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MpMagEst Constitucional Flávio Martins Data: 19/06/2013 Aula 05 MpMagEst – 2013 Anotador(a): Carlos Eduardo de Oliveira Rocha Complexo Educacional Damásio de Jesus RESUMO SUMÁRIO 1. Eficácia das normas constitucionais. 2. Direitos e garantias fundamentais. 1. EFICÁCIA DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS 1.1. Classificação Italiana das normas constitucionais (continuação): a) Norma Constitucional de eficácia Limitada: (i) De princípio institutivo: é aquela que produz poucos efeitos porque precisa de um complemento Ex.: art. 7º, XI e art. 37, VII da CF (no primeiro exemplo a regulamentação foi feita, no segundo exemplo a lei não existe. “Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: XI - participação nos lucros, ou resultados, desvinculada da remuneração, e, excepcionalmente, participação na gestão da empresa, conforme definido em lei;” “Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: VII - o direito de greve será exercido nos termos e nos limites definidos em lei específica; Se não for feito o complemento da norma constitucional de eficácia limitada, ocorrerá a inconstitucionalidade por omissão.” Se não for feito o complemento da norma constitucional de eficácia limitada ocorrerá a inconstitucionalidade por omissão. O mandado de injunção (art. 5º, LXXI) e ADI por omissão (art. 103, §2º). b) Norma Constitucional de eficácia absoluta: (Uadi Lamego Bullos, Maria Helena Diniz) é a norma de eficácia plena que não pode ser suprimida da Constituição (são as cláusulas pétreas). c) Norma constitucional de eficácia exaurida: é aquela que já produziu todos os efeitos que eram previstos. São as normas do ADCT ex.: art. 2º: “Art. 2º. No dia 7 de setembro de 1993 o eleitorado definirá, através de plebiscito, a forma (república ou monarquia 2 de 5 constitucional) e o sistema de governo (parlamentarismo ou presidencialismo) que devem vigorar no País.” 2. DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS 2.1. Teoria Geral: qual a diferença entre direitos e garantias fundamentais? Direitos são normas de conteúdo declaratório – é aquele dispositivo que declara algo que você possui ex.: direito a vida, propriedade, liberdade etc. Garantias são normas de conteúdo assecuratório, ou seja, elas asseguram e preservam algum direito que você possui ex.: direito a liberdade de locomoção é um direito e por sua vez o habeas corpus é uma garantia. 2.2. Classificação dos direitos fundamentais em dimensões (ou gerações evitar tal denominação, pois geração transmite a ideia de fim de um ciclo o que não ocorre com os direitos fundamentais) – Norberto Bobbio “A era dos Direitos”: 2.2.1. Direitos de primeira dimensão: são os direitos individuais, também chamados de liberdades públicas, ex.: vida, liberdade, propriedade, etc. São os direitos que primeiro surgiram. Nos direitos de primeira dimensão, o Estado tem o dever principal de não fazer (de não agir), ou seja, de não interferir nestes direitos, uma vez que o Estado não privará o indivíduo da vida, da liberdade, da propriedade, senão nos casos autorizados por lei. 2.2.2. Direitos de segunda dimensão: são os direitos sociais ex.: saúde, educação, moradia, alimentação, trabalho etc. A grande diferença comparado com os direitos de primeira dimensão, é que neste caso o Estado tem o dever principal de fazer, de agir. Tais direitos surgiram com a constituição do México de 1917, constituição alemã de Weimar de 1919, e a constituição brasileira de 1934. 2.2.3. Direitos de terceira dimensão: são os direitos metaindividuais ou transindividuais ex.: art. 225 da CF que trata do meio ambiente sadio, equilibrado etc. 2.2.4. Direitos de quarta dimensão: segundo a maioria da doutrina são os direitos decorrentes da evolução da ciência ex.: clonagem, manipulação genética etc. Contudo, Paulo Bonavides e alguns outros, defendem que são os direitos ligados à democracia, à participação popular ex.: referendo, plebiscito etc. 2.3. Titulares dos direitos fundamentais: segundo análise do art. 5º caput da CF, são os brasileiros e estrangeiros residentes no país. “Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:” Segundo o STF, todos que estão no Brasil, são titulares de direitos fundamentais – uma vez que o caput do artigo exclui os estrangeiros não residentes no Brasil. 2.3.1. Pessoa Jurídica: é titular de alguns direitos fundamentais, porque alguns direitos são incompatíveis com sua natureza ex.: liberdade de locomoção, direito de reunião. Aliás, alguns direitos são exclusivos da pessoa jurídica ex.: nome empresarial. Segundo o STF a pessoa jurídica de direito público também é titular de alguns direitos fundamentais. 3 de 5 2.3.2. Embrião humano: o embrião que cresce no ventre materno é titular de alguns direitos fundamentais, principalmente o direito a vida. O embrião que está fora do ventre materno, congelado em clínicas especializadas, não é titular de direitos fundamentais. Com esse raciocínio, o STF declarou constitucional a lei de biossegurança que permite a manipulação genética de embriões humanos. 