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Direito Processual do Trabalho II Introdução aos Recursos no Processo Trabalhista Prof° Pedro Borba Conceito A palavra recurso quer dizer retroagido. Seu significado apresenta exatamente a idéia do instituto processual: nova análise dos autos a fim de se apurar a existência, ou não, de defeito no pronunciamento jurisdicional causador da irresignação do recorrente. O CPC, nem a CLT, estabeleceram um conceito de recursos, limitando-se apenas a enumerar quais são os recursos existentes em cada um dos sistemas. Prof° Pedro Borba Introdução É o meio processual que a lei coloca à disposição das partes, do Ministério Público e de um terceiro, a viabilizar, dentro da mesma relação jurídica processual, a anulação, a reforma, a integração ou aclaramento da decisão judicial impugnada. (Nelson Nery Jr.) Recurso é, pois, o poder de provocar o reexame de uma decisão, pela mesma autoridade judiciária, ou por outra hierarquicamente superior, visando a obter a sua reforma ou modificação. Os recursos traduzem uma tendência inata do homem de não se contentar com uma decisão desfavorável aos seus interesses. (Moacyr Amaral) Prof° Pedro Borba Introdução Recurso é a provocação do reexame de determinada decisão pela autoridade hierarquicamente superior, em regra, oi pela própria autoridade prolatora da decisão, objetivando a reforma ou modificação do julgado. (Renato Saraiva) Prof° Pedro Borba Introdução Fundamentos da existência dos recursos e sua importância constitucional Conforme ressalta Arruda Alvim, a instituição dos recursos funda-se essencialmente: a) Na possibilidade de erros nas decisões judiciárias; b) No interesse correlato do Estado na realização correta dos direitos subjetivos e objetivos materiais e do próprio direito processual; Prof° Pedro Borba Introdução c) Na uniformização da aplicação do direito (especialmente nos casos dos chamados recursos de direito ou recursos de fundamentação vinculada, quais sejam, o recurso especial e o recurso extraordinário). Nesses casos, o litigante, por via do recurso, procura satisfazer à sua pretensão e o Estado, por seu turno, procura melhor cumprir sua atividade jurisdicional. Prof° Pedro Borba Introdução Recursos admissíveis na CLT Recurso Ordinário – Art. 895; Recurso de Revista – Art. 896; Embargos de Declaração – Art. 897-A; Agravo de Petição – Art. 897, “a”; Agravo de Instrumento – Art. 897, “b”; Agravo Regimental – Verificar o dispositivo do RI de cada Tribunal. Recurso Extraordinário – Art. 102, III da CF/88; Recurso Adesivo – Súmula 283 do TST; Pedido de Revisão – Lei 5584/70, Art. 2º, Par. 2º; Embargos no TST (Infringentes, de nulidade e de divergência) – Art. 894 e Lei 7.701/88; Prof° Pedro Borba Processo do Trabalho II OBSERVAÇÃO Nas decisões prolatadas nos dissídios de alçada, não caberá recurso, salvo se versarem sobre matéria constitucional. (Lei 5.584/70, Art. 2º, Par. 4º) Prof° Pedro Borba Processo do Trabalho II Princípios dos Recursos Conceito: “é o mandamento nuclear de um sistema, verdadeiro alicerce dele, disposição fundamental que se irradia sobre diferentes normas compondo-lhes o espírito e servindo de critério para sua exata compreensão e inteligência exatamente por definir a lógica e a racionalidade do sistema normativo, no que lhe confere a tônica e lhe dá sentido harmônico” (Celso Antonio Bandeira de Melo). Prof° Pedro Borba Princípios Princípio do Duplo Grau de Jurisdição A CF/88 não garante o duplo grau de jurisdição ilimitado, sendo implícito este princípio nos Arts. 102 e 105 da Carta Magna. Pode o legislador estabelecer certas