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Direito das Sucessões II - Testamento e Inventário

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Aula 14
Direito Civil p/ XXI Exame de Ordem - OAB
Professor: Paulo H M Sousa
 
 
 
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DIREITO CIVIL ± OAB XXI 
Teoria e Questões 
Aula 14 ± Prof. Paulo H M Sousa 
 
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Sumário 
Sumário .................................................................................................... 1 
Considerações Iniciais ................................................................................ 2 
18. SUCESSÃO TESTAMENTÁRIA ................................................................. 3 
18.1. Testamento: noções gerais .............................................................. 3 
18.2. Testamento: formas ........................................................................ 6 
18.2.1 ± Testamento público .................................................................... 6 
18.2.2 ± Testamento cerrado.................................................................... 7 
18.2.3 ± Testamento particular ................................................................. 8 
18.2.3 ± Codicilos .................................................................................... 9 
18.2.4 ± Testamentos especiais .............................................................. 10 
18.3. Legados ....................................................................................... 10 
18.4. Disposições testamentárias ............................................................ 11 
18.5. Reduções ..................................................................................... 15 
18.6. Revogação ................................................................................... 16 
18.7. Testamenteiro .............................................................................. 18 
19. INVENTÁRIO ...................................................................................... 19 
19.1. Noções gerais ............................................................................... 20 
19.2. Sonegação de bens ....................................................................... 22 
19.3. Remoção do inventariante ............................................................. 23 
19.4. Primeiras e últimas declarações ...................................................... 23 
19.5. Colações ...................................................................................... 24 
19.6. Pagamento de dívidas ................................................................... 26 
19.7. Partilha ........................................................................................ 27 
19.8. Invalidação da partilha .................................................................. 28 
19.9. Arrolamento ................................................................................. 29 
19.10. Dispensas legais ......................................................................... 30 
Lista de Questões da Aula ......................................................................... 31 
Considerações Finais ................................................................................ 34 
 
 
 
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Teoria e Questões 
Aula 14 ± Prof. Paulo H M Sousa 
 
 
 
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Considerações Iniciais 
Na aula passada, terminamos a primeira parte do Direito das Sucessões, o quinto 
Livro da Parte Especial. Tratamos das regras gerais aplicáveis ao Direito das 
Sucessões e a Sucessão Legal, aquela que já é pré-determinada pela lei. 
Frise-se que parte do Direito das Sucessões já foi visto ao longo das nossas aulas, 
pois remetem, ainda que indiretamente, a ele. Assim, nosso conteúdo será mais 
limitado e focado no CC/2002, de modo a te liberar para estudar novamente os 
outros conteúdos. 
Agora, na última aula do Curso para a 1ª Fase do XX Exame da OAB, finalizaremos 
o quinto e último Livro da Parte Especial do Código Civil, com a Sucessão 
Testamentária e o procedimento de Inventário, que é o meio pelo qual se finaliza 
a sucessão, seja ela legal, seja ela testamentária. 
Vale lembrar que das provas de 1ª Fase de Direito Civil dos últimos 20 
Exames da OAB, tivemos 15 questões sobre o Direito das Sucessões, ou 
seja, aproximadamente uma questão por Exame. Destaco que no último 
Exame, o XX, tivemos uma questão sobre Direito das Sucessões. 
Dito isso, vamos lá! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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18. SUCESSÃO TESTAMENTÁRIA 
18.1. Testamento: noções gerais 
O testamento é ato personalíssimo, revogável a 
qualquer tempo (art. 1.858). Por isso, são proibidos os 
testamentos, segundo o art. 1.863 do CC/2002: 
 
O testador pode dispor, da totalidade dos seus bens, ou de parte deles, 
para depois de sua morte (art. 1.857), desde que 
respeitada a legítima dos herdeiros necessários (§1º), 
inclusive inserindo disposições testamentárias de 
caráter não patrimonial, ainda que o testador somente a 
elas se tenha limitado (§2). 
 
Questão 37 ± XX Exame da OAB 
37. Antônio deseja lavrar um testamento e deixar toda a sua herança para 
uma instituição de caridade que cuida de animais abandonados. O único 
parente de Antônio p seu irmão João, com quem almoça todos os domingos. 
Antônio não possui outros parentes nem cônjuge ou companheiro. Antônio 
procura vocġǺ na condição de advogado e indaga se a vontade dele p tutelada 
pela lei. Diante da indagação de Antônio, assinale a afirmativa correta. 
A) Antônio pode deixar toda a herança para a instituição de caridade, uma 
vez que seu irmão não p seu herdeiro necessário. 
B) Antônio não pode testar em favor da instituição de caridade que cuida de 
animais, uma vez que a herança cabe inteiramente a parente vivo mais 
próximo, no caso, seu irmão. 
‡ No qual há mais de um testador no mesmo ato
Conjuntivo
‡ No qual há mais de um testamento no mesmo instrumento
Simultâneo
‡ No qual testa um testador em favor um do outro
Recíproco
‡ No qual os testadores testam em condições mútuas
Correspectivo
 
 
 
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C) Antônio pode deixar por testamento apenas metade da herança para a 
instituição de caridade, uma vez que a outra metade pertence por lei a seu 
irmão, a quem deve alimentos. 
D) Antônio pode deixar para a instituição de caridade 3/4 de seu patrimônio, 
uma vez que p preciso garantir no mínimo 1/4 da herança a seu irmão 
bilateral. 
Comentários 
A alternativa A está correta, segundo o art. 1.845: ³VmR�KHUGHLURV�QHFHVViULRV�
RV�GHVFHQGHQWHV��RV�DVFHQGHQWHV�H�R�F{QMXJH´. 
A alternativa B está incorreta, pelas mesmas razões expostas na alternativa 
supra. 
A alternativa C está incorreta, quase correta, já que o §1º do art. 1.857 
estabelece que a legítima dos herdeiros necessários não poderá ser incluída no 
testamento, mas Antônio não deve alimentos ao irmão. 
A alternativa D está incorreta, pelas mesmas razões expostas na alternativa A, 
supramencionada. 
Exige-se que o testador tenha, no mínimo, 16 anos (art. 1.860, parágrafo 
único) e livre discernimento, no ato de testar (art. 1.860), pelo que a 
incapacitação posterior do testador não invalida o 
testamento, nem o testamento do incapaz se valida 
com a superveniência da capacidade (art. 1.861 do 
CC/2002). 
Extingue-se em 5 anos o direito de impugnar a validadedo testamento, 
contado o prazo da data do seu registro (art. 1.859), seja qual for o 
argumento para a invalidação. Assim, mesmo o 
testamento nulo se convalida após 5 anos de seu 
registro, contrariando a regra geral do art. 169 do 
CC/2002, que determina a imprescritibilidade de nulificação do ato nulo e a 
impossibilidade de sua convalidação com o decurso do tempo. 
Porém, se o testamento for inexistente, não se aplica esse prazo, podendo-se 
declarar a inexistência do testamento a qualquer tempo. Isso ocorre, por 
exemplo, na situação de inexistência de vontade, como num caso em que a 
assinatura do testador é falsificada. 
Ademais, por expressa ± e perplexa ± previsão legal, nos casos de erro, dolo 
ou coação, que são vícios que tornam o ato anulável 
(art. 1.909), o prazo para anular a disposição 
específica ou o testamento todo será de 4 anos, 
contados da ciência do vício (art. 1.909, parágrafo único). 
Por fim, a ineficácia de uma disposição testamentária importa a das 
outras que, sem aquela, não teriam sido determinadas pelo testador, 
consoante regra expressa do art. 1.910 do CC/2002. 
 
 
 
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Teoria e Questões 
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Questão 37 ± X Exame da OAB 
Rogério, solteiro, maior e capaz, estando acometido por grave enfermidade, 
descobre que é pai biológico de Mateus, de dez anos de idade, embora não 
conste a filiação paterna no registro de nascimento. Diante disso, Rogério 
decide lavrar testamento público, em que reconhece ser pai de Mateus e 
deixa para este a totalidade de seus bens. Sobrevindo a morte de Rogério, 
Renato, maior e capaz, até então o único filho reconhecido por Rogério, é 
surpreendido com as disposições testamentárias e resolve consultar um 
advogado a respeito da questão. A partir do fato narrado, assinale a 
afirmativa correta. 
A) Todas as disposições testamentárias são inválidas, tendo em vista que, 
em seu testamento, Rogério deixou de observar a parte legítima legalmente 
reconhecida a Renato, o que inquina todo o testamento público, por ser este 
um ato único. 
B) A disposição testamentária que reconhece a paternidade de Mateus é 
válida, devendo ser incluída a filiação paterna no registro de nascimento; a 
disposição testamentária relativa aos bens deverá ser reduzida ao limite da 
parte disponível, razão pela qual Mateus receberá o quinhão equivalente a 
75% da herança e Renato o quinhão equivalente a 25% da herança. 
C) Todas as disposições testamentárias são inválidas, uma vez que Rogério 
não poderia reconhecer a paternidade de Mateus em testamento e, ainda, 
foi desconsiderada a parte legítima de seu filho Renato. 
D) A disposição testamentária que reconhece a paternidade de Mateus é 
válida, devendo ser incluída a filiação paterna no registro de nascimento; é, 
contudo, inválida a disposição testamentária relativa aos bens, razão pela 
qual caberá a cada filho herdar metade da herança de Rogério. 
Comentários 
A alternativa A está incorreta, pois a disposição sobre a deixa do filho nada tem 
a ver coma do reconhecimento, já que poderia o pai ter reconhecido o filho no 
testamento, sem nada mais dispor. Assim, a eventual ineficácia da invasão da 
legítima não contamina o reconhecimento. 
A alternativa B está correta, porque o reconhecimento é válido e a disposição 
patrimonial também, mas limita à legítima. Como o testador invadiu a legítima, 
toda a invasão é desconsiderada. Como poderia ele dispor de metade do 
patrimônio, sua disposição deve se limitar a essa compreensão. A outra metade 
será, então, dividida entre os dois filhos. 
A alternativa C está incorreta, já que mesmo disposições testamentárias não 
patrimoniais são válidas, mesmo que o testador se limite a elas. 
 
