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Resumo de Penal II

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Concurso de Pessoas
Damásio de Jesus certa vez escreveu: “o crime poderá não ser obra de uma pessoa só”.
Art.29 “Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade. §1º - Se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída de um sexto a um terço. §2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste; a pena será aumentada até metade, na hipótese de ter sido previsível o resultado mais grave”.
Monossubjetivos: são aqueles que podem ser praticados por uma pessoa, nada impedindo que ocorra um concurso eventual de agentes. São monossubjetivos a maioria dos crimes. Ex.: art. 155 §4º - Furto Qualificado 
Plurissubjeitvos: exigem, necessariamente, a presença de duas ou mais pessoas, dependendo das estruturas normativos. Ex.: Art.288 – Associação Criminosa. Precisa de 3 ou mais agentes.
Requisitos para configuração do concurso de pessoas: 
Pluralidade de condutas – é a adoção de comportamentos pelos diversos agentes, visando à produção de um resultado comum. Ex.: emprestar a chave falsa para que outrem cometa um furto qualificado.
Relevância causal e jurídica – os comportamentos praticados devem, de fato, contribuir para a produção desse resultado. Ex.: Se o executor opta por não usar a chave, o empréstimo da chave é algo irrelevante no contexto da infração. 
Liame Subjetivo entre os concorrentes – é imprescindível que haja adesão da vontade alheia. Ex.: aquele que empresta a chave conhecendo o propósito do autor e sabendo que o instrumento será usado na empreitada criminosa, produz a referida adesão, denominada liame subjetivo. 
Espécies de participação – autoria 
Perspectiva unitária – autor é qualquer pessoa que de alguma forma está envolvida no crime. Se todos que participam são autores, então não tem partícipe. Ex.: art.29 
Perspectiva diferenciadoras – 
Teoria subjetiva – distingue autor de partícipe com base na vontade do agente. Autor é aquele que deseja a infração penal em nome próprio. 
Teoria formal objetiva – autor é quem realiza a ação típica, executando o crime. Os demais são partícipes. 
Teoria do Domínio do fato - busca estabelecer um critério mais preciso de distinção entre autoria e participação em sentido estrito. Tem como figura central do delito o autor. Pode ocorrer em três hipóteses: 
Autoria Imediata – Consiste no domínio da ação. Autor é quem executa o crime, controlando, dessa forma, o acontecimento criminoso. 
Autoria Mediata – Surge através do domínio da vontade alheia. Seja induzindo uma pessoa ao erro (20 §2), conduzindo o executor à ação criminosa em situação de inexigibilidade de conduta diversa (22), ou quando se vale de inimputável para a prática criminosa. 
Autoria Funcional – Há pessoas que praticam atividades de especial relevância durante a execução do crime, em uma atuação coordenada. Surge a imputação recíproca: a atividade de um dos coautores é imputada ao outro. Ex.: Extorsão mediante sequestro, onde um sequestra a vítima e outro liga para família exigindo um valor para o resgate. 
Existe um autor intelectual na teoria do domínio do fato? Parte da doutrina diz que sim, que coautor intelectual é o que tem o domínio organizacional ou direcional do fato e, desse modo, organiza ou planeja ou dirige a atividade dos demais. Também chamado de coautor de escritório ou autor de escritório. Não se confunde com o “homem de trás”, que é o autor mediato. Na autoria mediata a responsabilidade só recai sobre o autor mediato, na coautoria todos os coautores respondem pelo delito. 
Outras formas de coautoria e autoria: 
Coautoria alternativa – duas ou mais pessoas combinam entre si um resultado criminoso e todas se postam em condições de alcança-lo, embora de fato, apenas uma delas, ou um grupo limitado delas, irá realizá-lo. Ex.: Dois criminosos que, com objetivo de matar uma pessoa, um entra pela cozinha e outro pelos fundos, porém só um logra êxito. 
Coautoria sucessiva – o coautor ingressa no delito após se início. Ex.: Linchamento. 
Autoria colateral – caso em que não há coautoria, em virtude da ausência de liame subjetivo entre os executores. Ex.: Duas pessoas que, ao mesmo tempo, furtam peças de roupa de uma loja sem conhecer a ação da outra. 
Autoria incerta – espécie do gênero autoria colateral, na qual é impossível precisar quem produziu o resultado. Ex.: Duas pessoas atiram no criminoso ao mesmo tempo. 
Espécies de Participação – Partícipes são todos aqueles que, subjetivamente vinculados ao autor ou aos coautores, praticam uma conduta dotada de relevância jurídica e causal para a produção do resultado criminoso almejado, embora não possam ser igualmente classificados como autores. 
A participação em sentido estrito é uma atividade acessória, dependendo da existência de uma conduta principal. 
Teorias que fundamentam a participação 
Teoria da acessoriedade máxima – Para existência da participação em sentido estrito, a conduta do autor deveria ser típica, antijurídica e culpável. 
Teoria da acessoriedade mínima - A realização de um fato típico pelo autor seria suficiente para fundamentar a participação em sentido estrito.
Teoria da acessoriedade limitada – Apenas quando a conduta é típica e antijurídica é possível a punição do partícipe. 
Comunicabilidade das circunstâncias 
Art. 30 – “não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo quando elementares do crime”. 
Circunstâncias e condições são dados acessórios ao tipo penal, ou seja, incidem sobre a pena, quer incrementando-a (qualificadoras, causas de aumento da pena e agravantes), quer suavizando-a (privilégios, causas de diminuição da pena e atenuantes). 
Elementares são dados essenciais ao tipo penal fundamental. Constituem a estruturam básica de um crime, de modo que, se suprimidas, operam a atipicidade da conduta ou a sua desclassificação. E.: A expressão funcionário público é elementar dos chamados crimes funcionais (312 a 326). No crime de prevaricação (319) se suprimida essa expressão, a conduta deixa de constituir uma infração penal. Já no crime de peculato-apropriação (312) passamos a ter crime de apropriação indébita (168).
