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Formação Econômica Brasileira - UVB
Faculdade On-line UVB22
Aula 3: As Características da 
Colonização Brasileira
Comparação entre as colônias de povoamento do hemisfério norte e 
as de exploração do sul.
Objetivos da Aula
Apresentar e discutir as especificidades da colonização das 
terras brasileiras, e identificar as diferenças entre colônias 
de exploração (Brasil) e as colônias de povoamento (Estados 
Unidos).
Esta aula aportará ao aluno conhecimentos que lhe permitirão 
desenvolver habilidades para comparar diferentes tipos de 
colonização do continente americano, levando-o a identificar, a 
partir daí, algumas implicações na formação econômica destes 
países, como também a estabelecer as principais características 
da colonização, ainda em seu início. Finalmente, permitirá, 
através de exercícios, a estabelecer o relacionamento desta 
disciplina às demais e ao próprio projeto interdisciplinar
Na aula anterior, analisamos as relações entre o descobrimento e 
a ocupação das terras americanas, por Portugal e Espanha, como 
prolongamento da expansão comercial européia anteriores aos 
séculos das grandes descobertas marítimas.
Nesta aula, iremos estudar as características da colonização das terras 
brasileiras. Como já tivemos a oportunidade de relatar, a formação da 
Formação Econômica Brasileira - UVB
Faculdade On-line UVB23
economia brasileira se deu, desde seu início, pelo que se convencionou 
chamar na historiografia, pela sucessão de ciclos econômicos. Com 
efeito, tivemos o ciclo de exploração e exportação do pau-brasil, mas foi 
a da grande empresa açucareira o primeiro grande ciclo econômico.
Tomando como referência o material já estudado na aula anterior e 
também os textos indicados para esta aula, constatamos que o produto 
escolhido pelos portugueses para ocupar o território brasileiro foi a 
cana-de-açúcar.
Como era essa produção? Quais suas características?
1. Monocultura
2. Plantio em larga escala, à semelhança das plantations;
3. Grandes áreas produtoras;
4. Mão-de-obra escrava em grande quantidade;
5. Iniciativa privada.
Você vai entender todas estas características pela leitura do material 
de referência desta aula.
O primeiro texto diz respeito à organização e ao funcionamento 
da grande empresa açucareira. Por ele, poderemos apreender o 
processo de sua implantação e consolidação. O segundo texto, de 
Celso Furtado, aprofundará o tema das diferenças de colonização: 
ocupação e exploração e as colônias de povoamento.
Primeira Leitura
A Estrutura da Produção Açucareira
Como a maioria dos gêneros tropicais produzidos pelas colônias 
européias a partir do século XVI, o plantio da cana-de-açúcar só 
Formação Econômica Brasileira - UVB
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tinha sentido, economicamente falando, se efetuado em larga escala, 
em grandes unidades produtoras, ou seja, as enormes fazendas e 
engenhos, onde se empregava muita quantidade de mão-de-obra. 
Seria absurdo, por exemplo, pensar numa produção açucareira 
realizada em sítios ou chácaras, utilizando mão-de-obra familiar. 
A rentabilidade da produção estava na razão direta do vulto da 
empresa, pois o investimento inicial em equipamentos e escravos, 
sendo enorme, exigia um retorno amplo.
Desta forma, chegamos a uma característica básica da estrutura 
agrícola colonial no Brasil: ela foi marcada pela grande propriedade 
latifundiária, utilizando o trabalho escravo (primeiro o indígena, 
depois o negro africano). É a plantation, como a batizou Caio Prado 
Jr., por comparação às fazendas do sul dos Estados Unidos.
A empresa agrícola açucareira, desde que integrada nos esquemas 
colonial-mercantilista europeus, estava inteiramente voltada para 
o mercado exterior. Ela nasceu e se desenvolveu em função do 
atendimento de demandas externas; e não podia ser de outro modo: 
como todas as colônias tropicais e subtropicais, sua lucratividade 
estava exatamente no fornecimento de gêneros inexistentes na 
Europa e muito apreciados no Velho Mundo, quer fossem matérias-
primas ou produtos primários.
Diferentes foram, por exemplo, as colônias inglesas na América do 
Norte, nos Estados Unidos. Ali os povoadores foram principalmente 
calvinistas perseguidos pelos Stuart e que emigraram para a América, 
pensando em formar uma nova pátria, sem intenções de retornar às 
terras de origem, situação extremamente comum entre os colonos 
portugueses do Brasil. Além do mais, o clima temperado (semelhante 
ao da Inglaterra) não favorecia o cultivo de gêneros inexistentes na 
Europa. Desta maneira, vê-se florescer em Massachusetts, Connecticut, 
Rhode Island uma economia voltada para o mercado interno.