2.3.3. O morto pode ser titular de direitos fundamentais? O morto continua sendo titular de alguns direitos fundamentais como, por exemplo, honra e imagem. 2.3.4. Animais podem ser titulares de direitos fundamentais? Segundo o STF, embora protegidos pelo direito, os animais não são titulares de direitos fundamentais. 2.4. Características dos direitos fundamentais: 2.4.1. Universalidade: os direitos fundamentais pertencem a todos; 2.4.2. Historicidade: os direitos fundamentais decorrem de uma evolução histórica. Na medida em que a sociedade se desenvolve, novas necessidades vão nascendo. 2.4.3. Concorrência: os direitos fundamentais podem ser usufruídos simultaneamente. 2.4.4. Irrenunciabilidade: não se pode renunciar aos direitos fundamentais – mas é possível se abster de seu exercício. 2.4.5. Relatividade: os direitos fundamentais não são absolutos, mas relativos. Os direitos, normalmente, têm a forma de princípios, que, nas palavras de Robert Alexy são mandamentos de otimização, ou seja, devem ser cumpridos na maior intensidade possível. Obs.: parte da doutrina entende que o art. 5º, III da Constituição Federal é absoluto (Uadi Lamego Bullos): “III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante;” Teoria do cenário da bomba relógio (E.U.A): tal teoria tenta relativizar a vedação à tortura. 2.5. Eficácia dos direitos fundamentais (art. 5º, §1º) “§ 1º - As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata.” As normas de direitos fundamentais não precisam de regulamentação ex.: não há lei específica regulamentando o mandado de injunção e segundo entendimento do STF, o procedimento do mandado de injunção é aquele pertinente ao mandado de segurança e sua lei específica. 2.5.1. Eficácia vertical: é a relação entre o Estado e as pessoas, ou seja, é o Estado que tem o dever fundamental de garantir os direitos e por sua vez as pessoas que são as “credoras” de tais direitos. 4 de 5 2.5.2. Eficácia horizontal: é a aplicação dos direitos fundamentais nas relações privadas. A eficácia horizontal deve ser aplicada com cautela, paranão ferir o princípio da autonomia da vontade. (i) Eficácia horizontal mediata (ou indireta) – a aplicação dos direitos fundamentais depende de lei infraconstitucional, ou seja, quem na verdade aplica os direitos fundamentais nas relações privadas é a lei infraconstitucional ex.: código civil, código penal, CLT, etc. (ii) Eficácia horizontal imediata (ou direta) – os direitos se aplicam diretamente nas relações privadas, sem a necessidade de lei infraconstitucional ex.: segundo o STF, para se excluir um associado de uma associação, deve se respeitar o contraditório e a ampla defesa. 2.6. Direitos fundamentais em espécie: O Art. 5º trata dos direitos individuais e coletivos O art. 6º a 11 trata dos direitos sociais; O art. 12 a 13 trata da nacionalidade; O art. 12 a 17 trata dos direitos políticos (incluindo os partidos). Obs.: nacionalidade e direitos políticos serão abordados por aula online. 2.7. Direito à vida art. 5º caput: A vida tem duas acepções: (i) o direito de continuar vivo e não tê-la preteria; e (ii) ter uma vida digna. Segundo o Pacto de São José da Costa Rica, determina que a vida deve ser protegida desde a concepção ex.: aborto e lei dos alimentos gravídicos. Obs.: a vida não é direito absoluto ex.: o Brasil admite pena de morte em caso de guerra declarada; aborto legal (gravidez em caso de estupro); lei do abate – código brasileiro de aeronáutica – que permite a destruição de aeronave hostil; fetos anencéfalos – segundo o STF é possível a interrupção da gravidez do feto anencéfalos. Veja-se que o Supremo mencionou da interrupção da gravidez e não aborto, que significa por fim a vida intrauterina. No caso do anencéfalo, não há vida (Marco Aurélio) pois não há atividade cerebral e assim não fim da vida uterina e não há aborto. 2.8. Igualdade (art. 5º, caput): 2.8.1. Igualdade formal: consiste dar a todos o mesmo tratamento; 2.8.2. Igualdade material: consistem em dar aos desiguais um tratamento desigual na medida de suas desigualdades. O primeiro tratar desta igualdade material foi Aristóteles e no Brasil Rui Barbosa. Tratar os desiguais da mesma maneira é intensificar a desigualdade. Ex.: imunidade parlamentar (art. 53 da CF) é um tratamento diferenciado dado aos parlamentares; competência por prerrogativa de função; ações afirmativas – são políticas públicas destinadas a dar a certos grupos historicamente desprestigiados, um tratamento diferenciado ex.: sistema de cotas nas faculdades e concursos públicos. 5 de 5 Segundo o STF, o sistema de cotas é constitucional (avaliou a questão das vagas destinadas a afro descendentes na UNB). 2.8.3. Igualdade entre homem e mulher (trata-se de igualdade material): tempo de aposentadoria para homens e mulheres são diferentes; serviço militar obrigatório; lei 11.340/06 (Lei Maria da Penha) – segundo o STF em fevereiro de 2012 a lei Maria da Penha foi declarada constitucional por unanimidade.
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