restrições sem que isto possa ser considerado inconstitucional. Segundo Nelson Nery Jr., o duplo grau de jurisdição consiste em estabelecer a possibilidade de a sentença ser reapreciada por órgão de jurisdição, normalmente de hierarquia superior à daquele que proferiu, o que se faz de ordinário pela interposição de recurso. Prof° Pedro Borba Princípios Princípio da Singularidade (Unirrecorribilidade Recursal) Segundo Pontes de Miranda, “só pode usar de um recurso, cada vez”. Apesar do CPC não ter consagrado expressamente este princípio, estabeleceu uma correlação entre os pronunciamentos judiciais e os recursos cabíveis, o que dá a entender que adotou o princípio da unirrecorribilidade dos recursos. Tanto na classificação do ato do juiz quanto na consideração sobre sua recorribilidade é importante a aferição finalística do conteúdo do ato. Deve-se, portanto, observar o conteúdo do pronunciamento judicial para aferição da possibilidade de recorrer e qual recurso se utilizar. Uma vez fixada a natureza do pronunciamento judicial, contra este se admite apenas um tipo de meio impugnativo. Prof° Pedro Borba Princípios Exceções a Unirrecorribilidade Recursal a) A possibilidade de a decisão judicial ser impugnada, a um só tempo, pelos embargos de declaração e por outro recurso; b) Art. 7º, Par. 2º da Lei 7.701/88; OBS: A quebra do princípio da singularidade provém de lei e não da vontade das partes. Prof° Pedro Borba Princípios Princípio da Fungibilidade Consiste na possibilidade do juiz conhecer de um recursos que foi erroneamente interposto como se fosse o recurso cabível. Permite-se o aproveitamento do recurso erroneamente nominado como se fosse o que deveria ser interposto, atendendo-se ao princípio da finalidade e da simplicidade do processo do trabalho. Prof° Pedro Borba Princípios Requisitos para aplicação do Princípio da Fungibilidade Inexistir erro crasso; Tem que haver dúvida plausível quanto ao recurso cabível; O recurso erroneamente interposto deve obedecer o prazo do recurso cabível. Vide Súmula 421 do E. TST e OJ 69 da SDI-2 Prof° Pedro Borba Princípios Princípio da Voluntariedade Por este princípio, que deriva do princípio dispositivo, se exige a iniciativa da parte interessada para a interposição do recurso, bem como se deixa para a parte a liberdade de delimitar o âmbito do recurso, podendo impugnar total ou parcialmente a decisão que lhe fora desfavorável. Exceção: Duplo Grau de Jurisdição Necessário. Vide Súmula 303 do E. TST Prof° Pedro Borba Princípios Princípio da Proibição da Reformatio in pejus Para Cândido Rangel Dinamarco, “reputa-se reformatio in pejus o agravamento da situação do recorrente no julgamento de seu próprio recurso”. A proibição da reformatio in pejus tem por objetivo evitar que o tribunal destinatário do recurso possa decidir de modo a piorar a situação do recorrente, ou porque extrapole o âmbito da devolutividade fixado com a interposição do recurso, ou ainda, de não haver recurso da parte contrária. Não se pode modificar a decisão impugnada para piorar a situação de quem recorreu (ou beneficiar a de quem não recorreu). Prof° Pedro Borba Princípios Súmula nº 45 do STJ: “No reexame necessário, é defeso, ao Tribunal, agravar a condenação imposta à Fazenda Pública”. Isto tem fundamento pois se nem mesmo por provocação do apelante poderia o tribunal reformar para pior a sentença, menos ainda se concebe que pudesse fazê-lo sem tal provocação. Prof° Pedro Borba Princípios Princípio da Irrecorribilidade em separado das Interlocutórias O Processo do Trabalho traz em seu bojo uma peculiaridade ao informar, no