 
 
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A alternativa D está incorreta. A primeira parte está correta, mas quanto à 
segunda, somente se invalida a invasão da legítima, não a disposição 
integralmente. 
18.2. Testamento: formas 
O testamento, como ato solene, admite determinadas formas. São testamentos 
ordinários, segundo norma do art. 1.862: 
I - o público; 
II - o cerrado; 
III - o particular. 
Vejamos cada um deles. 
18.2.1 ± Testamento público 
São requisitos do testamento público (art. 1.864): 
I - ser escrito por tabelião ou por seu substituto legal em seu livro de notas, de acordo com 
as declarações do testador, podendo este servir-se de minuta, notas ou apontamentos; 
II - lavrado o instrumento, ser lido em voz alta pelo tabelião ao testador e a duas 
testemunhas, a um só tempo; ou pelo testador, se o quiser, na presença destas e do oficial; 
III - ser o instrumento, em seguida à leitura, assinado pelo testador, pelas testemunhas e 
pelo tabelião. 
Pode o testamento público pode ser escrito manualmente ou 
mecanicamente, desde que rubricadas todas as páginas pelo testador, se 
mais de uma (art. 1.864, parágrafo único). 
Como ato formal, que exige forma escrita, leitura do que foi escrito, o testamento 
tem peculiaridades em se tratando de analfabetos, surdos, cegos e estrangeiros. 
Se o testador não souber, ou não puder assinar, o tabelião ou seu 
substituto legal assim o declarará, assinando, neste caso, pelo testador, 
e, a seu rogo, uma das testemunhas (art. 1.865). O indivíduo inteiramente 
surdo, sabendo ler, lerá o seu testamento, e, se não o souber, designará quem o 
leia em seu lugar, presentes as testemunhas (art. 1.866). 
Ao cego só se permite o testamento público, que lhe 
será lido, em voz alta, duas vezes, uma pelo tabelião 
ou por seu substituto legal, e a outra por uma das 
testemunhas, designada pelo testador, fazendo-se de 
tudo circunstanciada menção no testamento (art. 1.867). 
O testamento público não pode ser escrito em língua 
estrangeira. Somente o testamento cerrado pode ser 
redigido em língua nacional ou estrangeira, pelo próprio 
testador, ou por outrem, a seu rogo (art. 1.871). 
Quando o testamento for público, qualquer interessado, exibindo-lhe o traslado 
ou certidão, poderá requerer ao juiz que ordene o seu cumprimento (art. 736 do 
CPC), que mandará processá-lo conforme o disposto nos §§ do art. 735. 
 
 
 
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18.2.2 ± Testamento cerrado 
O testamento cerrado é aquele escrito pelo testador, 
ou por outra pessoa, a seu rogo, e por aquele 
assinado. Se o tabelião tiver escrito o testamento a rogo 
do testador, poderá, não obstante, aprová-lo (art. 1.870). 
Ele será válido se aprovado pelo tabelião ou seu substituto legal, observadas as 
seguintes formalidades (art. 1.868): 
I - que o testador o entregue ao tabelião em presença de duas testemunhas; 
II - que o testador declare que aquele é o seu testamento e quer que seja aprovado; 
III - que o tabelião lavre, desde logo, o auto de aprovação, na presença de duas 
testemunhas, e o leia, em seguida, ao testador e testemunhas; 
IV - que o auto de aprovação seja assinado pelo tabelião, pelas testemunhas e pelo testador. 
Tal qual o testamento público, o testamento cerrado pode ser escrito 
mecanicamente, desde que seu subscritor numere e autentique, com a 
sua assinatura, todas as páginas, segundo o parágrafo único. 
O tabelião deve começar o auto de aprovação imediatamente depois da 
última palavra do testador, declarando, sob sua fé, que 
o testador lhe entregou para ser aprovado na presença das 
testemunhas. Na sequência, o tabelião vai fechar ecosturar o instrumento aprovado (art. 1.869). 
Contrariamente ao testamento público, não pode dispor 
de seus bens em testamento cerrado quem não saiba 
ou não possa ler (art. 1.872). Ao contrário, pode fazer 
testamento cerrado o surdo-mudo, contanto que o 
escreva todo, e o assine de sua mão, e que, ao entregá-lo ao oficial público, 
ante as duas testemunhas, escreva, na face externa do papel ou do envoltório, 
que aquele é o seu testamento, cuja aprovação lhe pede (art. 1.873). 
Segundo o art. 1.874, depois de aprovado e cerrado, será o testamento entregue 
ao testador, e o tabelião lançará, no seu livro, nota do lugar, dia, mês e ano em 
que o testamento foi aprovado e entregue. Falecido o testador, o testamento será 
apresentado ao juiz, que o abrirá e o fará registrar, ordenando seja cumprido 
(art. 1.875 do CC/2002). 
O juiz, então, mandará que o escrivão o leia em presença de quem o apresentou 
(art. 735 do CPC), sendo, então, o ato mencionará (§1º): 
o nome do apresentante e como ele obteve o testamento, a data e o lugar do falecimento 
do testador, com as respectivas provas, e qualquer circunstância digna de nota. 
O juiz ouve o MP, manda registrar, arquivar e cumprir o testamento, se não 
dúvida a ser esclarecida (§2º). Feito o registro, o escrivão intimará o 
testamenteiro a assinar o termo da testamentaria (§3º). Se não houver 
testamenteiro nomeado, estiver ele ausente ou não aceitar o encargo, o 
juiz nomeará testamenteiro dativo, observando-se a preferência legal 
(§4º). 
 
 
 
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18.2.3 ± Testamento particular 
O testamento particular pode ser escrito de próprio punho ou mediante processo 
mecânico (art. 1.876), não havendo necessidade de 
qualquer intervenção de cartório ou judicial. Ele pode 
ser escrito em língua estrangeira, contanto que as 
testemunhas a compreendam (art. 1.880). 
Se escrito de próprio punho, são requisitos essenciais à sua validade seja lido e 
assinado por quem o escreveu, na presença de pelo menos 3 testemunhas, que 
o devem subscrever (§1º). Se elaborado por processo mecânico, não pode 
conter rasuras ou espaços em branco, devendo ser assinado pelo testador, 
depois de o ter lido na presença de pelo menos 3 testemunhas, que o 
subscreverão (§2º). 
Se as testemunhas forem contestes sobre o fato da disposição, ou, ao menos, 
sobre a sua leitura perante elas, e se reconhecerem as próprias assinaturas, 
assim como a do testador, o testamento será confirmado (art. 1.878). O 
parágrafo único, porém, indica que se faltarem 
testemunhas, por morte ou ausência, e se pelo menos 
uma delas o reconhecer, o testamento poderá ser 
confirmado, se, a critério do juiz, houver prova 
suficiente de sua veracidade. 
Excepcionalmente, em circunstâncias declaradas na 
cédula, o testamento particular de próprio punho e 
assinado pelo testador, sem testemunhas, poderá ser 
confirmado, a critério do juiz, na regra do art. 1.879 do 
CC/2002. 
 
Questão 38 ± XIX Exame da OAB 
Os pais de Raimundo já haviam falecido e, como ele não tinha filhos, seu 
sobrinho Otávio era seu único parente vivo. Seu melhor amigo era Alfredo. 
Em um determinado dia, Raimundo resolveu fazer sozinho uma trilha 
perigosa pela Floresta dos Urucuns e, ao se perder na mata, acidentou-se 
gravemente. Ao perceber que podia morrer, redigiu em um papel, datado e 
assinado por ele, declarando a circunstância excepcional em que se 
encontrava e que gostaria de deixar toda a sua fortuna para Alfredo. Em 
razão do acidente, Raimundo veio a falecer, sendo encontrado pelas equipes 
de resgate quatro dias depois do óbito. Ao seu lado, estava o papel com sua 
última declaração escrita em vida, que foi recolhido pela equipe de resgate 
e entregue à Polícia. 
Ao saber do ocorrido, Otávio consulta seu advogado para saber se a 
declaração escrita por Raimundo tinha validade. 
Com base na hipótese narrada, assinale a afirmativa correta. 
 
