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Aula 13 Direito Civil p/ XXI Exame de Ordem - OAB Professor: Paulo H M Sousa Prof. Paulo H M Sousa www.estrategiaconcursos.com.br 1 de 34 DIREITO CIVIL ± OAB XXI Teoria e Questões Aula 13 ± Prof. Paulo H M Sousa $8/$��� ',5(,72�'$6�68&(66®(6�, Sumário Sumário .................................................................................................... 1 Considerações Iniciais ................................................................................ 2 17. SUCESSÃO GERAL ................................................................................ 3 17.1. Sucessão mortis causa .................................................................... 3 17.1.1. Herança ...................................................................................... 4 17.1.2. Administração .............................................................................. 7 17.1.3. Aceitação e renúncia da herança .................................................... 8 17.1.4. Exclusão da herança: indignidade e deserdação ............................ 13 17.2. Sucessão legal .............................................................................. 17 17.2.1. Sucessão do companheiro ........................................................... 17 17.2.2. Sucessão do cônjuge .................................................................. 19 17.2.3. (I)Legitimidade sucessória .......................................................... 22 17.2.4. Ordem de vocação sucessória...................................................... 23 Lista de Questões da Aula ......................................................................... 29 Considerações Finais ................................................................................ 33 Prof. Paulo H M Sousa www.estrategiaconcursos.com.br 2 de 34 DIREITO CIVIL ± OAB XXI Teoria e Questões Aula 13 ± Prof. Paulo H M Sousa $8/$����±�',5(,72�'$6�68&(66®(6�, Considerações Iniciais Na aula passada, terminamos a última parte do Direito de Família, o quarto Livro da Parte Especial. Com isso, concluímos o primeiro, o terceiro e o quarto Livros (sendo que o segundo é o Livro do Direito de Empresa, que é visto lá pelo Direito Empresarial), restando apenas o quinto e último Livro da Parte Especial do CC/2002. Vimos as regras gerais sobre parentesco e filiação, alimentos e poder familiar, tema irmão do ECA. Hoje iniciaremos a parte de sucessões, com as regras gerais aplicáveis ao Direito das Sucessões e a Sucessão Legal, aquele que já é pré-determinada pela lei. Vale lembrar que das provas de 1ª Fase de Direito Civil dos últimos 20 Exames da OAB, tivemos 15 questões sobre o Direito das Sucessões, ou seja, aproximadamente uma questão por Exame. Destaco que no último Exame, o XX, tivemos uma questão, ao passo que no XIX tivemos 2 questões inteiras sobre Direito das Sucessões. O Direito das Sucessões exige um conhecimento profundo do restante do Direito Civil. Isso porque ele é o mais complexo dos ramos, pois congloba o conhecimento de todos os outros. Apenas para ficarmos num exemplo simples: uma pessoa, que vive em união estável com alguém, após se separar de fato de uma pessoa, com a qual era casada em regime de comunhão parcial de bens, vem a falecer enquanto pagava um imóvel financiado, cuja entrada foi dada parte em dinheiro, parte com um automóvel. O imóvel, porém, apresentava uma série de defeitos construtivos e era pleiteado, numa execução de indenização, por um motorista atropelado pelo de cujus. Esse sujeito, sócio de uma empresa, deixa um testamento doando esse imóvel a um terceiro, sob condição de que este preste um determinado terceiro a uma outra pessoa. Ocorre, porém, que um dos herdeiros havia manejado uma ação de interdição poucos dias antes do falecimento e do estabelecimento do testamento. Percebe? Só aqui temos problemas de capacidade, negócio jurídico, obrigações, contratos, responsabilidade civil, propriedade e família, o que resume quase todas as aulas que tivemos! Ou seja, a chance de você errar uma questão dessas é imensa, pelos muitos conhecimentos que ela te exige. Por fim, parte do Direito das Sucessões já foi visto ao longo das nossas aulas, pois remetem, ainda que indiretamente, a ele. Assim, nosso conteúdo será mais limitado e focado no CC/2002, de modo a te liberar para estudar novamente os outros conteúdos. Dito isso, vamos lá! Prof. Paulo H M Sousa www.estrategiaconcursos.com.br 3 de 34 DIREITO CIVIL ± OAB XXI Teoria e Questões Aula 13 ± Prof. Paulo H M Sousa 17. SUCESSÃO GERAL 17.1. Sucessão mortis causa Primeiro, é necessário que você lembre que a sucessão pode ser inter vivos ou mortis causa. Suceder nada mais é do que se transmitir algo a alguém, em termos bem gerais. Por isso, o adquirente sucede o vendedor quando adquire uma casa. Igualmente, o possuidor sucede o possuidor anterior, podendo somar as posses para fins de usucapião. O direito das sucessões, porém, se preocupa com a segunda hipótese, a sucessão que se dá início com um evento específico, futuro e incerto, mas apenas quanto ao tempo: a morte. Nesse sentido se pode falar em herança e herdeiros. A herança nada mais é do que a massa patrimonial, que compreende direitos e obrigações do defunto e se transmite aos seus sucessores, numa universalidade de direito, indivisível, portanto. A herança é, portanto, a parte transmissível do patrimônio, eis que determinados elementos do patrimônio desaparecem com a morte, como, por exemplo, os alimentos que o morto eventualmente recebia. O de cujus, como se convenciona chamar o morto, é, assim, o autor da herança, pois transmite direitos e obrigações aos que a ele sobrevivem. A morte depende de comprovação, que se dá, em regra, com o atestado de óbito, regulado pelos arts. 77 e ss. da Lei 6.015/1973 ± LRP (Lei de Registros Públicos), ou, excepcionalmente, com a presunção de morte ou a ausência, institutos que já tratamos anteriormente. A transmissão da herança é automática, por força do princípio da saisine, a todos os herdeiros, consoante dispõe o art. 1.784 do CC/2002. Somente é possível se falar em algum efeito sobre a herança, portanto, após a morte do de cujus. Como, com a morte, a herança se transmite automaticamente, o foro competente para os procedimentos que envolvem a transmissão patrimonial é, então, o do último domicílio do falecido (art. 1.785). O inventário é o procedimento pelo qual se transmite a herança. Ele deve ser iniciado em 30 dias, contados da abertura da sucessão (ou seja, da morte do de cujus), perante o juízo competente no lugar da sucessão, segundo o art. 1.796 do CC/2002. Esse artigo não estabelece uma punição ao descumprimento da norma, que varia de estado a estado. Alguns estados têm punição, como São Paulo (Lei Estadual 10.705/2000) ou a Paraíba (Lei 10.136/2013); outros, como o Paraná, não têm penalidade alguma. Mas, como funciona a sucessão? Prof. Paulo H M Sousa www.estrategiaconcursos.com.br 4 de 34 DIREITO CIVIL ± OAB XXI Teoria e Questões Aula 13 ± Prof. Paulo H M Sousa 17.1.1. Herança Pois bem, a sucessão dá-se por lei ou por disposição de última vontade (art. 1.786 do CC/2002). Ou seja, a herança será dividida conforme estabelece a lei, excetuando as disposições do falecido em testamento, por exemplo. Aquilo que fica de fora do testamento é regido pela lei (art. 1.788). Mas, se morre a pessoa sem testamento, transmite a herança aos herdeiros legítimos (art. 1.788). Porém, há uma regrano direito brasileiro que estabelece que a herança não pode ser livremente regulada pelo falecido por ato de vontade, sob o argumento de proteger os herdeiros necessários. O art. 1.789 do CC/2002 estabelece que se houver herdeiros necessários, o testador só poderá dispor da metade da herança. Essa metade, que pertence aos herdeiros necessários constitui a chamada legítima (art. 1.846). Ou seja, se tiver 100 de patrimônio, pode ele apenas dispor com liberdade de 50, os outros 50 devem ser divididos, obrigatoriamente, conforme estabelece a lei. Questão 40 ± XVII Exame da OAB Ester, viúva, tinha duas filhas muito ricas, Marina e Carina. Como as filhas não necessitam de seus bens, Ester deseja beneficiar sua irmã, Ruth, por ocasião de sua morte, destinando-lhe toda a sua herança, bens que vieram de seus pais, também pais de Ruth. Ester o(a) procura como advogado(a), indagando se é possível deixar todos os seus bens para sua irmã. Deseja fazê-lo por meio de testamento público, devidamente lavrado em Cartório de Notas, porque suas filhas estão de acordo com esse seu desejo. Assinale a opção que indica a orientação correta a ser transmitida a Ester. A) Em virtude de ter descendentes, Ester não pode dispor de seus bens por testamento. B) Ester só pode dispor de 1/3 de seu patrimônio em favor de Ruth, cabendo o restante de sua herança às suas filhas Marina e Carina, dividindo-se igualmente o patrimônio. C) Ester pode dispor de todo o seu patrimônio em favor de Ruth, já que as filhas estão de acordo. D) Ester pode dispor de 50% de seu patrimônio em favor de Ruth, cabendo os outros 50% necessariamente às suas filhas, Marina e Carina, na proporção de 25% para cada uma. Comentários A alternativa A está incorreta, já que toda pessoa pode dispor de seus bens por testamento, de maneira limitada, claro, independentemente de ter descendentes, ascendentes ou colaterais. Prof. Paulo H M