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Formação de Professores para a Diversidade

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MATERIAL DIDÁTICO 
 
FORMAÇÃO DE PROFESSORES PARA A 
DIVERSIDADE 
 
 
 
 
 
 
U N I V E R S I DA D E
CANDIDO MENDES
 
CREDENCIADA JUNTO AO MEC PELA 
PORTARIA Nº 1.282 DO DIA 26/10/2010 
 
Impressão 
e 
Editoração 
 
0800 283 8380 
 
www.ucamprominas.com.br 
 
 
 
Site: www.ucamprominas.com.br 
E-mail: ouvidoria@institutoprominas.com.br ou diretoria@institutoprominas.com.br 
Telefone: (0xx31) 3865-1400 
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2 
 
SUMÁRIO 
INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................. 3 
UNIDADE 1 - O PROBLEMA DA DIVERSIDADE .............................................................................................. 6 
UNIDADE 2 - CULTURA E DIVERSIDADE ..................................................................................................... 17 
UNIDADE 3 - TRABALHANDO COM OS TEMAS TRANSVERSAIS .................................................................. 37 
CONCLUSÃO.............................................................................................................................................. 40 
REFERÊNCIAS ............................................................................................................................................ 41 
 
 
 
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INTRODUÇÃO 
 
Há pouco mais de dez anos, o Ministério da Educação publicou os volumes 
dos Parâmetros Curriculares Nacionais com orientações sobre o Ensino e a 
Educação no Brasil. A novidade destes documentos é que os parâmetros 
curriculares nacionais não trataram apenas de questões didáticas e conceituais 
das diferentes disciplinas, mas foram publicados também volumes sobre os 
Temas Transversais. 
Os temas transversais são um conjunto de elementos relativos à formação 
da cidadania, o que pede um complemento à formação dos profissionais em 
educação. Não se trata somente de consciência política, como foi predominante 
nas décadas de 1970 e 1980. A prática educacional deve estar voltada para a 
compreensão da realidade social e também da formação do indivíduo em relação 
à sua vida pessoal e coletiva e, evidentemente, os princípios da vida política. 
Os Temas Transversais são: 
 Ética; 
 Pluralidade Cultural; 
 Meio Ambiente; 
 Saúde; 
 Orientação Sexual; 
 Trabalho e Consumo. 
 
Os critérios de escolha desses Temas foram questões que englobam 
inúmeros aspectos da vida social e que possibilitariam a experiência concreta 
para a construção de uma identidade de democracia e cidadania. A urgência 
social são as questões que chamam à atenção dos estudantes e que se tornam 
obstáculos para a concretização da cidadania, por exemplo, o trabalho infantil. 
 
 
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A abrangência nacional, os títulos dos temas remetem à problemas que 
podem ser encontradas em todo o território nacional, mas há questões de caráter 
regional que devem ser analisadas nas escolas. 
A possibilidade de ensino e aprendizagem também foi um critério 
importante para orientação dos temas, assim como para a escolha dos projetos 
escolares, pois de nada adianta a escolha de temas interessantes para o universo 
adulto, se o conteúdo não faz sentido para o universo de crianças e adolescentes. 
Dessa forma, tanto a escolha dos temas para os projetos de trabalho, como a 
abordagem deverão ser feitas de tal forma que envolva o interesse e a 
participação dos estudantes. 
Por fim, favorecer a compreensão da realidade e a participação social 
é incentivar e capacitar os alunos a se posicionarem diante das questões que 
interferem na vida coletiva e que exigem um posicionamento responsável. Os 
Temas devem facilitar o aprendizado dos conteúdos escolares e também permitir 
a formação de cidadãos ativos e responsáveis. 
A inserção desses temas na elaboração do trabalho escolar e, em especial, 
no trabalho docente significa criar um eixo vertebrador em torno do qual orbitam 
as disciplinas escolares. Esse eixo é a formação para a cidadania. Isto não 
significa a desvalorização das disciplinas, nem mesmo o acréscimo de novas 
disciplinas no currículo, mas a criação de um elo entre o desenvolvimento 
cognitivo e motor dos estudantes – promovidos pelas disciplinas escolares – e o 
desenvolvimento de uma cultura de participação ativa da vida social. 
Os Parâmetros Curriculares Nacionais partem do princípio de que nossa 
sociedade não é homogênea: 
 
Ao se admitir que a realidade social, por ser constituída de diferentes 
classes e grupos sociais, é contraditória, plural, polissêmica, e que isso 
implica na presença de diferentes pontos de vista e projetos políticos, 
será então possível compreender que seus valores e seus limites 
também são contraditórios. (PCN, 1998, p. 23) 
 
 Ora, essa realidade social heterogênea e contraditória é reproduzida no 
espaço escolar e deve ser o ponto de partida para o trabalho de formação da 
 
 
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cidadania. A constituição da sociedade é um processo dinâmico, portanto, sujeito 
à transformações constantes. Sendo assim, a escola deve ser um agente 
transformador da sociedade para que haja tolerância entre as diferenças e ações 
efetivas contra a desigualdade. 
 
 
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UNIDADE 1 - O PROBLEMA DA DIVERSIDADE 
Prof. Dr. José Benedito de Almeida Júnior.
1
 
 
 Quando se utiliza o termo diversidade, pode-se dirigir a uma série de 
assuntos diferentes, porém que possuem alguns pontos em comum. O tema exige 
uma abordagem no processo de formação de professores, porque a Escola é um 
lugar onde ocorre a reprodução de fenômenos sociais, dentre eles o preconceito e 
a discriminação, isto é, isolar, humilhar, perseguir algum indivíduo ou grupo de 
indivíduos a partir de alguma característica que lhe seja ou lhes sejam 
particulares. Alguns casos, que serão brevemente apresentados aqui, são: 
a) O preconceito de gênero; 
b) O preconceito cultural; 
c) O preconceito racial ou étnico; 
d) O preconceito de classe; 
e) O preconceito religioso; 
f) O preconceito em relação aos portadores de necessidades especiais; 
 
 As minorias ficam mais visíveis na medida em que dois processos ocorrem: 
o primeiro é o de globalização que trouxe, inevitavelmente, a massificação ou a 
homogeneização de comportamentos e padrões do que é ou não “culturalmente” 
bom, correto, bonito. O segundo processo é justamente a busca por espaço social 
e geográfico das minorias que, organizadas politicamente, reivindicam sua 
visibilidade e a igualdade de condições com outros grupos da mesma sociedade. 
 Ocorre, também, o fenômeno de minorias majoritárias. Trata-se de um 
fenômeno bastante comum, no qual a maioria da população é excluída de 
determinadosdireitos ou de condições sociais iguais a de um pequeno grupo que 
 
1
 José Benedito de Almeida Júnior é doutor em Ética e Filosofia Política pela Universidade de São 
Paulo – USP – e professor de Prática de Ensino em Filosofia, na Universidade Federal de 
Uberlândia. 
 
