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Formação Econômica Brasileira - UVB
Faculdade On-line UVB191
Aula 13
O comércio do café e a 
industrialização
Objetivos da Aula
Os objetivos desta aula visam possibilitar a você estudar 
como o ciclo econômico do café permitiu o aparecimento e o 
estabelecimento de um incipiente processo de industrialização. 
Neste caso, trataremos de verificar os fatores indutores ao 
surgimento de unidades manufatureiras na economia brasileira, 
tendo a economia cafeeira como matriz de acumulação de capital 
necessária ao estabelecimento daquele sistema. 
Ao final desta aula, você deverá estar apto a ter uma clara 
noção dos fatores originários da conformação do processo de 
industrialização brasileira, tendo como pólo o Estado de São Paulo. 
Desta forma, você deverá ser capaz de analisar, de um ponto de 
vista histórico-econômico, os condicionantes e os fatores indutores 
do desenvolvimento econômico brasileiro.
Nesta aula vamos estudar dois textos muito interessantes, são eles:
As tentativas de industrialização no século XIX; e
Primeiras fábricas e formação do capital industrial.
Formação Econômica Brasileira - UVB
Faculdade On-line UVB192
As tentativas de industrialização no século XIX
As tentativas de industrialização na colônia, especialmente no 
século XVIII, sofreram forte oposição de Portugal. Apesar de haver 
sempre alguma atividade artesanal nas cidades e nas fazendas, elas 
não evoluíram na constituição de uma produção fabril. A indústria 
colonial logo que aparecia e começava a se desenvolver era objeto 
de perseguição pela metrópole. As indústrias têxteis e de ferro são 
importantes exemplos dessa situação, pois elas assumem um papel 
estratégico nas revoluções industriais ocorridas em vários países. 
A indústria têxtil surge como atividade artesanal nas cidades e nas 
fazendas, mas se desenvolve e tende a tornar-se atividade autônoma 
e com dimensões razoáveis, aproveitando a matéria-prima local 
abundante e o mercado de certo porte. Em Minas Gerais e no Rio de 
Janeiro aparecem, na segunda metade do século XVIII, manufaturas 
autônomas e relativamente grandes. Temendo essa concorrência, 
a metrópole proíbe, em 1785, toda a atividade têxtil na colônia, 
com exceção da fabricação dos panos grossos de algodão para as 
vestimentas dos escravos e para sacaria. Esse será um duro golpe na 
indústria têxtil da colônia.
A indústria do ferro também foi duramente perseguida. Em Minas 
Gerais, especialmente, a siderurgia contava com matéria-prima 
abundante e com o amplo mercado do setor de mineração, bastante 
prejudicado pelos altos preços de importação e dificuldades de 
transporte. Mas a defesa do monopólio do comércio pela metrópole 
levou à perseguição até dos profissionais que sabiam fundir metais. 
Somente em 1795, os ventos mudam e passam a ser permitidas as 
manufaturas de ferro, com as forjas produzindo instrumentos de 
trabalho e ferraduras.
As aspirações industrialistas no século XVIII também estão presentes 
no ideário da Inconfidência Mineira, já que as manufaturas ocupam 
Formação Econômica Brasileira - UVB
Faculdade On-line UVB193
papel importante na nova ordem econômica a ser instaurada. 
José Alves Maciel é o inconfidente encarregado de cuidar dessa 
industrialização, em função da sua estada na Inglaterra, país em que 
pode observar o desenvolvimento industrial.
Com a vinda da Corte para o Brasil haverá tentativas de industrialização 
no quadro do mercantilismo estatal, baseado nas experiências 
colbertistas, já utilizadas com certo êxito por Pombal, em Portugal. O 
Alvará de 1º de abril de 1808 revogou as proibições do regime colonial 
e expôs os compromissos com a industrialização para o aumento da 
riqueza nacional ao promover o desenvolvimento demográfico, dando 
trabalho aos que não se enquadravam na estrutura econômico-social 
vigente. O Alvará de 28 de abril de 1809 estabelecia medidas práticas: 
[...] concedendo isenção de direitos aduaneiros às matérias-primas 
necessárias às fabricas nacionais, isenção de impostos de exportação 
para os produtos manufaturados no país, utilização de artigos nacionais 
no fardamento de tropas reais, concessão de privilégios exclusivos, 
por 14 anos, aos inventores ou introdutores de novas máquinas e a 
distribuição anual de 60 mil cruzados, produtos de uma loteria do 
Estado, às manufaturas que necessitassem de auxílio, particularmente 
as de lã, algodão, seda, ferro e aço.
Trata-se da instituição de verdadeiros monopólios fabris, uma situação 
já vivida na era medieval na Europa, característica de períodos 
anteriores às revoluções industriais. 
O Tratado de 1810 com a Inglaterra, bem como a sua continuidade após 
a Independência, pelo Tratado de 1827, reduziu as tarifas de importação 
a níveis bastante baixos, impedindo qualquer competição entre uma 
possível produção industrial interna e os produtos importados da 
Inglaterra e França, que realizaram suas revoluções industriais no 
último quartel do século XVIII. Esta é a posição assumida por autores 
como Caio Prado Junior e Roberto Simonsen. Nícia Vilela Luz, por 
exemplo, chama a atenção para o desenvolvimento da indústria 
Formação Econômica Brasileira - UVB
Faculdade On-line UVB194
têxtil no país durante a década de 1840, após expirar o tratado com a 
Inglaterra em 1843. Posição oposta é a de Celso Furtado, para quem 
os Tratados de 1810 e 1827 não foram obstáculos à industrialização 
do país. Segundo Furtado, a forte desvalorização sofrida na época 
pela moeda nacional em função da queda dos preços dos produtos 
exportados teve o efeito protecionista semelhante a uma tarifa de 
importação de 50% ad valorem.
Para Celso Furtado, comparando o desenvolvimento industrial do 
Brasil com o dos Estados Unidos, as especificidades norte-americanas 
começam pela própria base social que dominava o país, constituía-se 
por pequenos agricultores e grandes comerciantes urbanos. No Brasil, 
o poder político e econômico era dos grandes agricultores escravistas. 
Além disso, o desenvolvimento industrial das colônias americanas foi 
muito mais intenso que no Brasil. Como na colônia inglesa, a agricultura 
de exportação não deu resultados, e foram admitidas indústrias que 
produzissem para o mercado interno sem competir com a produção 
da metrópole. A produção de ferro foi fomentada para permitir à 
Inglaterra reduzir sua dependência em relação aos países bálticos. 
Após a independência norte-americana, ocorre enorme aumento da 
demanda por algodão, provocado pela revolução industrial, engajando 
os EUA nesse processo desde o seu início. E os Estados Unidos serão os 
grandes fornecedores dessa matéria-prima, que chegou a responder 
por mais da metade do valor das suas exportações. As ações estatais 
em prol da industrialização e na construção da infra-estrutura 
básica, especialmente na primeira metade do século XIX, conforme 
preconizara Hamilton, mais a colaboração de capitais ingleses, serão 
fundamentais para um desenvolvimento industrial intenso, num 
circulo virtuoso que será exponenciado pelo grande crescimento da 
imigração para o país. 
Com a expiração dos tratados de livre-comércio no Brasil no início dos 
anos 1840, é promulgada, em 1844, a tarifa Alves Branco, que institui 
uma tarifa de importação de 30% para a maior parte dos produtos, 
Formação Econômica Brasileira - UVB
Faculdade On-line UVB195
inclusive os tecidos e algodão, que chega a 60% no caso de alguns 
produtos já fabricados no país. Essas tarifas inauguram uma nova fase 
da industrialização, com o benefício de tarifas protecionistas, e com 
o abandono dos privilégios e subvenções estatais. A maior expansão 
econômica do país na metade do século impulsionou aindústria têxtil 
especialmente na Bahia, além do Rio de Janeiro, Minas Gerais, e mesmo 
em Alagoas. Em 1884, as maiores fábricas têxteis ainda eram aquelas 
que foram criadas nos anos 1840, em função da reforma tarifária de 
1844 e da facilidade na importação de equipamento estabelecida em 
um decreto de 1846. A indústria metalúrgica também se desenvolve 
em pequena escala na região açucareira, principalmente em Recife. 
Mas o exemplo mais notável nesse setor é o de Irineu Evangelista de 
Sousa, com seu estaleiro próximo a Niterói, que chega a construir até 
barcos a vapor.
Esses esforços, entretanto, não conseguiram consolidar o 
desenvolvimento industrial do país nas décadas de 1840 a 1870. As 
fábricas que subsistiram nesse período foram beneficiadas com 
privilégios de exploração, subvenções governamentais e isenções de 
impostos de importação. A supremacia dos interesses agrários, com 
a proeminência do café, impedia o uso das tarifas de importação 
efetivamente protecionistas. Essas tarifas tinham sempre um interesse 
fiscal, na medida em que a maior parte da arrecadação de impostos 
era representada pelas tarifas de importação. Na verdade, com as 
reformas alfandegárias de 1857 e 1860, não foram atendidos nem os 
interesses industriais, nem os princípios liberais, defensores do livre-
comércio. As tarifas de importação, ao mesmo tempo que cumpriam 
o seu papel fiscal, não podiam contrariar os interesses da agricultura 
monocultora de exportação, que exigia o barateamento dos gêneros 
de primeira necessidade, boa parte importada.