Sousa www.estrategiaconcursos.com.br 5 de 34 DIREITO CIVIL ± OAB XXI Teoria e Questões Aula 13 ± Prof. Paulo H M Sousa A alternativa B está incorreta. Quase correta, exceto pelo limite disponível e o que sobra, a chamada legítima, que não é de 1/3. A alternativa C está incorreta, porque mesmo que os demais descendentes não queiram a herança, a legítima lhes é resguardada. Posteriormente, ao receber a herança, as filhas poderiam renunciar a ela, mas não antecipadamente. A alternativa D está correta, pois a legítima abrange 50% do patrimônio e a parte disponível os outros 50%, pelo que a irmã de Ester receberia essa metade disponível, dividindo-se os outros 50% entre suas filhas. Veja, ainda, que consoante regra do art. 1.849 do CC/2002, o herdeiro necessário que receber do testador parte disponível da herança, ou algum legado, não perde o direito à legítima. Ou seja, se o pai morre, com patrimônio de 100, e deixa dois filhos, 50 podem ser deixados livremente a quem ele quiser e os outros 50 pertencem aos filhos, necessariamente. Assim, cada filho receberá, com certeza, 25. O pai pode deixar os 50 livres para um dos filhos, que herdará, então, 75, e o outro fica com os 25 restantes. Mas, como se calcula o valor da herança disponível e o valor indisponível? Isso porque, como é normal, o patrimônio da pessoa varia ao longo do tempo, ora para mais, ora para menos. Por vezes, as variações patrimoniais são bastante grandes. Para resolver esse problema, o art. 1.847 coloca que se calcula a legítima sobre o valor dos bens existentes na abertura da sucessão, abatidas as dívidas e as despesas do funeral, adicionando-se, em seguida, o valor dos bens sujeitos a colação. Ou seja, não importa o patrimônio do falecido na época em que ele fez o testamento, por exemplo, mas sim o valor do patrimônio dele ao morrer. Assim, se quando deixou a casa de 100 para o sobrinho o testador tinha 500 de patrimônio, mas ao morrer tinha apenas 100, o valor testado supera o valor testável, ou seja, o valor que ele poderia dispor. O falecido, então, invadiu a legítima. Veremos, mais à frente, o que os demais herdeiros podem fazer. Para aplicar essa regra, você deve ter se perguntado: e quem são os herdeiros necessários? Segundo o art. 1.845 do CC/2002, são herdeiros necessários os descendentes, os ascendentes e o cônjuge. Para saber quem são eles, portanto, você tem que se lembrar do parentesco, que vimos anteriormente: avós, bisavós, tataravós, netos, bisnetos, tataranetos e o cônjuge. Por outro lado, os colaterais não são herdeiros necessários. Lembra quem são os colaterais? Irmãos, primos, tios, sobrinhos etc. Ou seja, todos aqueles parentes que eu tenho que ir até um ancestral comum e, depois, novamente descer, para encontrar. Por exemplo, o irmão ou o primo. Eu tenho que subir até o pai e depois descer até o irmão; tenho que subir até o avô e descer até o primo. Prof. Paulo H M Sousa www.estrategiaconcursos.com.br 6 de 34 DIREITO CIVIL ± OAB XXI Teoria e Questões Aula 13 ± Prof. Paulo H M Sousa Nesses casos, para excluir da sucessão os herdeiros colaterais basta que o testador disponha de seu patrimônio sem os contemplar, segundo o art. 1.850. Deixado o patrimônio aos herdeiros, sejam os necessários sejam os testamentários, posso eu limitar o patrimônio de algum jeito? Em regra, não. Porém, se houver justa causa, declarada no testamento, pode o testador estabelecer cláusula de inalienabilidade (não pode transmitir, onerosa ou gratuitamente), impenhorabilidade (insuscetível de penhora, como nos casos de impenhorabilidade presentes no CPC) e de incomunicabilidade (não entra na comunhão de bens do sucessor, independentemente do regime do casamento) sobre os bens da legítima, na forma do art. 1.848. Se o falecido insere cláusula de inalienabilidade, ela implica impenhorabilidade e incomunicabilidade, automaticamente (art. 1.911). O inverso não vale, pois, se há apenas incomunicabilidade, o bem pode ser penhorado e alienado. No entanto, mesmo com essas cláusulas, mediante autorização judicial e havendo justa causa, podem ser alienados os bens gravados, convertendo-se o produto em outros bens, que ficarão sub-rogados nos ônus dos primeiros (art. 1.911, §2º). Mesmo assim, o testador não pode estabelecer a conversão dos bens da legítima em outros de espécie diversa (§1º). Agora, e se a pessoa morre sem deixar testamento e sem deixar herdeiros (art. 1.819)? Ou se, tendo herdeiros eles renunciam à herança (art. 1.823 do CC/2002)? Essa p�D�FKDPDGD�KHUDQoD�MDFHQWH��D�KHUDQoD�³VHP�GRQR´� Nesse caso, os bens da herança, depois de arrecadados (art. 738 do CPC), ficarão sob a guarda e administração de um curador, até a sua entrega ao sucessor devidamente habilitado ou à declaração de sua vacância (art. 1.819 do CC/2002 e 739 do CPC). O curador administrará os bens (art. 739, §1º, incisos, do CPC), arrolando-os em autos de arrolamento (art. 740), juntamente com o juiz, ou, na falta dele, a autoridade policial (§1º). Questionam-se as pessoas próximas do morto sobre eventuais sucessores (§3º) e, se aparecer alguém, suspende-se a arrecadação (§6º), convertendo-se a arrecadação em inventário, depois de provada sua condição (art. 741, §3º do CPC). Para buscar eventuais herdeiros, mesmo depois da arrecadação e da finalização do inventário, são expedidos editais (art. 741 do CPC) e, decorrido um ano de sua primeira publicação, sem que haja herdeiro habilitado, será a herança declarada vacante (art. 1.820 do CC/2002 e art. 743 GR�&3&���RX�VHMD��³YD]LD´� Obviamente que se o morto possuía dívidas, os credores têm o direito de pedir o pagamento das dívidas reconhecidas, nos limites das forças da herança (art. 1.821 do CC/2002), seja mediante açãode cobrança, seja habilitando-se no inventário (art. 741, §4º do CPC). Lembre-se que os herdeiros (seja necessários, colaterais ou o Estado, na herança Prof. Paulo H M Sousa www.estrategiaconcursos.com.br 7 de 34 DIREITO CIVIL ± OAB XXI Teoria e Questões Aula 13 ± Prof. Paulo H M Sousa jacente), respondem sempre pelas dívidas do morto, ou seja, herdam-se dívidas! Mas, se meu pai falece deixando patrimônio de 100 e dívidas de 500, eu tenho que pagar 400 aos credores? Não! Herdam-se dívidas até os limites do patrimônio recebido na herança. Ou seja, se o morto tinha 100 e patrimônio e 50 de dívida, recebo apenas 50; se tinha 100 de dívida, recebo 0; se tinha 200 de dívida, recebo 0, mas pago 0. Essa é a regra do art. 1.792, que coloca que o herdeiro não responde por encargos superiores às forças da herança. Porém, cuidado, pois se o inventário estiver aberto é fácil; mas se não, incumbe ao herdeiro provar o excesso, demostrando o valor dos bens herdados. Sem herdeiros habilitados ± necessários ou colaterais (art. 1.822, parágrafo único) ± e decretada a vacância, decorridos 5 anos da abertura da sucessão, os bens arrecadados passarão ao domínio do Município (art. 1.822 do CC/2002). 17.1.2. Administração Agora, em havendo herança aos sucessores, como é ela administrada até sua partilha (lembrando que, como universalidade de direito, a herança é indivisível)? Como universalidade (art. 1.791), a herança defere-se como um todo unitário, pelo que o direito dos coerdeiros, quanto à propriedade e posse da herança, será indivisível. Lembra qual era o termo apropriado para tratar da situação de multipropriedade, que falamos em aula anterior? O condomínio! Por isso, a herança, quanto à propriedade e posse, regula-se pelas normas relativas ao condomínio (parágrafo único). Como no condomínio, em que o condômino pode negociar sua quota-parte, o herdeiro pode negociar sua herança, ainda não finalizado o inventário. Cuidado, porém, pois não pode ser negociada a herança de pessoa viva (art. 426), em qualquer aspecto (vendido bens, aceitado negócio, renunciado a quinhão etc.); se falecida, o direito à sucessão aberta, bem como o quinhão de que disponha o coerdeiro, pode ser objeto de cessão por escritura pública (art. 1.793 do CC/2002). No condomínio, podia o condômino transferir sua copropriedade a qualquer um, de qualquer jeito? Não, lembra da aula de Direto das Coisas? Ela tinha que oferecer primeiro aos coproprietários! O que vai acontecer aqui na herança? A mesma coisa... O art. 1.794 estabelece que o coerdeiro pode ceder a sua quota a pessoa estranha à sucessão, desde que os outros coerdeiros não queiram. E se ele não oferecer primeiramente ao coerdeiro? Acontece a mesma coisa que no condomínio: o coerdeiro, a quem não se der conhecimento da cessão, poderá, depositado o preço, haver para si a quota cedida a estranho, se o requerer até 180 dias após a transmissão (art. 1.795 do CC/2002). Prof. Paulo H M Sousa www.estrategiaconcursos.com.br 8 de 34 DIREITO CIVIL ± OAB XXI Teoria e Questões Aula 13 ± Prof. Paulo H M Sousa Diferentemente do condomínio, porém, se forem vários os coerdeiros a exercer a preferência, entre eles se distribuirá o quinhão cedido, na proporção das respectivas quotas hereditárias (parágrafo único). Como a herança é um todo indivisível, é ineficaz a cessão de direito hereditário sobre qualquer bem da herança considerado singularmente (§2º). Deve-se sempre requisitar ao juiz para que determinado bem componente do acervo hereditário seja negociado (§3º), antes de ultimado o inventário. Pelo princípio da saisine, a herança se transmite automaticamente aos herdeiros, mas, como ela é indivisível, quem a administra? O art. 1.797 estabelece que, até o compromisso do inventariante, a administração da herança caberá, em ordem, sucessivamente: I - ao cônjuge ou companheiro; II - ao herdeiro que estiver na posse e administração dos bens, e, se houver mais de um nessas condições, ao mais velho; III - ao testamenteiro; IV - a pessoa de confiança do juiz, na falta ou escusa das indicadas nos incisos antecedentes, ou quando tiverem de ser afastadas por motivo grave levado ao conhecimento do juiz. Ou seja, em resumo, buscam-se primeiro os herdeiros necessários, com prevalência do cônjuge/companheiro. Isso porque, como eles são os mais interessados no procedimento (já que vão receber o dinheiro, ao final), são os mais indicados a administrar, com o cuidado devido, a herança. Agora, mesmo havendo herdeiros, eles recebem, automaticamente, a herança, e nada podem fazer? Ou têm direito a refutar a herança, por variadas razões? 