 
 
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A) O testamento deixado por Raimundo não tem validade em virtude da 
ausência das formalidades legais para o ato de última vontade, em especial 
a presença de testemunhas. 
B) O testamento deixado por Raimundo tem validade, mas suas disposições 
terão que ser reduzidas em 50%, pelo fato de Otávio ser herdeiro de 
Raimundo. 
C) O testamento deixado por Raimundo poderá ser confirmado, a critério do 
juiz, uma vez que a lei admite o testamento particular sem a presença de 
testemunhas quando o testador estiver em circunstâncias excepcionais. 
D) O testamento deixado por Raimundo não tem validade porque a lei só 
admite o testamento público, lavrado na presença de um tabelião. 
Comentários 
A alternativa A está incorreta. Estaria correta, em regra, mas como as 
circunstâncias do caso são peculiares, o ordenamento dá validade ao escrito, em 
determinadas situações. 
A alternativa B está incorreta, já que Otávio não é herdeiro necessário (lembra 
que vimos quem são os herdeiros necessários? Art. 1.845. São herdeiros 
necessários os descendentes, os ascendentes e o cônjuge), pelo que não se fala 
em legítima para os demais herdeiros, que não necessários. 
A alternativa C está correta, na forma do art. 1.879, supramencionado. Vale 
frisar que a validação depende do arbítrio do juiz. 
A alternativa D está incorreta, por vários motivos, e o mais simples? 
Simplesmente porque a lei brasileira permite variados testamentos. 
Consoante o art. 1.877, morto o testador, publica-se em juízo o 
testamento, com citação dos herdeiros legítimos. Podem o herdeiro, o 
legatário ou o testamenteiro requerer, depois da morte do testador, a publicação 
em juízo do testamento particular, bem como pelo terceiro detentor do 
testamento, se impossibilitado de entregá-lo a algum dos outros legitimados para 
requerê-la (art. 737 do CPC). 
Segundo o §1º, serão intimados para a inquirição todos os herdeiros que 
não tiverem requerido a publicação do testamento. Por força do §2º, o juiz, 
verificando que está tudo conforme a lei e ouvido o órgão do MP, o 
confirmará, observando-se então as regras já vistas. 
18.2.3 ± Codicilos 
2�FRGLFLOR�QDGD�PDLV�p��VHJXQGR�GLVSRVLomR�GR�DUW��������GR�&&�������XP�³mini 
testamento´��D�GHVSHLWR�GH�RXWUR�WHVWDPHQWR�GHL[DGR�SHOR�IDOHFLdo (art. 1.882). 
Ele dispõe, mediante escrito particular, datado e assinado, sobre disposições 
especiais sobre o seu enterro, sobre esmolas de pouca 
monta a certas e determinadas pessoas, ou, 
indeterminadamente, aos pobres de certo lugar, 
assim como legar móveis, roupas ou joias, de pouco 
valor, de seu uso pessoal. 
 
 
 
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Pelo codicilo, pode-se nomear ou substituir testamenteiros (art. 1.883), que 
são revogados por codicilos posteriores ou por testamento posterior, de qualquer 
natureza (art. 1.884). Se estiver fechado o codicilo, abrir-se-á do mesmo modo 
que o testamento cerrado, segundo estabelece o art. 1.885 do CC/2002. 
Por fim, aplicam-se ao codicilo as regras processuais dos testamentos, no que 
couber. 
18.2.4 ± Testamentos especiais 
O art. 1.886 ainda estabelece os testamentos especiais. São eles: 
I - o marítimo; 
II - o aeronáutico; 
III - o militar. 
Não veremos, aqui, essas formas especiais. Recomendo a leitura rápida desses 
dispositivos (arts. 1.888 a 1.896), se você tiver tempo, apenas. 
18.3. Legados 
A distinção entre herançae legado é simples. Primeiro, a herança pode ser 
testamentária ou legal; ao contrário, o legado é 
sempre determinado por testamento. Isso porque, ao 
contrário da herança, que pode ser indicada 
genericamente, o legado é uma determinação dentro 
do acervo transmitido pelo falecido, especificamente. 
$VVLP��SRU�H[HPSOR��³GHL[R�R�WHUUHQR�;´��³ILFDUi�SDUD�PHX�SULPR�R�FDUUR�<´��³SDUD�
PLQKD�ILOKD��WRGDV�DV�MRLDV�GD�IDPtOLD´��VmR�OHJDGRV� 
O legatário, por isso, é sucessor a título singular, ao 
contrário do herdeiro, que é sucessor a título 
universal. O legado é, assim, muito semelhante à 
doação, cuja diferença reside apenas no título de 
ingresso (entre vivos ou mortis causa). Tal qual ela, o legado deve ser 
sempre gratuito, ainda que traga consigo encargo, que não o torna oneroso. 
Sobre os legados, um último item que merece atenção é o direito de acrescer 
entre herdeiros e legatários. Quando vários herdeiros, pela mesma disposição 
testamentária, forem conjuntamente chamados à herança em quinhões não 
determinados, e qualquer deles não puder ou não quiser aceitá-la, a sua parte 
acrescerá à dos coerdeiros, salvo o direito do substituto (art. 1.941), como nos 
casos de sobrinhos de irmãos pré-mortos. 
Esse direito de acrescer competirá aos colegatários, 
quando nomeados conjuntamente a respeito de uma 
só coisa, determinada e certa, ou quando o objeto do 
legado não puder ser dividido sem risco de 
desvalorização (art. 1.942). Porém, se um dos coerdeiros 
ou colegatários morrer antes do testador, se renunciar ou for excluído da herança 
ou legado, ou se a condição sob a qual foi instituído não se verificar, acrescerá o 
 
 
 
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seu quinhão, salvo o direito do substituto, à parte dos coerdeiros ou colegatários 
conjuntos (art. 1.943). 
Por outro lado, quando não se efetua o direito de acrescer, transmite-se 
aos herdeiros legítimos a quota vaga do nomeado, por força do art. 1.944. 
Mas o beneficiário do acréscimo não pode repudiá-lo 
separadamente da herança ou legado que lhe caiba, 
salvo se o acréscimo comportar encargos especiais 
impostos pelo testador (art. 1.945). 
Por fim, se o legado for o usufruto conjunto a mais de uma pessoa, a parte da 
que faltar acresce aos colegatários (art. 1.946). 
18.4. Disposições testamentárias 
Vimos os elementos exteriores do testamento. Veremos agora seus elementos 
internos, suas cláusulas, disposições. 
Como todo ato jurídico escrito, por vezes a vontade daquele que testa não fica 
clara, ou é duvidosa, ou é contraditória ou é obscura. Isso pode ser ainda mais 
difícil quando o falecido tem mais de um testamento que não se exclui, mas se 
complementam, ou codicilos. Por isso, pela regra do art. 1.899 do CC/2002, 
quando a cláusula testamentária for suscetível de interpretações diferentes, 
prevalecerá a que melhor assegure a observância da vontade do testador. 
De maneira geral, pode-se testar livremente. Nesse 
sentido, a nomeação de herdeiro, ou legatário, pode 
fazer-se pura e simplesmente, sob condição, para 
certo fim ou modo, ou por certo motivo (art. 1.897). 
Porém, a designação do tempo em que deva começar ou cessar o direito do 
herdeiro tem-se não escrita (art. 1.898), por ser uma tentativa de contornar a 
ordem sucessória. 
O art. 1.900, por sua vez, fixa uma série de disposições que se consideram 
nulas. Vejamos: 
 
 
Atente, porém, que qualquer identificação, por mais simples que seja, é 
tida como suficiente��$SHOLGRV�QRWyULRV��SRU�H[HPSOR��VmR�VXILFLHQWHV��R�³PHX�
PHOKRU�DPLJR´��GHsde que seja público quem é, é suficiente. 
Anula-se a disposição caso o testador erre na 
designação da pessoa do herdeiro, do legatário, ou da 
coisa legada, salvo se, pelo contexto do testamento, 
por outros documentos, ou por fatos inequívocos, se 
puder identificar a pessoa ou coisa a que o testador queria referir-se (art. 
1.903). Assim, se o testador indica a prima Maria no testamento, mas não tem 
I - que institua herdeiro ou legatário sob a condição captatória de que este
disponha, também por testamento, em benefício do testador, ou de terceiros
II - que se refira a pessoa incerta, cuja identidade não se possa averiguar
 
 
 
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nenhuma prima com esse nome, cabe à prima Sabrina provar que errou ele, mas 
que sua intenção era beneficiar a ela. 
 
Proíbe-se tal disposição porque, como é evidente, retira o caráter 
personalíssimo da disposição testamentária. No entanto, segundo o art. 
1.901, inc. I, valerá a disposição em favor de pessoa incerta que deva ser 
determinada por terceiro, dentre duas ou mais 
pessoas mencionadas pelo testador, ou pertencentes 
a uma família, ou a um corpo coletivo, ou a um 
estabelecimento por ele designado. 
Uma segunda exceção está presente no art. 1.902, que determina que a 
disposição geral em favor dos pobres, dos 
estabelecimentos particulares de caridade, ou dos de 
assistência pública, entender-se-á relativa aos pobres 
do lugar do domicílio do testador ao tempo de sua morte, ou dos 
estabelecimentos aí sitos, salvo se manifestamente constar que tinha em 
mente beneficiar os de outra localidade. De regra, consoante o parágrafo único, 
as instituições particulares preferirão sempre às públicas. 
 
Novamente, proíbe-se tal disposição porque, como é evidente, retira o caráter 
personalíssimo da disposição testamentária. Porém, segundo o art. 1.901, inc. 
II, valerá a disposição em remuneração de serviços 
prestados ao testador, por ocasião da moléstia de que 
faleceu, ainda que fique ao arbítrio do herdeiro ou de 
outrem determinar o valor do legado. 
 