É interessante observar que essas primeiras tentativas de 
industrialização já trazem no seu nascedouro aquilo que Maria 
Conceição Tavares chamou de duplo caráter do processo de 
substituição de importações. Se por um lado, a produção interna de 
Formação Econômica Brasileira - UVB
Faculdade On-line UVB196
um bem antes importado substitui importações, por outro provoca 
uma mudança na pauta de importações do país. Por exemplo, a 
produção de tecidos no país provoca a importação de máquinas 
têxteis inglesas, conforme pode ser verificado na Tabela 4.9. Assim, 
não ocorre uma redução das exportações inglesas para o Brasil, mas 
um deslocamento: a exportação de tecidos de baixa qualidade e de 
baixo valor agregado para o país é substituída por máquinas e tecidos 
de luxo.
Exportações da Grã-Bretanha para o Brasil entre 1850-1904 (em %)
Período Produtos 
têxteis
Bens de 
consumo 
não -
têxteis
Bens de 
capital
Outros Total
1850-54 75,55 9,82 14,23 3,40 100
1855-59 65,88 11,48 18,04 4,60 100
1860-64 68,02 10,69 14,90 6,39 100
1865-69 68,48 10,18 15,77 5,57 100
1870-74 57,39 9,78 26,01 6,82 100
1875-79 60,24 8,94 23,56 7,26 100
1880-84 56,54 9,26 26,93 7,27 100
1885-89 56,73 9,92 28,36 4,99 100
1890-94 48,85 9,20 36,79 5,16 100
1895-99 47,14 9,72 38,96 4,18 100
1900-04 45,11 6,99 41,60 6,30 100
Fonte: GRAHAM, 1968, p. 330, apud DOWBOR, 1982, p. 99.
No final da década de 1860 haverá uma retomada das atividades 
industriais, em função da guerra civil norte-americana e da Guerra 
do Paraguai. A guerra nos Estados Unidos provocou grande 
desenvolvimento da produção de algodão no Brasil, resultando no 
renascimento da indústria do algodão no país. Já a Guerra do Paraguai 
teve repercussões bem mais amplas, extrapolando a indústria de 
tecidos e envolvendo outros setores, como o de produtos químicos, 
Formação Econômica Brasileira - UVB
Faculdade On-line UVB197
instrumentos óticos e náuticos, couros, vidros, chapéus, cigarros, 
papel, etc. Além das emissões monetárias provocadas pela guerra, 
as necessidades fiscais levaram à elevação das tarifas de importação, 
aumentando o grau de proteção à industria nativa. A crise do açúcar 
e algodão ocasionada pela queda de seus preços no mercado 
internacional vai desviar para as atividades industriais parte dos 
capitais antes empregados na agricultura.
No período 1870-1875 são criadas algumas fábricas de certa 
importância no Rio de Janeiro, como a Brasil Industrial, a Petropolitana 
e a São Pedro da Aldeia, bem como algumas unidades no interior de 
São Paulo. Em 1884, das 27 fábricas existentes com data de fundação 
conhecida, 10 haviam sido criadas no período destacado acima e 
respondiam por 47% do estoque de teares.
Em 1875, a crise econômica nos países industrializados, iniciando o 
longo período da primeira grande depressão capitalista, atinge o 
Brasil, provocando entre outras coisas, a falência dos Bancos Nacional 
de Mauá. A economia brasileira ingressa também em um período de 
instabilidade, que será agravada pela crise cafeeira da primeira metade 
dos anos 1880. Simultaneamente, a incipiente indústria nacional tem de 
enfrentar uma concorrência européia cada vez maior, potencializada 
pelo progresso técnico de suas indústrias, pelo desenvolvimento dos 
transportes, especialmente a penetração das ferrovias pelo interior do 
país, bem como a instalação de linhas telegráficas. Em função disso, 
em 1880 é fundada a Associação Industrial, voltada para a defesa das 
atividades industriais no país. Seu primeiro presidente é Antonio elicio 
dos Santos, empresário do setor têxtil. Em seu primeiro manifesto, 
defende a industrialização do país para conseguir a independência 
econômica, atrair capitais e mão-de-obra estrangeiros, empregar 
a população urbana desocupada, livrar o país da dependência da 
economia monocultora exportadora e diminuir as importações, 
equilibrando a balança comercial.
No final do Império, em 1887, temos a tarifa Belisário, novamente 
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Faculdade On-line UVB198
determinada por interesses fiscais, que sofreu oposição dos industriais 
por aumentar as taxas sobre suas matérias-primas e diminuí-las sobre 
a importação de sacaria, beneficiando, mais uma vez, a agricultura.
Primeiras fábricas e formação do capital 
industrial
1.Antecedentes
As primeiras fábricas surgiram, no Brasil, nas décadas iniciais do século 
XIX. Eram estabelecimentos de pequeno porte e tiveram, em geral, 
vida efêmera. Somente a partir de 1870 começaram a aumentar, em 
número e em importância, num processo que se intensificava entre 
os anos de 1885-1895. Muitos autores situam, nesse período, aquilo que 
se convencionou chamar de “nosso primeiro surto industrial”. Tratava-
se, porém, de uma “industrialização” que possuía características bem 
diferentes daquelas assumidas pelo mesmo processo na Inglaterra, na 
Alemanha e em outros países da Europa, nos Estados Unidos e no Japão.
Para podermos entender essas diferenças e explicar porque surgiram 
e se mantiveram tais traços específicos, é necessário analisar, ainda 
que rapidamente, a situação geral da indústria brasileira no período 
colonial e as primeiras tentativas industrializantes efetuadas após a 
Independência.
Atividades Industriais na colônia – Durante os três primeiros 
séculos de nossa história as atividades industriais (aqui entendidas no 
sentido genérico do termo) reduziam-se, praticamente, à fabricação 
do açúcar nos engenhos e à mineração. As técnicas utilizadas em 
ambos os casos eram bastante rudimentares, havendo pouca 
diferença entre o processo de fabricação do açúcar e da aguardente 
no século XVI e no início do século XIX. A produção de ouro era já 
bem reduzida em 1808, entretanto a mineração em decadência, cada 
vez mais acentuada, apesar da contratação de técnicos e engenheiros 
Formação Econômica Brasileira - UVB
Faculdade On-line UVB199
europeus e de outras medidas adotadas por D. João VI. Durante esse 
longo período colonial, uma série de outras atividades industriais 
– artesanais e manufatureiras –, foram aqui desenvolvidas, porém, 
todaselas com caráter de atividade acessória, ocupando um papel 
secundário no conjunto da economia. 
É o caso, por exemplo, das diferentes tentativas de exploração 
metalúrgica com fundições de ferro, ou ainda da fabricação de 
tecidos e da construção naval. De fato, o minério de ferro era há 
muito conhecido no Brasil onde, especialmente na zona aurífera 
mineira, era aproveitado em pequenas forjas de tipo catalão para 
a fabricação de ferramentas, picaretas, pás, enxadas, machados, 
facas, facões, panelas, ferraduras, etc., tudo isso em quantidades 
ínfimas1. Aliás, tais explorações siderúrgicas datam do século 
XVI, quando Afonso Sardinha pôs em funcionamento a primeira 
“fábrica de ferro” do continente americano em Araçoiaba, nas 
proximidades da atual Sorocaba.
Também a produção de tecidos data dos primeiros anos da colonização. 
O algodão, que já era conhecido e utilizado pelos indígenas, continuou 
a ser cultivado pelos portugueses em certas capitanias, dando origem 
a uma produção têxtil doméstica de certa importância, principalmente 
no Maranhão e no Pará, que chegou a exportar tecidos para o Reino. 
Também no Ceará e em São Paulo e, algum tempo depois, em Minas 
Gerais, desenvolveram-se manufaturas de tecidos. 
A distância que a separava do litoral e as dificuldades de transporte 
fizeram com que na região da mineração, em meados do século XVIII, 
começassem a surgir manufaturas de uma certa importância para 
atender às necessidades locais da população. Em alguns lugares, os 
tecidos eram finos e se exportavam para fora da Capitania, o que 
prejudicava os interesses de Lisboa. 
1.Cf. ELLIS, Myriam. A mineração no Brasil no século XIX. In: História Geral da Civilização Brasileira, 
Tomo II, 4º volume.
Formação Econômica Brasileira - UVB
Faculdade On-line UVB200
O próprio Marques de Lavradio, vice-rei do Brasil na época, confessava 
que “à força de eu reclamar, algumas fábricas que se iam fazendo mais 
públicas, como as do Pamplona e outras, se suprimiram; porém, as 
particulares que há em cada uma das fazendas, ainda a maior parte 
delas se conserva2. Eram teares com que se faziam panos e estopas e 
“diferentes drogas de linho, algodão e lã”.
A construção naval foi a atividade industrial que reuniu, junto com 
os engenhos, o maior número de trabalhadores por unidade de 
produção durante a Colônia. Nela, a divisão do trabalho era bastante 
acentuada e exigia-se, para certas tarefas, uma especialização muito 
grande. No início, eram serviços de assistência aos navios em trânsito, 
quando necessitados de reparos. Logo a seguir, ainda no século XVI, 
pequenas embarcações para o desenvolvimento da navegação de 
cabotagem começaram a ser construídas. O estaleiro mais importante 
era o da Bahia, por ser a capital da colônia e por estar Salvador na 
rota dos navios da Carreira da Índia. No século XVIII foi relativamente 
grande o número de navios ali construídos, inclusive galeões para 
a travessia oceânica, naus, fragatas, corvetas e escunas. Havia 
estaleiros menores em Belém, São Luis, Recife, Ilhéus, Rio de Janeiro 
e São Vicente. O de Salvador apresentava-se como um complexo de 
edifícios ocupando largo espaço da ribeira e comportando fundições, 
carpintaria, armazéns, casa de velas, oficinas de pintores, alfaiates, etc. 