Art. 893, Par. 1º, da CLT, que as decisões interlocutórias não são recorríveis de imediato, somente permitindo-se a apreciação do seu merecimento em recurso da decisão definitiva. Exceção: Súmula 214/TST Prof° Pedro Borba Princípios Inexigibilidade de Fundamentação Art. 899 da CLT x Súmula 422 do E. TST Prof° Pedro Borba Processo da Trabalho II Uniformidade de Prazo Recursal O Art. 6º da Lei 5.584/70 estabelece que será de 8 (oito) dias o prazo para interpor e contra-arrazoar qualquer recurso trabalhista. Exceções: Embargos de Declaração; Rext; Agravo Regimental; OBS: Art. 191 do CPC não tem aplicação ao processo do trabalho, por ferir o princípio da celeridade. OJ 310 da SDI-1. OBS 2: Art. 188 do CPC se aplica ao processo trabalhista. Prof° Pedro Borba Uniformidade de Prazo Recursal Conceito Atividade pela qual o juiz ou tribunal verifica se se encontram ou não presentes os requisitos de admissibilidade, cuja ausência impossibilita o juízo de solucionar o mérito do recurso. Objetivo Destina-se a examinar a presença dos requisitos necessários para a interposição de um recurso. Prof° Pedro Borba Juízo de Admissibilidade Características a) Antecede lógica e cronologicamente o exame de mérito; b) A admissibilidade do recurso apenas propicia seu julgamento de mérito; não influenciando de modo algum no julgamento de mérito do recurso; c) Julga-se se o recurso é admissível ou inadmissível; conhece ou não conhece; admite-se ou não se admite um recurso; d) O despacho exarado pelo Juízo a quo, não vincula o juízo ad quem Prof° Pedro Borba Juízo de Admissibilidade Presuspostos Os pressupostos de admissibilidade se dividem em Objetivos (Extrínsecos) e Subjetivos (Intrínsecos). Prof° Pedro Borba Juízo de Admissibilidade Objetivos Recorribilidade do Ato; Adequação; Tempestividade; Preparo. Subjetivos Legitimidade; Capacidade; Interesse; Legitimidade O Art. 499 do CPC determina que o recurso pode ser interposto pela parte vencida, pelo terceiro prejudicado e pelo Ministério Público; Capacidade Além da legitimação, a parte deverá demonstrar no momento da interposição do recurso que está plenamente capaz de praticar o ato processual. Prof° Pedro Borba Pressupostos Intrínsecos Interesse O recurso tem que ser útil e necessário à parte, sob pena de não conhecimento. OBS: OJ 338/TST. Prof° Pedro Borba Pressupostos Intrínsecos Recorribilidade do Ato O ato deve ser recorrível. Caso a decisão judicial não seja passível de impugnação via recurso (despachos e decisões interlocutórias), o recurso não será conhecido; Adequação Não basta apenas recorrer, mas sim, impugnar a decisão se utilizando do recurso cabível à espécie. (Lembrem-se do Princípio da Fungibilidade) Prof° Pedro Borba Pressupostos Extrínsecos Tempestividade Conceito: É a necessidade de interposição do recurso no prazo legal, sob pena de operar-se a preclusão temporal, e, caso a decisão impugnada tenha julgado mérito da pretensão, incidir o fenômeno da coisa julgada material. Arguição: Como é questão de ordem pública, deve ser averiguada ex officio pelos órgãos de interposição e julgador, independentemente de provocação das partes. Prof° Pedro Borba Pressupostos Extrínsecos Prazo Recursal a) O prazo recursal pode ser comum ou particular. b) A tempestividade do recurso somente tem lugar a partir da prolação do provimento jurisdicional. Ou seja, o recurso interposto antes do início do prazo é considerado Extemporâneo. (OJ 357 SDI-1) c) Nas decisões proferidas em audiência, o prazo para recorrer será imediato, ou caso seja o caso, se conta da publicação do ato em audiência, com prévia ciência dos