Ainda são elementares de caráter pessoal os motivos do crime (motivo fútil, torpe, nobre, de relevante valor moral), estados alterados de ânimo (estado puerperal, domínio de violenta emoção), dados qualificativos (profissão, estado civil, relações de parentesco). 
Em alguns delitos o legislador considerou a possibilidade de concurso de pessoas expressamente, ora como qualificadora, oura como causa obrigatória de aumento de pena. 
O que é uma qualificadora de crime? Trata-se de um modo de agir especial do agente e que agrava a sua pena matematicamente definida. Existem tipos simples e qualificados. 
Art.155 – “Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel”. Se consolida pela ausência de cuidado. Ex.: Bacalhau na calça. É um delito putativo imaginário por obra do agente provocador.
Quando alguém comete o crime de furto em companhia de outro agente, o legislador indicou previamente a figura qualificada do delito conforme o art. 155 §4, IV “A pena é de reclusão de dois a oitos anos, e multa, se o crime cometido [...] mediante concurso de duas ou mais pessoas”
É importante apontar a diferença entre qualificadora e causa obrigatória de aumento de pena, ou majorante. 
Causas majorantes são circunstâncias que se agregam ao tipo penal aumentando a pena percentualmente (1/2, 2/3). Ex.: 157 §2º, I “a pena aumenta-se de um terço até metade: I – se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma”; 
Caso do Kit Gás e a menina – art. 136, §2º (qualificadora) e §3º (majorante) “Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa sob sua autoridade, guarda ou vigilância, para fim de educação, ensino, tratamento ou custódia, quer privando-a de alimentação ou cuidados indispensáveis, quer sujeitando-a a trabalho excessivo ou inadequado, quer abusando de mios de correção ou disciplina:§2º se resulta em morte. Pena – reclusão, de quatro a doze anos. §3º aumenta-se a pena de um terço, se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 anos”. 
Causas minorantes são causas obrigatórias de diminuição de pena. Ex.: Art.14, parágrafo único “Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a pena correspondente ao crime consumado, diminuída de um a dois terços”.
Ex.: Art. 121 c/c art.14, II “Matar alguém na forma tentada, quando, iniciada a execução, não se consuma por cicunstâncias alheias à vontade do agente. Parágrafo Único – Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a pena correspondente ao crime consumado, diminuída de um a dois terços”.
João tenta matar seu desafeto José com um tiro na cabeça. Diminuição de 1/3, pois se aproximou mais da consumação. 
José se recupera e difere, com a intenção de matar, um tiro no ombro de João. Diminuição de 2/3, pois se aproximou menos da consumação. 
Em aula:
Generalidades – Concurso de pessoas significa pluralidade de agentes (co-autores e partícipes), concorrendo, de forma relevante, para a realização do mesmo evento, com unidade de desígnios (vontade). Para sua configuração é indispensável que a adesão subjetiva do concorrente ocorra até a consumação do crime, se não, após haverá delito autônomo, como por exemplo, na receptação ou no favorecimento real. 
Ex.: A e B, com armas de fogo, matam C. Contém Liame Subjetivo, o vínculo Psicológico Associativo. Isso não ocorre caso A mata B e corre para casa de C, que não sabia da prática. Art.348, Favorecimento Pessoal. 
Concurso de Pessoas, Art.29 “Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade. §1º - Se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída de um sexto a um terço. §2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste; a pena será aumentada até metade, na hipótese de ter sido previsível o resultado mais grave”.
O autor pode ser:
Intelectual – Em relação ao autor intelectual, podemos dizer que ele é o arquiteto do crime e não necessariamente realiza o verbo nuclear do tipo. Ele detém o domínio do fato criminoso (uma ordem sua faz cessar a execução do crime ou até mesmo o seu início). 
Executor – O autor executor realiza o verbo nuclear. 
Para a teoria do domínio final do fato, coautores são, não somente os executores do comando descrito no tipo, mas também aqueles que sem realizar diretamente o núcleo, dominam finalística e funcionalmente o fato, podendo fazer com que o crime ocorra ou não, tendo poder de decisão da realização final do fato. Parte da doutrina abraça essa teoria como verdadeira.
Para a teoria restritiva (majoritária) haverá coautoria sempre que a pluralidade de agentes realiza (ainda que em parte) o verbo nuclear do tipo. Quem, de qualquer modo, induz, instiga ou auxilia sem realizar o núcleo do tipo, será partícipe. 
Induzir significa encucar na mente de alguém a prática de um delito. Faz com que a pessoa comece a pensar na realização do crime.
No que tange a instigação, a ideia já existe no subliminar da pessoa e o agente encoraja a sua prática. 
No auxílio moral ou material, o agente empresta o veículo ou a marma ou cede sua casa para a prática do crime, sabendo que ele irá acontecer. Precisamos prestar atenção na ocorrência dos possíveis crimes de favorecimento pessoal (348) e favorecimento real (349). 
2 – Concurso de Crimes 
Por concurso de crimes devemos entender a prática, mediante uma ou mais condutas (ação ou omissão), de duas ou mais infrações penais, em um mesmo contexto jurídico. Todas essas infrações devem ser analisadas em conjunto, o que refletirá na pena a ser imposta em caso de eventual condenação. 
Concurso de crimes e concurso aparente de normas 
Questão tormentosa para o interprete do Direito é o reconhecimento do concurso de crimes que terá muita valia por ocasião da aplicação da pena. 
Não confundir concurso de crimes com reiteração criminosa. No 1º caso existe uma base legal prevista no CP entre os artigos 69, 70 e 71, bastando o interprete examinar, sendo atento o caso concreto. Na segunda hipótese, o elemento pratica ao longo de um período vários crimes desconexos, podendo ser punido isoladamente por cada um deles sem a interferência da reincidência. 
Também não confundir o concurso de crimes com o concurso aparente de normas, também chamado de conflito aparente de normas, que possui critérios próprios e diferenciados para sua apreciação.
Concurso Material 
Art. 69 – Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplicam-se cumulativamente as penas privativas de liberdade em que haja incorrido. No caso de aplicação cumulativa de penas de reclusão e de detenção, executa-se primeiro aquela. 