Ademais, se o testamento nomear dois ou mais herdeiros, sem discriminar 
a parte de cada um, partilha-se por igual, entre todos, a porção 
disponível do testador (art. 1.904). Igualmente, se o testador nomear certos 
herdeiros individualmente e outros coletivamente, a herança será dividida em 
tantas quotas quantos forem os indivíduos e os grupos designados (art. 1.905). 
$VVLP��VH�HOH�GLVVHU��³GHL[R�XPD�SDUWH�GH�PLQKD�KHUDQoD�D�-RmR�H�D�RXWUD�SDUWH�
D�0DULD�H�$QWRQLR´��SUHVXPH-se que 50% ficam com João e 50% com Maria e 
Antonio, ou 25% para cada um. 
III - que favoreça a pessoa incerta, cometendo a determinação de sua
identidade a terceiro
IV - que deixe a arbítrio do herdeiro, ou de outrem, fixar o valor do legado
V - que favoreça as pessoas a que se referem os arts. 1.801 e 1.802. São as
pessoas que não podem ser nomeados como herdeiros ou legatários e as
interpostas pessoas
 
 
 
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Por outro lado, dispondo o testador que não caiba ao 
herdeiro instituído certo e determinado objeto, dentre 
os da herança, tocará ele aos herdeiros legítimos (art. 
1.908). Assim, se ele deixa a parte disponível na herança ao 
primo Antonio, exceto a casa X, esta irá aos herdeiros legítimos. Igualmente, se 
forem determinadas as quotas de cada herdeiro, e não absorverem toda a 
herança, o remanescente pertencerá aos herdeiros legítimos, segundo a ordem 
da vocação hereditária (art. 1.906). 
Se forem determinados os quinhões a uns herdeiros e não os quinhões de outros, 
deve-se distribuir por igual a estes últimos o que restar, depois de completas as 
porções hereditárias dos primeiros (art. 1.907). 
Eventualmente, o testador deixa um bem (legado) a alguém ou deixa parte de 
sua herança a elee, por uma série de razões, o receptor do legado ou da herança 
não podem ou não querem receber. Nesse caso, a disposição testamentária 
perderia o efeito. Para impedir isso, criam-se as substituições. 
O testador pode substituir outra pessoa ao herdeiro ou ao 
legatário nomeado, para o caso de não querer (renúncia) 
ou não poder (incapacidade ou ilegitimidade) aceitar a 
disposição, presumindo-se que a substituição foi 
determinada para as duas alternativas, ainda que o testador só a uma se refira 
(art. 1.947). Trata-se da substituição vulgar, que nada mais é do que uma 
VLPSOHV�VXEVWLWXLomR��VH�R�³SULPHLUR´�QmR�SRGH��HQWUH�R�³VHJXQGR´�HP�
seu lugar. 
O substituto fica sujeito à condição ou encargo imposto ao substituído, quando 
não for diversa a intenção manifestada pelo testador, ou não resultar outra coisa 
da natureza da condição ou do encargo (art. 1.949). 
Já a substituição recíproca ocorre quando, ausente 
um herdeiro/legatário, os outros o substituem, na 
parte faltante. É a regra do art. 1.948, que estipula que 
também é lícito ao testador substituir muitas pessoas por uma só, ou vice-versa, 
e ainda substituir com reciprocidade ou sem ela. Se, entre muitos coerdeiros ou 
legatários de partes desiguais, for estabelecida substituição recíproca, a 
proporção dos quinhões fixada na primeira disposição entender-se-á mantida na 
segunda; se, com as outras anteriormente nomeadas, for incluída mais alguma 
pessoa na substituição, o quinhão vago pertencerá em partes iguais aos 
substitutos (art. 1.950). 
Por outro lado, temos a figura da substituição 
fideicomissária, que é uma figura jurídica bastante 
complexa. Não entraremos em detalhes técnicos mais 
profundos, em vista do tempo e extensão exigidos. Porém, 
vamos passar pelas disposições do CC/2002. 
Primeiro, para entender essa figura é necessário que você tenha conhecimento 
sólido sobre a propriedade resolúvel e propriedade fiduciária, que tratamos em 
aula anterior. Caso essas noções estejam um pouco vagas, eu recomendo 
 
 
 
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fortemente que você volte à aula e reveja esses dois tópicos, que são bem curtos, 
acompanhando com a leitura dos artigos do CC/2002. 
No fideicomisso, o testador falecido é o 
fideicomitente, aquele que receberá a propriedade 
resolúvel é o fiduciário e aquele que é o titular do 
direito eventual é o fideicomissário. Assim, segundo o 
art. 1.951, pode o testador instituir herdeiros ou legatários, estabelecendo que, 
por ocasião de sua morte, a herança ou o legado se transmita ao fiduciário, 
resolvendo-se o direito deste, por sua morte, a certo tempo ou sob certa 
condição, em favor de outrem, que se qualifica de fideicomissário. 
Mas, qual é o objetivo do fideicomisso? É precisamente beneficiar prole futura, 
que, a rigor, não pode receber herança ou legado, como vimos anteriormente. O 
grande inconveniente, porém, era que, segundo o art. 1.798, a pessoa já deveria 
estar nascida ou concebida no momento da abertura da sucessão. 
Excepcionalmente, segundo o 1.800, §4º, esperavam-se 2 anos para que a 
pessoa fosse concebida, ou, do contrário, a herança iria para os herdeiros 
legítimos. 
Para contornar esse problema, o art. 1.952 permite a 
substituição fideicomissária somente em favor dos 
não concebidos ao tempo da morte do testador. 
Curiosamente, se, ao tempo da morte do testador, já 
houver nascido o fideicomissário, ele adquirirá a propriedade dos bens 
fideicometidos, convertendo-se em usufruto o direito do fiduciário 
(parágrafo único), por isso, o fiduciário tem a propriedade da herança ou legado, 
mas restrita e resolúvel (art. 1.953 do CC/2002). 
Como o fideicomisso se aplica a quaisquer bens, móveis ou imóveis, por vezes é 
difícil controlar se o fiduciário irá transmitir a propriedade ao fideicomissário, 
como queria o testador. Por isso, o parágrafo único do art. 1.953 estabelece que 
o fiduciário é obrigado a proceder ao inventário dos bens gravados, e a 
prestar caução de restituí-los se o exigir o fideicomissário. 
Para se evitar maiores problemas, os fideicomissos 
não podem passar do segundo grau, sob pena de 
nulidade (art. 1.959), ou seja, o fideicomisso só pode 
chegar até o fideicomissário. A nulidade da substituição ilegal não prejudica a 
instituição, que valerá sem o encargo resolutório (art. 1.960). 
Porém, se o fiduciário renunciar a herança ou o legado, defere-se ao 
fideicomissário o poder de aceitar (art. 1.954). Ao contrário, se o fideicomissário 
renunciar a herança ou o legado, a propriedade do fiduciário, deixa de ser 
resolúvel, adquirindo-a por inteiro (art. 1.955). 
No entanto, se o fideicomissário morrer antes do 
fiduciário, ou antes de realizar-se a condição 
resolutória do direito deste último, a propriedade 
consolida-se no fiduciário (art. 1.958). 
 
 
 
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Com a morte do fiduciário, passam, automaticamente, os bens ao 
fideicomissário. O fiduciário, porém, não tem direito algum sobre os 
acréscimos à coisa (art. 1.956), mas o fideicomissário responde pelos encargos 
da herança que ainda restarem (art. 1.957). 
Por fim, vale retomar uma situação peculiar, que vimos em uma de nossas 
primeiras aulas. Lembra-se que uma fundação poderia ser instituída por ato entre 
vivos ou por testamento? Agora, imagine que eu instituí uma fundação, mas os 
bens que deixei são insuficientes para criá-la, o que acontece? A disposição 
testamentária será nula, ineficaz? 
Para preservar a intenção do testador, o art. 63 estabelece 
que quando insuficientes para constituir a fundação, 
os bens a ela destinados serão, se de outro modo não 
dispuser o instituidor, incorporados em outra 
fundação que se proponha a fim igual ou semelhante. 
 
Questão 43 ± XIX Exame da OAB 
Júlia, casada com José sob o regime da comunhão universal de bens e mãe 
de dois filhos, Ana e João, fez testamento no qual destinava metade da parte 
disponível de seus bens à constituição de uma fundação de amparo a 
mulheres vítimas de violência obstétrica. Aberta a sucessão, verificou-se que 
os bens destinados à constituição da fundação eram insuficientes para 
cumprir a finalidade pretendida por Júlia, que, por sua vez, nada estipulou 
em seu testamento caso se apresentasse a hipótese de insuficiência de bens. 
Diante da situação narrada, assinale a afirmativa correta. 
A) A disposição testamentária será nula e os bens serão distribuídos 
integralmente entre Ana e João. 
B) O testamento será nulo e os bens serão integralmente divididos entre 
José, Ana e João. 
Comentários 
A alternativa A está incorreta, já que as disposições testamentárias em prol de 
constituição de fundação se preservam, mediante direcionamento dos valores a 
outra, de mesmo fim, segundo o art. 62 do CC/2002. 
A alternativa B está incorreta, pelas mesmas razões da alternativa A, 
supramencionada. 
18.5. Reduções 
Além disso, como dissemos anteriormente, o testador pode testar toda sua parte 
disponível, por intermédio das disposições testamentárias. De um lado, porém, 
pode ele testar menos do que poderia, ou, por outro lado, testar mais do que 
deveria. O que acontece nesses casos? 
 