Assemelhar-se-ia a uma colméia...3 O Arsenal da Marinha no Rio de 
Janeiro também passou a construir embarcações de grande porte a 
partir de 1764. 
Essa indústria de construção naval estimulou o aparecimento de 
várias outras manifestações manufatureiras nos séculos XVII e XVIII: 
confecção de cordas, velas, cabos, estopas e óleos.
2. LIMA, Heitor Ferreira, “Formação Industrial do Brasil”, Rio, editora Fundo de Cultura, 1961. pp. 152-154.
3. LAPA, J.R. Amaral. A Bahia e a Carreira da Índia. Brasiliana, vol. 338. São Paulo: Cia. Editora Nacional, 1968, 
p. 62. Sobre a construção naval, ver, ainda do mesmo autor Economia Colonial, São Paulo: Perspectiva, 
1973, cap. 4, “Historia de um navio”, pp. 231-278.
Formação Econômica Brasileira - UVB
Faculdade On-line UVB201
Além das atividades acima mencionadas, ainda poderíamos lembrar 
a produção de charque e de produtos alimentícios, a preparação de 
fumo de corda, a fabricação do anil, a extração do sal, a produção de 
azeite de baleia usado na iluminação pública, a confecção de móveis, 
a construção civil (casas, pontes, aquedutos), como manifestações de 
atividades industriais e manufatureiras no Brasil Colônia. Sem falar na 
atividade artesanal que era exercida, tanto nos engenhos e fazendas, 
como nas cidades, por ferreiros, serralheiros, carpinteiros, calafates, 
seleiros, ourives, sapateiros, alfaiates, caldeiros, lapidadores, tanoeiros, 
latoeiros, curtidores, oleiros, e outros. A enumeração de todas essas 
atividades, porém, não deve nos fazer perder de vista o verdadeiro 
caráter geral da colonização brasileira que foi o de “uma colônia 
destinada a fornecer ao comércio europeu alguns gêneros tropicais 
de grande expressão econômica. É para isso que se constituiu. Nossa 
economia subordinar-se-á por isso inteiramente a tal fim, isto é, se 
organizará e funcionará para produzir e exportar aqueles gêneros. 
Tudo mais que nela existe, e que, aliás, será sempre de pequena monta, 
é subsidiário e destinado unicamente a amparar e tornar possível a 
realização daquele objetivo essencial”4. 
À medida em que a população colonial foi crescendo e começando 
a procurar outras iniciativas em que aplicar suas atividades, a política 
de restrições econômicas por parte da metrópole se acentuou. 
Foi proibido o cultivo da vinha, da oliveira, da pimenta, da canela 
e outras culturas que interferiam no comércio de Portugal com o 
Oriente. Tentou-se, por todos os meios, impedir a produção de sal 
em Cabo Frio e Mossoró, e as manufaturas de tecidos. Finalmente, em 
1785, a Rainha D. Maria I promulgou um alvará mandando fechar as 
manufaturas existentes no Brasil.
Indústrias no Reino e no Império – Com a transferência da Corte 
para o Brasil algumas medidas liberalizadoras foram adotadas. 
4 PRADO JR., Caio. História Econômica do Brasil. São Paulo: Editora Brasiliense, 1974, 17ª edição, p. 41.
Formação Econômica Brasileira - UVB
Faculdade On-line UVB202
O alvará de 1º de Abril de 1808 revogou as peias do regime colonial, 
formulando os princípios de uma nova orientação no que diz respeito 
à indústria. O de 28 de abril de 1809 estabeleceu medidas de ordem 
prática, concedendo isenção de direitos aduaneiros às matérias-
primas necessárias às ”fábricas nacionais”, isenção de imposto de 
exportação para os produtos manufaturados no país, concessão de 
privilégios exclusivos, por 14 anos, aos inventores de novas máquinas, 
e empréstimos às manufaturas de algodão, lã, seda, ferro e aço. Esses 
incentivos enquadravam-se no espírito tradicional do mercantilismo. 
Se, no passado, a concessão de monopólio e privilégios tinha tido 
certa eficácia, o mesmo não se dava ao início do século XIX – em que 
as mudanças e o avanço da tecnologia se davam em ritmo acelerado. 
As medidas adotadas por D. João VI quase nenhum resultado 
prático teriam. Nossas “fábricas nacionais” lembravam palidamente 
as manufaturas reais de Colbert, pelo fato de estarem sob a tutela do 
Estado, que as fiscalizaria, sem, entretanto, tomá-las sob sua direção. 5
As conseqüências do tratado de 1810, imposto a D. João VI pela Inglaterra, 
fizeram morrer no ovo as primeiras tentativas industrializantes. De 1810 
a 1844, o Brasil viveu praticamente num regime de livre-câmbio. Após 
a Independência, novos tratados comerciais foram assinados, dando 
a outros países europeus certas vantagens concedidas à Inglaterra em 
1810. “Não era possível,até então, implantar aqui qualquer manufatura 
de valor que pudesse, desde o início, competir, no preço e na qualidade 
dos artigos, com a indústria inglesa”. Faltava proteção alfandegária, é 
verdade, mas o principal obstáculo, os maiores entraves ao processo 
de industrialização eram a escravidão e a divisão do mercado mundial 
pelas grandes potências. O protecionismo pode servir de acelerador 
para o crescimento industrial. O que ele não consegue é criar condições 
para o início deste processo num país economicamente atrasado e 
dependente5. 
5 SIMONSEN, Roberto. Evolução Industrial do Brasil e outros estudos. São Paulo: Cia Editora Nacional, 
1973, p. 9.
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De fato, na primeira metade do século passado, além de um sistema de 
transportes totalmente deficiente e rudimentar, o desenvolvimento da 
técnica, que constitui um dos elementos impulsionadores da expansão 
industrial, era entre nós freado pelo regime escravista herdado da 
colônia. Predominava o latifúndio, no campo, e nas pequenas cidades 
da época, um atraso cultural enorme. As maiores limitações, porém, 
vinham do controle exercido pela Inglaterra sobre nosso mercado e 
de uma escassez muito grande de capitais.
Dentro de tão vasta extensão territorial, os grandes centros populosos 
espalhavam-se a grandes distâncias uns dos outros. A população, no 
início do século XIX, era de pouco mais de três milhões de habitantes, 
dos quais quase um milhão de escravos. Numa sociedade desse tipo 
os consumidores ativos eram poucos. Sem eliminação da escravidão, a 
solução do problema da terra e a conquista de uma real independência 
para a nação, uma verdadeira industrialização não poderia surgir.
Além disso, é preciso ressaltar que sem o surgimento de um 
mercado de trabalho, isto é, sem a existência de um grande número 
de trabalhadores livres e assalariados à disposição dos empresários, 
não era possível o pleno desenvolvimento das relações capitalistas 
de produção.
A população dos Estados Unidos, na época, não era quantitativamente 
muito superior. Porém as diferenças sociais eram profundas. Nos 
Estados Unidos, uma classe de pequenos agricultores surgiria ao 
longo do povoamento das colônias do norte e, junto com um grupo 
de grandes comerciantes urbanos, dominavam o país após haver 
obtido a independência em relação à Inglaterra, através de uma 
guerra de libertação, verdadeira revolução social burguesa no interior 
do país. Já as classes dominantes brasileiras, formadas ao longo de um 
processo de colonização muito diferente, mostravam-se incapazes de 
seguir o mesmo caminho. Imensas riquezas tinham sido extraídas de 
nosso solo mas o país continuava pobre. Em meados do século XVII, a 
exportação de açúcar brasileiro chegara a ultrapassar, durante largos 
Formação Econômica Brasileira - UVB
Faculdade On-line UVB204
períodos, 3 milhões de libras anualmente. Nessa época a exportação 
total da Inglaterra não alcançava aquela cifra.6 No século XVIII o Brasil 
extraiu e exportou para a Europa, em pouco mais de 50 anos, “um 
volume de ouro equivalente a 50% de todo o ouro produzido no 
mundo nos três séculos anteriores e igual a toda a produção apurada 
na América de 1493 a 1850!” 7
Essas são as causas mais profundas que explicam o atraso do país e 
o fracasso das várias tentativas industrializantes: essa imensa riqueza 
aqui produzida durante os primeiros séculos foi drenada para a 
Europa, mais precisamente para os banqueiros ingleses, dado o tipo 
de relação mantida por Portugal com a Inglaterra desde os tratados 
de Methuen. 
Enquanto esse ouro brasileiro contribuía para a acumulação primitiva 
de capital que iria possibilitar, na Inglaterra, a Revolução Industrial 
em fins do século XVIII, nossas classes dominantes, recém-saídas do 
período colonial, não tinham ficado sequer com as migalhas. Estima-
se em 9 a 10 mil contos todo o numerário existente no país ao findar 
a era colonial, sendo 2/3 em ouro e 1/3 em prata. “Tal era o montante 
dos recursos de que dispunhamos como meio circulante para todas 
as transações de negócios. Para o viajante Aguirre, isso não dava 
para permitir economias consideráveis aos particulares, nem para a 
acumulação de capitais, não havendo, no Rio de Janeiro de 1782, um 
único que dispusesse de capital de cem contos de réis. Assinalavam-
se, como coisa extraordinária, as casas cujos donos tinham cinqüenta 
contos de fortuna.”8
Não obstante essas circunstâncias tão desfavoráveis, houve, durante 
a primeira metade do século XIX, várias tentativas de implantação de 
indústrias. Em 1819 já se instalara, no Rio, uma fábrica de tecidos, o 
mesmo se dando em 1824 em Minas Gerais. 