1° - Na hipótese deste artigo, quando ao agente tiver sido aplicada pena privativa de liberdade, não suspensa, por um dos crimes, para os demais será incabível a substituição de que trata o art.44 deste Código. 
2° - Quando forem aplicadas penas restritivas de direitos, o condenado cumprirá simultaneamente as que forem compatíveis entre si e sucessivamente as demais. 
Requisitos do Concurso Material ou Real de crimes: 
Pluralidade de condutas 
Pluralidade de crimes (Idênticos ou não e desde que haja uma conexão, uma ligação entre eles) 
Ex.: A fim de estuprar uma mulher, o autor do crime, ao invadir a casa da almejada vítima, primeiramente mata seu marido, evitando assim que este imponha qualquer resistência; sem seguida, mediante grave ameaça, pratica o ato sexual por ele desejado. Nessa hipótese, teremos estupro (art.213, CP) e homicídio (art. 121), em concurso material. 
No concurso material, as penas dos diversos crimes são aplicadas de acordo com o sistema de cúmulo material. Isso significa que elas serão somadas na sentença condenatória.
Quando as penas privativas de liberdade forme de qualidades diversas, ou seja, reclusão e detenção, executa-se primeira a de reclusão, de acordo com o disposto no art. 69, in fine, CP. 
Em caso de aplicação conjunta de penas privativas de liberdade e restritivas de direitos, haverá aplicação simultânea das penas caso sejam compatíveis ou aplicação sucessiva quando incompatíveis. 
Concurso Formal 
Art. 70. – Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplica-se-lhe a mais grave da apenas cabíveis ou, se iguais somente uma delas, mas aumentada, em qualquer caso, de um sexto até a metade. As penas aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a ação ou omissão é dolosa e os crimes concorrentes resultam de desígnios autônomos, consoante o disposto no artigo. 
Parágrafo único. Não poderá a pena exceder a que seria cabível pela regra do art.69 deste Código.
Requisito do concurso formal ou ideal de crimes: 
Conduta Única – que não é o mesmo de ato único, pois, por exemplo, o roubo em ônibus é conduta única com vários atos. 
Pluralidade de crimes 
Assim como nos casos de concurso material, o concurso formal também pode ser homogêneo (quando os crimes são da mesma espécie) ou heterogêneo (quando os crimes são de espécies diferentes). 
O concurso formal ainda pode ser:
Perfeito (normal, próprio) quando não há desígnios autônomos (ou seja, vontades autônomas) em relação a cada crime, a exemplo do crime culposo envolvendo várias vítimas;
 Imperfeito (anormal, impróprio) quando há desígnio autônomos em relação a cada crime, isso ocorre em crimes dolosos. 
Ex.: O sujeito dispara contra a vítima e, por erro, acaba matando também um terceiro. Aberratios Ictus – Erro de execução. Temos aqui um concurso formal perfeito, pois não há desígnios a cada morte. 
Se o agente, ao contrário, queria efetivamente a morte dos dois, dá-se o concurso formal imperfeito, porque houve desígnios autônomos. 
Critérios para fixação da pena: 
Concurso formal perfeito – art.70, 1ª parte: quanto à aplicação das penas no concurso forma perfeito,o juiz aplica: uma só pena se forem idênticas, ou a maior. Se forem diferentes aumentando de 1/6 até ½. 
Sistema de exasperação – quanto maior o número de infrações, maior deve ser o aumento, segundo o STF. Ex. Taxista, conduzindo seu veículo em alta velocidade com manifesta negligência, atropela e mata um casal que atravessava a rua. O juiz deve aplicar a pena de um só homicídio culposo no trânsito (art.302 do CTB) aumentada de 1/6 até ½. Art. 302, §1º, IV (2 vezes)/ Na lei 9503/97 N/F do art.70, 1ª parte do CP.
Ex.: O agente que visando matar uma pessoa, dispara sua arma de fogo contra ela, atingindo o alvo e produzindo o óbito almejado. Entretanto, o projétil transfixa o corpo da vítima e atinge igualmente outra pessoa, que casualmente por ali passava, a qual sofre lesão corporal (culposa). 
Concurso formal imperfeito – como já vimos, no concurso forma imperfeito o agente pratica uma única conduta visando dois ou mais resultados. Chama-se formal porque o agente pratica apenas uma conduta e é imperfeito considerando a presença de desígnios autônomos, isto é, o agente quis atingir dois ou mais resultados. Nesta hipótese, as penas deverão ser somadas (Sistema de cúmulo material). O concurso de crimes é formal, mas a pena deve ser aplicada de acordo com as regras do cúmulo do material. 
Ex.: Dois ladrões invadem uma casa e rendem os donos do imóvel, amarrando-os e os amordaçando. Subtraem todos os objetos e em seguida matam os dois com tiros na nuca. Houve um duplo latrocínio em concurso formal imperfeito. Ex.: O agente que coloca uma bomba no ônibus, por exemplo, detonando-a matando todos os seus passageiros. 
 
Crime Continuado 
Art. 71. – Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes, devem os subsequentes ser havidos como continuação do primeiro, aplica-se-lhe a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois terços. 
Parágrafo único. Nos crimes dolosos, contra vítimas diferentes, cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa, poderá o juiz, considerando a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias, aumentar a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, até o triplo, observadas as regras do parágrafo único do art. 70 e do art. 75 desse código.
Requisitos para a aplicação do Crime Continuado: 
Pluralidade de condutas
Pluralidade de crimes (da mesma espécie, com circunstâncias semelhantes de tempo, lugar, modo de execução)
Disciplinado no art. 71 do CP, o crime continuado é uma forma de concurso material que, todavia, é tratado como crime único, em razão de conveniência político-criminal. Busca-se, novamente, evitar as perdas excessivas que poderiam derivar do sistema do cúmulo material.
Há na espécie que estudamos uma série de fatos, cada um dos quais pode ser tido por um crime distinto, acabado e perfeito, mas que e mostram todos unidos por um vínculo de dependência que os transforma em realização parciais de um só crime em desenvolvimento continuado. 
