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Dimensão Humana e Contemporânea - UVB
Faculdade On-line UVB28
Aula 5
Conceitos de Trabalho: 
a Divisão do Trabalho, a Burocracia e o Emprego.
Objetivos desta aula 
Apresentar certos conceitos de trabalho que permitam 
identificar os elementos que permeiam as transformações 
ocorridas na sociedade contemporânea. 
Ao final desta aula, você deverá saber como interpretar 
adequadamente a sociedade contemporânea com suas 
sucessivas transformações, bem como compreender o uso 
de certos conceitos fundamentais, tais como: trabalho, as 
relações trabalho-capital, e as novas formas de divisão do 
trabalho e emprego.
A Divisão do Trabalho
Segundo Durkheim, é muito fácil determinar o papel da divisão social 
do trabalho na estrutura de organização da sociedade humana, pois 
ela é responsável pela processo de civilização. Assim, como ele mesmo 
explicita, “ela (a divisão do trabalho) aumenta simultaneamente a força 
produtiva e a habilidade do trabalhador, ela é a condição necessária para 
o desenvolvimento intelectual e material das sociedades; ela é a fonte da 
civilização.” (Durkheim, 1973: 324)
Desta forma, devemos entender por divisão social do trabalho a 
organização da sociedade em diferentes funções, exercidas por indivíduos 
ou grupos de indivíduos. 
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Nas sociedades mais simples, predominou-se sempre a divisão social 
do trabalho fundamentada mais em critérios biológicos de sexo e 
idade. 
Mas a partir do momento em que a sociedade torna-se mais intrincada, 
em especial, quando inicia-se o desenvolvimento da agricultura e 
o sistema de propriedade privada, surge uma divisão social mais 
complexa, com a criação de novas funções sociais.
Neste sentido, pode-se afirmar que a indústria foi, certamente, o 
sistema produtivo que mais desenvolveu a divisão social do trabalho, 
pois criou inúmeras funções e atribuições diferenciadas.
Na sua obra Da Divisão do Trabalho Social, Durkheim faz uma 
análise profunda sobre a divisão social do trabalho, separando-
a em dois temas: a solidariedade mecânica ou por similitude, na 
qual predominavam as sociedades tradicionais e as pré-capitalistas; 
e a solidariedade orgânica ou por divisão do trabalho, na qual 
predominavam as sociedades industriais e capitalistas, nas quais os 
diferentes papéis sociais decorriam do sistema produtivo vigente.
A divisão social do trabalho envolve sempre uma divisão não só 
de funções, mas também de privilégios, status e poder. Em uma 
pequena indústria temos sempre um pequeno grupo de pessoas 
que concebem idéias, criam, e inventam o que vai ser produzido 
e de que forma será produzido. Outro grupo é obrigado apenas à 
execução do trabalho, e de forma escalonada, ou seja, dividida por 
meio de tarefas bem específicas conforme a atribuição de cada 
indivíduo.
Sendo assim, é justamente em meados do século XX, no qual a divisão 
social do trabalho começa a se intensificar de maneira mais contínua, 
porque Henry Ford cria o sistema de linha de montagem para o 
processo de produção na indústria automobilística – mais conhecido 
como fordismo. 
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Posteriormente, é Frederick Taylor, que em sua obra intitulada 
Princípios de Administração Científica, desenvolve um método 
científico de racionalização da produção. Para isso, ele define dois 
conceitos fundamentais para compreender o processo de produção 
industrial: tempo e movimento. Esse processo de produção industrial 
passaria a ser mais tarde conhecido como taylorismo, e visava 
intensificar o aumento da produtividade com a economia de tempo. 
Tinha como meta, segundo os preceitos de seu autor, a abolição de 
gestos desnecessários, e de comportamentos inúteis no interior das 
etapas de produção, os quais para ele prejudicavam indubitavelmente 
na rapidez e eficiência produtiva.
Vejamos uma citação mais elucidativa do que foi a conseqüência da 
adoção dos métodos tayloristas de produção na indústria do século XX: 
“O taylorismo implantado, permite altos lucros com baixo nível salarial, a 
curto prazo, a custo de tensões sociais.” (Tragtenberg: 1977, 72)
Sem dúvida, os princípios do Taylorismo foram implementados com 
muito sucesso nos Estados Unidos, no início do século XX. Porém, 
rapidamente saiu do limite do campo das indústrias, indo atingir vários 
outros setores da sociedade, tais como: empresas, escolas, atividades 
de esportes, e até as atividades domésticas. O Taylorismo, como pode 
se ver, impregnou não só os setores da indústria capitalista moderna, 
mas também deixou suas marcas em outras formas de organização 
da sociedade humana contemporânea, redefinindo-as amplamente. 