 
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goza de determinados privilégios oficialmente estabelecidos ou socialmente 
produzidos. O apartheid, da República Sul-Africana, era um exemplo de 
sociedade que criou uma minoria (no sentido de grupo socialmente excluído de 
determinados benefícios sociais) que é composta pela maioria da população. 
 Um outro caso, ainda em vigor, é o de estudantes da rede pública de 
ensino no Brasil, na Educação Básica, que, apesar de serem a maioria em 
relação aos estudantes da rede particular, não tem qualquer chance de competir 
em condições de igualdade com esses nos exames vestibulares das 
Universidades Públicas. 
 Em todo o mundo surgiu o fenômeno das ações afirmativas, isto é, 
propostas de lei que têm por objetivo mitigar a desigualdade social decorrente de 
condições históricas e culturais. São “medidas compensatórias”, cujo objetivo é 
reduzir os efeitos das discriminações e preconceitos que afetam as minorias na 
sociedade. 
 As ações afirmativas são políticas públicas – que atingem também os 
setores privados – voltadas para a concretização do princípio constitucional de 
igualdade contra os efeitos das discriminações: de gênero, de idade, racial ou 
étnica, de origem nacional e de compleição física. Como se vê, essas políticas 
ainda não atingem outras discriminações que ocorrem no cotidiano e que nas 
escolas se tornam um grande problema: trata-se do preconceito sobre os 
regionalismos. 
 No ambiente escolar há dois elementos que são fundamentais observar. O 
primeiro é o combate ao assédio moral, assunto geralmente tratado em 
ambientes de trabalho e do qual a escola não escapa. O assédio moral ocorre nas 
relações entre os funcionários da escola, especialmente, entre direção, 
coordenação, supervisão e professores e se refletem também nas relações entre 
professores e alunos. É o caso de diretores que quando dão exemplo de coisas 
erradas citam sempre os mesmos professores ou suas aulas e atividades como 
exemplo de fracassos. E esses se sentem Inferiorizado, menosprezado, traído, 
sem valor, constrangido. 
 
 
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 O assédio moral é a exposição de um trabalhador ou trabalhadora à 
situações humilhantes e constrangedoras, repetitivas e prolongadas durante o 
exercício da função. Em geral, o assédio moral ocorre em relações hierárquicas 
de superior para inferior, mas também entre cargos iguais, como o entre docentes 
e de inferior para superior na hierarquia escolar. 
 Dentro da sala de aula, também podem ocorrer situações de assédio 
moral, quando um professor ou professora “persegue” um estudante seja com 
piadas, seja com broncas constantes ou ainda humilhando, desprezando ou 
tomando-o sempre como exemplo do que está errado, pois trata-se de utilizar o 
poder decorrente do cargo para tratar um outro indivíduo de forma desumana. 
Ora, da mesma forma, pode ocorrer o assédio moral de professores por parte dos 
alunos, quando o docente é constante alvo de ironia, de desrespeito e não 
consegue exercer sua função. Esse tem sido o motivo de uma série de problemas 
de ordem psicológica que levam muitos docentes a abandonarem a profissão ou 
afastarem-se para tratamento médico. 
 
 O preconceito de gênero 
 
 O sexismo e a homofobia podem ser definidos como preconceitos de 
gênero ou preconceito em relação à diversidade sexual. Em geral, trata-se de 
discriminar um indivíduo ou um grupo social por causa de seu gênero sexual. O 
projeto de lei contra a homofobia (PLC 122/06) torna crime a discriminação por 
gênero, sexo, orientação sexual e identidade de gênero. Em reportagens 
recentes, destaca-se a diferença entre os salários de homens e mulheres quando 
ocupam os mesmo cargos, destacando que os salários das mulheres são mais 
baixos; assim como também o número de mulheres em cargos de comando é 
bem menor do que o de homens. 
 Para fazer frente ao problema do sexismo e da homofobia formaram-se 
inúmeras associações de defesa do direito das mulheres – conhecidos 
popularmente como movimentos feministas e movimentos LGBTTTS (lésbicas, 
 
 
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gays, bissexuais, travestis, transexuais, transgêneros e simpatizantes). Tais 
movimentos têm por objetivo dar visibilidade ao problema do sexismo e suas 
propostas são as mais diversas, desde soluções radicais, até soluções mais 
brandas. 
 Do ponto de vista teórico, formularam-se algumas propostas contra o 
sexismo nos processos escolares. Trata-se de analisar os fundamentos do 
androcentrismo, isto é, a organização da sociedade segundo modelos e padrões 
que valorizem o universo masculino em detrimento do feminino. Neste sentido, a 
projeção de algumas mulheres no cenário nacional e internacional vem contribuir 
para a eliminação desse tipo de preconceito. Vejamos o que afirmam Sastre e 
Fernández a este respeito: 
 
A incorporação das mulheres ao cenário da vida pública e a valoração 
positiva que seu estilo de atuação tem recebido, em todos os setores em 
que elas foram aceitas, colocaram em dúvida a veracidade dos 
postulados subjacentes ao androcentrismo. Mulheres e homens 
passaram por experiências suficientes para experimentar vitalmente que 
existem diferentes visões de mundo e que cada uma delas tem seus 
aspectos positivos e negativos. (SASTRE e FERNÁNDEZ, 1999, p. 153). 
 
 Para reverter essa situação, as ações afirmativas têm demarcado um 
espaço bastante sugestivo: por lei, os partidos políticos devem reservar até 30 % 
das vagas para as mulheres que desejam ser candidatas a cargos eletivos. Essa 
lei recebeu forte apoio popular e, pelo número de mulheres que ocupam cargos 
no legislativo e no executivo em todos os níveis no Brasil, percebe-se que este 
preconceito perde espaço. 
 A homossexualidade é um outro tema que chama a atenção sobre o 
preconceito e a formação para a diversidade é a tolerância em relação à 
homossexualidade ou homoafetividade. Até recentemente, pessoas públicas que 
ocupavam cargos públicos de poder ou o comando em grandes empresas, 
quando tinham sua vida privada “descoberta” deviam renunciar a esses cargos. 
Mesmo pessoas famosas não apresentavam seus cônjuges publicamente para 
não expor-se à execração pública. 
 
 
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 Um outro tema relativo a isso que tem tomado espaço na mídia é a luta 
entre conservadores e progressistas a respeito do “casamento gay”. Trata-se de 
formalizar o contrato de casamento entre pessoas do mesmo sexo. Em alguns 
países, já há lei regulamentando e em outros há forte resistência. Destacamos 
comoum dos mais fortes símbolos da luta pelo fim do preconceito contra a 
homossexualidade o cantor inglês Elton John, a já falecida cantora brasileira 
Cássia Eller e o filme premiado com o Oscar em 2009: Milk. 
 