Deve ser frisado, no entanto, que não há, de fato, crime único no crime continuado, senão por ficção jurídica. Assim, segue ele a mesma estrutura do concurso material, qual seja, duas ou mais condutas resultando em dois ou mais crimes. A esta construção básica, agregamos alguns outros elementos, que distinguirão o crime continuado do concurso material, demonstrando que os crimes subsequentes devem ser vistos como uma continuidade do primeiro. 
Punibilidade no crime continuado 
Assim como o concurso formal perfeito, o crime continuado tem a natureza jurídica de causa de aumento da pena, uma vez que a sanção penal é imposta pelo sistema da exasperação. Portanto, escolhe-se a pena de um dos crimes – a mais grave ou, se forem de igual gravidade, qualquer uma delas – e, sobre ela, aplica-se uma majorantes, que irá variar de 1/6 a 2/3.
Art. 73 – Aberratios Ictus/Erro na execução – Quando, por acidente ou erro no uso dos meios de execução, o agente, ao invés de atingir a pessoa que pretendia ofender, atinge pessoa diversa, responde como se tivesse praticado o crime contra aquela, atendando-se ao disposto no §3º do art.20 deste Código. No caso de ser também atingida a pessoa que o agente pretendia ofender, aplica-se regra do Art.70 deste Código. 
A, querendo matar B, que era idoso, mata C, uma criança. 
A responde como se estivesse matado B, com todas as suas agravantes. 
Art. 74 – Aberratios Criminis – Fora dos casos do artigo anterior, quando, por acidente ou erro na execução do crime, sobrevém resultado diverso do pretendido, o agente responde por culpa, se o fato é previsto como crime culposo; se ocorre também o resultado pretendido, aplica-se a regra do art.70 deste Código.
A, querendo dar prejuízo ao ex. chefe, taca uma pedra na sua vidraça e ao acertá-la matou a criança que estava atrás, sem o consentimento de A.
Pena – 
A pena é a consequência jurídico-penal da prática de uma infração penal por pessoa imputável, imposta através de sentença judicial condenatória e consistente em uma restrição estatal a um direito do infrator. Trata-se de espécie do gênero sanção, do qual são espécies também as medidas de segurança, as medidas alternativas à pena e as medidas socioeducativas. 
Em regra, a pena vem prevista no preceito secundário do tipo penal, isto é, logo após a descrição típica do comportamento (preceito primário).
Princípios relativos às penas – 
Legalidade – Não há pena sem lei. 
Humanidade das penas – Impõe o respeito à integridade física e moral do condenado, vedando tratamentos violadores de seus direitos fundamentais. 
Personalidade – Ninguém pode ser penalmente sancionado pela conduta de outrem. 
Inderrogabilidade – Estado-juiz não pode deixar de aplicar a pena. 
Proporcionalidade – Tange a necessidade, adequação e proporcionalidade em sentido estrito. 
Espécies de pena – 
Penas privativas de liberdade – penas de reclusão, detenção e prisão simples. 
Penas restritivas de direito – prestação pecuniária, prestação inominada, perda de bens e valores, prestação de serviços à comunidade ou entidades públicas, limitação de fim de semana, interdição temporária de direitos e outras previstas em leis diversas.
Penas autônomas que visam a evitar a imposição de uma pena privativa de liberdade, substituindo-a. 
Pena pecuniária – multa. Trata-se do pagamento de uma quantidade, fixada de acordo com o sistema dos dias-multa, ao Fundo Penitenciário Nacional. 
Sistema trifásico de aplicação da pena – 
O sistema trifásico é aquele pelo qual se busca a fixação da pena privativa de liberdade em um caso concreto, após a condenação do réu. 
O sistema é composto por três fases sucessivas: a pena base, onde é atribuída a pena inicial e são analisadas as circunstâncias judiciais; a pena provisória, consistente na avaliação de agravantes e atenuantes; e pena definitiva, que é aquela onde há o cálculo final, com observação das causas de aumento e de diminuição de pena.
Falamos em qualificadoras e em privilégios quando, em derivação ao tipo simples, temos a atribuição de circunstanciais que determinam novos limites máximo e mínimo de pena (nas qualificadoras, aumentando as margens penais e, nos privilégios, diminuindo). 
Causas de aumento e de diminuição da pena estipulam frações de incremento ou de suavização as sanção penal prevista em dispositivo diverso. 
Pena-base
Todo cálculo de pena deve ser iniciado por um número fixo, sobre o qual incidirão diversas circunstância. Ou seja, temos que estabelecer uma pena inicial. 
Em seguida ao estabelecimento da pena inicial, são analisadas as circunstâncias judiciais previstas no art. 59 do CP. São chamadas assim porque quem determinará se serão benéficas ou prejudiciais é o magistrado, ao contrário das agravantes e atenuantes, por exemplo, onde há predeterminação.São circunstâncias judiciais: culpabilidade, os antecedentes, a conduta social, a personalidade do agente, os motivos, as circunstâncias, as consequências do crime e o comportamento da vítima.
A culpabilidade – o grau de reprovabilidade da conduta do autor. 
Os antecedentes – que se referem à vida pregressa do condenado, ou seja, se este já se viu anteriormente envolvido em questões criminais. 
Por conduta social deve-se entender a forma com o que o condenado se relaciona com familiares e com a comunidade local. 
A personalidade do agente também deve ser estudada. 
A motivação para o crime é o propósito que impulsionou o agente à prática criminosa. 
Circunstâncias do crime temos aqueles dados periféricos: risco provocado a terceiros, audácia desmedida, aproveitamento de facilidades determinadas por condição pessoal.
Consequência do crime se refere aquelas consequências que não se presta à caracterização do crime. 
No comportamento da vítima avalia-se as condições que facilitaram ou não à prática criminosa, como deixar bens desprotegidos em locais onde há aglomeração de pessoas. 