 A Burocracia:
Vejamos a citação abaixo acerca do conceito de burocracia, e sua 
função na sociedade capitalista do século XX:
“No plano de sua Teoria da Administração, Taylor define a burocracia 
como emergente das condições técnicas de trabalho, pela separação 
entre as funções de execução e planejamento, predominando a 
organização sobre o homem, acentuando como fator motivador 
único, o monetário.” 
(Tragtenberg, 1977: 76)
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Conceitualmente, a organização burocrática deve ser centralizada, 
hierárquica, e autoritária, baseando-se essencialmente em regras, 
disciplinas, e na própria divisão do trabalho.
Nas organizações empresariais, a burocracia procura sempre 
desempenhar a função de intermediar os interesses dos proprietários 
com os interesses dos trabalhadores.
Neste sentido, os representantes do corpo burocrático constituem 
os administradores profissionais cuja função é instituir a execução de 
normas que regulam o comportamento de funcionários e resguardem 
os interesses de acionistas da instituição. 
Segundo Tragtenberg (1977), os administradores profissionais 
devem introduzir o poder necessário a fim de resguardar a ordem 
dentro da organização. Para isso, ele devem procurar assegurar a 
produtividade de maneira a amenizar as naturais tensões entre 
capital e trabalho, aproveitando-se dos instrumentos de controle 
disponíveis.
Desta forma, para organizar o trabalho e a produção, além de 
aperfeiçoar seus instrumentos de controle, os burocratas acabam 
sempre lançando mão das teorias administrativas e suas práticas 
decorrentes.
Sendo assim, a organização burocrática acaba sendo um depósito 
de práticas e discursos administrativos, ou seja, um aparelho 
ideológico que se adapta facilmente às novas condições históricas 
do início do século XXI, no qual vem a prevalecer conceitos 
tais como: a flexibilização, a reengenharia, a terceirização, e a 
virtualização organizacional, os quais tem por objetivo tornar a 
organização mais ágil e competitiva, e cada vez mais flexível às 
demandas do mercado.
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O Emprego
O emprego fixo, registrado em carteira profissional, vem sendo 
paulatinamente substituído pelo trabalho de curto prazo, ou seja, 
pelos serviços temporários e terceirizados.
 
Durante um longo tempo as palavras trabalho e emprego foram 
consideradas sinônimas, isto é, uma pessoa só podia realmente 
trabalhar se estivesse doravante empregada.
Assim, possuir um emprego significava, em certa medida, estar 
vinculado a uma organização, ocupando uma função definida dentro 
dela, cumprindo horários programados e obrigações atribuídas, bem 
como pertencendo a uma determinada faixa salarial, além de receber 
benefícios e promoções, de uma forma padronizada.
Neste sentido, o emprego tornou-se uma característica central na 
vida das pessoas e da sociedade capitalista contemporânea.Ter um 
emprego significava ter segurança e estabilidade, constituindo, assim, 
um aspecto da organização social.
Atualmente, não vemos isto mais acontecer, na verdade, estamos 
observando uma grande escassez do emprego no início do século XXI. 
Sem dúvida, o mercado de trabalho está adquirindo novos contornos, 
e estabelecendo drasticamente novas relações de trabalho. 
Conclusivamente, por um lado, estamos vendo acontecer 
paulatinamente a emergência de novos valores organizacionais, 
tais como: a abertura para o espaço da autonomia, da criatividade, 
e a da iniciativa profissional. Estes valores, sem dúvida, acentuam 
a necessidade de versatilidade, e da capacidade de adaptação às 
mudanças organizacionais, ou seja, a polivalência, ou a habilidade para 
desenvolver diversas atividades torna-se um atributo indispensável 
aos novos profissionais. Por outro, há de se frisar que, as acentuadas 
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mudanças econômicas responsáveis pela escassez de emprego, 
acabam por determinar com que as empresas passem a dar maior 
preferência aos contratos pontuais, definidos por tarefa, e mais 
centrados no potencial produtivo das corporações.
Nesta aula, podemos verificar o desenvolvimento da divisão do 
trabalho, de Durkheim a Taylor. Além disso, compreendemos o papel 
da burocracia na sociedade e nas empresas; e a problemática do 
emprego no limiar do século XXI.
Na próxima aula, discutiremos a Sociologia Contemporânea, e o 
valor do trabalho na atualidade.
Referências Bibliográficas:
DURKHEIM, Émile. Da Divisão do Trabalho Social. In: Os Pensadores, 
São Paulo, Abril Cultural, 1973.
SENNET, Richard. O Declínio do Homem Público. São Paulo, Companhia 
das Letras, 1998.
TRAGTENBERG, Maurício. Burocracia e Ideologia. São Paulo, Ática, 
1977.