17.1.3. Aceitação e renúncia da herança Abre-se a sucessão e os herdeiros, então, têm duas escolhas: aceitar ou renunciar à herança. Se aceitar, torna-se definitiva a transmissão da herança ao herdeiro, desde a abertura da sucessão (art. 1.804 do CC/2002). Se renunciar, a transmissão tem-se por não verificada (parágrafo único). Tanto a aceitação quanto a renúncia da herança são atos irrevogáveis (art. 1.812). Se o herdeiro falecer, renunciando à herança, seus descendentes não terão direito à herança do avô, mesmo que a quisessem à época do falecimento do avô e mesmo tendo protestado com o pai. Como se faz a aceitação? Será ela tácita quando resultar de atos próprios da qualidade de herdeiro. No entanto, determinados atos oficiosos (como o funeral do finado, os meramente conservatórios, ou os de administração e guarda provisória, segundo o §2º) e a cessão gratuita, pura e simples, da herança, aos demais coerdeiros, não exprimem aceitação de herança. Será expressa a aceitação quando feita por declaração escrita (art. 1.805). Prof. Paulo H M Sousa www.estrategiaconcursos.com.br 9 de 34 DIREITO CIVIL ± OAB XXI Teoria e Questões Aula 13 ± Prof. Paulo H M Sousa A renúncia da herança, por sua vez, deve constar expressamente de instrumento público ou termo judicial, não podendo ser feita por instrumento particular ou verbalmente (art. 1.806). Como se considera a herança um bem imóvel, por expressa previsão do art. 80, inc. II do CC/2002, se o herdeiro for casado precisa ele de autorização do cônjuge para renunciar, salvo se for casado no regime da separação de bens (art. 1.647, inc. II) Há uma situação excepcional em que não se admite renúncia. Isso ocorrerá quando a renúncia prejudicar os credores do herdeiro. Nesse caso, poderão eles, com autorização do juiz, aceitá-la em nome do renunciante (art. 1.813 do CC/2002), desde que habilitados no prazo de 30 dias ao conhecimento da renúncia (§1º). Pagas as dívidas do renunciante, prevalece a renúncia quanto ao remanescente, que será devolvido aos demais herdeiros (§2º). Tanto a aceitação quanto a renúncia devem ser integrais, não se as aceitando parcialmente, sob condição ou a termo (art. 1.808). Assim, não posso aceitar apenas o carro quitado do meu falecido pai, deixando de aceitar aquele que está sendo executado pelo parcelamento em atraso; ou se aceita tudo, em bloco, ou não se aceita nada. Não posso, igualmente, renunciar a toda a vasta herança de meu falecido pai, exceto um carro antigo de coleção. Se o herdeiro morre antes de declarar se aceita a herança, o poder de aceitar passa aos herdeiros (art. 1.809). Nesse caso, os herdeiros do herdeiro têm duas heranças para aceitar/renunciar, a do ascendente em primeiro grau e a do ascendente em segundo grau (os netos têm direito à herança do avô falecido e do pai, que faleceu antes de aceitar); segundo o parágrafo único, os chamados à sucessão do herdeiro falecido antesda aceitação, desde que concordem em receber a segunda herança, poderão aceitar ou renunciar a primeira. Assim, se meu pai morre e eu morro, posteriormente, sem indicar se aceito ou renuncio à herança dele, o poder de aceitar ou renunciar passa ao meu filho. Meu filho pode aceitar minha herança e, como isso, decidir se aceita ou se renuncia a herança do meu pai (avô do meu filho). Isso porque, quando ele aceita a minha herança ele se torna meu herdeiro e passa a ter o poder de, me representando, aceitar ou renunciar a herança do avô. No entanto, o inverso não se verifica. Se meu filho renuncia minha herança, ele não pode aceitar a herança de meu pai (avô do meu filho). Por quê? Porque ao renunciar minha herança, ele deixa de ser herdeiro; se não é herdeiro, não pode deliberar sobre a herança do avô, porque não existe mais direito de representação. Prof. Paulo H M Sousa www.estrategiaconcursos.com.br 10 de 34 DIREITO CIVIL ± OAB XXI Teoria e Questões Aula 13 ± Prof. Paulo H M Sousa Questão 42 ± XIV Exame da OAB Segundo o Código Civil de 2002, acerca do direito de representação, instituto do Direito das Sucessões, assinale a opção correta. A) É possível que o filho renuncie à herança do pai e, depois, represente-o na sucessão do avô. B) Na linha transversal, é permitido o direito de representação em favor dos sobrinhos, quando concorrerem com sobrinhos-netos. C) Em não havendo filhos para exercer o direito de representação, este será exercido pelos pais do representado. D) O direito de representação consiste no chamamento de determinados parentes do de cujus a suceder em todos os direitos a ele transmitidos, sendo permitido tanto na sucessão legítima quanto na testamentária. Comentários A alternativa A está correta, conforme eu mencionei acima. Cuidado, porém, pois o inverso não ocorre, como também mencionei acima. A alternativa B está incorreta, pois o direito de representação só se aplica na linha reta, jamais na colateral ou transversal. A alternativa C está incorreta, já que o direito de representação, que somente se aplica à linha reta, só vale para a descendente, não para a linha reta ascendente. A alternativa D está incorreta. Na realidade, está quase integralmente correta; Vy�QR�ILP��EHP�QR�ILP��HOD�DSUHVHQWD�XP�HTXtYRFR��³TXDQWR�QD�WHVWDPHQWiULD´���� Direito de representação só é aplicável na sucessão legítima, determinada por lei, nunca na testamentária. Pode-se, porém, aceitar um legado (nem individualizado estabelecido por testamento) e renunciar à herança ou vice-versa (§1º). Do mesmo modo, se o herdeiro for chamado, na mesma sucessão, a mais de um quinhão hereditário, sob títulos sucessórios diversos, pode livremente deliberar quanto aos quinhões que aceita e aos que renuncia (§2º). Aceitando, transmite-se a herança. Renunciando, a parte do renunciante acresce à dos outros herdeiros da mesma classe e, sendo ele o único desta, devolve-se aos da subsequente (art. 1.810). Aqui, é necessário compreender o sentido de classes. Se meu pai morre e eu renuncio à herança, vai ela aos meus irmãos, se não tenho irmãos, vai aos avós, e assim sucessivamente. Prof. Paulo H M Sousa www.estrategiaconcursos.com.br 11 de 34 DIREITO CIVIL ± OAB XXI Teoria e Questões Aula 13 ± Prof. Paulo H M Sousa Questão 38 ± XVI Exame da OAB Márcia era viúva e tinha três filhos: Hugo, Aurora e Fiona. Aurora, divorciada, vivia sozinha e tinha dois filhos, Rui e Júlia. Márcia faleceu e Aurora renunciou à herança da mãe. Sobre a divisão da herança de Márcia, assinale a afirmativa correta. A) Diante da renúncia de Aurora, a herança de Márcia deve ser dividida entre Hugo e Fiona, cabendo a cada um metade da herança. B) Diante da renúncia de Aurora, a herança de Márcia deve ser dividida entre Hugo, Fiona, Rui e Júlia, em partes iguais, cabendo a cada um 1/4 da herança. C) Diante da renúncia de Aurora, a herança de Márcia será dividida entre Hugo, Fiona, Rui e Júlia, cabendo a Hugo e Fiona 1/3 da herança, e a Rui e Júlia 1/6 da herança para cada um. D) Aurora não pode renunciar à herança de sua mãe, uma vez que tal faculdade não é admitida quando se tem descendentes de primeiro grau. Comentários A alternativa A está correta, dado que com a renúncia acresce-se a parte do renunciante à dos demais herdeiros da mesma classe, no caso, os irmãos Hugo e Fiona. A alternativa B está incorreta, pelas mesmas razões da alternativa A. Ainda que os filhos de Aurora recebessem algo, eles receberiam por estirpe e não por cabeça. A alternativa C está incorreta, novamente, pelas mesmas razões da alternativa A. A alternativa D está incorreta, pois a faculdade de renunciar a quinhão hereditário é pessoal e independente de estado civil ou de descendência. A única exceção fica por conta de eventual prejuízo aos credores. Exceção ocorre quando há um único herdeiro numa classe e ele renunciar ou se todos os outros da mesma classe renunciarem à herança, podem os filhos deles vir à sucessão, por direito próprio, e por cabeça (art. 1.811). Assim, se sou filho único e renuncio à herança, meus 2 filhos herdam, por cabeça, metade cada um; se eu e todos os meus irmãos renunciamos à herança, e eu tenho 1 filho, meu irmão mais 1 filho e minha irmã 3 filhos, todos eles herdam por cabeça, ou seja, dividirão a herança em 5, igualmente. Imagine que meu tio e meu pai tenham renunciado à herança. Um terceiro tio não se manifesta, mas também nada faz. Se ele renunciar, eu me torno herdeiro, na forma do art. 1.811; se ele não renunciar, não recebo nada. Agora, quando ele vai se manifestar? Não sei, pode Prof. Paulo