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Coccídios: Cryptosporidium, Isospora e Cyclospora

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Universidade do Estado do Rio Grande do Norte – UERN 
Tatiana Leal Marques – Turma 14/Medicina 
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Coccídios 
 
 Considerações iniciais: 
 
Cryptosporidium parvum e C.hominis 
Isospora belli 
Cyclospora cayetanensis 
Os três são juntos numa aula só por que tem coisas em comum, como: todos pertencem ao filo Apicomplexa 
e todos pertencem à subclasse Coccidia, por isso pode juntar os 3 e chamar de Coccídios. São chamados de 
coccídios emergentes, por que quando foram descobertos achou-se que não eram tão importantes. 
Posteriormente, foi resgatada a importância deles, por que a maior parte causa doenças graves nos pacientes 
imunodeprimidos. 
De Cryptosporidium, tem-se 8 parasitos que causam doenças em humanos, mas estudaremos os 2 mais 
comum, C. parva e o C. hominis. Quando foram descritos inicialmente, foram descritos como atuando em 
homem, gato, cão, etc., mas essas informações foram revistas, por que todos causam doenças no homem e 
podem cometer também esses animais. Logo, é uma zoonose, circulando no homem e nos animais. Isospora 
e Cyclospora só possuem 1 espécie. 
 
 Ciclo: 
O mesmo ciclo serve para os 3. O Cryptosporidium é o mais estudado, por que além de causar doença grave 
em imunodeprimidos, não tem tratamento eficiente, podendo significar doença fatal, enquanto os demais 
podem até causar doença grave, mas que pode ser amenizada pelo uso de medicamentos. 
O parasito é ingerido na forma de esporozoíto (forma infectante também do Toxoplasma e da malária – a 
diferença é que no Toxoplasma os esporos são ingeridos através das fezes do gato, e na malária são inoculados 
pela picada), sendo esses ingeridos dentro de oocistos (também semelhando ao Toxoplasma). Logo, a 
transmissão ocorre pela ingestão de oocistos com o parasito na forma de esporozoíto dentro. Tendo sido 
ingeridos, esses parasitos são intracelulares obrigatórios, e por isso terão que entrar em células, e essas células 
serão as do revestimento tratointestinal, especificamente as do intestino. Entrando dentro da célula, o parasito 
cresce, começa a fragmentação de núcleos, a esquizogonia, e se rompe a célula, liberando os merozoítos (em 
Plasmodium, esses merozoítos são específicos de hemácias, mas aqui não). Os merozoítos produzidos nas 
células intestinais infectam as próprias células intestinais (enterócitos), causando, com isso, vários ciclos de 
destruição dessas células. Logo, à medida em que vai destruindo as células intestinais, vão aparecendo os 
sintomas. A figura mostra que uma hora essa população de merozoítos tem opções: pode formar mais 
merozoítos, ou, ainda nas células intestinais, podem se diferencias em gametas (os masculinos são móveis e 
os femininos são imóveis). Os gametas masculinos fecundam os femininos e formam a célula ovo, que tem 
um reforçamento da membrana e sai nas fezes na forma de oocisto. Quando o oocisto sai nas fezes, ainda não 
há parasito no seu interior, mas, rapidamente (no caso de Isospora 48h; no caso de Cyclospora, 15 dias), 
formam-se esporozoítos. Logo, a transmissão não é por contato direto. Se uma pessoa tem oocisto e tem sua 
higiene deficitária, tendo, por exemplo, oocistos nas mãos, mesmo assim não deve conseguir infectar outras 
pessoas. O mais provável é que a infecção venha do ambiente, por que é após chegar ao ambiente que o 
parasito conclui a formação dos esporozoítos. 
Inicialmente, a infecção forma, em sua maior parte, merozoítos. Com o tempo, havendo maior defesa por parte 
do sistema imunológico, tem-se a maior formação de gametas. 
 