6.SIMONSEN, Roberto, op. cit., pp. 5-6
7.Idem, ibidem, p. 6
8.TAUNAY, Affonso de , “No Rio de Janeiro de Vice-Reis”.
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Mas é apenas com a proteção relativa oferecida pela tarifa Alves 
Branco, em 1844, que as fiações e tecelagens puderam desenvolver-
se um pouco mais. Surgiram na Bahia, nos anos quarenta do século 
passado, as primeiras fábricas modernas. Até o final da década de 60, 
a Bahia seria o maior “centro” têxtil do país, sendo então ultrapassada 
sua produção pelas tecelagens do Rio de Janeiro. Apesar disso, sua 
produção era minúscula. No Brasil todo havia apenas 9 fábricas de 
tecido em 1886. 
Até 1850, os ritmos das transformações por que passava a sociedade 
brasileira eram bastante lentos. A vida econômica era atrasada. “As 
cidades contavam com apenas uma pequena proporção da população. 
Eram pacatas e provincianas, construídas de casas de taipa ao longo 
de ruas lamacentas, sem iluminação, onde mulas de carga e escravos 
tropeçavam sobre porcos e galinhas.” 9 Na agricultura, as técnicas 
eram primitivas e a produtividade baixa. Nem a mecanização nem os 
fertilizantes eram conhecidos. As estradas eram péssimas; carros de 
boi, tropas de mulas e escravos eram praticamente os únicos meios 
usados para o transporte de mercadorias por via terrestre. 
O analfabetismo era generalizado, não havendo nenhuma escola 
técnica. O Brasil, por outro lado, era o único país do hemisfério 
que ainda conservava a monarquia como forma de governo. A 
constituição havia sido outorgada pelo Imperador em 1824, após o 
fechamento da Assembléia Constituinte. Muitos anos depois, após 
a reforma eleitoral de 1881 que ampliou os direitos dos votantes, 
apenas 150.000 eleitores se qualificaram em uma população de 
12.000.000, ou seja, pouco mais de 1% da população.10 O eleitorado 
era quase inteiramente limitado aos membros da classe dos grandes 
proprietários rurais e comerciantes. 
O latifúndio e a escravidão entravavam o desenvolvimento do 
capitalismo e da indústria.
09.GRAHAM, Richard. Grã-Bretanha e o início da modernização no Brasil. São Paulo: Editora Brsiliense, 
1973, p. 20
10.FAORO, Raimundo. Os donos do poder. Porto Alegre. Editora Globo, 1975, p. 375.
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Temos aí uma visão geral da sociedade brasileira em meados do 
século passado. Nesta mesma época, a Inglaterra, que já concluíra 
sua Revolução Industrial, estendia rapidamente seus interesses 
econômicos sobre todo o mundo. Sua produção estava totalmente 
mecanizada e o vapor era empregado em grande escala. Eram os 
maiores produtores mundiais de ferro, aço e carvão. Em 1850, apenas 
25 anos após a construção da primeira ferrovia inglesa, seis mil 
quilômetros de linhas férreas cortavam o país em todas as direções. 
A marinha mercante britânica era a maior da época. “Finalmente, 
os melhoramentos radicais da indústria ferramenteira na décadade 1850-60 e a aplicação das teorias científicas aos problemas 
técnicos, tais como as da termodinâmica, facilitaram enormemente 
a derrubada dos últimos obstáculos para a contínua corrente de 
mudanças tecnológicas.” 11 Os anos seguintes a 1850 foram de rápida 
expansão da economia britânica, verificando-se um grande acúmulo 
de capital. Em 1862, foram regulamentadas as sociedades anônimas, o 
que provocou um aumento imediato do número de companhias. “Em 
1880, o jornal Economist, de Londres, demonstrou que a subscrição 
anual de novos capitais tinha quase que duplicado nos últimos três 
anos. Devido ao seu rápido acúmulo, este capital era freqüentemente 
desviado para investimentos no exterior.” 12
O mundo se tornava cada vez mais, parte de um único sistema 
econômico, um sistema dominado pela Grã-Bretanha.
O Brasil, assim como as demais nações latino-americanas, foi sendo 
integrado nesse mercado mundial capitalista e nessa nova divisão 
internacional do trabalho. O número de indústrias aumentou, entre 
nós, a partir de 1850. Nesta data, o país contava com apenas 50 
estabelecimentos industriais, incluindo-se aí várias salineiras. Há 
referências a 2 fábricas de tecidos, 10 de produtos alimentares, 2 de 
caixas e caixões, 5 de pequena metalurgia e 7 de produtos químicos. 
11.GRAHAM, Richard, op. cit., p. 13
12.GRAHAM, Richard, op. cit., p. 4
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Em 1866, como já dissemos, o país possuía ainda apenas 9 fábricas de 
tecido. Nessa mesma época, mais de 1.000 estabelecimentos desse 
gênero funcionavam nos Estados Unidos. 13
Em 1875, já havia 30 fábricas de tecido, número que se elevou a 48 
em 1885, assim distribuídas: 13 em Minas Gerais, 12 na Bahia, 11 no 
Rio de Janeiro, 9 em São Paulo, 1 em Alagoas, 1 em Pernambuco e 1 
no Maranhão. As do Rio de Janeiro eram as maiores. “O mercado de 
tecidos já estava feito, ao passo que o mercado de grande número 
de outras manufaturas existia apenas de forma embrionária.” 14 Isso 
explica, em parte, o desenvolvimento do setor têxtil como a primeira 
verdadeira indústria moderna surgida no Brasil.
Assim como na Europa, o setor têxtil teve uma presença pioneira 
e ocupou uma posição de destaque nos primeiros momentos do 
processo de crescimento industrial. Isso se deve, também, ao fato de os 
tecidos constituírem uma mercadoria básica de consumo dos próprios 
proletários, necessária para a reprodução da força de trabalho. 
A economia brasileira, que começara um lento processo de 
transformações a partir da abolição do tráfico de escravos em 
1850, modifica-se ainda mais após o final da Guerra do Paraguai. As 
exportações de café haviam criado um superávit em nossa balança 
comercial e possibilitado uma acumulação de capital em mãos de 
fazendeiros paulistas. As ferrovias modernizavam os transportes, 
aproximando populações até então isoladas. Por outro lado, o 
sistema ferroviário facilitou o escoamento da produção cafeeira das 
fazendas até os portos, tendo criado uma infra-estrutura básica para a 
circulação de mercadorias. A imigração européia intensificou-se após 
a abolição da escravidão em 1888, suprindo as necessidades de forças 
de trabalho e contribuindo para o desenvolvimento urbano.
13.SIMONSEN, Roberto, op. cit., p. 15
14.FURTADO, C. Formação Econômica do Brasil. DF: Editora UnB, 1963, p. 130.
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A partir de 1885 apareceram indústrias em número cada vez maior, 
configurando aquilo que se convencionou chamar de “primeiro 
surto industrial” do Brasil. Entre 1880 e 1884 foram aqui fundados 
150 estabelecimentos industriais; de 1885 a 1889 esse número 
sobe para 248, totalizando, no ano da proclamação da República, 
636 estabelecimentos no país todo. Eram aí empregados 54.169 
trabalhadores.15 Sob o termo “estabelecimentos industriais” as 
estatísticas da época arrolavam não só as fábricas modernas, onde a 
produção era mecanizada e onde se empregava o vapor ou a energia 
hidráulica, mas também as pequenas oficinas e manufaturas. Isso torna 
difícil, inclusive, a diferenciação entre os proletários propriamente 
ditos e os artesãos e semi-assalariados. A primeira fábrica de tecidos 
que utilizou máquina a vapor na Província de São Paulo havia sido 
fundada em Itu, em 1869. Nesta província, a produção de algodão havia 
aumentado muito durante os anos da guerra civil norte-americana. 
Após 1865, os preços baixos do algodão favoreceram o aparecimento 
de fiações e tecelagens nos arredores do Rio de Janeiro e em Minas 
Gerais e, a partir dos anos setenta, na capital de São Paulo e em cidades 
do interior como Sorocaba, Jundiaí, Itu, Taubaté, Tatuí, Salto e outras. 
A maior parte da produção era de tecidos grosseiros pois aí não se 
verificava concorrência por parte dos produtos ingleses. 
Ou então de sacaria (juta ou algodão) para a exportação de nossos 
produtos agrícolas. Alem dos tecidos grosseiros (bens de consumo 
para os assalariados, colonos, escravos), certas empresas têxteis 
nacionais poderiam ter produzido tecidos finos para o consumo das 
classes dominantes. Porém, nesta área, sofriam a concorrência dos 
tecidos ingleses importados. Neste caso, a qualidade dos tecidos não 
melhorava, não por incapacidade técnica dos fabricantes brasileiros 
mas por falta de uma política protecionista por parte do governo, 
o que era impossível enquanto o país permanecesse dependente 
politicamente da Grã-Bretanha. 