Pena provisória – 
Encerrada a fase da pena base, o quantum encontrado será transportado para a fase da pena provisória, momento em que, sobre ele, incidirão as circunstâncias agravantes e atenuantes. As agravantes estão previstas nos artigos 61 e 62 do CP, ao passo em que atenuantes estão no art. 65 e 66. Não há, todavia, previsão exaustiva das hipóteses nas atenuantes. 
Um dado importante que deve se levar em consideração são as exceções para a aplicação das agravantes e atenuantes: 
A primeira exceção é em relação a margem penal. Uma sentença fixada no mínimo legal não poderá ser afetada pela atenuante, por exemplo, do agente ter menos de 21 anos. Da mesma forma que uma pena fixada no máximo legal não poderá sofrer aplicação de uma agravante. 
A segunda exceção é a mesma circunstância não pode servir simultaneamente para agravar e constituir o crime, ou qualifica-lo, ou ainda aumentar sua pena, para que não se verifique o bis in idem. 
Pena definitiva – 
Após a segunda fase do sistema trifásico, o resultado da pena provisória, já permeado pelas agravantes e atenuantes, é transportado para a fase da pena definitiva, onde incidirão sobre ela causas de aumento e de diminuição da pena. 
Nessa fase do sistema trifásico, admitir-se-á a ultrapassagem das margens penais mínimas – pela incidência de causas de diminuição – e máxima – em virtude das causas de aumento – abstratamente cominadas pelos legislador.
Terminada a fase da pena definitiva, estará esgotado o cálculo de seu quantitativo, que somente poderá ser modificado em eventual recurso.
Regime prisionais 
Os regimes prisionais correspondem à forma pela qual a pena privativa de liberdade será executada, implicando maior ou menor restrição, dependendo de sua espécie. 
Regime Fechado 
Considera-se regime fechado a execução da pena em estabelecimento de segurança máxima ou média, denominado penitenciária.
Regime Semiaberto 
O regime semiaberto é executado em colônia agrícola, industrial ou similar, sendo que os presos poderão ficar em celas coletivas. 
Regime Aberto 
As casas de albergado destinam-se aos condenados que cumprirão pena em regime aberto. A principal característica deste estabelecimento é a ausência de obstáculos físicos contra a fuga, pois o regime aberto se baseia na autodisciplina e senso de responsabilidade do condenado. 
Regime disciplinar diferenciado 
São características do regime disciplinar diferenciado: I – duração máxima de trezentos e sessenta dias, sem prejuízo de repetição da sanção por nova falta grave da mesma espécie, até o limite de um sexto da pena aplicada; II – recolhimento em cela individual; III – visitas semanais de duas pessoas, sem contar as crianças, com duração de duas horas; IV – o preso terá direito à saída da cela por 2 horas semanais.
Regime inicial de cumprimento da pena 
Na sentença condenatória deve o magistrado, desde logo, estabelecer o regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade. Para tanto, ele seguirá as regras estabelecidas no art. 33, §2°. 
Regime Fechado – Pena superior a oito anos ou Pena superior a quatro, até oitos anos + reincidência. 
Regime Semiaberto – Pena superior a quatro anos, até oito anos ou Pena até quatro anos + reincidência. 
Regime Aberto – Pena de até quatro anos. 
Há, portanto, dois fatores que interferem na fixação do regime inicial de cumprimento da pena: a sua quantidade e a reincidência, sendo certo que o regime inicial fechado só é possível nos crimes punidos com reclusão. 
Progressão e Regressão prisional 
A pena privativa de liberdade é executada de forma progressiva, com ingresso de apenado em um regime mais restritivo, passando por um regime intermediário e chegando até um com restrição mínima da liberdade.
Um dos requisitos para a progressão de regime é o cumprimento de parte da pena privativa de liberdade no regime imediatamente anterior. A quantidade de pena a ser cumprida depende da natureza do crime. Em regra, exige-se 1/6 do tempo total de pena. No entanto, nos crimes hediondos e equiparados, a regra é de 2/5 da pena, caso o condenado seja primário ou 3/5, em caso de reincidência. 
Da mesma forma que o condenado pode progredir de regime prisional, a pena também poderá ser executada na forma regressiva, com transferência a regime mais restritivo. Isso ocorrerá quando o condenado praticar fato definido como crime doloso ou falta grave; sofrer condenação, por crime anterior, cuja pena, somada ao restante da pena em execução, torne incabível o regime.
Detração da pena – 
Detração é o cômputo na pena ou na medida de segurança a ser executado do período em que o condenado ficou preso – seja a prisão processual ou administrativa-, internado em hospital de custódia e tratamento ou estabelecimento congênere, ou teve sua liberdade restringida por qualquer outro modo. Ou seja, abate-se da pena ou da medida de segurança fixadas aquele tempo em que a pessoa, antes mesmo da condenação definitiva ou da sentença absolutória imprópria, teve a sua liberdade restringida. Ele se aplica igualmente ás penas restritivas de direito.
Aplicação das penas restritivas de direito
Uma vez determinada a pena de prisão através do sistema trifásico, devemos verificar a possibilidade de sua substituição por penas restritivas de direitos. O art. 44 do CP estabelece os requisitos.
Requisitos para a substituição
A primeira regra a ser observada se encontra no caput do art. 44, quando, após anunciar a autonomia das penas restritivas de direitos, o legislador menciona que elas substituem as penas privativas de liberdade.
No inciso I o artigo afirma que as penas restritivas de direitos substituem as sanções iguais ou inferiores a 4 anos concretamente aplicadas, ou qualquer que seja o tamanho da pena, quando o crime for culposo. 
Ainda no inciso I, estabelece que nos crimes dolosos só há aplicação das penas restritivas quando o delito é cometido sem violência (físico) ou grave ameaça.
O inciso II estabelece que as penas restritivas de direito só são cabíveis quando o condenado não é reincidente em crime doloso. Ou seja, pouco importa a reincidência entre crimes apenas culposos ou entre um crime doloso e outro culposo. Essa regra não é absoluta, já que o próprio §3° já a flexibiliza. 