H M Sousa www.estrategiaconcursos.com.br 12 de 34 DIREITO CIVIL ± OAB XXI Teoria e Questões Aula 13 ± Prof. Paulo H M Sousa ser que nunca se manifeste. E eu, fico esperando eternamente? Não, pois segundo o art. 1.807 posso pedir ao juiz para que faça a interpelação do herdeiro silente. O juiz, então, dá prazo de no máximo 30 dias para que o herdeiro se manifeste; se não se manifestar, presume-se que aceitou. Questão 35 ± V Exame da OAB Heitor, solteiro e pai de dois filhos também solteiros (Roberto, com trinta anos de idade, e Leonardo, com vinte e oito anos de idade), vem a falecer, sem deixar testamento. Roberto, não tendo interesse em receber a herança deixada pelo pai, a ela renuncia formalmente por meio de instrumento público. Leonardo, por sua vez, manifesta inequivocamente o seu interesse em receber a herança que lhe caiba. Sabendo-se que Margarida, mãe de Heitor, ainda é viva e que Roberto possui um filho, João, de dois anos de idade, assinale a alternativa correta. (A) Roberto não pode renunciar à herança, pois acarretará prejuízos a seu filho, João, menor de idade. (B) Roberto pode renunciar à herança, o que ocasionará a transferência de seu quinhão para João, seu filho. (C) Roberto pode renunciar à herança, e, com isso, o seu quinhão será acrescido à parte da herança a ser recebida por Leonardo, seu irmão. (D) Roberto pode renunciar à herança, ocasionando a transferência de seu quinhão para Margarida, sua avó, desde que ela aceite receber a herança. Comentários A alternativa A está incorreta, já que o herdeiro pode renunciar à herança a qualquer tempo e por qualquer razão, exceto, apenas, no caso de prejuízo a seus credores. Como João, seu filho, não é credor, nada há a obstar, independentemente de ser ele menor ou maior. A alternativa B está incorreta, porque, como eu disse, a renúncia faz acrescer à parte dos demais herdeiros da mesma classe. João, filho de Roberto, estána classe subsequente dos herdeiros, pelo que nada acresce a ele. A alternativa C está correta, pois, uma vez renunciada a herança, acresce-se a parte do renunciante ao monte mor, partilhando-se-a entre os demais herdeiros da mesma classe. A alternativa D está incorreta, novamente, pelas mesmas razões expostas na alternativa B, já que a renúncia faz acrescer à parte dos demais herdeiros da mesma classe. Margarida, avó de Roberto, está na classe subsequente dos herdeiros, pelo que nada acresce a ela. Prof. Paulo H M Sousa www.estrategiaconcursos.com.br 13 de 34 DIREITO CIVIL ± OAB XXI Teoria e Questões Aula 13 ± Prof. Paulo H M Sousa 17.1.4. Exclusão da herança: indignidade e deserdação A deserdação e a indignidade são situações extraordinárias no Direito brasileiro, bastante limitadas, por força da noção de necessariedade de herdeiros e de proteção da legítima, como vimos antes. Quando, então, pode alguém ser deserdado ou ser declarado indigno? Lembre-se daquilo que dissemos no início da aula. SucedeU�VLJQLILFD�³WUDQVPLWLU� DOJR�D�DOJXpP´��3RU�LVVR��D�H[FOXVmR�GD�KHUDQoD�VLJQLILFD�H[FOXLU�HVVH�DOJXpP�GD� transferência que ocorreria com a morte. Ora, quem pode receber algo pela morte de outrem? Duas categorias de pessoas, os herdeiros (que sucedem a título universal) e os legatários (que sucedem a título singular.) Por isso, podem ser excluídos da sucessão tanto os herdeiros quanto os legatários. Quando isso ocorrerá? Nas hipóteses do art. 1.814: I - que houverem sido autores, coautores ou partícipes de homicídio doloso, ou tentativa deste, contra a pessoa de cuja sucessão se tratar, seu cônjuge, companheiro, ascendente ou descendente; II - que houverem acusado caluniosamente em juízo o autor da herança ou incorrerem em crime contra a sua honra, ou de seu cônjuge ou companheiro; III - que, por violência ou meios fraudulentos, inibirem ou obstarem o autor da herança de dispor livremente de seus bens por ato de última vontade. Nessas três situações haverá a exclusão, por indignidade do herdeiro ou legatário. A indignidade, porém, dependerá sempre de decisão judicial declaratória. Segundo o parágrafo único do art. 1.815, o direito de demandar a exclusão do herdeiro ou legatário extingue-se em 4 anos. Esse prazo é contado da abertura da sucessão. No entanto, os efeitos da exclusão são pessoais (art. 1.816), preservando os direitos dos herdeiros do herdeiro excluído. Assim, os descendentes do herdeiro excluído sucedem, como se ele morto fosse antes da abertura da sucessão. Ou seja, o filho tentou matar o pai, que sobrevive, mas dias depois morre num acidente de carro. Ele é excluído pelos irmãos da sucessão, reconhecida a deserdação por decisão judicial. A parte dele passa aos filhos, netos do falecido, como se o próprio pai deles estivesse morto. Cria-se uma ficção jurídica para preservar a legítima aos herdeiros necessários, que são inocentes em relação à deserdação do pai. O excluído da sucessão ainda sofre outra punição. Ele não terá direito ao usufruto ou à administração dos bens que a seus sucessores couberem na herança, nem à sucessão eventual desses bens, segundo regra do parágrafo único. Ou seja, se os netos do falecido são menores, não poderá o pai ser o curador, como normalmente, nem poderá perceber aluguéis do imóvel do falecido ou receber tais valores, caso os netos do falecido morram durante o inventário. Prof. Paulo H M Sousa www.estrategiaconcursos.com.br 14 de 34 DIREITO CIVIL ± OAB XXI Teoria e Questões Aula 13 ± Prof. Paulo H M Sousa No entanto, as alienações onerosas de bens hereditários a terceiros de boa-fé, e os atos de administração legalmente praticados pelo herdeiro, antes da sentença de exclusão são válidas (art. 1.817 do CC/2002). Os demais herdeiros prejudicados, porém, têm direito de demandar do excluído da sucessão pelas perdas e danos, inclusive tendo ele de restituir os frutos e rendimentos que dos bens da herança houver percebido (parágrafo único). Excepcionalmente, o excluído ou que se pretende excluir da sucessão pode suceder, se o ofendido o tiver expressamente reabilitado em testamento, ou em outro ato autêntico (art. 1.818). Nesse caso, ele adquire plenamente a capacidade sucessória, sem qualquer outro efeito. Se não houver reabilitação expressa do indigno, mas o testador, ao testar, já conhecia a causa da indignidade e mesmo assim o contempla no testamento, o indigno pode suceder no limite da disposição testamentária (parágrafo único). Ou seja, na primeira hipótese, o autor da herança perdoa expressamente o indigno, pelo que ele herda em plenas condições. Na segunda hipótese, o autor da herança não perdoa o indigno expressamente, mas mesmo sabendo da indignidade (o pai foi testemunha no caso de agressão do filho, indigno, contra a mãe, mulher do testador) ainda contempla o indigno no testamento. Neste caso específico, poderá o indigno receber o quinhão previsto no testamento, mas nada mais. Temos duas formas de excluir um sucessor da transmissão causa mortis. De um lado, temos a exclusão da herança por indignidade de herdeiros e legatários, que sempre depende de decisão judicial. De outro, existe a deserdação, aplicável somente aos herdeiros necessários. Vimos a primeira, vejamos a segunda. Os herdeiros necessários podem ser privados de sua legítima, ou deserdados, em todos os casos em que podem ser excluídos da sucessão, segundo dispõe o art. 1.961. Já vimos as situações de exclusão da herança por indignidade acima. Mas, só nessas situações eu aplico a deserdação? Não. Quando mais? Primeiro, você tem que lembrar que o direito à sucessão vale entre ascendente e descendente (o que é mais comum, ou seja, o ascendente falece antes do descendente) e entre descendente e ascendente (o menos comum, o ascendente sobrevive ao descendente). A deserdação e a declaração de indignidade podem ser feitas do ascendente em relação ao descendente, ou seja, o pai deserdando o filho, o avô deserdando o neto; ou podem ser feitas de descendente em relação a ascendentes, ou seja, o filho deserdando o pai, o neto deserdando o avô. Autorizam a deserdação dos descendentes por seus ascendentes: Prof. Paulo H M Sousa www.estrategiaconcursos.com.br 15 de 34 DIREITO CIVIL ± OAB XXI Teoria e Questões Aula 13 ± Prof. Paulo H M Sousa Por outro lado, autorizam a deserdação dos ascendentes pelos descendentes: 1. Art. 1.962, inc. I: ofensa física 2. Art. 1.962, inc. II: injúria grave 3. Art. 1.962, inc. III: relações ilícitas com a madrasta ou com o padrasto 4. Art. 1.962, inc. IV: desamparo do ascendente em alienação mental ou grave enfermidade 5. Art. 1.814, inc. I: homicídio doloso, consumado ou tentado, contra o ascendente, seu cônjuge/companheiro, ascendente ou descendente 6. Art. 1.814, inc. II: acusação caluniosa em juízo contra o falecido ou se cometer crime contra a honra do morto ou de seu cônjuge/companheiro 7. Art. 1.814, inc. III: impedimento ao autor da herança de dispor livremente de seus bens por testamento, mediante violência ou meios fraudulentos 1. Art. 1.963, inc. I: ofensa física 2. Art. 1.963, inc. II: injúria grave 3. Art. 1.963, inc. III: relações ilícitas com a cônjuge/companheiro(a) do filho/neto 4. Art. 1.963, inc. IV: desamparo do filho/neto com deficiência mental ou grave enfermidade 5. Art. 1.814, inc. I: homicídio doloso, consumado ou tentado, contra o descendente, seu cônjuge/companheiro, ascendente ou descendente 6. Art. 1.814, inc. II: acusação caluniosa em juízo contra o falecidoou