O Preconceito cultural 
 
 Há diversas formas de preconceito cultural, a título de exemplo 
destacamos: o linguístico, o escolar, o de comunidade. O preconceito linguístico 
se caracteriza pela classificação de “errado” ou “certo”, relativamente aos 
regionalismos, tanto no que se refere às construções gramaticais quanto à 
pronúncia. 
 Nesse sentido, Magda Soares (2000) explica-nos que o conceito de 
“deficiência linguística” entendido como afastamento da linguagem correta, é 
inaceitável do ponto de vista sociolinguístico: 
 
Do ponto de vista linguístico, ou sociolinguístico, o conceito de 
“deficiência linguística” é um desses estereótipos, resultado de um 
preconceito, próprio de sociedades estratificadas em classes, segundo o 
qual é “superior”, “melhor” o dialeto das classes socialmente 
privilegiadas; na verdade, essa “superioridade” não se deve a razões 
linguísticas, ou a propriedades inerentes a esse dialeto, mas a razões 
sociais: o prestígio de que essas classes gozam, sobretudo a seu 
dialeto. Os demais dialetos – de grupos de baixo prestígio social – são 
avaliados em comparação com o dialeto de prestígio, considerado a 
norma-padrão culta, e julgados naquilo em que são diferentes dessa 
norma, “incorretos”, “ilógicos”, e até “feios”. (SOARES, 2000, p. 41). 
 
 O preconceito escolar costuma confundir a cultura com escolarização, o 
que leva a uma postura equivocada. Podemos tomar como exemplo de 
preconceito cultural a seguinte afirmação de Montserrat Moreno: 
 
 
 
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Os estudantes de um meio cultural rico, em cujas famílias 
frequentemente se fala de questões relacionadas à ciência e à cultura, 
costumam estabelecer a ponte entre o científico e o cotidiano de maneira 
espontânea; entretanto, nesta posição encontra-se apenas uma parte 
muito pequena da população escolar. (MORENO, 1999, p. 53). 
 
 É inadmissível utilizar termos como meio cultural rico ou meio cultural 
pobre. Em primeiro lugar, o que vem a ser uma cultura pobre ou uma cultura rica? 
Quando se utiliza o desenvolvimento científico ou o grau de urbanização para 
diferenciar-se culturas, na verdade, está-se tomando uma cultura (que valoriza a 
ciência e a urbanização) como referência de padrão cultural. Assim, as 
sociedades industriais como França, Inglaterra e Estados Unidos costumam 
definir-se como mais desenvolvidos ou mais ricos culturalmente do que 
sociedades africanas, latinas e asiáticas. 
 Da mesma forma que, na citação acima, a autora chama de meio cultural 
rico o meio cultural que valoriza os assuntos escolares, no caso explicitamente o 
discurso científico. Ora, se tomarmos como exemplo uma criança de uma 
comunidade que não pratica no cotidiano o discurso científico, mas que pratica os 
conhecimentos relativos à agricultura, ou ao comércio ou ainda à manifestações 
culturais como danças e cantos folclóricos; podemos chamar esse mundo de 
culturalmente pobre? 
 Assim, quando se quer diferenciar a norma gramatical da norma popular, 
em geral, chama-se a primeira de norma culta o que demonstra um preconceito a 
priori, pois está atribuindo o termo cultura ao modo de se expressar de um 
determinado grupo social e excluindo, consequentemente, outros grupos desse 
grupo. Porém, como não há pessoa sem cultura, o correto não é utilizar o termo 
norma culta para se opor à norma popular, mas norma gramatical, pois trata-se de 
seguir as normas da gramática aceitas oficialmente. 
 
O preconceito racial ou étnico 
 
 Esse tipo de preconceito ocorre já mesmo em sua formulação. Falava-se, 
até algum tempo atrás em preconceito racial sem mais questões até que se 
 
 
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propôs como tema a seguinte questão: a humanidade é composta por raças 
diferentes? Ainda que haja divergências sobre este tema, é certo, para a maioria 
dos pesquisadores, que a humanidade é composta por uma única raça, 
diferenciada em etnias. 
 No caso do Brasil, o preconceito étnico manifesta-se tanto do ponto de 
vista cultural como do econômico. As expressões e piadas “racistas” 
(especialmente em relação às pessoas afro-descendentes) faziam e fazem parte 
do cotidiano escolar. Do ponto de vista econômico, estudos mostram que as 
pessoas afro-descendentes estão em menor número nos cargos de comando e 
seus salários são mais baixos dos que os de outros. 
 As ações afirmativas sobre o problema do preconceito étnico vem sendo 
um motivo de grandes debates especialmente no que se refere às cotas raciais 
em vestibulares de universidades públicas. Trata-se de uma ação afirmativa que 
tem por objetivo reparar a injustiça histórica vivida pelas sociedades que eram 
escravocatas, qual seja, as pessoas negras tem menos acesso aos serviços 
públicos como saúde e educação e, por consequência deste último, são 
prejudicados nos exames vestibulares. 
 Além disso, já há inúmeros casos de processos por racismo, ou seja, o 
preconceito tem sido coibido pela lei. Trata-se, agora, de formar novas gerações 
que não precisem da lei para evitarem o preconceito, mas que tenham no respeito 
pela diferença um valor inquestionável. 
 
Preconceito de classe 
 
 Esse tipo de preconceito é caracterizado pela discriminação social tomando 
como referência a capacidade financeira ou de consumo. Esse tipo de 
preconceito foi tema de debate em relação aos trabalhadores em serviços 
domésticos que eram obrigados a tomar somente o “elevador de serviço” e não o 
“elevador social” nos prédios de apartamentos. Na escola, esse tipo de 
preconceito se manifesta das mais diversas formas, em geral, relativamente ao 
 
 
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poder de consumo: marcas de tênis, roupas, marca do carro dos pais etc. 
Também em relação aos alunos “bolsistas” nas escolas particulares. 
 As discussões sobre cotas em vestibulares de universidades públicas têm 
levado a uma alternativa em relação às cotas raciais, que são as cotas por 
demanda social. Esse tipo de cota não leva em conta o critério de classificação 
das pessoas pela cor de sua pele, mas pelo fato de ter estudado, no mínimo ao 
longo do ensino médio, em escolas públicas. 
 Assim, independentemente da cor da pele, a injustiça histórica seria 
reparada, pois o problema – para os defensores desta política de afirmação – não 
é a cor da pele em si, mas a diferença entre a educação básica (ensinos 
fundamental e médio) ofertada nas escolas públicas e aquelas ofertadas em 
escolas particulares. Como as condições são absolutamente díspares, os exames 
vestibulares privilegiariam aqueles que tiveram condições financeiras de estudar 
em escolas particulares que preparam os alunos para esses exames. 
 
O preconceito religioso 
 
 Esse tipo de preconceito manifesta-se quando, por exemplo, um indivíduo 
ou um grupo de indivíduos é discriminado no meio social no qual convive em 
razão de seu credo ouda instituição religiosa a qual frequenta. Também, há o 
caso de preconceitos em relação aos ateus e vice e versa, ou seja, ateus que 
discriminam religiosos e religiosos que discriminam ateus. 
 A intolerância religiosa já causou verdadeiras catástrofes humanitárias, 
especialmente na Europa, mas este é um fenômeno recorrente em toda 
humanidade. As “guerras de intolerância” (como ficaram conhecidas) podem ser 
motivo de um estudo histórico e, a partir deste estudo, fazer uma reflexão sobre a 
situação atual do Brasil, propondo formas de convívio social tolerante entre 
pessoas de diferentes credos. 
 