No Brasil, o açúcar seria produzido para ser vendido somente aos 
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consumidores europeus e em relação exclusiva e íntima com os 
interesses econômicos da metrópole. Daí o caráter monocultor da 
economia brasileira colonial, que impediu a diversifi cação econômica, 
capaz de atender às necessidades de consumo dos colonos.
Desde o começo da instalação da cultura canavieira em terras brasileiras, 
ela foi marcada pela predominância da iniciativa privada. Cooperando 
com os esforços dos donatários, negociantes portugueses adiantavam 
dinheiro aos colonos para a montagem de seus engenhos e outros se 
associavam com os respectivos senhores. Muitos colonos de menos 
posses arrendavam terras próximas e recebiam de seus proprietários 
pagamento em açúcar pela cana que lhes davam (eram as chamadas 
fazendas “obrigadas”). Na Bahia, o Governador estabelecia um “lagar¹” 
para serviço dos colonos, numa verdadeira cooperativa; muitos deles 
conseguiam assim sua independência, montando a seguir seus 
próprios engenhos².” 
Devem-se levar em consideração, apesar disso, os incentivos dados 
pela coroa portuguesa aos que se dispusessem a lavrar e a construir as 
terras. Na capitania real de São Salvador, por exemplo, era concedida 
uma isenção de impostos por um período de dez anos aos colonos 
que ali construíssem engenhos. Outro exemplo deste apoio da coroa 
aos empreendimentos coloniais foi o alvará manuelino, que ordenava 
o fornecimento de machados, enxadas, ferramentas, cobre e ferro a 
quantos se propusessem a fundar engenhos.
As terras eram doadas sob a forma de sesmarias aos colonos que se 
dispusessem a cultivá-las, com recursos próprios ou emprestados, 
tendo os sesmeiros a obrigatoriedade de tornar a terra produtiva; 
deviam também pagar ao proprietário (donatários, capitão-mor ou à 
própria coroa) certos tributos, fi xados percentualmente.
A idéia da doação de sesmarias já tinha sido aplicada em Portugal, 
anteriormente, numa tentativa de diminuir o sensível declínio da 
agricultura lusitana. “Quando no reinado de D. Fernando I”, – escreve 

1 Espécie de tanque onde 
se espremia a cana para 
tirar-lhe o sumo.

2 Simonsen, Roberto C. 
História Econômica do 
Brasil, Tomo I, Companhia 
Editora Nacional, São Paulo, 
1937, p.148.
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Cirne Lima – “se publicou a Lei das Sesmarias era velha já a praxe de 
se tirarem aos donos as terras cultivadas, que estes desleixavam, para 
entregá-las, mediante foro ou pensão devidamente arbitrada, a quem as 
quisesse lavrar e aproveitar.”³ 
Aqui no Brasil, a sesmaria foi a fórmula decisiva para atrair homens e 
recursos para o desenvolvimento agrícola, embora quase nunca tenha 
sido cumprido o preceito de retornar as terras não-aproveitadas.
“Coube a Martim Afonso de Souza, a quem a Metrópole conferira amplos 
poderes pelas três cartas régias de 20 de novembro de 1530, lançar as 
bases, na colônia ainda desprezada,de uma nova política econômica que 
se apoiaria solidamente em duas instituições – a sesmaria e o engenho 
– as quais constituíram os pilares da antiga sociedade colonial.”
Guimarães, Alberto Passos, Op.cit., p. 45.
Tinham as sesmarias, em geral, de uma a quatro léguas de largura 
(ou seja, entre seis e vinte e quatro quilômetros) e seus usufrutuários 
comporiam a camada dominante, a aristocracia rural, os “homens 
bons” da colônia.
Lavoura canavieira, cultivada em vastos latifúndios por trabalhadores 
escravos, cujo produto era elaborado nos engenhos: eis um sumário 
da base econômica sobre a qual se montou a colonização brasileira.
