedor, exceto: (i) Ações que demandem quantia ilíquida; (ii) As reclamações trabalhistas (em fase de conhecimento); (iii) Execuções fiscais (o crédito tributário não se submete a recuperação de empresas). Com a publicação desta decisão começa a correr o prazo improrrogável de 60 dias para a apresentação do plano de recuperação judicial. Uma vez deferido o processamento da recuperação, o empresário devedor só poderá desistir da recuperação se o seu pedido for aprovado pela assembleia de credores. 1.2. Plano de recuperação judicial: deferido o processamento da recuperação e sendo publicada a decisão, começa a contar o prazo improrrogável de 60 dias para que o devedor apresente o seu plano de recuperação judicial. A não apresentação do plano acarretará na convolação da recuperação judicial em falência. Obs.: em relação aos créditos derivados da legislação do trabalho, ou decorrentes de acidente do trabalho, vencidos até a data do pedido de recuperação, o plano não poderá prever seu parcelamento por prazo que exceda ha 01 ano. “Art. 54. O plano de recuperação judicial não poderá prever prazo superior a 1 (um) ano para pagamento dos créditos derivados da legislação do trabalho ou decorrentes de acidentes de trabalho vencidos até a data do pedido de recuperação judicial. Parágrafo único. O plano não poderá, ainda, prever prazo superior a 30 (trinta) dias para o pagamento, até o limite de 5 (cinco) salários-mínimos por trabalhador, dos créditos de natureza estritamente salarial vencidos nos 3 (três) meses anteriores ao pedido de recuperação judicial.” Apresentado o plano, abre-se prazo de 30 dias para eventual objeção por parte dos credores. Decorrido os 30 dias e não havendo objeções por parte dos credores, o juiz concederá a recuperação judicial. Por outro lado, havendo objeções, o juiz convocará assembleia de credores para deliberar sobre a aprovação, modificação ou rejeição do plano apresentado. 1.2.1. Assembleia de credores: Primeira classe: titulares de créditos derivados da legislação do trabalho e decorrentes de acidentes do trabalho (nesta classe, o voto é computado por cabeça, independentemente do valor do crédito) Segunda classe: participam apenas os titulares de créditos com garantia real. 3 de 4 Terceira classe: participam todos os demais credores, ou seja, créditos com privilégio especial, com privilegio geral créditos quirografários e créditos subordinados. Para aprovação do plano de recuperação judicial é necessário maioria dos votos nas três classes. Obs.: na segunda e terceira fase, o voto é computado por cabeça e pelo valor do crédito detido. Ex.: na classe 1 estejam presentes 100 empregados, que em conjunto titularizam um crédito de R$ 500.000,00. 40 empregados detentores de 300 mil votam favorável ao plano e 60 empregados detentores de 200 mil votam contra o plano. Nessa classe, o plano é recusado. Na segunda fase há apenas um único credor detentor de R$ 2.000.000,00 que vota favorável ao plano. Na terceira fase há 20 credores detentores de R$ 800.000,00 votando favorável e 15 credores detentores de R$ 300.000,00 que rejeitaram o plano. Neste exemplo, o plano foi aprovado nas duas últimas fases, mas reprovado na primeira fase, o plano estará rejeitado. Se o plano de recuperação for aprovado em todas as fases, o plano será concedido pelo juiz. Por outro lado, caso o plano não obtenha a maioria de votos em cada uma das classes de credores, será ele rejeitado pela assembleia, hipótese em que, o juiz convolará a recuperação judicial em falência. Cram down: Poderá o juiz conceder a recuperação judicial, ainda que o plano tenha sido rejeitado pela assembleia de credores, desde que tenha obtido na mesma assembleia e de forma cumulativa: (i) O voto favorável da maioria dos créditos presentes na assembleia, independentemente de suas classes (é a hipótese do exemplo acima) (ii) Aprovação pela maioria de votos em pelo menos duas das três classes de credores, ou havendo apenas duas classes, a aprovação em pelo menos uma delas. (iii) Na classe em que o plano tenha sido rejeitado voto favorável de mais de 1/3. 1.3. Recuperação Extrajudicial: Para o empresário, requerer a recuperação extrajudicial de sua atividade, deverá também preencher os requisitos do art. 48 da lei 11.101/05. Na recuperação extrajudicial, além dos créditos de natureza tributária, não se submetem aos efeitos do plano os créditos originários da relação de trabalho e acidentes de trabalho. O plano de recuperação extrajudicial será aprovado mediante a adesão de mais de 3/5 (60%) dos créditos submetidos aos seus efeitos. 2. TÍTULOS DE CRÉDITO Título de crédito é o documento necessário para o exercício do direito literal e autônomo nele mencionado – conceito de “Vivante” (Art. 887 do CC). “Art. 887. O título de crédito, documento necessário ao exercíciodo direito literal e autônomo nele contido, somente produz efeito quando preencha os requisitos da lei.” Princípios cambiais: 4 de 4 2.1. Princípio da cartularidade: o exercício do direito de crédito incorporado no título, pressupõe a sua posse pelo credor, isto é, só poderá exercer os direitos de crédito aquele que estiver portando o documento, ou seja, a cártula. 2.2. Princípio da literalidade: só produzem efeitos os atos lançados no próprio título de crédito, ou seja, só valerá aquilo que constar expressamente do título. 2.3. Princípio da autonomia das obrigações cambiais: por este princípio eventuais vícios que acarretem na nulidade, anulabilidade ou ineficácia de uma determinada relação jurídica incorporada em um título de crédito, não contaminarão as demais relações jurídicas nele incorporadas, que permanecerão plenamente válida e eficazes. 2.3.1. Abstração: o título de crédito quando posto em circulação se abstrai, ou seja, se desvincula do negócio que lhe deu origem. 2.3.2. Inoponibilidade de exceções pessoais ao terceiro de boa-fé: o devedor principal não poderá se opor ao pagamento de um título, alegando como defesa ao terceiro de boa-fé, fatos que não decorram de vícios inerentes ao próprio título (ex.: falsidade e prescrição), ou seja, exceções pessoais (ex.: desfazimento do negócio, ilicitude do negócio etc)
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