se cometer crime contra a honra do morto ou de seu cônjuge/companheiro 7. Art. 1.814, inc. III: impedimento ao autor da herança de dispor livremente de seus bens por testamento, mediante violência ou meios fraudulentos Prof. Paulo H M Sousa www.estrategiaconcursos.com.br 16 de 34 DIREITO CIVIL ± OAB XXI Teoria e Questões Aula 13 ± Prof. Paulo H M Sousa A deserdação pode ocorrer previamente ou posteriormente à morte, diferentemente da indignidade pura e simples, que só ocorre por sentença. Previamente, poderá a deserdação ser feita por testamento; nesse caso, o art. 1.964 do CC/2002 estabelece que somente com expressa declaração de causa pode a deserdação ser ordenada em testamento. Posteriormente, não resta alternativa que não a ação declaratória de indignidade, movida pelo herdeiro a quem aproveita a deserdação. A deserdação posterior, portanto, depende de decisão judicial. Num ou noutro causo, incumbe ao herdeiro instituído, ou àquele a quem aproveite a deserdação, provar a veracidade da causa alegada pelo testador (art. 1.965). O direito de provar a causa da deserdação extingue-se no prazo de 4 anos, a contar da data da abertura do testamento (parágrafo único). Questão 35 ± VII Exame da OAB Edgar, solteiro, maior e capaz, faleceu deixando bens, mas sem deixar testamento e contando com dois filhos maiores, capazes e também solteiros, Lúcio e Arthur. Lúcio foi regularmente excluído da sucessão de Edgar, por têͲlo acusado caluniosamente em juízo, conforme apurado na esfera criminal. SabendoͲse que Lúcio possui um filho menor, chamado Miguel, assinale a alternativa correta. A) O quinhão de Lúcio será acrescido à parte da herança a ser recebida por seu irmão, Arthur, tendo em vista que Lúcio é considerado como se morto fosse antes da abertura da sucessão. B) O quinhão de Lúcio será herdado por Miguel, seu filho, por representação, tendo em vista que Lúcio é considerado como se morto fosse antes da abertura da sucessão. C) O quinhão de Lúcio será acrescido à parte da herança a ser recebida por seu irmão, Arthur, tendo em vista que a exclusão do herdeiro produz os mesmos efeitos da renúncia à herança. D) O quinhão de Lúcio se equipara, para todos os efeitos legais, à herança jacente, ficando sob a guarda e administração de um curador, até a sua entrega ao sucessor devidamente habilitado ou à declaração de sua vacância. Comentários A alternativa A está incorreta, porque, apesar da premissa estar correta (de fato, Lúcio é considerado como se morto fosse antes da abertura da sucessão), a conclusão está equivocada, já que o herdeiro do indigno o representa, dado que os efeitos da deserdação são pessoais, não podendo eles gerar efeitos a terceiros, notadamente os herdeiros do herdeiro excluído. Prof. Paulo H M Sousa www.estrategiaconcursos.com.br 17 de 34 DIREITO CIVIL ± OAB XXI Teoria e Questões Aula 13 ± Prof. Paulo H M Sousa A alternativa B está correta, pois, ao contrário da alternativa A, a premissa está correta (de fato, Lúcio é considerado como se morto fosse antes da abertura da sucessão) e a conclusão também, herdando Miguel pelo pai, como se este morto fosse. A alternativa C está incorreta, já que a deserdação a renúncia nada tem a ver, seja nas causas, seja nos efeitos. A alternativa D está incorreta, dado que a herança jacente só se verifica nas situações nas quais não há herdeiros, nem mesmo colaterais, o que não é o caso do exercício. 17.2. Sucessão legal Vimos que segundo o art. 1.845, são herdeiros necessários os descendentes, os ascendentes e o cônjuge. Por outro lado, os colaterais não são herdeiros necessários, segundo o art. 1.850 do CC/2002. Mas, são apenas eles os sucessores? Não. Apesar de o art. 1.845 mencionar apenas o cônjuge, o companheiro também sucede. Por isso, veremos tanto a sucessão do cônjuge quanto a sucessão do companheiro, que tem regras próprias e peculiares em relação ao primeiro. 17.2.1. Sucessão do companheiro O CC/2002 estabeleceu o cônjuge/companheiro como herdeiro necessário, elevando-o em relação aos descendentes e ascendentes. Novos tempos, novas regras. Há, porém, uma grande discussão em relação às diferenças que há na sucessão do cônjuge (casado) e do companheiro (união estável). Em resumo, muitos alegam a inconstitucionalidade de diversos artigos, preferências em relação ao companheiro em outros, regras matematicamente impossíveis de serem levadas a efeito na prática, entre inúmeros problemas. Curiosamente, porém, até a edição do CPC/2015, nenhum artigo do Livro das Sucessões foi alterado (e a alteração foi mínima, referente à correção do art. 2.027, suprimindo duas palavras). Vamos relevar todas essas discussões e nos focar no Código em si, vez ou outra fazendo menção a posicionamentos da jurisprudência, bastante complicada nesse aspecto. O companheiro foi elevado à condição de herdeiro necessário, quanto aos bens adquiridos onerosamente na vigência da união estável (art. 1.790). Lembre-se, aqui, que é necessário verificar o regime de bens que havia entre os conviventes, para que se estabeleça o valor da meação eventualmente que o companheiro tem. Supondo que os companheiros não tenham feito pacto algum, como é o mais comum, vige o regime da comunhão parcial de bens. Imaginemos que os conviventes não possuíssem bens antes da união e tenham adquirido onerosamente todos os bens que possuem durante a constância da união estável, juntando um patrimônio de 200. Nesse caso, o sobrevivente tem a meação de 100 e o patrimônio que entrará na herança é de 100, referente à meação do morto. É sobre esse valor que discutiremos na herança. Prof. Paulo H M Sousa www.estrategiaconcursos.com.br 18 de 34 DIREITO CIVIL ± OAB XXI Teoria e Questões Aula 13 ± Prof. Paulo H M Sousa Cuidado, pois esse é um dos erros mais comuns dos alunos. Você não pode confundir o direito à meação com o direito à sucessão. A meação não faz parte do patrimônio do morto; como os casais têm um patrimônio individual e um patrimônio comum, a meação diz respeito apenas ao patrimônio comum. Se A e B vivem juntos e A tinha 100 de patrimônio e B outros 100 de patrimônio, antes de começarem a viver juntos, esse patrimônio é individual de cada um. Qual é o patrimônio comum? 0. Se, após viverem juntos, conseguiram outros 100, qual é o patrimônio comum? 100. Quanto desse patrimônio comporá a sucessão de B, morto? 50, já que 50 é de A e 50 é de B. Mas B tinha outros 100, de seu patrimônio individual, ou seja, será partilhado, após a morte dele, 150 (100 do patrimônio individual e 50 da meação). A continua com os seus 150 (100 do patrimônio individual e 50 da meação). É o patrimônio de 150 de B, falecido, que nos interessa na sucessão. O companheiro tem direito aos valores deixados pelo morto? Sim, quanto aos bens adquiridos onerosamente na vigência da união estável (art. 1.790), nas seguintes condições: Segundo o Enunciado 266 da III Jornada de Direito Civil, o inciso também se aplica na hipótese de concorrência do companheiro sobrevivente com outros descendentes comuns, e não apenas na concorrência com filhos comuns. Tomemos o exemplo acima. O patrimônio de B, morto, é de 150, para a sucessão. Quanto A terá direito, se eles tinham 2 filhos? 50, já que o filho 1 tem direito a 50 e o filho 2 a outros 50, pelo que o companheiro sobreviventH�³WHUi�GLUHLWR�D� XPD�TXRWD�HTXLYDOHQWH´� Continuando com o exemplo. Se A e B não possuem filhos, mas B possuía, de um relacionamento anterior, um filho. Quanto A vai receber? 50 e o filho de B, 100, SRLV�³WHP�GLUHLWR�j�PHWDGH´� Ese tiverem filhos comuns e filhos individuais do falecido? Como, ao mesmo tempo, A terá direito ao equivalente a seus próprios filhos e à metade dos filhos individuais de B, sendo que os filhos não podem receber valores desiguais, por força da igualdade prevista no art. 226 da CF/1988? A conta não vai fechar, obviamente... A doutrina e a jurisprudência se dividem, uns dizendo I - se concorrer com filhos comuns, terá direito a uma quota equivalente à que por lei for atribuída ao filho II - se concorrer com descendentes só do falecido, tem direito à metade do que couber a cada um daqueles Prof. Paulo H M Sousa www.estrategiaconcursos.com.br 19 de 34 DIREITO CIVIL ± OAB XXI Teoria e Questões Aula 13 ± Prof. Paulo H M Sousa que aplica a regra do inc. I, outros, a do inc. II, e outros ainda uma regra matemática de ponderação. Creio eu, sua prova não vai cobrar isso, pela complexidade e pela ausência de uma resposta certeira, sem discussões intermináveis, por isso, fique tranquilo... No mesmo exemplo, ainda, se B tem pai e mãe vivos, A receberia 50, a mãe, 50, H� R� SDL�� RXWURV� ���� SRLV� R� VREUHYLYHQWH� WHP� ³GLUHLWR� D� XP� WHUoR� GD� KHUDQoD´�� Muitas decisões apontam a inconstitucionalidade desse dispositivo, pelo que, novamente, acredito que isso não aparecerá na sua prova. No máximo, assim, a disposição literal do artigo, sem cálculos ou maiores complexidades. Se B não tiver nenhum ascendente, descendente ou colateral até o quarto grau, A terá direito aos 150. 