O Engenho
O primeiro engenho construído no Brasil é devido às ordens de 
Martim Afonso de Souza (1533) na capitania de São Vicente. Chamou-
se engenho São Jorge. Mais tarde, adquirido pelo alemão Erasmo 
Esquert, passou a ser conhecido como S. Jorge dos Erasmos. Em 1535, 
próximo de Olinda (Pernambuco) era construído outro importante 
engenho, chamado Nossa Senhora da Ajuda ou Engenho Velho, de 
propriedade de Jerônimo de Albuquerque.

3 Cirne Lima, Rui, Citado 
por Alberto Passos 
Guimarães in Quatro 
Séculos de Latifúndio, 
Editora Paz e Terra, Rio, 
1968, p.43.
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Pero de Magalhães Gandavo, escrevendo possivelmente na sexta 
década do século XVI, nos relaciona os engenhos por esta época 
existentes no Brasil:
Itamaracá 1 engenho e 2 em construção
Pernambuco 23 engenhos, dos quais 3 ou 4 
em construção
Bahia de Todos os Santos 18 engenhos
Ilhéus 8 engenhos
Porto Seguro 5 engenhos
Espírito Santo 1 engenho
São Vicente 4 engenhos
Gandavo fornece assim um total de 62 engenhos de açúcar, sendo 
cinco ou seis em construção4. 
Havia os engenhos “trapiches”, movidos por tração animal (bois ou 
cavalos); outros, denominados “engenhos reais”, eram movimentados 
por força hidráulica; dividiam-se em “copeiros”, “meio-copeiros” e 
“rasteiros”, conforme a altura da queda d’água. 5
 Deve-se ressaltar que os engenhos reais eram bem mais produtivos 
do que os “trapiches”, embora em épocas de seca duradoura, se 
mostrassem menos efi cientes. Os “trapiches” eram movidos por 
sessenta bois, dispostos em turmas de doze, que faziam revezamentos, 
trabalhando um total de quinze a dezesseis horas por dia.
Ambrósio Fernandes Brandão, autor dos Diálogos das Grandezas 
do Brasil (1618), afi rma-nos que um bom engenho devia contar, no 
mínimo, com cinqüenta escravos, quinze juntas de bois, além de 
muita lenha e dinheiro.
“O engenho constituía um organismo completo e que, tanto quanto 
possível, se bastava a si mesmo. Tinha capela, onde se rezavam as 

4 Cf. Tratado da Terra do 
Brasil, Editora Obelisco, 
São Paulo, 1964, p.73 a 80.

5 Cf. Bruno, Ernani Silva. 
Historia do Brasil; Geral e 
Regional, Volume 2, Editora 
Cultrix, São Paulo, 1967, 
p.40 e 41..
Formação Econômica Brasileira - UVB
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missas. Tinha escola de primeiras letras, onde o padre mestre ensinava 
meninos. A alimentação diária dos moradores e aquela com que se 
recebiam os hóspedes freqüentemente agasalhados, procediam das 
plantações, das criações, da caça, da pesca, proporcionadas pelo 
próprio lugar. Também no lugar montavam-se as serrarias de onde 
saíam acabados o mobiliário, os apetrechos do engenho, além da 
madeira para as casas; a obra dessas serrarias chamou a atenção do 
viajante Tollenare pela sua execução perfeita.” 6
A casa do engenho possuía toda a maquinaria e instalações 
fundamentais para a obtenção do açúcar. Primeiramente, era usada 
a moenda, onde se extraia a garapa da cana. Em seguida, a caldeira, 
necessária ao fornecimento do calor para apurar o caldo; depois, no 
tendal das forças, o açúcar era condensado e, fi nalmente, na casa de 
purgar, completava-se seu clareamento. Guardado em caixas de até 
50 arrobas (cerca de 750 kg), ia então enviado para o reino.
 Um engenho tinha uma produção que oscilava entre três mil e dez mil 
arrobas anuais. A exportação pernambucana do produto – calculava 
o Padre Fernão Cardim – era de perto de duzentas mil arrobas anuais, 
no fi nal do século XVI.
Na maioria dos engenhos havia uma destilaria de aguardente, 
funcionando como atividade subsidiária. Há inclusive a existência 
de engenhos exclusivamente produtores da cachaça, denominados 
engenhocas ou molinetes. Servia a aguardente como elemento 
de troca no escambo de escravos, sendo assim de uma importância 
econômica relativamente grande. 
 Atividades complementares
A par da atividade econômica fundamental – a produção do açúcar 
– desenvolveram-se na colônia aquilo que poderíamos chamar de 
“atividades complementares”. Trata-se do cultivo de outros gêneros, 

6 Holanda, Sérgio 
Buarque de. Raízes do 
Brasil, José Olympio 
Editora, São Paulo, 2ª 
Edição, 1948, p.102.