O terceiro inciso estabelece uma prognose de suficiência da substituição, não exigindo que seja favorável ao condenado, apenas mostre a eficiência da pena restritiva a ser imposta. 
Formas de substituição da pena 
As formas de substituição da pena de prisão por pena restritiva de direitos dependem da quantidade de pena a ser substituída: se a pena de prisão for igual ou inferior a 1 ano, pode ser substituída por uma pena restritiva de direitos, ou por pena de multa. Se superior a 1 ano, por duas penas restritivas de direitos ou por uma pena restritiva e multa. 
Aplicação da pena de multa 
A pena de multa pode ser substituída ou pode vir previstano preceito secundário de cada delito, de forma cumulativa ou alternativa à pena privativa de liberdade. Em qualquer caso, ela é fixada de acordo com o sistema de dias-multa.
	
Sistema dos dias-multa 
Aplicação da pena pelo sistema dos dias-multa está regulada pelo art. 49 do CP e pressupõem as seguintes etapas: 
Determinação do número de dias-multa aplicável à hipótese;
Estipulação do valor de cada dia-multa;
Multiplicação entre o número de dias-multa e o respectivo valor de cada uma delas. 
Vale ressaltar que a pena de multa não pode ser convertida em prisão.
O primeiro passo, portanto, é determinar o número de dias-multa correspondente ao crime praticado. Esse número variará entre 10 e 360 dias-multa (art. 49, caput). 
Em seguida, mensura-se o valor de cada dia-multa entre 1/30 e o quíntuplo do maior salário-mínimo mensal vigente à época do fato. Deve-se observar a capacidade econômica do condenado. O pagamento não pode ser incidir sobre recursos indispensáveis ao sustento do condenado. 
Uma vez realizados os dois passos anteriores, a multiplicação dos números permitirá que se vislumbre a multa fixada em salários-mínimos. Esse valor poderá ser triplicado se, embora em seu patamar máximo, a pena de multa se mostre ineficaz, devido a saúde financeira do condenado. 
Suspensão condicional da pena (sursis) 
A suspensão condicional da pena, também chamada de sursis, consiste no sobrestamento, por certo período, de pena privativa de liberdade fixada em sentença condenatória, durante o qual o condenado ficará obrigado a cumprir certas condições para alcançar a extinção da sanção pena. O objetivo da medida é evitar a prisão. Assim, a medida não poderá ser aplicada a penas restritivas de direitos ou à pena de multa. 
O sursis é regulado pelos arts. 77 e seguintes do CP e diferenciado do livramento condicional porque estre pressupõe cumprimento de parte da pena, requisito inexistente no livramento condicional. 
Requisitos para concessão 
Cuida-se, a suspenção condicional da pena, de um direito subjetivo do condenado. Isso significa que, se o condenado fazer jus a ele, o benefício não poderá ser negado. Para sua concessão, alguns requisitos devem estar presentes, os quais se encontram arrolados no art. 77 do CP. 
São eles: 
Pena privativa de liberdade igual ou inferior a 2 anos;
Não reincidência em crime doloso
Análise da culpabilidade, dos antecedentes, da conduta social e da personalidade do agente, com como os motivos e circunstâncias do crime, de modo a averiguar a viabilidade da concessão (valoração positiva); 
Impossibilidade de substituição da pena de prisão por pena restritiva de direitos. 
Livramento condicional 
O livramento condicional consiste na colocação do condenado em liberdade após cumprimento de parcela da pena privativa de liberdade. Não se trata de extinção da pena, mas sim de um período em que é testada a reintegração do condenado à sociedade e durante o qual fica ele obrigado ao cumprimento de certas condições. 
Requisitos do livramento 
De acordo com art. 83 do CP:
Pena privativa de liberdade, fixada em sentença transitada em julgado, igual ou superior a 2 anos. Se a pena for igual ou inferior a 2 anos, o instituto cabível é o sursis. 
Cumprimento de parcela de pena. Em regra, o livramento condicional exige o cumprimento de 1/3 da pena, se o condenado não for reincidente em crime doloso e tiver bons antecedentes; ou ½ da pena, caso seja reincidente em crime doloso.
Comprovação de comportamento satisfatório durante a execução da pena, de bom desempenho no trabalho que lhe foi atribuído e de aptidão para prover à própria subsistência mediante trabalho honesto. 
Reparação do dano causado pela infração penal, salvo efetiva impossibilidade de fazê-lo. 
Medidas de Segurança
As medidas de segurança são espécie do gênero sanção penal, em regra aplicáveis aos inimputáveis por doença mental, desenvolvimento metal incompleto ou retardado (art. 26 CP). Essas pessoas não cometem conduta culpável e, consequentemente, por não sofrerem um juízo de reprovabilidade, não podem receber uma pena como contrapartida. Em suma, são isentas de pena. No entanto, como praticam fato típico e antijurídico, demonstram certo grau de periculosidade, o que determinará a aplicação de uma medida de segurança com escopo curativo. 
Prazo 
As medidas de segurança têm duração mínima de 1 a 3 anos, a ser fixada pelo magistrado em sua decisão. O problema maior surge quanto ao prazo máximo de duração da medida de segurança imposta. O art. 97, §1°, fala que a medida durará por tempo indeterminado, ou seja, perdurará enquanto não cessada a periculosidade do agente. Todavia, esse dispositivo viola a proibição constitucional de sanções de caráter perpétuo. 
Prevalece a opinião segundo a qual as medidas de segurança terão duração máxima idêntica à pena máxima cominada abstratamente ao delito.
Ação Penal 
O monopólio de distribuição de justiça e o direito de punir cabem, como regra, ao Estado, vedada a auto defesa e a autocomposição na maioria dos casos. O poder-dever de punir (jus puniendi), no entanto, é indelegável. E não pode ser satisfeito sem um pronunciamento judicial, dada a garantia do devido processo legal. Portanto, o Estado tem uma pretensão punitiva, a ser deduzida em juízo, através de uma ação penal. A ação penal, portanto, é o direito que o Estado – ou, eventualmente, o ofendido – tem de ir a juízo para obtenção de um provimento jurisdicional. 