 
 
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Primeiro quando o testador só em parte dispuser da quota hereditária 
disponível, o remanescente pertencerá aos herdeiros legítimos (art. 
1.966). Ao contrário, as disposiçõesque excederem a parte disponível 
serão reduzidas aos limites dela (art. 1.967). Essas reduções cabem também 
nos casos de partilha feita em vida (art. 2.018), Mas, como se fazem as reduções? 
Se forem simples as reduções a serem feitas, será a 
redução feita nos próprios autos do inventário, se já 
aberto. Se complexas, é necessário intentar ação 
própria de redução. 
Se o testador, prevenindo o caso, dispuser que se inteirem, de preferência, certos 
herdeiros e legatários, a redução será feita conforme sua vontade (art. 1.967, 
§2º). Posteriormente, segundo o §1º, em se verificando 
excederem as disposições testamentárias a porção 
disponível, serão proporcionalmente reduzidas as 
quotas do herdeiro ou herdeiros instituídos, até onde 
baste, e, não bastando, também os legados, na proporção do seu valor. 
18.6. Revogação 
O testamento pode ser revogado por outro testamento, consoante regra explícita 
do art. 1.969, independentemente de qual seja ele, já que não há hierarquia 
entre os testamentos. Por isso, o codicilo pode ser 
revogado por testamento, mas o codicilo não pode 
revogar testamento (o mais pode o menos, mas não o 
inverso). 
Essa revogação pode ser total ou parcial (art. 1.970). Quando parcial ou se o 
testamento posterior não contiver cláusula revogatória expressa, o 
anterior subsiste em tudo que não for contrário ao posterior (parágrafo 
único). Essa revogação produz efeitos ainda quando o testamento, que a encerra, 
vier a caducar por exclusão, incapacidade ou renúncia do herdeiro nele nomeado; 
não valerá, se o testamento revogatório for anulado por omissão ou infração de 
solenidades essenciais ou por vícios intrínsecos (art. 1.971). 
 
Questão 24 ± II Exame da OAB 
Em 2004, Joaquim, que não tinha herdeiros necessários, lavrou um 
testamento contemplando como sua herdeira universal Ana. Em 2006, 
arrependido, Joaquim revogou o testamento de 2004, nomeando como seu 
herdeiro universal Sérgio. Em 2008, Sérgio faleceu, deixando uma filha 
Catarina. No mês de julho de 2010, faleceu Joaquim. O único parente vivo 
de Joaquim era seu irmão, Rubens. Assinale a alternativa que indique a 
quem caberá a herança de Joaquim. 
(A) Rubens. 
(B) Catarina. 
 
 
 
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(C) Ana. 
(D) A herança será vacante. 
Comentários 
A alternativa A está correta, pois Rubens é o único parente sucessível de 
Joaquim. 
A alternativa B está incorreta, porque ao nomear Sérgio, Joaquim o institui 
como herdeiro testamentário. Porém, com a morte de Sérgio, extingue-se a 
sucessão testamentária. 
A alternativa C está incorreta, já que o testamento no qual Ana foi nomeada 
herdeira foi revogado. 
A alternativa D está incorreta, tendo em vista a existência de parente 
sucessível, ainda que não herdeiro necessário, conforme tratamos na aula 
passada. 
No caso do testamento cerrado, se o testador abrir ou dilacerar, ou for 
aberto ou dilacerado com seu consentimento, haver-se-á como revogado 
(art. 1.972 do CC/2002). Nesse caso, o juiz não aprecia o testamento (art. 735 
do CPC). 
Porém, pode o herdeiro ou legatário afastar a 
presunção, provando que o rompimento ou não foi 
feito pelo testador, ou feito sem seu consentimento. 
Outra presunção relativa sobre a revogação do testamento ocorre quando, 
sobrevindo descendente sucessível ao testador, que não o tinha ou não 
o conhecia quando testou, rompe-se o testamento em 
todas as suas disposições, se esse descendente 
sobreviver ao testador (art. 1.973). Igualmente, rompe-
se o testamento feito na ignorância de existirem 
outros herdeiros necessários (art. 1.974). Romper, nesses dois casos, tem o 
VHQWLGR�GH�³LJQRUDU��UHYRJDU��WRPDU�FRPR�QmR�H[LVWHQWH´� 
Cuidado! Essas duas hipóteses, porém, só se aplicam 
caso o testador tivesse testado todo o seu patrimônio. 
Ao contrário, não se rompe o testamento, se o 
testador dispuser da sua metade, não contemplando os herdeiros necessários 
de cuja existência saiba, ou quando os exclua dessa parte (art. 1.975). 
 
Questão 42 ± XV Exame da OAB 
Mateus não tinha mais parentes, nunca tivera descendentes e jamais havia 
vivido em união estável ou em matrimônio. Há alguns anos, ele decidiu fazer 
um testamento e deixar todo o seu patrimônio para seus amigos da vida 
toda, Marcos e Lucas. Seis meses depois da lavratura do testamento, por 
força de um exame de DNA, Mateus descobriu que tinha um filho, Alberto, 
 
 
 
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29 anos, que não conhecia, fruto de um relacionamento fugaz ocorrido no 
início de sua faculdade. Mateus reconheceu a paternidade de Alberto no 
Registro Civil e passou a conviver periodicamente com o filho. No mês 
passado, Mateus faleceu. Sobre sua sucessão, assinale a afirmativa correta. 
A) Todo o patrimônio de Mateus caberá a Alberto. 
B) Todo o patrimônio de Mateus caberá a Marcos e Lucas, por força do 
testamento. 
C) Alberto terá direito à legítima, cabendo a Marcos e Lucas a divisão da 
quota disponível. 
D) A herança de Mateus caberá igualmente aos três herdeiros. 
Comentários 
A alternativa A está correta, pois o art. 1.973 claramente estabelece que o 
WHVWDPHQWR�p�³URPSLGR´�FDVR�KDMD�KHUGHLUR�GHVFRQKHFLGR��GLVSRQGR�R�WHVWador de 
todo o seu patrimônio. Há, aqui, verdadeira presunção. 
A alternativa B está incorreta, pelas mesmas razões mencionadas na alternativa 
A. 
A alternativa C está incorreta. Cuidado, porém, pois à época muuuita gente 
marcou essa, imaginando que deveria haver a preservação da legítima e a parte 
disponível continuaria válida. 
A alternativa D está incorreta, pelas mesmas razões mencionadas na alternativa 
A. 
18.7. Testamenteiro 
O testamenteiro é quem executa a vontade do falecido, exposta no testamento. 
Pelo art. 1.976, pode o testador nomear um ou mais testamenteiros, 
conjuntos ou separados, para lhe darem cumprimento às disposições de 
última vontade. Ou seja, pode, mas não necessariamente. Se não o fizer, o art. 
1.984 determina que na falta de testamenteiro nomeado pelo testador, a 
execução testamentária compete a um dos cônjuges, e, em falta destes, ao 
herdeiro nomeado pelo juiz. 
Nomeado o testamenteiro, o testador pode conceder 
a ele a posse e a administração da herança, ou de 
parte dela, não havendo cônjuge ou herdeiros 
necessários (art. 1.977). Segundo o parágrafo único, 
qualquer herdeiro pode requerer partilha imediata, ou devolução da herança, 
habilitando o testamenteiro com os meios necessários para o cumprimento dos 
legados, ou dando caução de prestá-los. 
Quando o testamenteiro tiver a posse e a administração dos bens, incumbe-lhe 
requerer inventário e cumprir o testamento (art. 1.978), levando o testamento a 
registro (art. 1.979). 
O testamenteiro é obrigado a cumprir as disposições testamentárias, no prazo 
marcado pelo testador, e a dar contas do que recebeu e despendeu, subsistindo 
 
 
 
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sua responsabilidade enquanto durar a execução do testamento (art. 1.980). Não 
concedendo o testador prazo maior, cumprirá o testamenteiro o 
testamento e prestará contas em 180 dias, contados da aceitação da 
testamentaria (art. 1.983). Segundo o parágrafo único, pode esse prazo ser 
prorrogado se houver motivo suficiente. 
O testamenteiro deve defender a validade do testamento (art. 1.981 do 
CC/2002), cumprindo todas as disposições testamentáriase prestando contas, 
obrigatoriamente (art. 735, §5º do CPC). 
O testamenteiro tem direito a retribuição que, se o testador não o houver 
fixado, o juiz arbitrará, levando em conta o valor da herança e o trabalho de 
execução do testamento. Essa retribuição, porém, não excederá 5% sobre a 
herança líquida e deduzido somente da metade disponível quando houver 
herdeiros necessários, e de todo o acervo líquido nos demais casos (art. 1.987 
do CC/2002). 
Curiosamente, se o testamenteiro for casado no regime 
de comunhão de bens com herdeiro ou legatário do 
testador, não terá direito ao prêmio; porém, pode ele 
preferir o prêmio à herança ou legado (art. 1.988 do 
CC/2002). 
O testamenteiro será removido e perderá a retribuição quando não cumprir as 
disposições testamentárias. Nesse caso, segundo o art. 1.989 do CC/2002, 
reverterá à herança a retribuição que o testamenteiro perder, por ser 
removido ou por não ter cumprido o testamento. 
Por fim, havendo simultaneamente mais de um 
testamenteiro, que tenha aceitado o cargo, poderá 
cada qual exercê-lo, em falta dos outros; mas todos 
ficam solidariamente obrigados a dar conta dos bens 
que lhes forem confiados, salvo se cada um tiver, pelo testamento, funções 
distintas, e a elas se limitar (art. 1.986 do CC/2002). 
19. INVENTÁRIO 
Pelo princípio da saisine, os bens se transmitem 
automaticamente aos herdeiros, após a sucessão. 
Como os bens, porém, permanecem num estado de 
indivisão (universalidade de direito), é necessário um 
procedimento próprio para dividir os bens entre os herdeiros. Surge, 
então, o inventário, que tem por finalidade localizar todos os bens do de cujus, 
catalogá-los, encontrar os herdeiros, verificar as eventuais disposições de 
vontade, encontrar ativos e passivos e distribuir os bens, direitos e obrigações. 
No entanto, estatui o art. 2.018 do CC/2002, que é válida a partilha feita por 
ascendente, por ato entre vivos ou de última vontade, contanto que não 
prejudique a legítima dos herdeiros necessários. 
 