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além da cana, que ou eram produtos necessários à subsistência dos 
colonos e escravos, ou constituíam elementos de menor índice de 
participação na pauta de exportações da América Portuguesa. Como 
exemplos temos as plantações de mandioca, milho, arroz e feijão, a 
pecuária, as lavouras de algodão e tabaco.
Culturas de Subsistência
Quando tratamos das lavouras de subsistência, devemos ter sempre em 
mente que se trata de cultivos secundários: o açúcar era o lucro; o resto 
era plantado apesar da cana. A mandioca é um bom exemplo: apesar de 
ser elemento básico da dieta dos brasileiros quinhentistas, era insufi ciente, 
notadamente nos setores onde a concentração populacional era mais 
elevada. Preferiam os senhores de engenho aumentar as áreas dos 
canaviais, em detrimento do plantio da manihot (mandioca).
Este fato obrigou a coroa portuguesa a baixar leis, forçando os colonos 
a plantarem mandioca, bem como outros gêneros alimentícios, 
embora tais decretos nem sempre tenham sido cumpridos ao pé da 
letra. “Um grande senhor de engenho chegara a lançar seu formal desafi o 
às leis que o compeliam ao plantio de mandioca: ‘Não planto um só pé 
de mandioca’, escrevera ele dirigindo-se às autoridades, para não cair no 
absurdo de renunciar à melhor cultura do país, pela pior que nele há...” 7 
Da mandioca extraia-se a “farinha-de-pau” e a “farinha-de-guerra”, 
formas diferentes de conservação do alimento: a primeira era usada, 
em geral, para um consumo imediato ou próximo, enquanto a 
segunda servia para ser estocada, chegando a durar mais de um ano, 
sem se estragar.
Pecuária
Segundo Ernâni Silva Bruno, a pecuária apareceu no nordeste em 
meados do século XVI. Sua importância econômica torna-se evidente 

7 Prado Jr., Caio. História 
Econômica do Brasil, Ed. 
Brasiliense, São Paulo, 6ª 
Edição, 1961, p. 43.
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quando pensamos que, além de ser fator de destaque na alimentação, 
o boi desempenhava também um papel relevante como animal de 
tração (nos engenhos “trapiches” e no transporte das caixas de açúcar 
até os portos de embarque).
Mesmo assim, também neste caso a pecuária foi como que empurrada 
para o interior pelo açúcar. Desenvolveu-se a criação, por conseguinte, 
em áreas pouco favoráveis: pastos escassos, pouca chuva, clima 
muito quente. Reses magras e poucas – de acordo com Caio Prado 
Jr., levando em conta a área global do nordeste. Nunca houve mais 
de duas cabeças por quilometro quadrado, fornecendo perto de 120 
kg de carne por rês – eis o retrato da pecuária nordestina nos séculos 
XVI e XVII.
As fazendas de gado ocupavam uma área média de 18 quilômetros 
quadrados, sendo cuidadas por, no máximo, quinze homens, 
recrutados entre“índios, mestiços (...), criminosos escapos da justiça, 
escravos em fuga, aventureiros de toda ordem.” 8
Devemos notar que o trabalho escravo era aqui inexistente; não 
havia condições de controle para isso, pois as fazendas, geralmente, 
fi cavam afastadas dos centros mais povoados. Os vaqueiros, via de 
regra, trabalhavam em regime de parceria, recebendo algumas reses 
como paga do serviço.
Tabaco
Não mais em termos de subsistência, mas como produto de exportação, 
aparecia o cultivo do tabaco. “Imediatamente em seguida ao açúcar, 
quanto à sua importância, a lavoura do fumo ocupa o segundo lugar na 
economia colonial”9. 
Como a aguardente, o fumo era outro dos elementos do escambo de 
escravos negros no litoral africano. Sua lavoura aparecia concentrada 

8 Prado Jr., Caio. História 
Econômica do Brasil, p. 45.

9 Cannabrava, Alice, 
A Grande Propriedade 
Rural, in História Geral 
da Civilização Brasileira, 
Tomo I, Volume 2, Difusão 
Européia do Livro, 
São Paulo, 2ª Edição, 
1968,p.211.
Formação Econômica Brasileira - UVB
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em áreas especificas da costa brasileira. Em fins do século XVI, apenas 
na Bahia e em Alagoas destacavam-se as grandes áreas produtoras.