 
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O preconceito em relação aos portadores de necessidades 
especiais 
 
 Os portadores de necessidades especiais vêm conseguindo, recentemente, 
uma série de conquistas para que possam ocupar os espaços na sociedade que 
antes lhes era negado: transporte coletivo adequado; acessibilidade em prédios 
públicos e particulares; em espaços de diversão e lazer e acesso ao mercado de 
trabalho. É importante destacar que, no Brasil, desenvolvem-se, especialmente 
nos cursos de pedagogia, as aulas de LIBRAS (Linguagem Brasileira de Sinais) 
cujo objetivo é a inclusão de surdos nas escolas regulares do Ensino 
Fundamental e do Ensino Médio. 
 As ações afirmativas para com os portadores de deficiência têm 
conseguido abrir espaços públicos para terem acesso, tanto aos serviços básicos, 
quanto ao lazer e ao trabalho. Desde a constituição de 1988, é assegurado o 
direito da acessibilidade, mas, só recentemente os prédios públicos e privados 
têm instalado elevadores e rampas para permitirem o acesso, tanto para os que 
vão trabalhar, como para os que vão aos hospitais e clínicas ou espaços de lazer 
como shoppings e cinemas. 
 Uma das maiores conquistas, no entanto, é a conquista de vagas em 
serviços públicos, como estabelece a lei 8112/90, no seu artigo 5º, § 2: 
 
às pessoas portadoras de deficiência é assegurado o direito de se 
inscrever em concursos públicos para provimento de cargo, cujas 
atribuições sejam compatíveis com a deficiência de que são portadores. 
Para tais pessoas são reservadas até 20 % das vagas oferecidas no 
concurso. 
 
 Nas escolas, o assédio moral pode ocorrer também nas relações de sala 
de aula, entre alunos, ou de alunos para professores ou ainda de professores 
para alunos. Para estes casos utiliza-se o termo bullying. Pode-se dizer que só 
recentemente o fenômeno do bullying tem sido como um grave problema escolar 
e a partir daí recebe um tratamento mais apurado. 
 
 
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 Pode ser definido como uma prática de agressividade repetitiva expressa 
por meio de humilhações e intimidações. Hoje, esse fenômeno é classificado 
como mais uma síndrome: a SMAR (Síndrome dos Maus-Tratos Repetitivos). 
Esse fenômeno era considerado comum nas escolas, típico da idade, mas com a 
crescente onda de denúncias e protestos, por causa das consequências que as 
vítimas sofrem – como dificuldade de ressocialização, perda do interesse nos 
estudos, traumas psicológicos, depressão etc. – atualmente, tornou-se motivo de 
estudos e propostas de intervenção. Os estudos apontam para a necessidade, 
não somente de se diagnosticar e reverter os quadros, mas antes de mais nada, 
de preveni-los. 
 Numa sociedade intolerante e agressiva, a escola se torna um lócus 
privilegiado de reprodução de relações desiguais e desumanas. Assim, a 
intolerância dos pais e da comunidade se reflete no convívio escolar, por isso, a 
intervenção da escola pode não se limitar aos alunos, mas deve ultrapassar seus 
muros e reverter os quadros de assédio moral também junto à comunidade. 
 Os projetos de trabalho (ver último item deste apostila) devem envolver o 
maior número possível de pessoas da comunidade escolar, não somente 
intramuros, pois seu objetivo não é o de ensinar o conteúdo de uma ou outra 
disciplina e sim, o de ser uma oportunidade de discutir graves problemas sociais 
que atingem o cotidiano escolar. Dentre esses, o bullying é sem dúvida um dos 
mais graves. 
 Sua origem se encontra no preconceito – que é a aversão a determinados 
grupos sociais – e na discriminação, quando esta aversão assume formas 
concretas de exclusão, humilhação e até mesmo agressão física. Por isso, o 
trabalho com a Pluralidade Cultural e, consequentemente, a formação de uma 
consciência para a tolerância étnica e cultural são importantes nas escolas. De 
certa forma, hoje, são até mesmo mais importantes do que o ensino dos 
conteúdos das disciplinas escolares. 
 Ferrari e Laureano, apontam para esse fenômeno no artigo Bullying – o 
desafio do combate à discriminação na escola: 
 
 
 
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Dessa forma, o bullying é hoje um dos temas que vem suscitando 
discussões importantes para a educação, visto que ele expõe a violência 
que está presente não somente nas escolas, mas que está servindo para 
organizar as relações entre os adolescentes, ao mesmo tempo em que 
se transforma num grande desafio: educar para o combate à 
discriminação e à violência, numa proposta para a paz e para o convívio 
com as diferenças. (FERRARI e LAUREANO, 2006, p. 50). 
 
 É importante destacar também que os casos de bullying envolvendo 
professores deve ser considerado como uma questão grave. Todos os anos 
profissionais deixam a sala de aula porque não conseguem mais exercer suas 
tarefas, uma vez que não encontram condições psicológicas de trabalhar. A 
violência e a indisciplina dos alunos assumem proporções assustadoras em 
grande parte dos estabelecimentos de ensino. 
 Muitas vezes, a indisciplina dos alunos é tratada como uma incompetência 
do professor e, para provar tal tese, alegam que como um profissional controla 
algumas salas com boa disciplina e outros não. Assim, o professor é o culpado 
pela indisciplina. Ora, poder-se-ia argumentar que um aluno responsável por um 
episódio de bullying tem boas relações com outros colegas, assim, a vítima passa 
a ser a responsável pela agressão que sofre. 
 Os Temas Transversais ética e pluralidade cultural não tem o objetivo 
somente de ensinar determinados conteúdos, mas principalmente estimular um 
convívio tolerante, respeitoso que admita as diferenças e a diversidade. 
 
 
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UNIDADE 2 - CULTURA E DIVERSIDADE 
 
 Os professores devem atentar-se ao problema da diversidade e, para tanto, 
devem ter uma noção do significa de cultura e de identidade cultural. 
 Para todas as sociedades, a cultura é transmitida por meio da educação 
dos mais jovens que vão recebendo as informações sobre os valores sociais 
positivos e negativos para aquela sociedade. Assim, a sociedade transmite às 
novas gerações os valores culturais de seus antepassados, sejam eles 
conhecimentos, histórias, técnicas, entre outros. 
 Em uma sociedade, na qual nãohá escolas, a transmissão da cultura 
ocorre pelo convívio dos mais jovens com a família e com o grupo adulto em 
geral, por exemplo, em sociedades de caçadores, a partir de determinada idade, 
os mais jovens acompanham os mais velhos nas caçadas para que comecem a 
aprender aquelas técnicas. Nestes casos, diz-se que o processo de educação é 
assistemático ou informal. Quando uma sociedade possui escolas, estas têm por 
tarefa transmitir parte dos conteúdos culturais, em geral, ligados ao 
desenvolvimento intelectual, e neste caso, diz-se que se trata de uma forma de 
educação sistemática ou formal. No entanto, neste tipo de sociedade, a 
transmissão da cultura não ocorre exclusivamente na escola, mas também na 
família e em outros ambientes, como os meios de comunicação, a comunidade, 
etc. Dessa forma, não se pode confundir a cultura erudita ou científica (da escola) 
com a cultura popular (da sociedade) e, principalmente, atribuir mais valor a uma 
do que a outra. 
 Todas as sociedades possuem sua própria cultura, manifestada em sua 
língua ou línguas, nas técnicas de manufatura, de construção, de agricultura, 
enfim, em todo o seu cotidiano. Os indivíduos que vivem nesta sociedade e que 
dela receberam a herança, compartilham a mesma identidade cultural, o que faz 
com que os indivíduos pertençam a um grupo, a uma comunidade, a uma nação 
etc. e, principalmente, se sintam pertencentes a ele. 
 