15 SIMONSEN, Roberto, op. cit., p. 16
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Na Exposição Industrial de Viena de 1873, por exemplo, várias fábricas 
da Bahia que aí expunham seus produtos receberam menção honrosa 
pela qualidade de seus tecidos. 16
2. Indústria de Capital Estrangeiro
À medida em que nos aproximávamos do final do século XIX, 
aumentava o afluxo de capitais estrangeiros e crescia o grau de 
controle exercido por firmas britânicas sobre setores básicos da 
economia brasileira. 
Quase todas as estradas de ferro foram construídas com empréstimos 
feitos em Londres. Devido à baixa das taxas cambiais, a própria 
Companhia Paulista de Estradas de Ferro, constituída por capital 
nacional, viu-se forçada a tomar emprestadas 150.000 libras em 1878; 
saldo seu empréstimo no prazo estipulado, pagando, porém, “mais 
do que o dobro da quantia em mil-réis originalmente emprestada”.17
Outras não puderam saldar suas dívidas e foram encampadas pelos 
ingleses, como a Companhia Estrada de Ferro Leopoldina, fundada 
por brasileiros em 1872 e hipotecada pelos credores britânicos em 
1897. Não foi, porém, com empréstimos, mas sim no campo dos 
investimentos diretos, que os capitalistas ingleses exerceram sua 
maior influência no sistema de transportes do Brasil. Em 1880, havia 
11 companhias inglesas de estradas de ferro em nosso país. 
Em 1895 havia 25, incluindo-se aí a mais rica e importante ferrovia do 
país, a “Santos-Jundiaí”, “propriedade da São Paulo Railway Company 
Limited”, que foi , na sua época, “a mais lucrativa empresa ferroviária 
britânica na América Latina”. 18 No nordeste era importante, entre 
outras, a “Great Western” de Pernambuco. Também a construção de 
portos esteve em mãos de firmas inglesas. 
16 STEIN, Stanley. The Brazilian Cotton Manufacture. Harvard University Press, Cambridge, 1957, p. 24.
17 GRAHAM, Richard, op. cit., p. 63.
18 Idem, ibidem, p. 73.
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É o caso da Ceará Harbor Corporation (1884) e da C. H. Walker & Co. 
Esta última conseguiu o contrato para a modernização do porto do 
Rio de Janeiro “sem concorrência pública”, 19 em 1904.
A questão da penetraçãode capitais estrangeiros está intimamente 
relacionada com o tipo de crescimento industrial que o país iria 
conhecer, desde suas origens até os dias atuais. Por isso, é importante 
observar ainda o seguinte: além das ferrovias, os ingleses controlavam 
as maiores firmas exportadoras e importadoras, as companhias de 
navegação, as agências de seguro e os bancos financiadores. 
As exportações de açúcar do nordeste eram controladas, em sua maior 
parte, por grandes casa exportadoras britânicas instaladas em Recife. 
Saunders Brothers e J.H. Boxwell eram as maiores. Como grande parte 
do produto ia para a Inglaterra, podiam eles exercer domínio em ambos 
os lados do negócio, exportando, aqui do Brasil, e distribuindo lá na 
Europa. Quando o café progrediu em nossa pauta de exportações, os 
Estados Unidos passaram a ser nossos maiores compradores, tendo 
adquirido, em 1900, 43% de nossas exportações. 
Porém, a comercialização do café era feita pelos ingleses, inclusive a 
exportação para os Estados Unidos, feita por Phipps Brothers & Co., E, 
Johnston & Co. e outras grandes firmas. Esta última mantinha negócios 
nos portos de Santos, Nova Orleans e Liverpool, controlando, assim, 
parte considerável de nossas exportações. A primeira era a maior de 
todas. Já no ano de 1870, sozinha, negociara mais de meio milhão 
de sacas do café brasileiro, ou seja, cerca de 13% de nosso principal 
produto de exportação. 
Quando se sabe que, naquele mesmo ano, o café representa 50,3% de 
nossas exportações, porcentagem que se elevaria para 64,5 no final 
do século,20 percebe-se claramente a influência e o enorme poder 
econômico concentrado nas mãos de um punhado de capitalistas 
19 Idem, ibidem, p. 99.
20 TAUNAY, Affonso de E. Pequena História do Café no Brasil. Rio de Janeiro: Dep. Nac. do Café, 1945, p. 548.
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estrangeiros que controlavam, assim, o comércio exterior de toda 
uma nação.
E isso vinha de longa data. Segundo o historiador norte-americano R. 
Graham, já na década de 1840 “quase metade da exportação brasileira 
de açúcar, metade da de café, e mais da metade da de algodão estavam 
sendo exportadas por firmas britânicas”.21 
As dificuldades técnicas de fabricação poderiam ser resolvidas. O 
que faltava era força para os primeiros empresários, incapazes de 
defender o mercado brasileiro diante das potências estrangeiras. 
Incapazes também de ampliá-lo, através de um pequeno número de 
grandes latifundiários. 
O domínio do transporte marítimo do Brasil pela Inglaterra facilitava 
às firmas britânicas o controle de nosso comércio de importação-
exportação. Navios britânicos conduziam os produtos agropecuários 
brasileiros para o resto do mundo, trazendo de volta produtos 
manufaturados ingleses. 22 Quase metade dos vapores entrados no 
Rio de Janeiro nos últimos anos do século XIX eram ingleses. Os 
franceses contavam também com 15%. Das companhias britânicas, 
a mais importante era a Royal Mail, porém a maior transportadora 
de exportações cafeeiras era a “Liverpool, Brazil and River Plate 
Steamship Company”, que iniciara um tráfego regular entre o 
Brasil, Estados Unidos e Europa em 1865. Além dessas duas, outras 
13 companhias de navegação interoceânicas inglesas transportavam 
nossas mercadorias, fazendo também grande parte da navegação 
costeira. Inclusive as companhias de barcaças da maior parte dos 
portos brasileiros eram de propriedade de capitalistas ingleses. 
Os navios que saíam dos portos nacionais eram segurados em 
companhias de seguros britânicas estabelecidas no Brasil.
21 GRAHAM, Richard, op. cit., p. 82.
22 Idem, ibidem, pp. 94-96.
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3. Indústria e Capital Cafeeiro
Graças ao aumento da produção e exportação de café nas últimas 
décadas do século XIX, numa época em que os preços desse produto 
eram favoráveis no mercado internacional, lucros consideráveis foram 
realizados, o que permitiu uma acumulação de capital, por parte de 
fazendeiros paulistas principalmente. Ao contrário do que havia sucedido 
com as classes dirigentes nordestinas ligadas à economia açucareira, 
a nova classe de fazendeiros ligados ao café conseguiu impedir a 
separação rigorosa das fases produtiva e comercial da economia 
cafeeira. Apesar da presença majoritária dos ingleses, a burguesia 
paulista nascente investia nas estradas de ferro, na comercialização feita 
nos portos, nas primeiras fábricas, em algumas companhias de seguro, 
na organização bancária. No último quartel do século, “os termos do 
problema econômico brasileiro se haviam modificado basicamente. 
Surgira o produto que permitiria ao país reintegrar-se nas correntes 
em expansão do comércio mundial; concluída sua etapa de gestação, 
a economia cafeeira encontrava-se em condições de autofinanciar sua 
extraordinária expansão subseqüente.” 23
A indústria brasileira no período que vai de fins do século XIX até à grande 
crise de 1929-1932 caracterizou-se pela subordinação do capital industrial 
ao capital cafeeiro. 24 Muitas das primeiras fábricas foram implantadas 
graças a empréstimos obtidos junto aos importadores-exportadores 
estrangeiros, que às vezes se associavam aos projetos industriais.
Ashworth & Company, por exemplo, financiara três fiações de São Paulo; 
a Companhia Lupton, firma inglesa, financiara uma usina de açúcar em 
Capivari, o mesmo acontecendo com outras importadoras na década 
de 1890. 25 Porém, no essencial, o capital investido em industrias pela 
burguesia brasileira tinha sua origem no capital cafeeiro. 
24 FURTADO, C., op. cit., p. 146
25 A esse respeito, cf. SÉRGIO, Silva. Expansão cafeeira e origens da indústria no Brasil. São Paulo: 
Alfa-Omega, 1976, cap. IV.
26 DEAN, Wareen, “A industrialização de São Paulo”, São Paulo, Difel, 1971, pp. 25-48
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O café passou a ser “o elemento diretor e indutor da dinâmica da 
acumulação do complexo, determinando, inclusive, a grande parte 
da capacidade para importar da economia brasileira no período”26 , 
compreendendo-se aí a importação de máquinas, equipamentos 
industriais, ferramentas e outros insumos e bens de capital. A 
diversificação do complexo cafeeiro provocou o início de uma formação 
industrial caracterizada pela implantação, quase que exclusiva, de 
indústrias produtoras de bens de consumo não-duráveis.
Os resultados do censo industrial de 1919 dão-nos uma idéia da 
estrutura produtiva da indústria de transformação no Brasil: 30,7% 
do valor bruto da produção naquele ano provinham das indústrias 
alimentícias; 29,3% da têxtil e 6,3% das fábricas de bebidas e cigarros. 
Apenas 4,7% tinham sua origem na metalurgia e indústrias mecânicas 
juntas; 2,0% na indústria química! Com exceção de certas máquinas 
utilizadas no beneficiamento do café – produzidas no Brasil desde 
o século XIX –, e de algumas poucas ferramentas e equipamentos, a 
indústria nacional não produzia bens de capital, só bens de consumo.
Esse fato é grave em suas conseqüências, pois foi tornando a nação 
cada vez mais dependente do exterior em mais esse aspecto – a 
tecnologia industrial.