O tabaco cansava o solo rapidamente onde era cultivado. Daí a 
necessidade de adubação e de mudança constante do terreno de 
plantio. No Brasil, plantava-se fumo nos currais, onde o estrume dos 
animais alimentava a terra.
 “Os cercados de gado deslocavam-se por toda a área a ser utilizada, 
permanecendo os animais o tempo necessário para fertilizar o solo. 
Preparado o terreno, começava uma longa seqüência de trabalhos. 
Primeiramente, a semeadeira em canteiros, a luta contra as ervas 
daninhas (...) Em seguida, o firme desvelo durante o crescimento, que 
ocupava quatro meses do ano (...) Passava-se, então, a colheita e à cura 
das folhas, ou seja, as operações do processo especial de secagem.”
Cannabrava, Alice, Op.cit.,p. 213.
Algodão
 As grandes plantações de algodão, enquanto importante produto 
de exportação, aparecem no Brasil somente na segunda metade 
do século XVIII, quando a Revolução Industrial atingiu a manufatura 
de tecidos, transformando radicalmente sua técnica de produção. 
O algodão, em vez da lã, passaria a ser a matéria-prima básica da 
indústria têxtil, ampliando as perspectivas do produto no mercado 
mundial.
No entanto, desde a época pré-cabralina, o algodão já era conhecido 
no Brasil, na sua forma arbórea. Os índios o chamavam maniú, 
utilizando seus caroços como alimento, empregando-o para fazer 
tecidos ou para inflamar as pontas de suas flechas incendiárias. 
No correr do século XVI, apareceu como uma cultura secundária, 
fornecendo matéria-prima para confecção de panos para a escravaria, 
Formação Econômica Brasileira - UVB
Faculdade On-line UVB32
embora se assinale alguma exportação para a metrópole.
 Ao que parece, segundo Gandavo, era na capitania de Itamaracá que 
havia maior crescimento desse tipo de lavoura.
MENDES JR., Antonio et alii. Brasil História - Texto & Consulta, volume 1: 
Colônia. Capítulo VI, A Empresa Agrícola Colonial. São Paulo: Editora 
Brasiliense, 1976, pp. 98-101.
Segundo Texto
Sistema colonial e comércio internacional – a dualidade da 
ocupação territorial: colônia de exploração e colônia 
de povoamento
O sentido das ações dos donos das novas terras está no comércio, 
e o interesse por ele se justifica pela obtenção de lucro. Sendo 
assim, como as novas descobertas não apresentaram, inicialmente, 
nada comercializável, a idéia de povoar as terras sul-americanas 
não surgiu de imediato. Entretanto, outras circunstâncias advindas 
da disputa de novos aventureiros de além-mar incentivaram a 
ocupação efetiva do solo e a construção de laços além do habitual 
estabelecimento de feitorias.
As colônias de exploração foram a forma pela qual o capital 
comercial se concretizou no Brasil. Os textos clássicos discutem o 
tema da ocupação territorial durante a colonização da América a 
partir da seguinte divisão: colônias de povoamento e de exploração. 
A primeira diz respeito ao estabelecimento definitivo no Novo 
Mundo; caracteriza-se, como o próprio nome diz, pelo povoamento, 
pela busca de um novo lar nas zonas temperadas. São populações 
que se afastam das conseqüências da situação interna da Europa 
(que desde o século XI vinha se desenvolvendo comercialmente, 
alcançando no século XV situação de destaque), que tinha dois 
Formação Econômica Brasileira - UVB
Faculdade On-line UVB33
móveis significativos. De um lado, as lutas político-religiosas, de 
outro, a transformação econômica do século XVI, particularmente 
o fenômeno dos cercamentos. Durante dois séculos, várias seitas 
migraram para estas regiões de clima similar ao seu local de origem 
e também para outros pontos. A concentração foi prioritariamente 
na zona temperada. (*)
Já as colônias de exploração centravam-se na organização da 
produção dos gêneros que interessavam ao mundo das trocas. A 
diversidade de condições naturais, em comparação às das terras de 
origem, propiciava a obtenção de artigos exóticos, por isso, muito 
cobiçados.
Furtado descreve, em Formação Econômica do Brasil, como se deu 
a arregimentação de levas humanas que se deslocaram para as 
regiões do hemisfério norte, origem dos Estados Unidos. Analisa, 
também, os motivos que para isto concorreram. Este tipo de 
colonização ocorreu, também, nas Antilhas, antes da penetração 
da economia açucareira.