litigantes, estejam ou não as partes presentes no ato. Prof° Pedro Borba Pressupostos Extrínsecos d) A tempestividade do recurso deve ser aferida tendo em conta a data do protocolo da petição. e) Com o advento da Lei 9.800/99, passou a ser possível a interposição do recurso por meio de fac-símile, devendo a tempestividade ser aferida tendo em conta a data da recepção da cópia da petição recursal no órgão judiciário. f) Por ser peremptório, o prazo recursal não pode ser reduzido, prorrogado, suspenso ou interrompido por acordo das partes (Art. 182, CPC). Observe-se que existem situações especiais que ora suspendem, ora interrompem o prazo do recurso. Prof° Pedro Borba Pressupostos Extrínsecos Preparo Conceito: No Processo Trabalhista, para fins recursais, exige-se que o recorrente recolha as custas e realiza o depósito recursal. A falta de preparo acarreta consequência drástica: a deserção do recurso. Prof° Pedro Borba Pressupostos Extrínsecos Custas a) As custas deverão ser pagas dentro do prazo recursal. (Art. 789, Par. 1º); b) O Empregado que ajuizar a reclamação trabalhista somente será responsável pelo pagamento das custas judiciais se o processo for extinto sem resolução do mérito; c) O valor das custas incidirá a base de 2%, com o mínimo de R$ 10,64, e serão calculadas: Prof° Pedro Borba Pressupostos Extrínsecos c.1) Quando houve acordo, o valor do mesmo; c.2) Quando o processo for extinto sem análise do mérito, o valor da causa; c.3) Ações Declaratórias ou Constitutivas, o valor da causa; c.4) Quando for indeterminado, o que o Juiz fixar. d) Isenção de custas (Art. 790-A); e) Diferença Ínfima: Deserção. OJ 140 SDI-1. Prof° Pedro Borba Pressupostos Extrínsecos Depósito Recursal a) Objetiva garantir o pagamento da futura execução; b) O TST, anualmente, limita o teto para depósito recursal; c) Também é devido em caso de Recurso Adesivo; d) Só será exigido se houve sentença condenando ao pagamento de quantia. Vide Súmula 161/TST; e) Mesmo prazo relativo ao recurso. Vide Súmula 245/TST; Prof° Pedro Borba Pressupostos Extrínsecos f) Não se exige depósito em dissídios coletivos; g) A massa falida não está sujeita ao pagamento de custas nem depósito recursal. Súmula 86/TST; h) A concessão dos benefícios da justiça gratuita não isenta do recolhimento do depósito recursal. Prof° Pedro Borba Pressupostos Extrínsecos Prof° Pedro Borba Resumo Recursos sem DepósitoRecursal Recurso com depósito recursal obrigatório por partedo empregador Agravode Petição RecursoOrdinário Agravo Regimental Recurso de Revista Embargos de Declaração Embargos no TST Pedido de Revisão RecursoExtraordinário Recurso Adesivo Agravo de Instrumento (Lei 12.275/10) Prof° Pedro Borba Resumo RTPromovida pelo Obreiro Reclamante Custas Processuais DepósitoRecursal Sentença Improcedente Serão pagas pelo Obreiro Não haverádepósito recursal de recurso interposto pelo Obreiro Sentença Procedente(Total ou Parcialmente) Serão pagas pelo Empregador Será efetuado pelo Empregador Recorrente Terminativa Serão pagas pelo Obreiro Não haverádepósito recursal de recurso interposto pelo Obreiro Juízo de Mérito Sendo positivo o juízo de admissibilidade, o órgão ad quem passará ao juízo de mérito do recurso: Conceito: Chama-se juízo de mérito àquele em que se apura a existência ou inexistência de fundamento para o que se postula, acolhendo-se ou rejeitando-se a postulação. Objetivo: Julgar se o recurso é procedente ou improcedente; dar provimento ou negar provimento. Prof° Pedro Borba Juízo de Mérito Profº Pedro Borba E-mail: pedroborba.adv@gmail.com
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