 
 
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19.1. Noções gerais 
Segundo o art. 1.991 do CC/2002, desde a assinatura do compromisso até 
a homologação da partilha, a administração da herança será exercida 
pelo inventariante. 
O processo de inventário e partilha deve ser aberto dentro de 60 dias a contar da 
abertura da sucessão, ultimando-se nos 12 meses subsequentes, podendo o juiz 
prorrogar tais prazos, de ofício ou a requerimento de parte (art. 611 do CPC). 
Como já vimos, o foro competente para o inventário é 
do último domicílio do falecido (art. 1.785). O 
inventariante será nomeado pela ordem do art. 1.797 
do CC/2002, como também já vimos. Mas qualquer 
herdeiro pode requerer a partilha, ainda que o testador o proíba, cabendo 
igual faculdade aos seus cessionários e credores (art. 2.013 do CC/2002). 
Tal qual o divórcio, o inventário também pode ser judicial ou extrajudicial. O art. 
610, §1º estabelece que se todos os herdeiros forem 
capazes e concordes, poderá fazer-se o inventário e a 
partilha por escritura pública, a qual constituirá título 
hábil para o registro imobiliário. Ou seja, exige-se 
quatro requisitos para o inventário extrajudicial: 
 
Têm legitimidade concorrente para requerer a abertura de inventário 
(art. 616 do CPC): 
I - o cônjuge ou companheiro supérstite; 
II - o herdeiro; 
III - o legatário; 
IV - o testamenteiro; 
V - o cessionário do herdeiro ou do legatário; 
VI - o credor do herdeiro, do legatário ou do autor da herança; 
‡ Art. 2.016 do CC/2002
1. Todos os herdeiros têm de ser maiores e
capazes
‡ Art. 2.016 do CC/2002
2. Todos devem concordar com a partilha
‡ Art. 610, §2º do CPC
3. Todos os interessados estão representados por
advogado comum ou individual
‡ Art. 610, caput do CPC
4. Não pode existir inventário
 
 
 
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VII - o Ministério Público, havendo herdeiros incapazes; 
VIII - a Fazenda Pública, quando tiver interesse; 
IX - o administrador judicial da falência do herdeiro, do legatário, do autor da herança ou 
do cônjuge ou companheiro supérstite. 
Na sequência, o juiz nomeará inventariante, na seguinte ordem (art. 617 
do CPC: 
I - o cônjuge ou companheiro sobrevivente, desde que estivesse convivendo com o outro 
ao tempo da morte deste; 
II - o herdeiro que se achar na posse e na administração do espólio, se não houver cônjuge 
ou companheiro sobrevivente ou se estes não puderem ser nomeados; 
III - qualquer herdeiro, quando nenhum deles estiver na posse e na administração do 
espólio; 
IV - o herdeiro menor, por seu representante legal; 
V - o testamenteiro, se lhe tiver sido confiada a administração do espólio ou se toda a 
herança estiver distribuída em legados; 
VI - o cessionário do herdeiro ou do legatário; 
VII - o inventariante judicial, se houver; 
VIII - pessoa estranha idônea, quando não houver inventariante judicial.. 
O inventariante, intimado da nomeação, prestará, dentro de 5 dias, o 
compromisso de desempenhar o cargo (parágrafo único). Incumbe a ele, 
então (art. 618): 
I - representar o espólio ativa e passivamente, em juízo ou fora dele; 
II - administrar o espólio, velando-lhe os bens com a mesma diligência como se seus 
fossem; 
III - prestar as primeiras e últimas declarações pessoalmente ou por procurador com 
poderes especiais; 
IV - exibir em cartório, a qualquer tempo, para exame das partes, os documentos relativos 
ao espólio; 
V - juntar aos autos certidão do testamento, se houver; 
VI - trazer à colação os bens recebidos pelo herdeiro ausente, renunciante ou excluído; 
VII - prestar contas de sua gestão ao deixar o cargo ou sempre que o juiz lhe determinar; 
VIII - requerer a declaração de insolvência. 
Incumbe ainda ao inventariante, com autorização do juiz (art. 619 do CPC): 
I - alienar bens de qualquer espécie; 
II - transigir em juízo ou fora dele; 
III - pagar dívidas do espólio; 
IV - fazer as despesas necessárias com a conservação e o melhoramento dos bens do 
espólio. 
Depois de prestar compromisso, em 20 dias, o inventariante fará as primeiras 
declarações, das quais se lavrará termo, no qual serão exarados (art. 620): 
I - o nome, estado, idade e domicílio do autor da herança, dia e lugar em que faleceu e bem 
ainda se deixou testamento; 
 
 
 
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II - o nome, estado, idade e residência dos herdeiros e, havendo cônjuge supérstite, o 
regime de bens do casamento; 
III - a qualidade dos herdeiros e o grau de seu parentesco com o inventariado; (Redação 
dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973) 
IV - a relação completa e individuada de todos os bens do espólio e dos alheios que nele 
forem encontrados, descrevendo-se: 
a) os imóveis, com as suas especificações, nomeadamente local em que se encontram, 
extensão da área, limites, confrontações, benfeitorias, origem dos títulos, números das 
transcrições aquisitivas e ônus que os gravam; 
b) os móveis, com os sinais característicos; 
c) os semoventes, seu número, espécies, marcas e sinais distintivos; 
d) o dinheiro, as joias, os objetos de ouro e prata, e as pedras preciosas, declarando-se 
especificadamente a qualidade, o peso e a importância; 
e) os títulos da dívida pública, bem como as ações, cotas e títulos de sociedade, 
mencionando-se o número, o valore a data; 
f) as dívidas ativas e passivas, indicando-se as datas, títulos, origem da obrigação, bem 
como os nomes dos credores e dos devedores; 
g) direitos e ações; 
h) o valor corrente de cada um dos bens do espólio. 
O juiz, então, determinará que se proceda, segundo o §1º, incisos, ao balanço 
do estabelecimento, se o autor da herança era comerciante em nome individual 
e à apuração de haveres, se o autor da herança era sócio de sociedade que não 
anônima. 
19.2. Sonegação de bens 
Finalizadas as primeiras declarações, entra a possibilidade de sonegação. Só se 
pode arguir de sonegação ao inventariante depois de 
encerrada a descrição dos bens, com a declaração, por 
ele feita, de não existirem outros por inventariar, 
segundo o art. 1.996 do CC/2002. 
Nesse caso, o herdeiro que sonegar bens da herança, 
não os descrevendo no inventário quando estejam em 
seu poder, ou, com o seu conhecimento, no de outrem, 
ou que os omitir na colação, a que os deva levar, ou 
que deixar de restituí-los, perderá o direito que sobre 
eles lhe cabia (art. 1.992 do CC/2002). Igualmente, como veremos mais abaixo, 
a sonegação é causa de remoção do herdeiro da inventariança, caso seja ele 
inventariante, em se provando a sonegação, ou negando ele a existência dos 
bens, quando indicados (art. 1.993). 
Para a imposição dessa pena, porém, só podem mover ação os herdeiros 
ou os credores da herança (art.1.994). A sentença que se proferir na ação de 
sonegados, movida por qualquer dos herdeiros ou credores, aproveita aos demais 
interessados (parágrafo único). 
 
 
 
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Por fim, se não se restituírem os bens sonegados, por 
já não os ter o sonegador em seu poder, pagará ele a 
importância dos valores que ocultou, mais as perdas 
e danos, na forma do art. 1.995 do CC/2002. 
19.3. Remoção do inventariante 
Segundo o art. 662 do CPC, será o inventariante removido da inventariança: 
I - se não prestar, no prazo legal, as primeiras e as últimas declarações; 
II - se não der ao inventário andamento regular, suscitando dúvidas infundadas ou 
praticando atos meramente protelatórios; 
III - se, por culpa sua, se deteriorarem, forem dilapidados ou sofrerem dano bens do 
espólio; 
IV - se não defender o espólio nas ações em que for citado, deixar de cobrar dívidas ativas 
ou não promover as medidas necessárias para evitar o perecimento de direitos; 
V - se não prestar contas ou as que prestar não forem julgadas boas; 
VI - se sonegar, ocultar ou desviar bens do espólio. 
Requerida a remoção, será intimado o inventariante para, no prazo de 15 dias, 
defender-se e produzir provas (art. 623). Para evitar que a remoção 
prejudique o andamento do inventário, o incidente da remoção correrá 
em apenso aos autos do inventário (parágrafo único). 
Se remover o inventariante, o juiz nomeará outro, observada a ordem 
estabelecida no art. 617, na foram do art. 624, parágrafo único. Neste caso, o 
inventariante removido entregará imediatamente ao substituto os bens 
do espólio; deixando de fazê-lo, será compelido mediante mandado de busca e 
apreensão, ou de imissão na posse, conforme se tratar de bem móvel ou imóvel 
(art. 625 do CPC). Do contrário, continua ele na inventariança, regularmente. 
19.4. Primeiras e últimas declarações 
Consoante regra do art. 626 do CPC, feitas as primeiras declarações, o juiz 
mandará citar, para os termos do inventário e partilha, o cônjuge, os herdeiros, 
os legatários, a Fazenda Pública, o MP (se houver herdeiro incapaz ou ausente) 
e o testamenteiro (se o finado deixou testamento). 
Assim, segundo o art. 627 do CPC, concluídas as citações, 
abre-se vista às partes pelo prazo comum de 15 dias, 
para dizerem sobre as primeiras declarações. Cabe à 
parte: 
I - arguir erros e omissões; 
II - reclamar contra a nomeação do inventariante; 
III - contestar a qualidade de quem foi incluído no título de herdeiro. 
Julgando procedente a impugnação referida no inc. I, o juiz mandará retificar as 
primeiras declarações. Se acolher o pedido, de que trata o inc. II, nomeará outro 
inventariante, observada a preferência legal. Verificando que a disputa sobre a 
qualidade de herdeiro, a que alude o inc. III, constitui matéria de alta indagação, 
 