É interessante precisar melhor a forma especifica que assumiu, 
no Brasil, esse processo de acumulação e de formação do capital 
industrial neste período inicial de que ora nos ocupamos. A expansão 
cafeeira tende a se dar de forma cíclica, através de fases “de expansão 
do plantio (e posteriormente da produção) encadeadas com fases 
em que os preços se deprimem. Na fase de expansão, grande parte 
dos recursos disponíveis são investidos na formação das plantações, 
e, com a chegada dos preçosbaixos, fazendo baixar a lucratividade 
média da cafeicultura, criam-se condições para que parte dos lucros 
cafeeiros sejam investidos em outros segmentos do complexo 
26 CANO, Wilson, “Raizes da concentração industrial em São Paulo”, Tese de doutoramento, IFCH-
Unicamp, 1975, mimeogr., pp. 118-119.
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(bancos, estradas, indústrias, usinas, etc.)”.27 Pode ocorrer, porém uma 
grande onda de expansão de plantio (por exemplo, a de 1886-1897) 
e assim mesmo os fazendeiros diversificavam o investimento de seus 
lucros, possibilitando, apesar da alta do café, a transformação de 
parte do capital cafeeiro em capital industrial. “As plantações feitas 
no início dessa onda (1886), cinco anos depois, começam a produzir e 
a gerar lucros (1891) enquanto ainda segue a onda expansionista para 
as demais frações do todo cafeeiro. Assim, parte desses novos lucros 
(e, evidentemente, parte dos lucros nesse momento gerados por 
plantações mais antigas) podem perfeitamente se transferir, direta 
ou indiretamente, da atividade nuclear para a indústria, mesmo que a 
expansão do plantio ainda siga por mais algum tempo.” 28
Os resultados do censo industrial de 1919 dão-nos uma idéia da 
estrutura produtiva da indústria de transformação no Brasil: 30,7% 
do valor bruto da produção naquele ano provinham das indústrias 
alimentícias; 29,3% da têxtil e 6,3% das fábricas de bebidas e cigarros. 
Apenas 4,7% tinham sua origem na metalurgia e indústrias mecânicas 
juntas; 2,0% na indústria química! Com exceção de certas máquinas 
utilizadas no beneficiamento do café – produzidas no Brasil desde 
o século XIX –, e de algumas poucas ferramentas e equipamentos, a 
indústria nacional não produzia bens de capital, só bens de consumo.
Esse fato é grave em suas conseqüências, pois foi tornando a nação 
cada vez mais dependente do exterior em mais esse aspecto – a 
tecnologia industrial.
É interessante precisar melhor a forma especifica que assumiu, 
no Brasil, esse processo de acumulação e de formação do capital 
industrial neste período inicial de que ora nos ocupamos. A expansão 
cafeeira tende a se dar de forma cíclica, através de fases “de expansão 
do plantio (e posteriormente da produção) encadeadas com fases em 
que os preços se deprimem. 
27 CANO, Wilson, op. cit., p. 119
28 Idem, ibidem, p. 119.
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Na fase de expansão, grande parte dos recursos disponíveis são 
investidos na formação das plantações, e, com a chegada dos preços 
baixos, fazendo baixar a lucratividade média da cafeicultura, criam-
se condições para que parte dos lucros cafeeiros sejam investidos 
em outros segmentos do complexo (bancos, estradas, indústrias, 
usinas, etc.)”. Pode ocorrer, porém uma grande onda de expansão de 
plantio (por exemplo, a de 1886-1897) e assim mesmo os fazendeiros 
diversificavam o investimento de seus lucros, possibilitando, apesar da 
alta do café, a transformação de parte do capital cafeeiro em capital 
industrial. “As plantações feitas no início dessa onda (1886), cinco 
anos depois, começam a produzir e a gerar lucros (1891) enquanto 
ainda segue a onda expansionista para as demais frações do todo 
cafeeiro. Assim, parte desses novos lucros (e, evidentemente, parte dos 
lucros nesse momento gerados por plantações mais antigas) podem 
perfeitamente se transferir, direta ou indiretamente, da atividade 
nuclear para a indústria, mesmo que a expansão do plantio ainda siga 
por mais algum tempo.” 
Empresariado – Quando afirmamos que a formação industrial 
brasileira está intimamente vinculada ao processo de gestação e 
diversificação da economia cafeeira, não queremos dizer que os 
fazendeiros de café foram os únicos a investir em indústrias. 
Também os comerciantes o faziam, como vimos, além dos bancos e 
dos investimentos diretos feitos tanto por firmas estrangeiras como 
por um pequeno número de imigrantes ricos ou que aqui puderam 
enriquecer (ligados em geral às firmas importadoras). 
Entre os fazendeiros poderíamos citar Antonio Prado, ligado a vários 
empreendimentos industriais, entre outros o da fábrica de vidros 
Santa Marina; o Coronel Anhaia, que introduziu a máquina a vapor 
pela primeira vez na tecelagem paulista, fundando a Fábrica São Luis, 
de Itu, em 1869; o Coronel Rodovalho, fundador da primeira fábrica 
de cimento do Brasil, em 1897, e outros tantos. Entre os imigrantes 
empresários, devem-se ressaltar: Antonio Pereira Ignácio e Nicolau 
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Scarpa, envolvidos em diferentes ramos industriais tais como 
descaroçadores de algodão, uma companhia telefônica, fábricas de 
sabão e de tecidos, entre estas a Votorantim, de Sorocaba a segunda 
maior fábrica de São Paulo; Francisco Matarazzo, os irmãos Jaffet, 
Rodolfo Crespi, Pugliesi Carbone, Giovanni Briccola, Alexandre 
Siciliano, Giuseppe Martinelli e Francisco Schimidt acumularam 
fortunas enormes através de investimentos nos mais variados setores 
da economia, tanto na indústria como na agricultura, no comércio e 
nos bancos. 
Com o passar dos anos foi havendo um entrosamento perfeito entre as 
famílias e os interesses desses empresários imigrantes e dos fazendeiros 
de café. 29 Estava-se formando, nesse processo, uma nova classe social 
no Brasil, a burguesia. Esta formação estava apenas se iniciando no 
período que ora nos ocupa. Não se tratava, ainda, de um processo 
acabado. Surgiam os primeiros empresários industriais; começavam a 
cristalizar-se os primeiros interesses burgueses propriamente ditos. 
A burguesia, porém, ainda não se tornara uma “classe para si”, isto é, 
não conseguira formular um projeto político próprio. Compunham-na 
empresários capitalistas que aqui tinham o centro de seus negócios e o 
grosso de seu capital; capital este que aqui tinha-se originado, em sua 
maior parte pelo menos. Fossem brasileiros natos ou não, enquanto 
formavam eles, em seu conjunto, uma fração de classe com interesses 
próprios e diferenciados dos interesses das burguesias européia e 
norte-americana. Seus interesses muitas vezes conflitavam com os 
objetivos das empresas estrangeiras. Essas contradições, porém, não 
eram antagônicas. A burguesia dita nacional já nascera associada e 
dependente do capital estrangeiro.
O mercado mundial, do qual faz parte o mercado brasileiro, já havia 
sido dividido pelas burguesias imperialistas entre si. 
29 DEAN, Warren, op. cit. pp. 75-88.
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A burguesia nacional brasileira, assim como a burguesia dos países 
economicamente atrasados em geral, não tem acesso direto a esse 
mercado mundial a não ser em circunstâncias muito especiais. Esse 
mercado é fechado e defendido pelo imperialismo, que o explora e 
monopoliza. As burguesias nacionais atrasadas só tem acesso a ele 
quando associadas ao imperialismo, que compartilha, então, com elas, 
os lucros. Cabendo sempre às burguesias nacionais, evidentemente, a 
parte de sócio menor. É o que vimos no caso do café. A acumulação e 
formação do capital cafeeiro deu origem, em boa medida, à burguesia 
nacional brasileira, porém, concomitantemente, gerou somas 
fabulosas para o imperialismo, sempre presente e associado às várias 
fases da produção, transporte, financiamento e exportação do café. 
Além de tudo que já foi dito nas páginas anteriores, basta lembrar, 
de passagem, que por volta de 1913, “apenas 2 firmas brasileiras se 
incluíam entre as 15 maiores casas exportadoras de Santos.” 30
4. Investimentos Estrangeiros Diretos
Não foi só associando-se ao capital nacional que os ingleses marcaramsua presença. Fizeram inúmeros investimentos diretos na indústria, 
desde o século XIX, tanto em moinhos de trigo, como na mineração, 
indústria de calçados e nas primeiras usinas de açúcar. Até meados 
da década de 1880, todo o trigo consumido no Brasil era importado 
(embora na Colônia fosse produzido). Em 1886, organizou-se uma 
companhia inglesa a fim de instalar um moinho no Rio – a “Rio de 
Janeiro Flour Mills and Granaries, ltd.” –, usualmente conhecida como 
Moinho Inglês. “Um moinho moderno é uma unidade complexa que 
exige processos de produção em massa, maquinaria automática e 
uma hábil organização administrativa. Os acionistas do Moinho Inglês 
foram “amplamente recompensados”. Em 1893, a empresa distribuiu 
seu primeiro dividendo e desde estão nunca mais deixou de fazê-lo. 
30 MONBEIG, Pierre. Pionnniers et planteurs de São Paulo. Paris: Fondation Nacionale de Sciences 
Politiques, 1952.