 
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 No entanto, é preciso lembrar, também, que as sociedades se influenciam 
mutuamente e que suas culturas, portanto, transformam-se na medida em que 
esses contatos surgem. Dessa maneira, a cultura de um grupo, de uma 
comunidade, etc., não é estática e sim dinâmica, logo, quando se fala em 
transmissão de valores culturais herdados dos antepassados não se trata de algo 
imutável, mas de algo que está sujeito a transformações a cada nova geração. 
Neste processo há permanências e transformações culturais. 
Como já havíamos dito, em termos de língua, por exemplo, costuma-se 
falar em norma culta e linguagem popular. O termo “norma culta”, no entanto, é 
carregado de preconceito, pois exclui o termo cultura da linguagem cotidiana. 
Ocorre que o termo mais adequado seria “norma gramatical’ e não norma culta. 
Da mesma forma, costuma-se dizer que uma pessoa é “culta” quando ela é bem 
informada, tem formação universitária, utiliza corretamente as normas gramáticas 
da língua, etc. No entanto, o que dizer de uma pessoa que conhece todos os 
pormenores da organização da festa de Folia de Reis? Por exemplo, os trajes, as 
danças, as músicas, os significados e a história dessa tradição; não pode ser dita 
também uma pessoa culta? 
 Um exemplo interessante da consciência de como se transmite a cultura e 
o valor que ela tem para cada sociedade pode ser encontrado no trecho abaixo. 
No século XIX, nos Estados Unidos, os estados da Virgínia e de Maryland 
assinaram um tratado de paz com os Índios das Seis Nações, uma organização 
que fez frente à colonização branca. Na solenidade, foi oferecida às nações a 
oportunidade de mandar mais jovens para serem educados nas suas escolas. 
Declinando do convite os chefes redigiram a seguinte resposta: 
 
Muitos de nossos bravos guerreiros foram formados nas escolas do 
Norte e aprenderam toda a vossa ciência. Mas quando eles voltaram 
para nós eram maus corredores, ignorantes da vida da floresta e 
incapazes de suportar o frio e a fome. Não sabiam como caçar o veado, 
matar o inimigo ou construir uma cabana, e falavam muito mal nossa 
língua. Eles eram, portanto, totalmente inúteis. Não serviam como 
guerreiros, como caçadores ou como conselheiros. 
Ficamos extremamente agradecidos pela vossa oferta e, embora, não 
possamos aceitá-la, para mostrar nossa gratidão concordamos que os 
nobres senhores da Virgínia nos enviem alguns de seus jovens, que lhes 
 
 
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ensinaremos tudo o que sabemos e faremos deles homens. (BRANDÃO, 
1984, pp. 8 – 9). 
 
 
 A importância da ciência antropológica para a formação de professores é 
o fato de que sua produção permite a compreensão de alguns elementos 
fundamentais da nossa sociedade. A antropologia pode ser dita como o estudo 
das alteridades (em latim, alter = outro) que permite compreender facetas das 
culturas de diferentes povos e comunidades dentro de povos. Cada cultura tem 
sua própria história e, portanto, suas próprias características, não cabendo 
qualquer classificação hierárquica entre elas. A partir disto, podemos 
compreender alguns conceitos fundamentais da antropologia, qual sejam: o de 
cultura, raça e etnia. Nas palavras dos PCNs (1998, p. 132): “Alguns temas, 
conceitos e termos da temática da Pluralidade Cultural dependem intrinsecamente 
de conhecimentos antropológicos, por se referirem diretamente à organização 
humana, na qual se coloca a diversidade.” 
 Sobre a cultura é preciso compreender que não existe pessoa sem cultura. 
A cultura é o conjunto de códigos simbólicos reconhecidos por um determinado 
grupo social a partir dos quais se produz conhecimentos e os valores morais. É 
por intermédio desses códigos simbólicos que o indivíduo é inserido nas 
obrigações do mundo adulto. 
 Sobre o conceito de raça, pode-se dizer que, apesar de ser utilizado 
constantemente, tem sido evitado cada vez mais pelas ciências sociais. Em 
primeiro lugar, porque o conceito de raça é oriundo das ciências biológicas e 
comprometeu-se com as teorias raciais (frenologia, fisiognomia, craniometria e 
outras) dos séculos XIX e XX que procuravam defender a tese de que a “raça 
branca” é superior às outras “raças” do planeta. Por outro lado, o conceito de 
“raça” é uma subdivisão do de “espécie” e seria preciso provar por meio da 
ciência que somos raças diferentes e nenhuma pesquisa apontou nesta direção. 
Por isso, pode-se concluir que não somos divididos em raças. 
 Desta forma, o melhor para caracterizar os seres humanos a partir das 
diferenças de estereótipos, mas ainda mais por critérios sociais e culturais é o 
 
 
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termo “etnia” e “grupo étnico”. As características culturais são mais importantes 
para definir a identidade de um indivíduo do que suas características biológicas. 
 
Há alguns anos, conheci em Nova York um jovem que não falava uma 
palavra em inglês e estava evidentemente perplexo com os costumes 
americanos. Pelo “sangue”, era tão americano como qualquer outro, pois 
seus pais haviam nascido em Indiana e tinham ido para a China como 
missionários. Órfão desde a infância, o rapaz fora criado por uma família 
chinesa, numa aldeia perdida. Todos os que o conheceram o acharam 
mais chinês do que americano. O fato de ter olhos azuis e cabelos claros 
impressionava menos que o andar, os movimentos dos braços e das 
mãos, a expressão facial e os modos de pensar que caracterizam os 
chineses. A herança biológica era americana, mas a formação cultural 
fora chinesa. Ele acabou retornando à China, seu verdadeiro lar. 
(KLUCKHOHN, 1963, p. 30 apud OLIVEIRA, 2005, p. 139). 
 