 
 
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remeterá a parte para os meios ordinários e sobrestará, até o julgamento da 
ação, na entrega do quinhão que na partilha couber ao herdeiro admitido, tudo 
na forma dos parágrafos desse artigo. 
Findo o prazo, sem impugnação ou decidida a que houver sido oposta, o 
juiz nomeará um perito para avaliar os bens do espólio (art. 630). Sendo 
capazes todas as partes, não se procederá à avaliação, se a Fazenda Pública, 
intimada, concordar expressamente com o valor atribuído, nas primeiras 
declarações, aos bens do espólio (art. 633 do CPC). 
Na sequência, segundo o art. 635 do CPC, entregue o laudo de avaliação, o juiz 
mandará que sobre ele se manifestem as partes no prazo de 15 dias. Versando 
a impugnação sobre o valor dado pelo perito, o juiz a decidirá de plano, à vista 
do que constar dos autos (§1º); se procedente a impugnação, determinará o juiz 
que o perito retifique a avaliação, observando os fundamentos da decisão (§2º). 
Aceito o laudo ou resolvidas as impugnações suscitadas a seu respeito 
lavra-se em seguida o termo de últimas declarações, no qual o 
inventariante poderá emendar, aditar ou completar as primeiras (art. 
636). Ouvidas as partes sobre as últimas declarações no prazo comum de 15 
dias, procede-se ao cálculo do imposto (art. 637). Feito o cálculo, sobre ele serão 
ouvidas todas as partes no prazo comum de 5 dias e, em seguida, a Fazenda 
Pública (art. 638 do CPC). 
19.5. Colações 
No prazo que dá aos interessados prazo para manifestarem-se sobre as primeiras 
declarações, o herdeiro obrigado à colação conferirá os bens que recebeu ou, se 
já os não possuir, vai trazer o valor aos autos (art. 2.003 do CC/2002). Os 
herdeiros em posse dos bens da herança, o cônjuge sobrevivente e o 
inventariante são obrigados a trazer ao acervo os frutos que perceberam, 
desde a abertura da sucessão; têm direito ao reembolso das despesas 
necessárias e úteis que fizeram, e respondem pelo dano a que, por dolo 
ou culpa, deram causa (art. 2.020 do CC/2002). 
O herdeiro que renunciou à herança ou o que dela foi 
excluído não se exime, pelo fato da renúncia ou da 
exclusão, de conferir, para o efeito de repor a parte 
que extrapolava a legítima, as liberalidades que 
recebeu do doador (arts. 2.003, parágrafo único, e 2.008, do CC/2002). 
Mesmo os netos, representando os seus pais, sucederem aos avós, serão 
obrigados a trazer à colação, ainda que não o hajam herdado, o que os pais 
teriam de conferir (art. 2.009 do CC/2002). A doação feita por ambos os 
cônjuges exigirá colação pela metade no inventário de cada um (art. 
2.012 do CC/2002). 
O valor de colação dos bens doados será aquele que 
lhes atribuir o ato de liberalidade (art. 2.004 do 
CC/2002). Se do ato de doação não constar valor, nem 
houver estimação feita naquela época, os bens serão conferidos na partilha pelo 
 
 
 
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que então se calcular valessem ao tempo da liberalidade (§1º). As benfeitorias 
acrescidas, os rendimentos, lucros, bem como os danos e perdas que eles 
sofrerem pertencerão ao herdeiro donatário,não entram no valor da colação 
(§2). 
Todavia, são dispensadas da colação as doações que 
o doador determinar saiam da parte disponível, 
contanto que não a excedam, computado o seu valor 
ao tempo da doação (art. 2.005). Presume-se imputada na parte disponível a 
liberalidade feita a descendente que, ao tempo do ato, não seria chamado à 
sucessão na qualidade de herdeiro necessário (parágrafo único). Essa dispensa 
pode ser outorgada pelo doador em testamento, ou no próprio título de 
liberalidade (art. 2.006 do CC/2002). 
Igualmente, não entram na colação os gastos 
ordinários do ascendente com o descendente, 
enquanto menor, assim como as despesas de 
casamento, ou as feitas no interesse de sua defesa em 
processo-crime (art. 2.010), nem as doações remuneratórias de serviços 
feitos ao ascendente (art. 2.011). 
Ultrapassando a parte disponível, estão sujeitas à 
redução as doações (art. 2.007 do CC/2002), 
calculado o excesso com base no valor que os bens 
doados tinham, no momento da liberalidade (§1º), 
que retornará ao monte partilhável (2º). Nesses casos, é lícito ao donatário 
escolher, dos bens doados, tantos quantos bastem para perfazer a legítima e a 
metade disponível, entrando na partilha o excedente para ser dividido entre os 
demais herdeiros (art. 640, §1º do CPC). 
Se o herdeiro negar o recebimento dos bens ou a obrigação de os conferir, o juiz, 
ouvidas as partes no prazo comum de 15 dias, decidirá à vista das alegações e 
provas produzidas (art. 641). Declarada improcedente a oposição, se o herdeiro, 
no prazo improrrogável de 15 dias, não proceder à conferência, o juiz mandará 
sequestrar os bens, para serem inventariados e partilhados, os bens sujeitos à 
colação, ou imputar ao seu quinhão hereditário o valor deles, se já os não possuir 
(art. 641, §1º do CPC). 
Os descendentes que concorrerem à sucessão do 
ascendente comum são obrigados, para igualar as 
legítimas, a conferir o valor das doações que dele em 
vida receberam, sob pena de sonegação (art. 2.002 do 
CC/2002). Vimos, anteriormente, os efeitos da sonegação. Para cálculo da 
legítima, o valor dos bens conferidos será computado na parte indisponível, sem 
aumentar a disponível (art. 2.002, parágrafo único). 
 
 
 
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19.6. Pagamento de dívidas 
Captadas as eventuais sonegações, removido o inventariante, se devido, 
feitas as primeiras e últimas declarações e feitas as colações, passa-se 
ao pagamento das dívidas do espólio. Segundo o art. 1.997 do CC/2002, a 
herança responde pelo pagamento das dívidas do 
falecido; mas, feita a partilha, só respondem os 
herdeiros, cada qual em proporção da parte que na 
herança lhe coube. 
Assim, antes da partilha, poderão os credores do espólio requerer ao juízo do 
inventário o pagamento das dívidas vencidas e exigíveis (art. 642 do CPC). A 
petição, acompanhada de prova literal da dívida, será distribuída por dependência 
e autuada em apenso aos autos do processo de inventário (§1º). 
Na dicção do §2º, concordando as partes com o pedido, o juiz, ao declarar 
habilitado o credor, mandará que se faça a separação de dinheiro ou, em sua 
falta, de bens suficientes para o seu pagamento. Se o credor requerer que, em 
vez de dinheiro, sejam adjudicados, para o seu pagamento, os bens já 
reservados, o juiz defere-lhe o pedido, concordando todas as partes (§4º). 
Ao contrário, não havendo concordância de todas as partes sobre o pedido de 
pagamento feito pelo credor, será ele remetido para os meios ordinários (art. 643 
do CPC). O juiz mandará, porém, reservar em poder do inventariante bens 
suficientes para pagar o credor, quando a dívida constar de documento que 
comprove suficientemente a obrigação e a impugnação não se fundar em 
quitação, de acordo com o parágrafo único. 
Já no caso de dívida líquida e certa, ainda não vencida, pode o credor requerer 
habilitação no inventário. Concordando as partes com o pedido, o juiz, ao julgar 
habilitado o crédito, mandará que se faça separação de bens para o futuro 
pagamento (art. 644, parágrafo único do CPC). Se não concordarem, o credor 
deve buscar as vias ordinárias, após o vencimento, como ocorre nas dívidas em 
geral. 
Em qualquer caso, havendo reserva de bens, segundo o art. 1.997, §2º do 
CC/2002, o credor será obrigado a iniciar a ação de cobrança no prazo de 30 dias, 
sob pena de se tornar de nenhum efeito a providência indicada. 
Caso o volume de dívidas seja superior ao valor que o 
espólio pode suportar, cabe ao inventariante requerer 
a instauração da insolvência, nos termos do art. 618, 
inc. VIII do CPC. 
Veja-se, ainda, que as dívidas póstumas, derivadas do 
espólio e dos gastos com o passamento do falecido, 
têm prioridade no recebimento. As despesas 
funerárias, haja ou não herdeiros legítimos, sairão do 
monte da herança; mas as despesas de cunho religioso, dos 
sobreviventes ou do falecido, só obrigarão a herança quando ordenadas 
em testamento ou codicilo (art. 1.998 do CC/2002). 
 