17.2.2. Sucessão do cônjuge Quanto ao cônjuge, as regras sucessórias são diferentes, e dependem do regime de bens do casamento. Novamente, não esqueça de que a meação nada tem a ver com a herança. O cônjuge sobrevivente tem direito à meação na forma como estudamos na aula passada. Primeiro, somente é reconhecido direito sucessório ao cônjuge sobrevivente se, ao tempo da morte do outro, não estavam separados de fato há mais de dois anos, salvo prova, neste caso, de que essa convivência se tornara impossível sem culpa do sobrevivente (art. 1.830 do CC/2002). Esse dispositivo é bastante polêmico, porém, especialmente por conta da parte final, que traz a questão da culpa pela separação. O art. 1.829, inc. I estabelece que o cônjuge sobrevivente concorre com os descendentes, como regra geral. Essa concorrência é em igualdade (art. 1.832). Assim, se A e B são casados e têm 4 filhos, e B morre e deixa 100 de patrimônio a partilhar, A herda 25 e cada filhos outros 25. Concorrendo com descendentes, no caso de o cônjuge ser também ascendente desses descendentes (ou seja, falecido o pai, sobrevive a mãe, que é mãe dos filhos), faz jus a quinhão igual, mas sua quota não pode ser inferior à quarta parte da herança, segundo o art. 1.832. Assim, se o falecido tinha 5 filhos com a mulher, ela tem de receber, obrigatoriamente, 25% da herança, e os outros 5 filhos vão receber 15% cada (5 x 15 = 75%). III - se concorrer com outros parentes sucessíveis, terá direito a um terço da herança IV - não havendo parentes sucessíveis, terá direito à totalidade da herança Prof. Paulo H M Sousa www.estrategiaconcursos.com.br 20 de 34 DIREITO CIVIL ± OAB XXI Teoria e Questões Aula 13 ± Prof. Paulo H M Sousa Concorrendo com ascendentes, no caso de não possuírem filhos, a resposta depende de quem são os ascendentes. Se forem ascendentes em 1º grau (se pai e mãe do morto estão vivos), ao cônjuge tocará 33% da herança; se for apenas um ascendente de 1º grau vivo (pai do falecido já estava morto, por exemplo), ou se ambos já forem mortos, havendo ascendente de grau maior (os pais do falecido já tinham morrido, mas ainda havia ou avô, os as avós maternas), cabe a ele a 50% da herança (art. 1.837 do CC/2002). Assim, se o falecido tinha os pais mortos, mas todos os 4 avós vivos, o cônjuge recebe 50% e cada um dos avós, 12,5% (12,5 x 4 = 50%). Em falta de descendentes e ascendentes, será deferida a sucessão por inteiro ao cônjuge sobrevivente, conforme regra do art. 1.838. Porém, se eram casados, à época do falecimento no regime da comunhão universal de bens ou no regime da separação obrigatória de bens, prevista no art. 1.641, parágrafo único, o cônjuge não herda (cuidado, pois o art. 1.829, inc. I menciona o art. 1.640, incorretamente). Igualmente, se casados no regime da comunhão parcial sem bens particulares do falecido, igualmente o cônjuge não herda nada. No primeiro e no último caso há, na prática, uma mesma situação. Na comunhão universal, todos os bens compõem o patrimônio comum do casal; na comunhão parcial, se o falecido não tinha bens individuais, todo o seu patrimônio era, na verdade, composto pelo patrimônio comum do casal. Na separação legal, por sua vez, se o objetivo é sempre deixar patrimônios individuais que não se confundem jamais, o mesmo não ocorrerá na sucessão por morte. No entanto, segundo a Súmula 377 do STJ, os bens adquiridos na constância do casamento se comunicam, desde haja esforço comum, que é presumido no caso do casamento e da união estável. De qualquer forma, qualquer que seja o regime de bens, será assegurado ao cônjuge sobrevivente o direito real de habitação relativamente ao imóvel destinado à residência da família, desde que seja o único daquela natureza a inventariar, sem prejuízo da participação que lhe caiba na herança, segundo o art. 1.831. Veja-se que o dispositivo legal não menciona qualquer outro requisito para que o direito real de habitação seja deferido ao cônjuge sobrevivente. Por isso, mesmo que o cônjuge vivo contraia novas núpcias ou mantenha relação estável (ou mesmo concubinatos plurais), o direito real não é passível de ineficácia. Assim, se B falece deixando um único imóvel, independentemente de questionamentos sobre meação e herança, A terá direito a ficar no imóvel, vitaliciamente. Prof. Paulo H M Sousa www.estrategiaconcursos.com.br 21 de 34 DIREITO CIVIL ± OAB XXI Teoria e Questões Aula 13 ± Prof. Paulo H M Sousa Questão 37 ± VIII Exame da OAB Com relação ao direito sucessório, assinale a afirmativa correta. A) O cônjuge sobrevivente, mesmo se constituir nova família, continuará a ter direito real de habitação sobre o imóvel em que residiu com seu finado cônjuge. B) A exclusão por indignidade pode ocorrer a partir da necessidade de que o herdeiro tenha agido sempre com dolo e por uma conduta comissiva. C) A deserdação é forma de afastar do processo sucessório tanto o herdeiro legítimo quanto o legatário. D) Os efeitos da indignidade não retroagem à data da abertura da sucessão, tendo, portanto, efeito ex nunc. Comentários A alternativa A está correta, já que o art. 1.831 exige apenas que o bem seja o único a inventariar e destinado à residência da família. Se o cônjuge sobrevivente ³JXDUGDUi�R�OXWR´�HWHUQDPHQWH�RX�VH�QR�GLD�VHJXLQWH�FRQWUDLU�QRYDV�Q~SFLDV�QmR� importa... A alternativa B está incorreta. O Código Civil em momento algum exige dolo para que se verifique a indignidade; basta a conduta do herdeiro amoldar-se às hipóteses legais. Ademais, há condutas omissivas também, como o desamparo do ascendente em caso de alienação mental. A alternativa C está incorreta. Veja, essa aí você nem precisaria saber. Se o QRPH�GR� LQVWLWXWR� p� GHVHUGDomR�� HOH� VH� YROWD� j� KHUDQoD��1mR� p� ³GHVOHJDomR´�� porque legado é coisa diversa. A deserdação não vale para os legatários, conforme falaremos mais detidamente adiante. Os legatários podem apenas ser excluídos da sucessão, nas situações previstas no art. 1.814. Reveja: Art. 1.814. São excluídos da sucessão os herdeiros ou legatários:I - que houverem sido autores, co-autores ou partícipes de homicídio doloso, ou tentativa deste, contra a pessoa de cuja sucessão se tratar, seu cônjuge, companheiro, ascendente ou descendente; II - que houverem acusado caluniosamente em juízo o autor da herança ou incorrerem em crime contra a sua honra, ou de seu cônjuge ou companheiro; III - que, por violência ou meios fraudulentos, inibirem ou obstarem o autor da herança de dispor livremente de seus bens por ato de última vontade. A alternativa D está incorreta, porque o objetivo da decretação de indignidade é exatamente que ela retroaja à data da abertura da sucessão, nos termos do DUW���������SDUiJUDIR�~QLFR��³O direito de demandar a exclusão do herdeiro ou legatário extingue-se em quatro anos, contados da abertura da sucessão.´ Prof. Paulo H M Sousa www.estrategiaconcursos.com.br 22 de 34 DIREITO CIVIL ± OAB XXI Teoria e Questões Aula 13 ± Prof. Paulo H M Sousa 17.2.3. (I)Legitimidade sucessória São sucessores, também: Ou seja, o nascituro, à época do falecimento do ascendente, por exemplo, é considerado herdeiro. Se, decorridos 2 anos após a abertura da sucessão, não for concebido o herdeiro esperado, os bens reservados, salvo disposição em contrário do testador, caberão aos herdeiros legítimos (art. 1.800, §4º). Nesse caso, nascido, segundo o art. 1.800, os bens da herança serão confiados, após a liquidação ou partilha, a curador nomeado pelo juiz. De regra, salvo disposição testamentária em contrário, a curatela caberá à pessoa cujo filho o testador esperava ter por herdeiro (§1º), e, sucessivamente, às pessoas indicadas no art. 1.775 (em ordem: cônjuge/companheiro, pai/mãe, descendente mais próximo e mais apto). Aplica-se, então, o regramento referente à curatela dos incapazes (art. 1.800, §2º). Ademais, aplica-se a teoria da personalidade condicionada, segundo o §3º, pois, se for natimorto, nada herda, por aplicação do art. 2º do CC/2002. Essa situação é diferente da anterior, pois mesmo que ainda sequer concebida a pessoa, à época do testamento, ela herdará, se nascida à época da morte do testador. Assim, por exemplo, eu, com 20 anos de idade, solteiro e sem filhos, posso fazer um testamento deixando toda a minha parte disponível para a minha primeira neta. Ela herdará? Sim, desde que nascida já quando eu morrer. Se eu morrer e meu filho tiver apenas um filho, mas nenhuma filha? Essa disposição é ineficaz, como veremos à frente. As pessoas nascidas ou já concebidas no momento da abertura da sucessão 1. Art. 1.798 Os filhos, ainda não concebidos, de pessoas indicadas pelo testador, desde que vivas estas ao abrir-se a sucessão 2. Art. 1.799, inc. I As pessoas jurídicas 3. Art. 1.799, inc. II As pessoas jurídicas, cuja organização for determinada pelo testador sob a forma de fundação 4. Art. 1.799, inc. III Prof. Paulo H M Sousa www.estrategiaconcursos.com.br 23 de 34 DIREITO CIVIL ± OAB XXI Teoria e Questões Aula 13 ± Prof. Paulo H M Sousa Contrariamente, determinadas pessoas não podem ser nomeados herdeiros nem legatários. Se, mesmo com a proibição, forem nomeados, são nulas as disposições testamentárias em favor de pessoas não legitimadas a suceder (art. 1.802). Mesmo que simuladas como contrato oneroso, ou feitas mediante interposta pessoa, elas são nulas. O parágrafo único ainda presume que os ascendentes, os descendentes, os irmãos e o cônjuge ou companheiro do não legitimado a suceder são pessoas interpostas. São ilegítimos a suceder (art. 1.801): I - a pessoa que, a rogo, escreveu o testamento, nem o seu cônjuge ou companheiro, ou os seus ascendentes e irmãos; II - as testemunhas do testamento; III - o concubino do testador casado, salvo se este, sem culpa sua, estiver separado de fato do cônjuge há mais de cinco anos; IV - o tabelião, civil ou militar, ou o comandante ou escrivão, perante quem se fizer, assim como o que fizer ou aprovar o testamento. Cuidado com o inc. III, pois o concubino do testador casado é ilegítimo a suceder, mas se o testador estiver em união estável, sucederá. Porém, fique atento, pois é lícita a deixa ao filho do concubino, quando também o for do testador (art. 1.803). 