Espécies 
Como vimos, embora o poder-dever de punir pertença ao Estado, a legitimação para a propositura da ação pena, eventualmente, pode ser conferida ao ofendido ou ao seu representante legal. A depender da legitimação para sua propositura é o Ministério público, que o fará através do oferecimento de uma peça processual denominada denúncia. Na privada, a legitimação pertence ao ofendido, ou ao seu representante legal, que a promoverá através da queixa-crime.
A ação pública, ao seu turno, se divide em incondicionada e condicionada. 
Ela é incondicionada quando, existindo indícios de autoria e prova da materialidade, O MP pode desde logo agir, oferecendo a denúncia. É condicionada, obviamente, quando a atuação do MP fica jungida ao implemento de uma condição, que pode ser a representação do ofendido ou de seu representante legal, ou a requisição do Ministérios da Justiça.
	
Representação do ofendido e requisição do Ministro da Justiça são condições de procedibilidade para o oferecimento da ação penal. Não há representação, bastando que o ofendido – ou seu representante legal- reduza a termo seu desejo de representar contra o autor, ou, de outra forma deixa esse propósito evidente.
A regra é que os crimes sejam processados mediante ação pública incondicionada. É o que encontramos no art. 100 do CP. Para que haja ação condicionada, impõem-se expressa previsão legal (arts. 24 do CPP e 100, §1º, do CP). Por exemplo, o crime de ameaça (art. 147, p. único).
	
Ação privada é o próprio ofendido quem promove a ação penal, ou, caso este seja incapaz, falecido ou declarado ausente, por quem tenha qualidade para representá-lo. 
Em casos excepcionais, apenas o ofendido poderá promover a ação privada, sem que o mesmo direito seja conferido ao seu representante legal. Nessa hipótese, há a chamada ação penal personalíssima, cujo único exemplo está no art. 236 do CP. 
Além da ação privada propriamente dita, existe ainda a ação privada subsidiária. Quando se esgota o prazo para o MP se manifestar, existindo prova da materialidade e indícios de autoria, pode o ofendido, ou quem tenha a qualidade para representa-lo, oferecer queixa. Se esta for recebida pelo magistrado, origina-se a ação privada subsidiária. 
	
Extinção da Punibilidade – Prescrição 
Com a criação da norma penal incriminadora e o início de sua vigência, esta passa a ser oponível a todos os cidadãos. Ou seja, todos devem respeitá-la. Uma vez que alguém a viole, surge, para o estado, o jus puniendi, queé o poder-dever de punir. A satisfação deste poder deve ser buscada em juízo, pois ninguém pode ser penalmente sancionado sem o devido processo legal. Com a sentença penal condenatória irrecorrível, o jus puniendi é satisfeito e, simultaneamente, surge para o Estado um segundo poder-dever: o de executar a sanção penal, chamado de jus executionis. 
Nenhum desses poderes é temporalmente ilimitado – ou normalmente não o são -, o que faz com que o Estado deva exercitá-los em certo prazo. Esse prazo é denominado prescricional, razão pela qual podemos falar em extinção da punibilidade pela prescrição da pretensão punitiva, ou pela prescrição executória, caso haja o decurso do lapso temporal sem o seu exercício.
A prescrição tem como objetivo punir o Estado por sua ineficiência, satisfazer o caráter humanitário da pena e por questões processuais, tendo em vista que o tempo dificulta a colheita de provas. 
Prescrição da pretensão punitiva pela pena em abstrato
O prazo prescricional é determinado pela gravidade da infração penal: quanto mais grave o crime, maior o prazo. E a gravidade do crime é revelado pela pena a ele cominada. Portanto, há nítida relação entre o tamanho da pena e a extensão do prazo prescricional. Todavia, logo dpois do cometimento da infração – ou mesmo durante a investigação ou a ação penal -, ainda não se sabe qual será a pena fixada para aquele delito, ou seja, não há uma pena concretizada para balizar o prazo prescricional. Assim, o prazo prescricional, que em regra começa a correr desde o momento em que se consuma a infração, precisa de outro parâmetro para sua determinação. Esse parâmetro será a pena em abstrato. 
Todavia, a pena em abstrato é estabelecida através de margens penais: limites mínimos e máximo de pena (1 a 4 anos no furto; 4 a 10 no roubo). Assim, qual o limite para determinar o prazo prescricional? Em tema de prescrição pela pena em abstrato, adota-se a técnica da pior situação possível para o autor do crime, isto é, sempre consideraremos a pena mais elevada, que corresponde ao limite máximo. 
Se a pena de roubo máxima é de 10 anos, isso não significa que o prazo será de iguais 10 anos. A sanção penal máxima é a base para a verificação do tempo da prescrição, que será ditado pelo art. 109 do CP. 
De acordo com o dispositivo, penas superiores a 12 anos prescrevem em 20 anos; penas superiores a 8, mas que não excedam 12, prescrevem em 16 anos; penas superiores a 4, que não excedam 8, em 12; penas superiores a 2, que não excedam 4, em 8. Penas iguais ou superiores a 1, que não excedam 2, em 4. E penas inferiores a 1 prescrevem em 3 anos. 
Causas de aumento e diminuição também são contadas. Cada um no seu máximo-mínimo respectivamente, sempre em direção ao pior cenário. Nesse ponto, importa consignar que as causas de aumento da pena referentes ao concurso de crimes não serão aplicadas para fim de prescrição.
Outro fator que altera o prazo prescricional é a idade do agente. Se ele for menor de 21 anos à época do fato, ou maior de 70 à data da sentença, o prazo prescricional é contado pela metade. Assim, um prazo de 16 anos, por exemplo, passa a ser 8. 
Termo inicial 
Se estamos falando em prazo, este deverá ter um termo inicial, ou seja, um dia em que começará a ser computado. E, em tema de prescrição, o termo inicial do prazo é determinado pelo art. 110. A regra geral é: o prazo prescricional da pretensão punitiva pela pena em abstrato tem início com a consumação do crime. 