 Para que se realize um trabalho decombate à discriminação e ao 
preconceito, o professor deve estar preparado para discutir e apresentar a 
diversidade como um dado concreto de nossa sociedade que, ao contrário de ser 
um problema, é um elemento que a torna tão rica, do ponto de vista cultural. Uma 
vez compreendido que podemos ser diferentes, é preciso compreender que temos 
direitos iguais, ou seja, que as diferenças não devem ser apagadas, mas 
valorizadas. 
 Enfrentar a discriminação é tarefa importante e fundamental do trabalho 
escolar. A discriminação tem sua origem no medo e tornar explícito este elemento 
psicológico pode reverter o quadro de discriminação. A discriminação tem sempre 
dois pólos: no primeiro o medo apresenta-se como reação ao desconhecido, visto 
sempre como algo ameaçador da ordem psicológica ou social (cor de pele, 
hábitos e costumes diversos, forma de falar). No pólo em que se encontra o 
discriminado o medo é a ameaça permanente diante da discriminação, desde o 
assédio moral até a violência física contra o outro indivíduo. 
 Uma das melhores formas de se trabalhar esses “medos’ e, portanto, de 
mitigar a discriminação é com informação. Trazer à tona os saberes dos 
diferentes grupos étnicos, mostrar qual sua relação com as características desses 
grupos e, por fim, demonstrar que aos olhos dos outros nossos costumes também 
 
 
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são estranhos (lembremos do caso da carta dos índios norte-americanos) e que 
não se deve julgar uma cultura “estranha” ou “esquisita”. 
 
Os temas transversais e a formação do professor para a 
diversidade 
 
 A ideia dos temas transversais é justamente a de preparar os professores 
para uma nova realidade relativa ao ensino que não pode mais se conformar 
somente às ditas ciências tradicionais, as quais não perderam o valor, mas não 
são a única resposta que a escola pode e deve dar à sociedade. Como vimos 
mais acima, as sociedades que têm escolas transmitem parte de sua cultura 
neste ambiente, em geral, esta parte eram as ciências. No entanto, com a 
redução do papel da família no processo de educação dos jovens, assim com a 
crescente influência dos meios de comunicação, a escola precisa ter uma ação 
mais incisiva no processo de educação que vá além da transmissão dos 
conhecimentos científicos. Os temas transversais são: pluralidade cultural, ética, 
saúde, etc. 
 Em primeiro lugar, cumpre salientar que os temas transversais não devem 
ser tratados como novas disciplinas, pois isso iria apenas sobrecarregar as 
tarefas docentes, de secretaria, bem como os programas. Além disso, seria uma 
forma de dar a um novo conhecimento, uma abordagem tradicional que não 
contribuiria para sua melhor realização. Por exemplo, não faz qualquer sentido 
pensar em prova de Pluralidade Cultural, ou ainda, simulado com questões de 
múltipla escolha, como se se tratasse de um conteúdo, cujo tratamento deva ser 
igual ao das disciplinas tradicionais como língua portuguesa, história, matemática 
etc. 
 Para evitar o inconveniente do acúmulo de novos conteúdos a serem 
ensinados, trata-se de modificar a perspectiva e partir do princípio que o ensino 
das disciplinas tradicionais deve ter como sentido algo além de fazer com que os 
alunos decorem seus conteúdos, mas entender que o papel da escola, em nossa 
 
 
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sociedade, atualmente, exige mais do que o simples ensino de conteúdos 
científicos; é necessário que os professores, os dirigentes escolares e toda a 
comunidade tenha compreensão de que a escola deve contribuir para a formação 
da cidadania. 
 Dessa forma, os temas transversais não devem ser inseridos como 
elementos externos ou exógenos às disciplinas tradicionais, mas serem 
incorporados no processo de elaboração do curso e das aulas. Evidentemente, 
todo o corpo docente deve participar das discussões e tomar decisões sobre os 
temas transversais que deverão ser inseridos nos conteúdos para que a escola 
realize um trabalho integral de formação. 
 Moreno (1999) observa que as matérias curriculares tradicionais são meios 
pelos quais cumpre-se o objetivo de se desenvolver a capacidade dos estudantes 
para aprender e manejar adequadamente as informações que recebe. Quando se 
esquece desse objetivo, o ensino das disciplinas torna-se um fim em si mesmo e 
distanciam-se do mundo real fazendo que com a escola seja responsável por uma 
fissura irrecuperável entre aquilo que se ensina – e que se valoriza como cultura – 
e aquilo que se vive – e que na prática passa a ser valorizado para a vivência no 
mundo. 
 Essa cisão entre o mundo da escola e o mundo fora da escola leva ao 
desinteresse de boa parte dos alunos às atividades que se desenvolvem dentro 
dos estabelecimentos de ensino, pois não se sentem estimulados a aprender 
conteúdos que não fazem sentido (no sentido de aprendizagem significativa) para 
ele. Assim, acrescenta Moreno: 
 
Se considerarmos os conteúdos do ensino, do ponto de vista das 
matérias transversais, isto é, como algo necessário para viver em um 
sociedade como a nossa, a disposição de cada uma das outras matérias 
muda, re-situa-se e adquire um novo valor: o de ajudar-nos a conquistar 
macroobjetivos imprescindíveis para viver em uma sociedade 
desenvolvida e autoconsciente. 
A vinculação entre as matérias transversais e os conteúdos curriculares 
dá um sentido a estes últimos, fazendo-os aparecer como instrumentos 
culturais valiosíssimos para aproximar o científico do cotidiano. 
(MORENO, 1999, p. 39). 
 
 
 
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 A formação para a diversidade deve levar em conta, portanto, a 
necessidade de incluir os temas transversais no conteúdo das disciplinas para 
que o processo de formação cultural, hoje, sob responsabilidade da escola, seja 
dirigido de maneira competente e significativa para a sociedade em que vivemos. 
A nossa sociedade é constituída por uma série de minorias que, muitas vezes, 
são excluídas ou em outras palavras, não têm as mesmas condições de competir 
por espaços com determinados grupos sociais que ocupam lugares privilegiados. 
O trabalho escolar não deve ter como foco somente os estudantes, cuja condição 
socioeconômica é privilegiada, mas todos os indivíduos que tem direito ao ensino 
público de qualidade. 
 
Conteúdos de aprendizagem 
 
 Esse é outro aspecto importante para o trabalho do professor disposto a 
considerar a importância de estar atento à diversidade é à noção de conteúdos de 
aprendizagem. Conforme a teoria do construtivismo são três os conteúdos de 
aprendizagem com os quais os professores atuam durante suas aulas. 
 
 Conteúdos conceituais – trata-se de conhecimentos do tipo o que 
aprender; são aqueles conteúdos tradicionais das disciplinas escolares, 
por exemplo, o estudo do relevo em geografia; os polinômios, em 
matemática; os tempos verbais em língua portuguesa. Esses conteúdos 
são objeto de inúmeras propostas de abordagens didática, de tal forma que 
seu aprendizado seja facilitado em virtude de uma série de recursos e 
técnicas das quais os professores podem lançarmão. Tais conteúdos são 
importantes para todo o trabalho escolar e não deve ser descartado como 
“inútil” ou “burguês” apenas porque está distante da realidade imediata do 
aluno. Trata-se isto, sim, de aproximar esses conhecimentos produzidos 
pela cultura ocidental – que foram e são fundamentais para toda a 
sociedade – da realidade imediata dos alunos. Infelizmente, muitos 
 