17.2.4. Ordem de vocação sucessória O Código Civil estabelece, no art. 1.829, a ordem da sucessão legítima, que se aplica no caso de morte sem testamento, quando o testamento é anulado ou em outras situações peculiares. Eis a ordem: I - aos descendentes, em concorrência com o cônjuge, salvo nos regimes de bens que mencionamos acima; II - aos ascendentes, em concorrência com o cônjuge; III - ao cônjuge sobrevivente; IV - aos colaterais. A ordem do art. 1.829 é excludente em relação às demais classes, ou seja, se houver descendentes, todos os ascendentes são excluídos; não havendo descendentes, chamam-se os ascendentes, excluindo-se os colaterais; não havendo descendentes nem ascendentes, chama-se o cônjuge, isoladamente, excluindo-se os colaterais; apenas se não houver descendente, ascendente, cônjuge ou companheiro é que os colaterais são chamados. Prof. Paulo H M Sousa www.estrategiaconcursos.com.br 24 de 34 DIREITO CIVIL ± OAB XXI Teoria e Questões Aula 13 ± Prof. Paulo H M Sousa Questão 37 ± IX Exame da OAB José, viúvo, é pai de Mauro e Mário, possuindo um patrimônio de R$ 300.000,00. Casou-se com Roberta, que tinha um patrimônio de R$ 200.000,00, pelo regime da comunhão universal de bens. José e Roberta tiveram dois filhos, Bruno e Breno. Falecendo Roberta, a divisão do monte seria a seguinte: A) José recebe R$ 250.000,00 e Mauro, Mário, Bruno e Breno recebem cada um R$ 62.500,00. B) O monte, no valor total de R$ 500.000,00, deve ser dividido em cinco partes, ou seja, José, Mauro, Mário, Breno e Bruno recebem, cada um, R$ 100.000,00. C) José recebe R$ 250.000,00 e Bruno e Breno recebem, cada um, a importância de R$ 125.000,00. D) A herança deve ser dividida em três partes, cabendo a José, Bruno e Breno 1/3 do monte, ou seja, R$ 166.666,66 para cada um. Comentários A alternativa A está incorreta, já que Mauro e Mário não são descendentes de Roberta, mas apenas de José, pelo que apenas os filhos bilaterais de Roberta e José herdariam, não os filhos unilaterais de José. A alternativa B está incorreta, novamente, pelas mesmas razões da alternativa A, dado que os filhos unilaterais de José nada herdam em relação ao patrimônio de Roebrta. A alternativa C está correta, porque José fica com a meação do patrimônio do casal, que era de 500mil (300 mil dele e 200mil de Roberta, em vista do regime de comunhão universal de bens). Feita a meação, a parte que sobra é divisível causa mortis. Como o art. 1.829, inc. I exclui o cônjuge do direito hereditário em caso de casamento sob o regime de comunhão universal de bens, em havendo descendentes, José nada herda. Assim, herdam os herdeiros de Roberta, Bruno H�%UHQR��TXH�³UDFKDP´�D�KHUDQoD�HP�GRLV� A alternativa D está incorreta. Essa, talvez, seja uma das alternativas mais estanhas que eu já vi nas questões de 1ª Fase da OAB! Divide em três a troco de quê? Dentro de cada classe, se houver um herdeiro mais próximo ele exclui os mais remotos, na forma do art. 1.833 do CC/2002. Assim, se A falece, sem cônjuge/companheiro, deixando dois filhos, C e D, os netos ficam excluídos da sucessão. Se não tinha mais filhos, herdam os netos, que excluem os bisnetos. Os herdeiros da mesma classe herdam por direito próprio e por cabeça. Prof. Paulo H M Sousa www.estrategiaconcursos.com.br25 de 34 DIREITO CIVIL ± OAB XXI Teoria e Questões Aula 13 ± Prof. Paulo H M Sousa Porém, imagine que A faleceu, mas C já tinha morrido antes do pai, deixando ele mesmo dois filhos C1 e C2. Nesse caso, os filhos de C têm os mesmos direitos à sucessão de seu ascendente (art. 1.834). A isso se dá o chamado direito de representação, que nada mais é do que a situação em que a lei chama certos parentes do falecido a suceder em todos os direitos, em que ele sucederia, se vivo fosse (art. 1.851), mas que só ocorre na linha reta descendente (art. 1.852). Assim, se A tinha 100, D herda 50 e C herdaria outros 50; como C está morto, os filhos o representam. Se ele receberia 50, os filhos receberão os 50 que ele receberia se vivo fosse. Como são dois, C1 e C2, dividirão eles os 50, tomando 25 cada um. É a regra do art. 1.854, que estabelece que os representantes só podem herdar, como tais, o que herdaria o representado, se vivo fosse, repartindo o quinhão do representado por igual entre os representantes (art. 1.855 do CC/2002). Questão 11 ± III Exame da OAB Josefina e José, casados pelo regime da comunhão universal de bens, tiveram três filhos: Mário, Mauro e Moacir. Mário teve dois filhos: Paulo e Pedro. Mauro teve três filhos: Breno, Bruno e Brian. Moacir teve duas filhas: Isolda e Isabel. Em um acidente automobilístico, morreram Mário e Mauro. José, muito triste com a perda dos filhos, faleceu logo em seguida, deixando um patrimônio de R$ 900.000,00. Nesse caso hipotético, como ficaria a divisão do monte? (A) Josefina receberia R$ 450.000,00. Os filhos de Mário receberiam cada um R$ 75.000,00. Os filhos de Mauro receberiam R$ 50.000,00 cada um. E, por fim, as filhas de Moacir receberiam R$ 75.000,00 cada uma. (B) A herança seria dividida em três partes de R$ 300.000,00. Paulo e Pedro receberiam cada um R$ 150.000,00. Breno, Bruno e Brian receberiam, cada um, R$ 100.000,00. E, por fim, Isabel e Isolda receberiam cada uma a importância de R$ 150.000,00. (C) Paulo e Pedro receberiam cada um R$ 150.000,00. Breno, Bruno e Brian receberiam, cada um, R$ 100.000,00. E, por fim, Moacir receberia R$ 300.000,00. (D) Josefina receberia R$ 450.000,00. Paulo e Pedro receberiam cada um R$ 75.000,00. Breno, Bruno e Brian receberiam cada um R$ 50.000,00. Moacir receberia R$ 150.000,00. Comentários A alternativa A está incorreta, dado que, de fato, a herança será dividida em três montes entre os herdeiros de entre os herdeiros de José. No entanto, Isolda Prof. Paulo H M Sousa www.estrategiaconcursos.com.br 26 de 34 DIREITO CIVIL ± OAB XXI Teoria e Questões Aula 13 ± Prof. Paulo H M Sousa e Isabel nada herdarão, já que seu pai, Moacir, está vivo ainda, pelo que ele é o herdeiro, pois na classe mais direta de herdeiros em relação a José. A alternativa B está incorreta, já que não se partilhou a meação de Josefina nos 900mil. A alternativa C está incorreta, porque, novamente, de fato, a herança será dividida em três montes entre os herdeiros de entre os herdeiros de José. No entanto, não se partilhou a meação de Josefina nos 900mil. A alternativa D está correta, pois primeiro Josefina fica com sua meação de 450mil e posteriormente partilha-se a outra metade. Desses 450mil, partilha-se entre os três herdeiros, ou 150mil para cada filho. Como Mário é pré-morto, seus dois filhos, Paulo e Pedro, dividem sua parte, ou 75mil para cada um. Como Mauro também é pré-morto, seus três filhos, Breno, Bruno e Brian, dividem a parte do pai na herança do avô, ou 50mil para cada. Por fim, como Moacir ainda está vivo, herda na integralidade a parte que lhe cabia do monte partilhável, ou 150mil para ele. Como os netos C1 e C2 estão, na linha descendente, em grau diferente, herdam por representação e por estirpe (art. 1.835), ou seja, herdam não por cabeça (divide os 100 de A entre D, C1 e C2, ou seja, 33 para cada um), mas por estirpe (divide os 100 de A entre C e D; como C morreu, divide o dele entre C1 e C2, ou seja, 50, 25 e 25). O mesmo vale para o caso de C1 ter morrido depois de C, mas antes de A. Nesse caso, cada um dos 5 filhos de C1 herdariam os 5 que caberiam a ele. Se C1 tivesse morrido antes de C, porém, os 5 filhos nada herdariam. Isso porque C1 não teria ainda adquirido direito sucessório algum antes de morrer. Como a herança de A só veio a existir depois da morte de C1 é como se C1 nunca tivesse existido. O mesmo ocorre na renúncia à herança. Se C renunciasse à herança, C1 e C2 nada herdariam. Questão 37 ± VI Exame da OAB José, solteiro, possui três irmãos: Raul, Ralph e Randolph. Raul era pai de Mauro e Mário. Mário era pai de Augusto e Alberto. Faleceram, em virtude de acidente automobilístico, Raul e Mário, na data de 15/4/2005. Posteriormente, José veio a falecer em 1º/5/2006. Sabendo-se que a herança de José é de R$ 90.000,00, como ficará a partilha de seus bens? (A) Como José não possui descendente, a partilha deverá ser feita entre os irmãos. E, como não há direito de representação entre os filhos de irmão, Ralph e Randolph receberão cada um R$ 45.000,00. (B) Ralph e Randolph devem receber R$ 30.000,00 cada. A parte que caberá a Raul deve ser repartida entre Mauro e Mário. Sendo Mário pré-morto, seus Prof. Paulo H M Sousa www.estrategiaconcursos.com.br 27 de 34 DIREITO CIVIL ± OAB XXI Teoria e Questões Aula 13 ± Prof. Paulo H M Sousa filhos Alberto e Augusto devem receber a quantia que lhe caberia. Assim, Mauro deve receber R$ 15.0000,00, e Alberto e Augusto devem receber R$ 7.500,00 cada um. (C) Ralph e Randolph receberão R$ 30.000,00 cada um. O restante (R$ 30.000,00) será entregue a Mauro, por direito de representação de seu pai pré-morto. (D) Ralph e Randolph receberão R$ 30.000,00 cada um. O restante, na falta de outro colateral