 
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No Cryptosporidium, há algumas diferenças: a transmissão começa também pela ingestão de oocistos. Dentro 
deles, tem-se oparasito na forma de esporozoíto. Esse, por sua vez, entra dentro da célula e produz merozoítos. 
Esse merozoítos entram dentro da célula e produzem mais merozoítos. Aqui, no entanto, não há a produção 
“concomitante” de gametas. Os esporozoítos, portanto, primeiro produzem vários merozoítos de 1ª geração, e 
esses, então, entram dentro da célula e formam merozoítos de 2ª geração. Todos que entraram dentro da célula 
formar gametas masculinos e femininos, e, com a fusão desses gametas, tem-se a formação dos oocistos que 
saem nas fezes. 
Apesar de parecer o mais inofensivo, por que tudo forma gameta que, posteriormente, sai do corpo na forma 
de oocisto (seria, portanto, autolimitante e pouco preocupante), descobriu-se que os oocistos formados não 
são iguais, possuindo, alguns, parede grossa, e outros, parede fina. Os de parede grossa saem nas fezes. Os de 
parede fina se rompem antes de saírem nas fezes, sendo, assim, liberados esporozoítos dentro, havendo 
autoinfecção interna do hospedeiro. Logo, não é autolimitante, mas a infecção fica recorrente no hospedeiro. 
Outro fato sobre o Cryptosporidium é que o parasito tem uma posição interessante, sendo chamado de parasito 
intracelular extracitoplasmático, por que fica numa posição muito apical, de forma que numa biópsia é 
facilmente reconhecido. 
 
 Comparações entre as três espécies: 
 
o Quanto ao ciclo: todos são monoxênicos, não precisando de outros hospedeiros para completar o ciclo; 
quem ingere o esporozoíto já completa o ciclo com a produção de oocistos. 
o Quanto aos hospedeiros: o Cyclospora cayetanensis é especifico do homem, assim como o Isospora beli; 
já o Cryptosporidium atinge homens e animais igualmente, tendo, portanto, características de zoonose. 
o Quanto à esporulação no solo: quando o oocisto sai nas fezes, já é infectante somente no caso do 
Cryptosporidium (já tem esporozoito dentro); o Cyclospora precisa de 2 semanas no solo; o Isospora 
precisa de algumas horas. 
o Quanto à transmissão: a transmissão pessoa-pessoa e a auto-infecção interna e externa é possível no 
Cryptosporidium. 
o Quanto ao hábitat: todos são parasitas do revestimento do trato digestório, com predomínio do intestino 
delgado, embora, no caso do Cryptosporidium, possa ser encontrado em outras partes, como no epitélio 
respiratório (transmissão por via nasal), nas vias biliares e nas vias pancreáticas (disseminação a partir do 
intestino). 
 
 Diagnóstico: 
 
o O Cryptosporidium, pela posição intracelular extracitoplasmática, é fácil de ser reconhecido em biópsia. 
o A forma mais comum de diagnóstico é através dos oocistos. No interior deles, encontram-se esporozoítos 
– para o Cryptosporidium, os esporozoítos estão soltos; para o Cyclospora, os esporozoítos estão fechados 
num compartimento. A grande diferença, no entanto, é a morfologia. O Isospora é achatado. O 
Cryptosporidium tem 4 micrômetros, o Cyclospora tem 10 micrômetros e o Isospora tem 25 micrômetros. 
o Num sistema imunológico bom, o próprio sistema dá conta do parasito; num imunodeprimido, entratanto, 
causa problemas. 
o O grande problema do Cryptosporidium é ser muito pequeno. Logo, estando nas fezes, tendem a não ser 
vistos. 
 
 
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o Na teoria, há uma diferença em reação aos esporozoítos e aos compartimentos. Mas, na prática, quem vai 
dizer o parasito é o tamanho e o formato dele. Para diferenciar Cryptosporidium e Cyclospora, deve-se 
medir o tamanho com régua. 
o O Isospora pode até ser diagnosticado em exame de rotina, mas, os demais, não – somente com colorações, 
que não são rotina de laboratório de exame parasitológico. Logo, é preciso colocar suspeita de parasito, 
sintomatologia ou quadro do paciente. 
 