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Em 1900, o dividendo foi de 10%, e, no ano seguinte, alcançou 17,8%. 
Em 1902, o mesmo representou 21,4% do capital e a companhia decidiu 
dar uma bonificação de 10 novas ações para cada 7 antigas, e a dobrar 
seu capital. Depois disto, os dividendos nunca foram inferiores a 15% 
até após a I Guerra Mundial.”31
Os britânicos mantiveram ainda o monopólio do mercado de linhas 
de coser, antes da I Guerra, produzindo em sua fábrica instalada em 
São Paulo, a “J.&P. Coates (Machine Cottons, ltd.)” A firma escocesa 
“Clark Shoe Company” vendia sapatos para o Brasil desde antes de 
1840, chegando a manter 30 filiais em todo o nosso território e aqui 
passando a produzir diretamente seus calçados a partir de 1898, 
como uma das precursoras de um processo que se intensificaria na 
década de 1930 e que seria conhecido como de “substituição de 
importações”. Também a “São Paulo Alpargatas Company” era firma 
inglesa do mesmo ramo.
Na mineração, a presença britânica também era grande. A 
decadência do ouro no final do século XVIII tinha-se traduzido numa 
impossibilidade de se continuar explorando tal minério por meio 
de processos rudimentares como os que até então eram utilizados 
nas lavras. Com o esgotamento do ouro nas camadas superficiais foi 
necessário procurá-lo nas profundidades, o que já exigia grandes 
somas de capital, conhecimentos especializados e máquinas. Das 22 
grandes firmas de mineração que exploraram ouro em Minas Gerais 
no século XIX, 14 eram inglesas, 7 brasileiras e 1 francesa. Só duas 
alcançaram êxito, inglesas por sinal: a “SaintJohn d’El Rey Mining 
Company”, de Morro Velho, e a “The Ouro Preto Golden Mines of 
Brazil”, da mina da Passagem.
Nem sempre, porém, os capitalistas estrangeiros tinham interesse em 
desenvolver a mineração. 
31 GRAHAM, Richard, op. cit., p. 153.
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Além do ouro, o manganês talvez seja a única exceção, pois sua 
exploração foi iniciada durante a I Grande Guerra, em Minas Gerais, 
por uma subsidiária da “United States Steel Corporation”, a Companhia 
Meridional de Mineração. Já no que diz respeito ao minério de 
ferro, os próprios grupos financeiros internacionais obstaculizaram 
sua exploração durante anos. No início do século vários grupos 
estrangeiros, entre eles a “Itabira Iron Ore Co.”, ligada à casa Rothschild, 
“tinham adquirido a maior parte das vastas áreas do Estado de Minas 
Gerais onde se encontram as ocorrências do minério”. 32 
O objetivo de tais grupos era apenas obter o controle das reservas 
brasileiras e impedir seu acesso a concorrentes. Somente depois de 
1930 é que o Brasil começou efetivamente a exportar o minério. Sua 
exploração industrial em grande escala se deu com a instalação do 
alto-forno da Belgo-Mineira em Sabará, em 1921, firma formada de 
capitais franco-belgo-luxemburgueses.
Pequena e Grande Indústria – A maneira como se desenvolveu a 
siderurgia e a metalurgia no Brasil é típica dos países economicamente 
atrasados. Em 1864, segundo o Conselheiro Crispiniano Soares, 
Presidente de Minas Gerais, havia naquela província 120 “fábricas de 
ferro”, entre grandes e pequenas. Algumas vinham do início do século 
passado, como foi o caso da Fábrica de Ferro do Prata, em Congonhas 
do campo, organizada pelo engenheiro alemão Eschwege. Ao lado 
da Real Fábrica de Morro do Pilar, dirigida pelo Intendente Câmara, 
nas proximidades do Tijuco, atual Diamantina, e a fábrica de Ipanema 
na região de Sorocaba, foi ela uma das primeiras a produzir ferro 
industrialmente no Brasil. Alguns anos mais tarde o engenheiro 
francês Monlevade instalaria um alto-forno e faria correr ferro gusa 
pela primeira vez em Minas Gerais. Além de enxadas, ferraduras, pás, 
machados, facões, por volta de 1850 esta fábrica produzia “engenhos 
de serrar madeira, moendas para cana, trituradores e aguilhões”. 33
32 PRADO JR., Caio, op. cit., p. 269.
33 ELLIS, M., op. cit., p. 25.
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Só na Mina de Morro Velho trabalhavam dia e noite 36 pilões, cujos 
trituradores eram blocos de ferro de oitentas quilos, substituídos a 
cada três meses e fabricados no Brasil.
Quase todas essas empresas malograram. Quando os trilhos da 
ferrovia D. Pedro II chegaram à zona metalúrgica, no último quartel 
do século, as fábricas aí existentes entraram em crise devido ao 
barateamento do preço do transporte e à rapidez com que os 
produtos similares importados, mais baratos, chegavam à região. 
Para enfrentar a concorrência dos produtos estrangeiros teria sido 
necessário, além da proteção alfandegária, diminuir os custos de 
produção mediante uma mecanização a mais completa possível e 
uma organização racional do trabalho em todos os níveis. Ora, isso 
era impossível numa sociedade politicamente dependente que não 
produzia as máquinas de que necessitava e onde predominava o 
trabalho escravo. O aparecimento de fábricas modernas e a abolição 
da escravatura abalaram profundamente o regime herdado do longo 
passado colonial, abrindo um período de transição que dura até os 
dias de hoje. A questão agrária e a completa independência nacional 
em relação ao imperialismo continuam, porém, sem solução, o que 
tem impedido o livre desenvolvimento da indústria sobre bases 
realmente nacionais.
Ainda sobre a siderurgia poderíamos observar o seguinte: as 
fundições e “fábricas de ferro” do século XIX não deram origem à 
moderna siderurgia brasileira instalada em meados do século XX. Não 
se verificou, no Brasil, um crescimento e concentração das pequenas 
e médias empresas para dar origem à grande empresa industrial 
moderna, ao contrário do que ocorrera na Inglaterra e nos países hoje 
altamente industrializados. A siderurgia moderna já nasce sob a égide 
da grande indústria e com um grau precoce de concentração, sendo 
implantada pelo capital financeiro internacional ou pelo Estado, com 
raras exceções. O mesmo ocorre com a metalurgia, a indústria química, 
a mecânica e outros ramos de base da grande indústria. 
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É o caso da “Pullman Standad Car Export Corporation”, instalada no 
Rio em 1913, como oficinas de montagem de material ferroviário. 
Carnes congeladas e enlatadas não resultaram da evolução das 
charqueadas do século XIX, mas foram diretamente criadas, em sua 
maioria, por frigoríficos pertencentes a firmas. Alguns anos depois, a 
Ford e a General Motors também se instalaram. Inclusive no tradicional 
ramo das indústrias alimentícias, o fenômeno pode ser observado: as 
grandes indústrias de subsidiárias de trustes internacionais, tais como: 
a Swift, Anglo, Armour, Continental e Wilson& Company instalaram-se 
durante a I Grande Guerra, ou pouco antes, e não visavam o mercado 
brasileiro, mas a exportação de carne para a Europa. 
Tecnologia Industrial - Essas grandes empresas, cuja presença 
imperialista aumenta cada vez mais a partir do início do século XX, 
trouxeram da Europa e dos Estados Unidos, uma tecnologia avançada 
e métodos de organização do trabalho que eram o resultado de toda 
uma evolução do capitalismo durante já mais de um século. Essa 
tecnologia, portanto, não nasceu aqui, não foi fruto de uma longa 
experiência acumulada por um artesanato local durante séculos, 
utilizada em seguida nas manufaturas e, posteriormente, graças à 
divisão do trabalho cada vez mais acentuada, desenvolvida em ritmo 
acelerado. Nada disso ocorrera aqui. Isso foi o que ocorreu na Inglaterra, 
que é o exemplo clássico por ter sido o berço da indústria moderna.
Os demais países hoje industrializados aproveitaram-se em parte da 
experiência inglesa, porém desenvolveram, a partir daí, uma tecnologia 
própria. Já no Brasil, ocorreu o fenômeno seguinte: os processos de 
fabricação continuaram rudimentares e primitivos durante o século 
XIX. Quando se implantaram as ferrovias, o telégrafo e as primeiras 
indústrias, uma tecnologia importada aperfeiçoadíssima passou a 
coexistir com os métodos rudimentares que não desapareceram 
completamente, sobrevindo até os dias atuais. Num mesmo processo, 
combinam-se técnicas avançadas herdadas do passado colonial.
Na industria têxtil, por exemplo, o surgimento de grandes fábricas 
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modernas não implicou o desaparecimento da produção doméstica, 
artesanal ou manufatureira. Isso também ocorre nos países capitalistas 
avançados. Porém aqui a desigualdade ainda é mais acentuada. 
Entretanto, apesar da coexistência verificada acima, a própria dinâmica 
da acumulação tende a eliminar a produção artesanal e manufatureira 
em beneficio da grande indústria. Essa eliminação, porém, nunca 
é completa. Pelo contrário, o capitalismo cria e reproduz formas 
atrasadas de produção, não só no interior de uma nação mas também 
a nível internacional.