Causas interruptivas 
Uma vez iniciado o fluxo do prazo prescricional, pode ele ser interrompido. Quando isso ocorre, ele é “zerado”, reiniciando-se a sua contagem. O art. 117 do Cp traz as causas interruptivas da prescrição da pretensão punitiva em seus incisos I a IV. São elas: 
Recebimento da denúncia ou da queixa. Apenas a decisão judicial sobre o recebimento da denúncia ou da queixa tem o condão de interromper o prazo prescricional. O simples oferecimento não o interrompe.
Decisão de pronúncia. Causa interruptiva que existe apenas nos procedimento do Tribunal do Júri. 
Decisão confirmatória de pronúncia. Refere-se à decisão tomada em segundo grau de jurisdição, existem apenas no TJ. 
Pela publicação ou acórdão condenatórios recorríveis. A publicação se dá com a entrega dos autos em cartório. Apenas a sentença e o acórdão condenatórios, ou seja, aqueles que condenam pela primeira vez, ou que majoram a pena, interrompem a prescrição. Decisões absolutórias ou meramente confirmatórias não produzem esse efeito. 
Prescrição da pretensão punitiva em concreto 
Como dito anteriormente, o prazo prescricional tem como parâmetro a gravidade do crime, que é ditada pela pena. Em um primeiro momento, como não há pena fixada, toma-se a pena máxima abstratamente cominada para a cerificação do prazo, observando o art. 109 do CP. 
Suponhamos, todavia, a seguinte situação: julgado por crime de roubo, o autor é condenado a uma pena de 4 anos de reclusão, em primeira instancia, decisão da qual cabe recurso; todavia, o MP se dá por satisfeito com a decisão, não recorrendo para aumenta a sanção imposta, ou, ainda interpõe recurso que não visa aumentar a pena privativa de liberdade, ao passo em que a defesa recorre, buscando a absolvição do réu. 
Reparamos que a ação penal não se encerrou, pois ela ainda se encontra em grau de recurso. Contudo, como não houve recurso da acusação, a pena não pode ser aumentada em segundo grau de jurisdição. Isso deve à garantia de proibição da reformatio in pejus (a pena só pode ser aumentada caso a acusação recorra). A sentença prolatada em primeiro grau de jurisdição fixa um novo teto para a pena privativa de liberdade, que não mais poderá ser ultrapassado. 
Como o cálculo do prazo prescricional tem a pena como parâmetro, sempre em seu limite máximo, e esta, agora concretizada, foi reduzida a um novo patamar, ela deve doravante ser considerada para fins de prescrição. Assim, se no roubo, pela pena em abstrato, o prazo prescricional era de 16 anos (pena de 10 anos=prazo de 16), agora, ele passará a ser de 8 anos. Para que este cálculo seja possível, obrigatoriamente deve ter ocorrido o trânsito em julgado da sentença condenatória para a acusação, não para a defesa. 
Modalidades de prescrição pela pena em contrato – 
Pena Retroativa – 
Ocorrendo a fixação da pena em um novo patamar, caso esta pena concretizada altere o prazo prescricional, deve-se retroagir no tempo para que seja verificado se anteriormente à sentença, ocorreu a prescrição. 
Tomemos como exemplo um crime de homicídio, cujo prazo prescricional pela pena em abstrato, é de 20 anos. Da consumação do delito até a data do recebimento da denuncia, esse prazo não foi ultrapassado. Igualmente, não houve decurso dos 20 anos entre o recebimento da denuncia e a decisão de pronúncia; entre esta e a decisão confirmatória da pronúncia; e, por fim, da decisão confirmatória até a sentença condenatória recorrível, assim, podemos afirmar que não ocorreu a prescrição da pretensão punitiva. 
Após o julgamento pelo TJ, com trânsito em julgado da sentença para a acusação, a pena resta fixada em 6 anos. Por conseguinte, o prazo prescricional é modificado (passa a ser 12 anos) e, agora, teremos que retroagir no tempo. 
Primeiramente, da sentença condenatória recorrível até a decisão confirmatória de pronúncia; depois, da decisão confirmatória até a decisão de pronúncia; e por fim, desta até o recebimento da denúncia. Se em algum desses trechos o prazo de 12 anos foi ultrapassado, ocorreu a prescrição retroativa. 
Prescrição superveniente ou intercorrente 
Caso, ainda no exemplo de roubo, após a pena fixada em 4 anos, aferiu-se a inocorrência da prescrição retroativa. Portanto, ainda não se deu a extinção da punibilidade. Mas a ação penal continua em curso. Consequentemente, se entre a publicação da sentença condenatória recorrível e o julgamento do recurso defensivo pendente passaram mais de 8 anos, ocorreu a prescrição superveniente. 
Prescrição da pretensão executória 
Caso nãotenha ocorrido a prescrição da pretensão punitiva até a publicação da decisão condenatória transita em julgado para ambas as partes (irrecorrível), tem-se a satisfação da pretensão punitiva, sem extinção da punibilidade. Nesse momento, nasce a pretensão executória, ou seja, o estado deverá efetivar a pena. Enquanto a sanção não se encontra em execução, flui o prazo prescricional para o exercício desse poder-dever, tal qual ocorreu na prescrição da pretensão punitiva. 
O prazo da prescrição executória é sempre calculado com base na pena em concreto, que pode ser alterado pela reincidência. Pega-se pena fixada na decisão definitiva e observa-se o prazo, de acordo com as regras do 109. 
Termo inicial 
Consoante o art. 112 do CP, o prazo prescricional da pretensão executória começa a fluir: 
Do dia em que transita em julgado a sentença condenatória, para a acusação, ou a que revoga a suspensão condicional ou o livramento condicional. Um dado importante é que o transito em julgado para a acusação, de que trata a norma, não é apenas a preclusão em um dos graus de jurisdição, mas em todos. 
Do dia em que se interrompe a execução, salvo quando o tempo da interrupção deva computar-se na pena.

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