 
 
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19.7. Partilha 
Pois bem, pagas as dívidas, segundo o art. 647 do CPC, o juiz facultará às partes 
que, no prazo comum de 15 dias, formulem o pedido de quinhão. 
Em seguida proferirá o despacho de deliberação da partilha, resolvendo os 
pedidos das partes e designando os bens que devam constituir quinhão de cada 
herdeiro e legatário. 
Assim, o partidor organizará o esboço da partilha de acordo com a 
decisão, observando nos pagamentos a seguinte ordem (art. 651): 
I - dívidas atendidas; 
II - meação do cônjuge; 
III - meação disponível; 
IV - quinhões hereditários, a começar pelo coerdeiro mais velho. 
Feito o esboço, dirão sobre ele as partes no prazo comum de 15 dias (art. 652). 
Resolvidas as reclamações, será a partilha lançada nos autos, constando (art. 
1.025): 
I - de um auto de orçamento, que mencionará: 
a) os nomes do autor da herança, do inventariante, do cônjuge supérstite, dos herdeiros, 
dos legatários e dos credores admitidos; 
b) o ativo, o passivo e o líquido partível, com as necessárias especificações; 
c) o valor de cada quinhão; 
II - de uma folha de pagamento para cada parte, declarando a quota a pagar-lhe, a razão 
do pagamento, a relação dos bens que lhe compõem o quinhão, as características que os 
individualizam e os ônus que os gravam. 
Pago o imposto de transmissão a título de morte, e junta aos autos certidão ou 
informação negativa de dívida para com a Fazenda Pública, o juiz julgará por 
sentença a partilha (art. 654 do CPC). Julgada a partilha, fica o direito de cada 
um dos herdeiros circunscrito aos bens do seu quinhão (art. 2.023 do CC/2002). 
Passada em julgado a sentença, receberá o herdeiro os bens que lhe 
tocarem e um formal de partilha, do qual constarão as seguintes peças (art. 
655 do CPC): 
I - termo de inventariante e título de herdeiros; 
II - avaliação dos bens que constituíram o quinhão do herdeiro; 
III - pagamento do quinhão hereditário; 
IV - quitação dos impostos; 
V - sentença. 
O formal de partilha poderá ser substituído por certidão do pagamento do quinhão 
hereditário, quando este não exceder 5 vezes o salário mínimo; caso em que se 
transcreverá nela a sentença de partilha transitada em julgado (parágrafo único). 
A partilha, ainda depois de passar em julgado a sentença, pode ser emendada 
nos mesmos autos do inventário, convindo todas as partes, quando tenha havido 
erro de fato na descrição dos bens; o juiz, de ofício ou a requerimento da parte,Prof. Paulo H M Sousa www.estrategiaconcursos.com.br 28 de 35 
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poderá, a qualquer tempo, corrigir-lhe as inexatidões materiais, por força do art. 
656 do CPC. 
Eventualmente, bens do falecido restam 
impartilhados. Nesses casos, cabe a sobrepartilha. De 
regra, vale à sobrepartilha o mesmo procedimento da 
partilha (art. 670 do CPC). Inclusive, a sobrepartilha correrá nos autos do 
inventário do autor da herança (parágrafo único). 
São as hipóteses de sobrepartilha: 
 
19.8. Invalidação da partilha 
A partilha é anulável pelos vícios e defeitos que 
invalidam, em geral, os negócios jurídicos, 
extinguindo-se, em 1 ano, o direito de anular a partilha 
(art. 2.027, parágrafo único, do CC/2002). 
A partilha amigável, lavrada em instrumento público, reduzida a termo 
nos autos do inventário ou constante de escrito particular homologado 
pelo juiz, pode ser anulada, por dolo, coação, erro essencial ou 
intervenção de incapaz (art. 657 do CPC). Nesses casos, 
segundo o parágrafo único, o direito de propor ação 
anulatória de partilha amigável prescreve em 1 ano, 
contado este prazo: 
I - no caso de coação, do dia em que ela cessou; 
II - no de erro ou dolo, do dia em que se realizou o ato; 
III - quanto ao incapaz, do dia em que cessar a incapacidade. 
Segundo o art. 658 do CPC, se já julgada por sentença, a partilha é 
rescindível (no prazo de 2 anos, do trânsito em julgado da decisão): 
I - nos casos mencionados no artigo antecedente; 
II - se feita com preterição de formalidades legais; 
‡ Art. 669, inc. I do CPC e art. 2.022 do CC/2002
1. Os bens sonegados
‡ Art. 669, inc. II do CPC e art. 2.022 do CC/2002
2. Os bens da herança que se descobrirem depois
da partilha
‡ Art. 669, inc. III do CPC e art. 2.021 do CC/2002
3. Os bens litigiosos, assim como os de liquidação
difícil ou morosa
‡ Art. 669, inc. IV do CPC e art. 2.021 do CC/2002
4. Os bens situados em lugar remoto da sede do
juízo onde se processa o inventário
 
 
 
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III - se preteriu herdeiro ou incluiu quem não o seja. 
No entanto, segundo a doutrina, caso a partilha 
amigável seja nula ou inexistente, a ação é de 
nulidade, com prazo de 10 anos (art. 205 do CC/2002). 
Por fim, caso determinado herdeiro não tenha 
participado do inventário e da partilha, pode recorrer 
à ação de petição de herança, de caráter 
reivindicatório e com prazo prescricional de 10 anos (art. 205 do 
CC/2002), conforme entendimento jurisprudencial consolidado. 
19.9. Arrolamento 
O arrolamento é um inventário simplificado. O 
arrolamento sumário, pode ser de qualquer valor (art. 
659 do CPC), pode ocorrer nas seguintes hipóteses: 
 
 
Questão 40 ± XI Exame da OAB 
A escritura pública, lavrada em notas de tabelião, é documento dotado de fé 
pública, notadamente no que tange ao fato de o ato de declaração ter sido 
praticado na presença do tabelião e ter sido feita sua regular anotação em 
assentos próprios, o que não importa na veracidade quanto ao conteúdo 
declarado. A respeito desse tema, assinale a afirmativa correta. 
C) A partilha amigável entre herdeiros capazes será feita por termo nos autos 
do inventário ou por escritura pública, não se admitindo escrito particular, 
ainda que homologado pelo Juiz. 
Comentários 
A alternativa C está incorreta, já que o documento particular também é hábil a 
fazer a partilha amigável. 
Na petição do arrolamento sumário, os herdeiros 
requererão ao juiz a nomeação do inventariante que 
designarem, declararão os títulos dos herdeiros e os 
bens do espólio e atribuirão o valor dos bens do 
espólio, para fins de partilha (art. 660, incisos). 
Partilha amigável, feita por 
herdeiros forem capazes, por 
escritura pública, termo nos autos 
do inventário, ou escrito particular, 
homologado pelo juiz
Adjudicação dos bens do falecido, 
em havendo apenas um herdeiro
 
 
 
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Salvo para pagamento de credores (art. 663), não se procederá a avaliação dos 
bens do espólio para qualquer finalidade (art. 661 do CPC), agilizando seu 
deslinde. Por isso, no arrolamento, não serão conhecidas ou apreciadas questões 
relativas ao lançamento, ao pagamento ou à quitação de taxas judiciárias e de 
tributos incidentes sobre a transmissão da propriedade dos bens do espólio (art. 
662 do CPC). 
Já o arrolamento comum, que serve para bens de 
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espólio for igual ou inferior a 1.000 salários mínimos, 
cabendo ao inventariante nomeado, independentemente da assinatura de termo 
de compromisso, apresentar, com suas declarações, a atribuição do valor dos 
bens do espólio e o plano da partilha (art. 664 do CPC). 
Se qualquer das partes ou o MP impugnar a estimativa, o juiz nomeará um 
avaliador que oferecerá laudo em 10 dias (§1º). Apresentado o laudo, o juiz 
deliberará sobre a partilha, decidindo de plano todas as reclamações e mandando 
pagar as dívidas não impugnadas (§2º). Provada a quitação dos tributos relativos 
aos bens do espólio e às suas rendas, o juiz julgará a partilha (§5º). 
19.10. Dispensas legais 
Em determinadas situações, dispensa-se qualquer 
procedimento de inventário, ainda que sob a forma de 
arrolamento. Isso porque desnecessário é fazer tantos procedimentos 
em vista do parco patrimônio a partilhar. Assim, segundo o art. 666 do CPC, 
independe de inventário ou arrolamento o pagamento dos valores previstos na 
Lei 6.858/1980: 
 
1. Os valores devidos pelos empregadores aos empregados e os montantes das 
contas individuais do FGTS e do PIS-PASEP, não recebidos em vida pelos 
respectivos titulares, serão pagos, em quotas iguais, aos dependentes habilitados 
perante a Previdência Social ou na forma da legislação específica dos servidores 
civis e militares, e, na sua falta, aos sucessores previstos na lei civil, indicados 
em alvará judicial, independentemente de inventário ou arrolamento (art. 1º da 
Lei). Segundo o §1º, as quotas atribuídas a menores ficarão depositadas em 
caderneta de poupança, rendendo juros e correção monetária, e só serão 
disponíveis após o menor completar 18 anos, salvo autorização do juiz para 
aquisição de imóvel destinado à residência do menor e de sua família ou para 
dispêndio necessário à subsistência e educação do menor. 
2. O disposto nesta Lei se aplica às restituições relativas ao Imposto de Renda e 
outros tributos, recolhidos por pessoa física, e, não existindo outros bens sujeitos 
Valores devidos pelo empregador a 
título de FGTS e PIS-PASEP não 
recebidos em vida pelo empregado
Valores devidos a título de 
restituição de IRPF e outros 
tributos recolhidos pela pessoa, 
saldos bancários, poupança e 
fundos de investimento
 
 
 
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DIREITO CIVIL ± OAB XXI 
Teoria e Questões 
Aula 14 ± Prof. Paulo H M Sousa 
 
a inventário, aos saldos bancários e de contas de cadernetas de poupança e 
fundos de investimento de valor até 500 Obrigações do Tesouro Nacional (art. 
2º, aproximadamente R$40mil). 
 
 
Lista de Questões da Aula 
 
 
Questão 24 ± II Exame da OAB 
Em 2004, Joaquim, que não tinha herdeiros necessários, lavrou um 
testamento contemplando como sua herdeira universal Ana. Em 2006, 
arrependido, Joaquim revogou o testamento de 2004, nomeando como

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