5. Concentração
A concentração de capitais e da indústria é outra característica do 
desenvolvimento do capitalismo. Isso fez com que certas cidades e 
regiões brasileiras fossem se tornando cada vez mais industrializadas, 
enquanto outros Estados, como os do centro-oeste e o do Espírito 
Santo, quase não possuíssem indústrias no período que estamos 
estudando. O Rio de Janeiro (área do antigo Distrito Federal), até 1889, 
detinha 57% do capital industrial brasileiro. Suas fábricas tinham uma 
dimensão média superior à dimensão média das fábricas paulistas.34
 
O censo de 1919 reflete o aceleramento da concentração industrial 
no Estado de São Paulo nos anos anteriores. “Em dez dos vinte ramos 
industriais, essa indústria (paulista) concentrava mais de 30% da 
produção nacional similar e, em cinco ramos, o grau de concentração 
atingia níveis superiores a 45%.” 35 Na década seguinte, a concentração 
em São Paulo torna-se efetiva com a instalação de um compartimento 
produtor de bens de produção (ainda incipiente): fábricas de cimento, 
aço, metalurgia mais complexa e indústria química com plantas de 
maior porte. O desenvolvimento desigual do país pode ser visto nas 
cifras seguintes, relativas à porcentagem do valor bruto da produção 
industrial de alguns Estados em relação ao total do Brasil, no ano de
34 CANO, W., op. cit., p. 245.
35 Idem, ibidem, pp. 240-242.
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1919: São Paulo: 31,5%; antigo Distrito Federal e Estado do Rio: 28,2%; 
Rio Grande do Sul: 11,1%; Pernambuco: 6,8%; Minas Gerais 5,6%; 
Paraná: 3,2%; Bahia: 2,8%; Santa Catarina: 1,9%; Região Norte no seu 
conjunto: 1,3%; Goiás e Mato Grosso juntos: 0,4%.36
À medida em que aumentava o número de indústrias, crescia o 
mercado de trabalho e a população urbana, levando a um aumento de 
demanda por produtos industriais na própria cidade. O mercado em 
expansão atraía para as cidades, provocando nova expansão industrial. 
A população do município de São Paulo era de 31.385 habitantes em 
1872; passou a ser de 64.934 em 1890, atingindo, em 1900, 239.820 
habitantes. No final do período que estamos estudando, isto é, em 
1920, ela já era de quase 580.000 habitantes. Esse crescimento urbano, 
verificado também, embora em menores proporções, em outras 
capitais brasileiras, trouxe como conseqüência um crescimento do 
ramo industrial da construção civil.
As empresas construtoras eram de capitalistas brasileiros ou 
imigrantes. Porém todos os serviços de grande vulto ligados à infra-
estrutura urbana que se ia desenvolvendo pertenciam a empresas 
estrangeiras ligadas ao capital financeiro internacional. A primeira 
usina elétrica paulista começou a funcionar em 1901, e pertencia a 
uma firma internacional constituída por capitais ingleses, belgas e 
franceses. Em 1904, organizou-se no Canadá, com capitais ingleses 
principalmente, uma firma que viria a concentrar em suas mãos a 
maior parte dos serviços públicos de São Paulo, Rio de Janeiro e toda a 
região circunvizinha: a Light & Power, proprietária de nossas empresas 
de gás, água, esgotos, luz e energia elétrica, transportes urbanos e 
telefone. Alguns anos depois, uma subsidiária da Eletric Bond & Share, 
o maior truste mundial de produção e distribuição de energia elétrica, 
passaria a assegurar o fornecimento de energia elétrica e serviços 
conexos para o Estado da Bahia, parte de Minas Gerais, Paraná, Santa 
Catarina e Rio Grande do Sul, além de certos Estados do nordeste. 
36 Idem, ibidem, pp. 298.
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Esse crescimento urbano vinculado à expansão industrial também 
se verificou em outras cidades, como por exemplo, Porto Alegre, 
Blumenau, Belo Horizonte e Recife. “A correlação que se observa entre 
a industrialização e crescimento demográfico não se explica pelo 
aumento do emprego industrial, que por si só absorve geralmente 
uma fração muito pequena e decrescente da população ativa da 
cidade. (...) O que acontece é que o desenvolvimento da indústria 
acarreta forte expansão do setor terciário da economia. 
Os assalariados industriais gastam grande parte de seu rendimento 
em serviços pessoais: educação, saúde, recreação, higiene, esporte, 
etc. Além disso, a indústria apresenta forte demanda por serviços 
especializados: de transporte, financeiros, seguros, consultoria técnica, 
jurídica, propaganda” 37 etc.
Apesar de absorver uma parcela pequena da população ativa, o que se vê, 
portanto, é que a indústria foi o fator principal do crescimento urbano.
Capital Financeiro - Para finalizar, é necessário precisar um pouco 
mais a questão do papel do capital financeiro internacional no 
desenvolvimento da indústria no Brasil, naquele período histórico. 
Como se sabe, nas últimas décadas do século XIX verificou-se 
um grande desenvolvimento das forças produtivas em escala 
internacional, inclusive no Brasil. A concentração de indústrias e de 
capitais na Europa e nos Estados Unidos acelerou-se fazendo surgir, 
no final do século passado, e início deste, cartéis e trustes gigantescos 
que influenciavam, e até mesmo subordinavam os governos de seus 
países, passando em seguida a dividir o mercado mundial entre si. À 
divisão dos mercados seguiu-se uma divisão política do mundo em 
áreas de influência das grandes potências. No decorrer deste processo, 
desapareceu a livre concorrência e surgiram os monopólios. 
Os bancos passaram a jogar um papel cada vez maior na produção industrial.37 SINGER, Paul. Desenvolvimento Econômico e Evolução Urbana. São Paulo: Cia. Editora Nacional, 
1974, pp. 368-369
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Da fusão do capital industrial com o capital bancário surgiu o capital 
financeiro, característico desta etapa de capitalismo denominada 
imperialismo, em que o sistema passou a apresentar sintomas de 
decadência a nível mundial, principalmente após o final da guerra de 
1914-18.
Já não eram apenas firmas ou empresas estrangeiras que investiam 
seu capital diretamente no Brasil. Os bancos começaram a jogar, aqui 
também, um papel cada vez maior no processo de implantação de 
indústrias. Os fazendeiros de café haviam criado alguns bancos antes 
da República, como o Banco União, por exemplo, porém, foi a partir de 
1890 que se verificou uma expansão do sistema bancário no Brasil. 
Com a crise bancária de 1900 nada menos de 17 bancos nacionais foram 
à falência. No período 1896-1906. “são inúmeras as transformações 
bancárias que ocorrem, como falências, novos bancos, fusões, etc. (...). 
Tomando-se as informações para 1910, quando a situação bancária já 
está plenamente recuperada, nota-se que, dos 14 bancos existentes 
em São Paulo, 7 eram de propriedade estrangeira, detendo 70% 
dos ativos e 70% dos empréstimos e descontos bancários”. 38 O Brasil 
havia sido integrado no mercado mundial capitalista controlado 
pelas diferentes burguesias imperialistas. Sua integração tinha-se 
dado tardiamente, tendo sido feita sob a égide do capital financeiro 
internacional. A nação como um todo não conquistou ainda sua 
independência definitiva.
A debilidade social da burguesia que aqui se ia formando, sua origem 
rural, seus vínculos econômicos e de parentesco com os latifundiários, 
assim como sua dependência em relação ao capital estrangeiro com 
o qual estava, muitas vezes, associada, tornavam-na incapaz de 
solucionar a questão agrária, assegurando uma independência efetiva 
para o resto da nação em relação aos interesses imperialistas. Sem a 
solução dessas tarefas democrático-burguesas não poderia dar-se no 
país um autêntico processo de industrialização. 
38 CANO, Wilson, op. cit., pp. 56-57.
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Em conseqüência disso, o crescimento industrial sofreu inúmeras 
deformações e distorções, desde o início, como demonstramos nas 
páginas anteriores.
Porém, a indústria trouxera consigo um novo tipo de trabalhador: 
o proletário moderno. Suas condições de vida e de trabalho, suas 
origens e a forma como se deu, no Brasil, o processo de sua formação 
como classe constituem objeto de análise dos capítulos que formam 
a Parte 18 do presente volume.
Porém, a indústria trouxera consigo um novo tipo de trabalhador: 
o proletário moderno. Suas condições de vida e de trabalho, suas 
origens e a forma como se deu, no Brasil, o processo de sua formação 
como classe constituem objeto de análise dos capítulos que formam 
a Parte 18 do presente volume.
Estudamos aqui como se deu a formação e o estabelecimento 
do processo de industrialização brasileiro, a partir das atividades 
mercantis da produção cafeeira.
Na próxima aula, vamos nos dedicar a outras duas facetas deste 
processo, causa e, ao mesmo tempo, efeito das circunstâncias em que 
ele ocorreu: a urbanização da sociedade brasileira e o protagonismo de 
novos atores sociais. Estamos dando mais um passo, aliás, um grande 
passo, para a compreensão de nossa formação econômica. Até lá!
Referências Bibliográficas
BOCCHI, João Idelbrando. Século XIX: Renascimento Agrícola, Economia 
Cafeeira e Industrialização, item 4.4. As tentativas de industrialização 
no século XIX. In REGO, José M. e MARQUES, Rosa Maria. Formação 
Econômica do Brasil. São Paulo: Saraiva, 2003, p.85-89. 
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MENDES JR., Antonio et alii. BRASIL HISTÓRIA-Texto & Consulta, volume 
3: República Velha. Capítulo LXIX, Primeiras Fábricas e Formação do 
Capital Industrial. São Paulo: Editora Brasiliense, 1976, pp. 205-216

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