vivo, será entregue ao Município, Distrito Federal ou União. Comentários A alternativa A está incorreta, pois existe direito de representação na linha descendente. Como Raul morreu, seus herdeiros o representam perante a herança de José. A alternativa B está incorreta, já que Mario morreu antes de José, pelo que ele nunca adquiriu direito sucessório algum, relativamente a José. Seus filhos teriam direito a eventual herança de Raul, caso tivesse ele deixado algo quando do acidente automobilístico, o que não ocorreu. A alternativa C está correta, porque os descendentes de Mario nada herdarão, já que seu pai era pré-morto quando da morte do tio-avô José, inexistindo direito hereditário daqueles em relação a este. A alternativa D está incorreta, já que Raul deixou Mauro de herdeiro, não se cabendo falar em jacência. No caso de deserdação/indignidade, porém, essa regra não se aplica, como vimos (art. 1.599), pelo que os herdeiros do herdeiro indigno herdam, por estirpe e representação. Ao contrário, o renunciante à herança de uma pessoa poderá representá-la na sucessão de outra (art. 1.856). Assim, por exemplo, meu avô morre, dias depois, meu pai morre. Eu renuncio à herança do meu pai, mas posso representar meu pai, que morreu, para receber juntamente com meu irmão, a parte da herança do meu avô que o meu pai receberia. Veja-se, assim, que se meu irmão renuncia à herança do meu avô, o montante que ele renunciou não vai para o monte geral, mas permanece na estirpe. Como somos apenas eu e ele a herdar, eu recebo, integralmente, a herança de meu avô, representando meu pai. Na falta de descendentes, são chamados à sucessão os ascendentes (art. 1.836 do CC/2002). Porém, não existe direito de representação entre os ascendentes, pelo que o ascendente de grau mais próximo exclui o mais remoto, sem distinção de linhas (§1º). Seeu morro, sem descendentes, toda a herança vai aos meus pais. Se meu pai já morreu, minha mãe herda tudo; meus avós paternos nada recebem. Herdam os ascendentes por direito próprio. Se ambos os pais morreram, meus avós recebem, dividindo-se a herança em duas linhas, uma materna e oura paterna (§2º); se minha avó materna morreu, meu avô materno recebe 50%, minha avó paterna recebe 25% e meu avô Prof. Paulo H M Sousa www.estrategiaconcursos.com.br 28 de 34 DIREITO CIVIL ± OAB XXI Teoria e Questões Aula 13 ± Prof. Paulo H M Sousa paterno 25%. Porém, se tanto minha avó quanto o meu avô maternos já morrem, meus avós paternos recebem tudo. Pois bem, inexistindo ascendente ou descendente, o cônjuge herda a totalidade dos bens, segundo o art. 1.829, inc. III. Dois pontos a atentar. Primeiro, mesmo existindo ascendente ou descendente, o cônjuge herda, na forma dos arts. 1.831, inc. I, 1.832 e 1.837 do CC/2002, como vimos no tópico anterior). Segundo, quanto ao companheiro, a regra muda um pouco. Ele concorre, além dos descendentes e ascendentes, com os colaterais, herdando a totalidade dos bens apenas se nenhum desses existir (art. 1.790, inc. IV), como vimos, igualmente, no tópico anterior (art. 1.790, incs. I, II e III) Assim, se não houver descendente ou ascendente em linha reta ou cônjuge sobrevivente, serão chamados a suceder os colaterais até o quarto grau (art. 1.839). Chamam-se, assim, os irmãos (colaterais em 2º grau), tios (colaterais em 3º), primos (colaterais em 4º grau) e tios-avôs (colaterais em 4º grau) e sobrinhos- netos (colaterais em 4º grau). Tal qual anteriormente, na classe dos colaterais, os mais próximos excluem os mais remotos, salvo o direito de representação concedido aos sobrinhos (art. 1.840). Assim, se morro, sem ascendentes (pais, avós), descendentes (filhos, netos) ou cônjuge), meu irmão único herda a integralidade dos meus bens. Se eu tinha dois irmãos, mas um deles morrera antes de mim, meu irmão vivo herda 50% e os meus dois sobrinhos herdam 25% cada, por estirpe e representação (art. 1.843). Agora, se morro e meus dois irmãos estão mortos, e tenho 2 sobrinhos de um irmão e 1 sobrinho de outro irmão, eles recebem por cabeça, ou seja 33% cada (art. 1.843, §1º), e não por estirpe. Concorrendo à herança do falecido irmãos bilaterais (filhos do mesmo pai e mãe) com irmãos unilaterais (filhos apenas do mesmo pai ou apenas da mesma PmH�� RX� ³PHLRV-LUPmRV´��� RV� XQLODWHUDLV� KHUGDUmR� metade do que cada bilateral herdar (art. 1.841 do CC/2002). Se não houver irmão bilateral, herdarão, em partes iguais, os unilaterais (art. 1.842). A mesma regra vale para sobrinhos de irmãos pré- mortos. Se concorrem filhos de irmãos bilaterais com filhos de irmãos unilaterais, cada um destes herdará a metade do que herdar cada um daqueles (art. 1.843, §2º). Por consequência, se todos forem filhos de irmãos bilaterais ou unilaterais, herdarão SRU�LJXDO������$VVLP��VH�WHQKR�XP�LUPmR�H�XP�³PHLR-LUPmR´��DR�PRUUHU��R�LUPmR� KHUGD�����H�R�³PHLR-LUPmR´�������6H�DPEos já estavam mortos, e o irmão tinha Prof. Paulo H M Sousa www.estrategiaconcursos.com.br 29 de 34 DIREITO CIVIL ± OAB XXI Teoria e Questões Aula 13 ± Prof. Paulo H M Sousa ��ILOKR�H�R�³PHLR-LUPmR´���ILOKRV��R�PHX�VREULQKR��ILOKR�GR�LUPmR��UHFHEHUi����� H�RV�RXWURV�GRLV�VREULQKRV��ILOKRV�GR�³PHLR-LUPmR´�������FDGD� Se não tenho irmãos, mas tenho sobrinhos e tios, há uma igualdade de graus, já que os sobrinhos e os tios são ambos colaterais de 3º grau. Nesse caso, a preferência é dos sobrinhos, em detrimento dos tios (art. 1.843). Se não houver irmãos ou sobrinhos, mas dois tios, herdam eles 50% cada (art. 1.843). Se não houver irmãos, sobrinhos ou tios, passa-se ao 4º grau da colateralidade (os tios-avôs e os sobrinhos-netos e primos), pois o direito de representação somente se dá em favor dos filhos de irmãos do falecido, na linha transversal (art. 1.853). Aquele que se julgar preterido poderá demandar a sua admissão no inventário, requerendo-o antes da partilha. Ouvidas as partes no prazo de 10 dias, o juiz decidirá. Se não acolher o pedido, remeterá o requerente para os meios ordinários, mandando reservar, em poder do inventariante, o quinhão do herdeiro excluído até que se decida o litígio (art. 1.001 do CPC). Sem nenhum desses parentes sucessíveis, esta se devolve ao Município (art. 1.844), seguindo-se a regra da herança jacente, como vimos. Lista de Questões da Aula Questão 11 ± III Exame da OAB Josefina e José, casados pelo regime da comunhão universal de bens, tiveram três filhos: Mário, Mauro e Moacir. Mário teve dois filhos: Paulo e Pedro. Mauro teve três filhos: Breno, Bruno e Brian. Moacir teve duas filhas: Isolda e Isabel. Em um acidente automobilístico, morreram Mário e Mauro. José, muito triste com a perda dos filhos, faleceu logo em seguida, deixando um patrimônio de R$ 900.000,00. Nesse caso hipotético, como ficaria a divisão do monte? (A) Josefina receberia R$ 450.000,00. Os filhos de Mário receberiam cada um R$ 75.000,00. Os filhos de Mauro receberiam R$ 50.000,00 cada um. E, por fim, as filhas de Moacir receberiam R$ 75.000,00 cada uma. (B) A herança seria dividida em três partes de R$ 300.000,00. Paulo e Pedro receberiam cada um R$ 150.000,00. Breno, Bruno e Brian receberiam, cada um, R$ 100.000,00. E, por fim, Isabel e Isolda receberiam cada uma a importância de R$ 150.000,00. (C) Paulo e Pedro receberiam cada um R$ 150.000,00. Breno, Bruno e Brian receberiam, cada um, R$ 100.000,00. E, por fim, Moacir receberia R$ 300.000,00. (D) Josefina receberia R$ 450.000,00. Paulo e Pedro receberiam cada um R$ 75.000,00. Breno, Bruno e Brian receberiam cada um R$ 50.000,00. Moacir receberia R$ 150.000,00. Prof. Paulo H M Sousa www.estrategiaconcursos.com.br 30 de 34 DIREITO CIVIL ± OAB XXI Teoria e Questões Aula 13 ± Prof. Paulo H M Sousa Questão 35 ± V Exame da OAB Heitor, solteiro e pai de dois filhos também solteiros (Roberto, com trinta anos de idade, e Leonardo, com vinte e oito anos de idade), vem a falecer, sem deixar testamento. Roberto, não tendo interesse em receber a herança deixada pelo pai, a ela renuncia formalmente por meio de instrumento público. Leonardo, por sua vez, manifesta inequivocamente o seu interesse em receber a herança que lhe caiba. Sabendo-se que Margarida, mãe de Heitor, ainda é viva e que Roberto possui um filho, João, de dois anos de idade, assinale a alternativa correta. (A) Roberto não pode renunciar à herança, pois acarretará prejuízos a seu filho, João, menor de idade. (B) Roberto pode renunciar à herança, o que ocasionará a transferência de seu quinhão para João, seu filho. (C) Roberto pode renunciar à herança, e, com isso, o seu quinhão será acrescido à parte da herança a ser recebida por Leonardo, seu irmão. (D) Roberto pode renunciar à herança, ocasionando a transferência de seu quinhão para Margarida, sua avó, desde que ela aceite receber a herança. Questão 37 ± VI Exame da OAB José, solteiro, possui três irmãos: Raul, Ralph e Randolph. Raul era pai de Mauro e Mário. Mário era pai de Augusto e Alberto. Faleceram, em virtude de acidente automobilístico, Raul e Mário, na data de 15/4/2005. Posteriormente, José veio a falecer em 1º/5/2006. Sabendo-se que a herança de José é de R$ 90.000,00, como ficará a partilha de seus bens? (A) Como José não possui descendente, a partilha deverá ser feita entre os irmãos. E, como não há direito de representação entre os filhos de irmão, Ralph e Randolph receberão cada um R$ 45.000,00. (B) Ralph
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