 Transmissão: 
Somente o Cryptosporidium transmite pessoa-pessoa (contaminação de alimentos, por exemplo), entre 
animais, de animal para pessoa,
por auto-infecção interna ou externa. 
Todos podem ser transmitidos por águas e alimentos, predominantemente por água, por que tem dimensões 
muito pequenas, escapando com facilidade aos processos de filtração de tratamento da água. Pode ser 
transmitido por insetos vetores. O Cryptosporidium poderia ser também transmitido pelo ar, causando 
destruição do epitélio respiratório. 
 
 Patogenia: 
Causam destruição de enterócitos, que têm poder mitótico elevado. Algumas pessoas serão assintomáticas, 
quando o parasito destrói e há reconstituição. Outras, devido ao sistema imune deficiente ou pela alta carga 
parasitária, pode ter mais destruição do que o corpo pode reconstruir, causando enterites, com consequentes 
dores e diarreias. 
Para Cryptosporidium, relata-se relação com intolerância à lactose. Há crianças que, durante um período, 
ficam intolerantes à lactose, estando isso relacionado a outro problema que, quando resolvido, resolve-se 
também a intolerância. Essa intolerância pode estar relacionada a alguns parasitos. No processo de digestão, 
há a parte que ocorre no lúmem (enzimas na luz do intestino) e os processos se complementam quando 
nutrientes passam pelo abdome, por que há enzimas que estão nas membranas. A lactase é uma delas, por que 
a enzima está presa à membrana das células. Logo, se há destruição de células por microorganismos, pode não 
haver a completude de sua maturação, que não consegue produzir e externar quantidade suficiente das 
enzimas. Então, enquanto há destruição das células, há ineficácia da atuação da enzima. 
O Cryptosporidium pode produzir uma enterotoxina que ainda não é bem conhecida, mas que sabe-se que 
causa diarreia aquosa, profunda e fulminante. 
Em pessoas com sistema imunológico ativo, não se tem, normalmente, a manifestação de sintomas, não 
significando que o parasito não causa destruição, mas que essa é driblada. Onde há sintomas, esse são mais 
agudos, e o sistema imunológico, uma hora, consegue “vencê-los”. Esses sintomas agudos seriam diarreia 
aquosa, dores abdominais, vômitos, náuseas, perda de peso, indisposição e fadiga excessiva (descrita com 
ênfase para Cyclospora). Diarreias crônicas com possibilidade de produzir quadros graves, com diarreias 
fulminantes (perda de até 20 litros de água nas fezes) são características de pacientes imunodeprimidos, com 
risco alto de morte por desidratação. Os quadros sintomáticos são mais comuns em crianças e, os mais graves, 
em imunodeprimidos. 
 
 Diagnóstico: 
 
 
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O diagnóstico não é complicado, é só ver os oocitos. O problema é ser suspeitado, já que não fará parte da 
rotina. Teriam que ser usadas colorações ou fazer uso imunocromatografias para ser visível, mas, na rotina, 
só vai aparecer o nome de Isospora. 
 
 Tratamento: 
Uso de sulfas – com Trimetoprina. O Cryptosporidium não tem tratamento com droga 100% eficaz, mas há 
alguns relatos de sucesso ou amenização com o uso Nitazoxamida (Anitta). O importante é não deixar a pessoa 
sucumbir com a desidratação 
 
 Epidemiologia: 
o São parasitos comuns no mundo inteiro. 
o A prevalência varia (0,1 a 10% da população), sendo maior em indivíduos com HIV. 
o Depois dos imunodeficientes, as crianças são os alvos principais. 
o Mesmo com a higiene adequada dos alimentos, pode chegar via água e via oral. 
o Um surto em Milwaukere, EUA, contaminou sistema de água e atingiu cerca de 400.000 pessoas, o que 
levou a mudanças no tratamento da água. 
o Os ooctistos resistem por meses, assim como resistem ao cloro. O aquecimento é suficiente para destruí-
los. 
o Os parasitos podem permanecer no hospedeiro (Isospora, 20 anos – a pessoa é mera portadora, mas 
contamina o ambiente). 
 
 Prevenção 
o Saneamento básica (por ter relação com fezes). 
o Proteção da água (mesmo a tratada). 
o Proteção dos alimentos. 
o Higiene pessoal (Cryptosporidium, auto infecção). 
o Cuidado com imunodeprimidos.

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