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Teorias e Técnicas Psicoterápicas Profª Valeria Telles Principais Abordagens Teóricas Terapias Baseadas na Teoria Psicanalítica: Psicanálise Psicoterapia de Orientação Analítica As chamadas terapias psicodinâmicas são frequentemente referidas como terapias expressivo-suportivas. Ela é uma terapia mais exploratória e expressiva quando seu objetivo preferencial é a análise das defesas, da transferência e obtenção de insigth sobre conteúdos inconscientes. É mais suportiva quando se propõe a fortalecer as defesas e suprimir os conflitos inconscientes. Psicanálise Psicanálise significa, literalmente, dividir a mente em seus elementos constitutivos e nos seus processos dinâmicos. Significa, na prática: Um conjunto de teorias psicológicas sobre o funcionamento mental, sobre a formação da personalidade e de aspectos do caráter, tanto aqueles considerados normais como os psicopatológicos (sexualidade infantil, inconsciente dinâmico, conflito psíquico, mecanismos de defesa e formação dos sintomas são alguns dos conceitos-chave). Um método ou procedimento de investigação de conteúdos mentais, especialmente os inconscientes (livre associação, análise dos sonhos, análise da transferência). Um método psicoterápico que se propõe a efetuar modificações no caráter por meio da obtenção de insight, mediante a análise sistemática das defesas, na chamada neurose de transferência. A Técnica da Psicanálise O analista adota uma atitude neutra, sentando-se às costas do paciente, não havendo um contato visual direto. O paciente é convidado a expressar livremente e sem censura seus pensamentos, sentimentos, fantasias, sonhos, imagens, assim como as associações que lhe ocorrem, sem prejulgar sua relevância ou significado (regra fundamental da livre associação). O terapeuta senta atrás do divã, mantendo uma atitude de curiosidade e de escuta atenta. Faz o paciente observar determinadas conexões entre fatos de sua vida mental (interpretação), particularmente emoções e fantasias relacionadas com a pessoa do terapeuta (transferência), que passam despercebidas e refletir sobre o seu significado subjacente (inconsciente). Em virtude da neutralidade, da repetição frequente das sessões e do divã, se estabelece uma regressão e uma relação transferencial por parte do paciente, que passa a deslocar para a pessoa do terapeuta pensamentos e sentimentos, voltados, originalmente, para pessoas importantes do seu passado, repetindo padrões primitivos de relacionamento. Dessa forma, o passado se torna presente, na chamada neurose de transferência. Por intermédio das interpretações, centradas na análise e na resolução da referida neurose transferencial, o paciente poderá obter insight sobre tais padrões primitivos e desadaptados de relações interpessoais, compreender a origem de traços patológicos de seu caráter, reviver emoções perturbadoras associadas a figuras do passado (pai, mãe, irmãos), modifica-las e livrar-se dos sintomas. Um princípio básico da psicanálise é a elaboração. A interpretação repetitiva, a observação, a confrontação e a verbalização permitirão ao paciente elaborar seus conflitos, isto é, adquirir domínio sobre conflitos internos e sobre emoções avassaladoras a eles associadas. O terapeuta é neutro na medida em que evita fazer julgamentos sobre o que o paciente traz, procurando compreendê-lo. É abstinente na medida em que evita gratificar os desejos transferenciais do paciente, de que se comporte como pessoas do seu passado. Não revela detalhes de sua vida pessoal ou de sua família. A proposição tradicional de que o terapeuta deveria ser uma tela em branco evolui para a proposição atual, na qual ele deve ser natural e espontâneo, facilitando a relação terapêutica e não frio, distante e silencioso. A psicanálise utiliza habitualmente quatro sessões por semana (podendo variar de 2 a 5), com 50 minutos de duração cada sessão. As sessões acontecem sempre em horários preestabelecidos, podendo o tratamento durar vários anos. Aliança Terapêutica Uma relação terapêutica de boa qualidade é uma condição sine qua non para todas as terapias. Elementos da relação terapêutica: Vínculo com o terapeuta, aliança terapêutica ou aliança de trabalho. Designa a capacidade do paciente de estabelecer uma relação de trabalho com o terapeuta, em oposição às reações transferenciais regressivas e à resistência. Tem como primeiro objetivo ligar o paciente ao terapeuta. A aliança terapêutica é importante para o sucesso da terapia. Mas esta capacidade depende de um fator: a qualidade das relações de objeto. O paciente deve gostar do terapeuta e aceitá-lo (algumas patologias dificultam o estabelecimento desta relação, como personalidades esquizoides, paranoides, narcísicas). Objeto Refere-se a qualquer pessoa que tenha sido importante na vida de um indivíduo. A expressão “relações de objeto” refere-se às atividades e condutas em relação a esses objetos. Parte infantil internalizada, de pais internalizados e de uma relação entre estas figuras. Estas internalizações podem ser deslocadas para as figuras do presente. Transferência Acontecimento, laço, conexão, articulação com o paciente. Übertragung. Transferir uma coisa de um lugar para outro. Deslocamento. Pegar algo que está ali e trazer para cá. Deslocamento para um objeto da atualidade de todos os impulsos, defesas, atitudes, sentimentos e respostas experimentadas nas relações com os primeiros objetos de sua vida. Repetição de situações cujas origens se encontram no passado. São inconscientes, inadequadas ao contexto atual. Repetições de uma relação objetal do passado. A busca de satisfação do impulso nunca é completa. O indivíduo não é capaz de trazer à tona à consciência, os impulsos insatisfeitos. Vive-os repetidamente. Não reproduz como recordação e, sim, como ato. Transferência é também resistência à recordação. A resistência é aquela parte da função psíquica que se opõe ativamente ao trabalho terapêutico de trazer à consciência material inconsciente. Quanto mais intensa a resistência, mais o paciente se utilizará da ação da repetição em vez da recordação. No lugar de lembrar de acontecimentos do passado, o indivíduo revive-os, inconscientemente, em sua relação com o terapeuta. Se uma transferência se torna resistência, este é o maior obstáculo ao progresso do tratamento. Manejo da Transferência A estruturação do setting analítico (divã, sessões várias, associação livre, neutralidade do analista) promove a regressão do paciente e a repetição de elementos contidos nas relações de objeto primitivas. Concentração de conflitos = Neurose de transferência. O analista encontra-se no centro desta neurose. Induz-se o paciente a buscar uma nova solução. Contratransferência Refere-se às respostas psicológicas do terapeuta ao paciente, vistas como resultantes de conflitos neuróticos a serem superados. A contratransferência é vista hoje como parte legítima da relação terapêutica. Em geral, sua resposta emocional está mais próxima da realidade psíquica do paciente do que do juízo consciente que ele faz sobre o fato. Há a contratransferência perturbadora ou patológica. O terapeuta utiliza seus pacientes para gratificar impulsos inconscientes como: necessidade de amor e aprovação, voyeurismo, curiosidade, agressão, necessidades masoquistas, de controle e manipulação. Insigth Novo conhecimento do paciente sobre si mesmo. Principal fator curativo. Tornar consciente o inconsciente por meio da análise dos fenômenos transferenciais e da interpretação dos impulsos e mecanismos de defesa, provocando umareorganização de processos mentais, antes inconscientes.
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