 
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estudiosos confundiram a inserção de temas transversais e a preocupação 
em formar professores para a diversidade como uma forma de lutar contra 
esses conteúdos que seriam a expressão da “ideologia burguesa”, assim, 
só para citar um exemplo, consideravam o ensino de História do mundo 
greco-romano como inútil, ou pior, ideológico, afinal não estavam próximos 
do mundo do aluno. Ora, em nosso entender, a história do mundo greco-
romano faz parte da nossa formação cultural (pensemos na influência 
destas línguas sobre a nossa, além da herança de determinados 
fenômenos sociais, como o esporte, a política, o teatro, a poesia etc.) e não 
devemos negar aos nossos alunos o acesso a esse universo cultural. O 
que ocorre, porém, é que como dissemos, esses conteúdos devem ser 
aproximados da vida dos alunos para que possam ser objeto de 
aprendizado significativo. 
 Conteúdos procedimentais – esses conteúdos podem ser definidos como 
o saber fazer. Esses conteúdos são as habilidades e competências que os 
professores ensinam aos estudantes. Por exemplo, todos os professores 
podem ensinar os alunos a fazerem pesquisas em bibliotecas ou on-line; 
professores de geografia ensinam os alunos a fazerem mapas, pesquisas 
de campo etc.; professores de produção de texto ensinam os alunos a 
escreverem melhor; todos os professores ensinam os alunos a ler e 
interpretar textos etc. Essas habilidades não devem ser ensinadas como 
algo externo ao trabalho docente, como algo que se deve ensinar “além do 
conteúdo”, pois elas são, em si mesmas, conteúdos. No entanto, 
analisemos os conteúdos que são os objetos de nossa análise. 
 Conteúdos atitudinais – Esses conteúdos são relativos às ações, isto é, 
ao comportamento dos alunos. Contudo, não se pode supor que se trata de 
aulas de Educação Moral e Cívica ou de lições de moral que os 
professores apliquem aos alunos. Trata-se, isto sim, em primeiro lugar, de 
se ter consciência de que a escola é um lugar onde o aluno também 
aprende a valorizar determinados tipos de comportamento e que todos os 
profissionais que atuam neste ambiente estão direta ou indiretamente 
envolvidos com a formação ética dos estudantes. 
 
 
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 Ainda a respeito desses conteúdos, há bastante o que se conceber sobre 
eles, pois como observa Brandão (1993, p. 7) “ninguém escapa da educação. Em 
casa, na rua, na igreja ou na escola, de um modo ou de muitos todos nós 
envolvemos pedaços da vida com ela: para aprender, para ensinar, aprender-e-
ensinar”. Portanto, todas as ações dos professores (e dos outros funcionários da 
escola) faz parte do processo de ensino de atitudes para os alunos. Os conteúdos 
atitudinais podem e devem ser objeto de ensino aos alunos, por isso, Mauri 
desenvolve alguns tópicos que podem orientar a intervenção dos professores na 
construção de atitudes dos alunos, às quais apresentaremos de modo sintético: 
 A escola deve estabelecer claramente os critérios e os valores pelos quais 
é regida; 
 Os professores devem facilitar o conhecimento e a análise das normas 
existentes para que os alunos possam compreendê-las e respeitá-las. 
Neste mesmo ponto, criar formas de participação dos alunos para 
contribuir com a melhoria ou adequação das normas; 
 Auxiliar os alunos a compreenderem a relação entre as normas e as 
atitudes que se pretende que desenvolvam em situações concretas nos 
espaços da escola; apresentar normas e atitudes vinculando-as a 
situações concretas e familiares para os alunos; 
 Facilitar o intercâmbio e a participação entre os alunos para debater 
opiniões e ideias sobre diferentes aspectos que dizem respeitos às 
atividades na escola; 
 Por meio de atividades que facilitem o aprendizado, apresentar aos alunos 
determinados comportamentos sociais que são fundamentais para a vida 
coletiva, dentro e fora do ambiente escolar, tais como, a solidariedade, a 
cooperação, a equidade, a fraternidade; 
 Oferecer modelos de atitudes nos quais os alunos podem se inspirar e 
auxiliá-los no que for necessário para que possam ensaiar e testar os 
modelos; além disso, os professores devem estar preparados para apoiar 
 
 
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os alunos nos momentos em que estes apresentarem resistência à 
mudança de comportamento ou insegurança. 
A escola pode estar preparada para o trabalho com os conteúdos 
atitudinais, mas ainda poderíamos nos perguntar como os alunos podem aprender 
esses conteúdos. Para responder a essa questão Mauri (1999, p. 118) elenca 
uma série de orientações que parte dos saberes pessoais dos alunos. 
 Do ponto de vista teórico, esses saberes pessoais dos alunos são 
denominados conhecimentos prévios. Geralmente, considera-se que esses 
conhecimentos prévios se referem somente aos aspectos cognitivos e habilidades 
dos alunos, mas eles incluem também as atitudes. Aprende-se atitudes assim 
como aprende-se a ler e escrever, a calcular, pesquisar, comunicar-se, entre 
outros. Quando os alunos chegam à escola trazem uma série de conhecimentos 
prévios oriundos do aprendizado ao longo do tempo com sua família, sua 
comunidade e, sem dúvida nenhuma, também dos meios de comunicação. O 
professor não deve e não pode negar esses conhecimentos se quiser auxiliar a 
aprendizagem dos alunos, pois é preciso ajudá-los a fazer a conexão entre os 
conhecimentos prévios e aqueles que se quer que eles adquiram. Em suma, uma 
aprendizagem será tanto mais significativa quanto mais relações se estabelecem 
entre aquilo que ele já sabe e aquilo que se lhe quer ensinar. 
 Os principais aspectos para que se possa ensinar novas atitudes são: 
 
 Familiarizar-se com certas normas e possuir tendências de comportamento 
que se manifestem em situações específicas, que sirvam de base às novas 
normas e atitudes que são os objetos de aprendizagem; 
 Quando apresentadas as novas normas e atitudes que se pretende que os 
alunos tenham, auxiliá-los a rememorar sentimentos, julgamentos e 
avaliações que tenham feito sobre situações que podem ser úteis para a 
aprendizagem dos novos conteúdos; 
 Apoiar os alunos e estimulá-los a expressarem suas opiniões e ideias, por 
quaisquer meios possíveis, pois isso o ajuda a ter algum grau de 
 
 
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consciência sobre elas e também para que os outros colegas de sala o 
conheçam. Isto permite que os alunos reflitam sobre suas opiniões e 
ideias, mas também sobre seuscomportamentos que podem ser 
comparados com suas opiniões, de tal forma a ter consciência de suas 
próprias atitudes. 
 Para poder ligar a nova norma ou atitude ao seu comportamento ou 
opinião, o aluno deve ser estimulado a, por exemplo, colocar-se sob o 
ponto de vista do outro para conseguir interpretar sua consciência; 
observar o conflito ou as contradições entre as atitudes e opiniões; 
observar comportamentos que inspiram afeto, respeito e admiração; 
 Por fim, elaborar critérios pessoais de comportamento ético para poder dar 
maior relevância a determinadas normas e atitudes em situações concretas 
e progredir na consecução da autonomia pessoal e moral; 
 Poder aceitar as mudanças de atitude com confiança e segurança. É 
preciso que os professores se lembrem que a mudança de atitudes, toda 
inovação pessoal, implica certo grau de temor e pressupõe a aceitação de 
algum tipo de risco. 
 A mudança de atitude só é possível se todos tiverem consciência de que o 
apoio coletivo é fundamental, por isso, é importante evitar os “dramatismos 
exagerados” e “culpas desmoralizadoras”. 
 Vale a pena destacar a obra de Philippe Perrenoud (2000) As dez novas 
competências para ensinar destaca no capítulo 9 os deveres e dilemas éticos da 
profissão. Em primeiro lugar, observamos que toda profissão implica em maior ou 
menor grau, determinados dilemas éticos que cumpre conhecer e enfrentá-los. 
Em segundo lugar, há um interessante paralelismo entre a experiência brasileira 
de uma educação para a diversidade e a experiência francesa relatada por 
Perrenoud. 
 Já no início do livro, observa que não cabe mais na sociedade 
contemporânea limitar a atuação e, portanto, a formação do professor à antiga 
função de mestre de magister: aquele que domina determinado conteúdo teórico 
 