Atraídos por tais estímulos, que eram diferentes do colono da zona 
temperada, esses ocupantes buscaram fazer a América, enriquecer-
se, para depois desfrutar, na Metrópole, a sua nova condição. Cabe 
ressaltar que tais interesses estariam voltados para o usufruto das 
potenciais vantagens, cujo esforço físico em ambiente tão inóspito 
deveria ficar a cargo de outros. 
O problema a ser resolvido inicialmente diz respeito à determinação da 
natureza dos gêneros que poderiam ser aproveitados no novo território. 
De imediato, a solução é vislumbrada na exploração dos produtos 
já disponíveis: a atividade extrativa. Eram as madeiras, destinadas à 
construção, assim como às tinturas. Exemplo clássico é o pau-brasil.
Essa atividade seria substituída mais tarde pela agricultura. Sua 
exploração seria feira em grande escala, gerando aulas monocultoras 
Formação Econômica Brasileira - UVB
Faculdade On-line UVB34
com elevado número de trabalhadores. Essa necessidade de mão-
de-obra abundante conheceu sua solução definitiva na escravidão 
africana, pois o gentio utilizado na instalação das lavouras mostrou-
se inviável.
Colônias de povoamento e exploração
As colônias tropicais tinham características diferentes daquelas da 
zona temperada. Enquanto lá se constituíram colônias genuinamente 
de povoamento, escoadouro para excessos populacionais europeus, 
que remontavam no continente americano uma organização e 
sociedade à semelhança de seu modelo na Europa; nos trópicos, 
ao contrário, surgiu um tipo de sociedade inteiramente original 
e voltada para as atividades mercantis. Aqui, o atrativo era a 
diferença, a busca de uma natureza pródigas, que reembolsaria 
os investimentos iniciais dos metropolitanos, com generosos 
retornos medidos em, altas cifras. Suas propriedades monoculturas 
se organizaram em grandes faixas territoriais, que se utilizaram da 
mão-de-obra escrava, inicialmente a indígena e, posteriormente, a 
africana. O resultado consubstanciou-se na produção de gêneros 
tropicais realizáveis no mercado externo.
Referência do texto acima: REGO, José Marcio & MARQUES, Rosa Maria 
(orgs). Formação Econômica Do Brasil. São Paulo: Editora Saraiva,2003, 
pp. 07-08.
Síntese
Chegamos ao final de nossa terceira aula. Hoje pudemos aprender 
como se deu a ocupação das terras do Brasil. Analisamos também 
as razões e as diferenças das ocupações territoriais das metrópoles 
européias.
Formação Econômica Brasileira - UVB
Faculdade On-line UVB35
Pense nos impactos destas diferenças em relação ao desenvolvimento 
posterior de nossas economias. No texto de Celso Furtado, que 
indiquei como referência e leitura complementar a esta aula, você 
encontrará a descrição destas economias e a grande diferença que 
de imediato salta aos olhos: a colônia de exploração, lucrativa do 
ponto de vista do mercantilismo metropolitano, estava, por isso mesmo, 
totalmente voltada para o comércio exterior, enquanto que as colônias 
do norte, de povoamento, se voltaram para a sua própria manutenção 
e auto-suficiência, num primeiro momento. Mais tarde, começarão a 
trocar produções excedentes entre si (as outras colônias de povoamento) 
e, posteriormente, com regiões mais longínquas, como as Antilhas.
Na próxima aula, vamos nos dedicar a estudar o desenvolvimento da 
economia de exploração de produtos tropicais. Até lá, então. Espero 
contar com sua presença.
Referência Bibliográfica
MENDES JR., Antonio et alii. Brasil História - Texto & Consulta, volume 1: 
Colônia. Capítulo VI, A Empresa Agrícola Colonial. São Paulo: Editora 
Brasiliense, 1976, pp. 98-101.
REGO, José Marcio & MARQUES, Rosa Maria (orgs). Formação Econômica 
Do Brasil. São Paulo: Editora Saraiva, 2003, pp. 07-08.
Sugestão Bibliográfica:
FURTADO, Celso: Formação Econômica do Brasil. Capítulo V: As Colônias 
de Povoamento do Hemisfério Norte. Brasil/Portugal: Editora Fundo 
de Cultura, 1959, pp. 30-35. (ver bibliografia).

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