 
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e o ensina aos estudantes; pois há novas exigências em nossa sociedade ligadas 
à cidadania, à ética, ao convívio com a diversidade e a escola que não pode se 
eximir do seu papel de agente ativo da sociedade nesse processo de formação de 
novos cidadãos. 
 De modo direto, sugere que se lute contra preconceitos e discriminações 
sexuais, étnicas e sociais no ambiente escolar. Essa é uma lição de tolerância no 
sentido que vai além daquele de “aturar” as diferenças, mas no sentido de 
“respeitá-las”. Antes de mais nada, é preciso ter consciência de que não basta 
que o professor seja, ele mesmo, tolerante e não manifeste qualquer forma de 
preconceito. É preciso estimular e ensinar os alunos não sê-los também. Alguns 
professores afirmam que essa não é uma tarefa da escola, mas da família, no 
entanto, isto não é verdade, pois é também tarefa da escola, não somente dela, 
sem dúvida nenhuma. Assim, é preciso que o estabelecimento escolar, por meio 
dos profissionais que nele atuam, ensinem aos alunos as atitudes de tolerância e 
respeito para com as diferenças. 
 Revendo os princípios dos conhecimentos prévios, podemos afirmar que 
nenhum aluno ou aluna é uma tabula rasa em termos de conhecimentos 
cognitivos, nem em termos de atitudes e valores morais: há alunos educados em 
ambientes sexistas, racistas ou preconceituosos em relação à classes sociais. 
 Combater os preconceitos de toda espécie é tornar o presente viável e 
preparar a sociedade futura para uma vida fecunda; para isso, as vítimas de toda 
sorte de preconceitos, mesmo porque não somente a vida social é afetada, mas 
também sua vida cognitiva, pois os alunos vítimas de preconceitos apresentam 
dificuldades de aprendizagem, uma vez que não encontram na escola um 
ambiente acolhedor e isto é determinante para que ele não consiga concentração 
e atenção suficiente para o aprendizado. 
 Perrenoud (2000) nos lembra que os alunos educados em ambientes 
preconceituosos nem sempre manifestam estas atitudes de forma explicita, na 
frente de adultos, mas costumam agir deste modo quando o professor vira as 
costas ou fora da sala de aula, o que leva à tentação de se fechar os olhos diante 
desta realidade. Há ainda os que se sentem fortes o suficiente para que possam 
 
 
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agir de modo preconceituoso, mesmo na frente de professores e outras 
autoridades, porque acreditam que seu comportamento é tolerável ou ao menos 
não tem qualquer receio de punição. Perrenoud (2000) diz que é preciso energia 
e coragem do professor para enfrentar as situações de preconceito. 
 Os valores pessoais e o comprometimento do professor para lutar contra o 
preconceito são fundamentais. No entanto, deve-se observar que as situações 
são tão diversas que nem sempre é possível ao professor encontrar formas de 
combater o preconceito. Para tanto, sem dúvida nenhuma o professor deve se 
prepara para enfrentar as situações de preconceito de modo ético, mas firme, não 
deixando passar expressões que sejam evidentemente preconceituosas ou 
mesmo aquelas que apareçam de modo velado. 
 Nesse ponto, é preciso determos em nossa análise, de acordo com 
Perrenoud (2000), e debruçarmos sobre o problema do apoio da direção da 
escola no combate ao preconceito. De nada adianta a atitude isolado de um 
professor ou um grupo de professores se não há respaldo dos superiores para 
que as atitudes antiéticas sejam coibidas. Além disso, as atitudes de apoio da 
direção devem envolver um trabalho específico com os pais, pois se a escola 
detecta um comportamento preconceituoso do aluno, muitas vezes sua origem 
está na educação familiar, o que demanda um trabalho também com os pais. 
 Com frequencia, os programas impostos aos professores – e a 
necessidade de cumpri-los – leva a uma situação de apatia, ou seja, uma vez que 
é necessário cumprir a programação, o professor não terá “tempo” para 
interromper sua aula para discutir com os alunos assuntos relativos à ética e à 
moral. Ora, tal atitude revela uma concepção de escola que não considera a 
importância de seu papel educativo na sociedade, como se fosse possível que um 
ambiente como este não tivesse qualquer influência sobre a formação ética dos 
alunos. 
 Para Perrenoud (2000), o debate é um momento importante para que todos 
possam expressar suas opiniões e, principalmente, realizarem o exercício de 
respeito à opinião e à voz do outro. Quando se fala em competência de gestão de 
classe, lembra-se, normalmente, de organização do tempo, das atividades 
 
 
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didáticas e da distribuição espacial. Ora, deve-se inserir nesta questão, também, 
a instauração de valores, de relações sociais e de atitudes que favoreçam o 
desenvolvimento das atividades intelectuais e o convívio tolerante entre todos. 
 
 A autoridade do professor no processo de formação para a 
diversidade 
 
 Há várias experiências nas quais os alunos são convidados a participar da 
elaboração das regras para o convívio dentro da sala de aula e na escola como 
um todo. Quando bem conduzidas, essas experiências levam a uma mudança de 
postura dos estudantes que deixam de considerar as regras como externas ou 
impostas de “cima para baixo” e assumemum compromisso maior com seu 
cumprimento. 
 Não se deve confundir, contudo, a experiência democrática da participação 
com a instalação de tribunais internos nas escolas, onde queixas e punições são 
constantes e problemas que poderiam e deveriam ser tratados de modo dialógico. 
Mesmo porque, as crianças e adolescentes ainda não têm maturidade para 
julgamentos. 
 É possível perceber que há risco nesse tipo de postura, pois leva os 
professores dispostos a encarar as novas exigências como uma necessidade de 
nossa sociedade. Antes de mais nada, porque não se pode contar com a 
educação que tragam de casa, pois sabemos que muitas famílias, por falta de um 
projeto educativo, não apoiam o trabalho educativo da escola, o que leva a uma 
necessidade de a escola assumir, em parte, este papel. 
 Ora, se se trata de educar os estudantes para uma sociedade de tolerância 
não se pode pretender fazê-lo por meio de uma autoridade que se confunda com 
autoritarismo, mas demonstrar que o diálogo e a tolerância são o caminho para a 
construção de uma sociedade mais humana. Contudo, isto não significa que o 
professor abandone sua condição de adulto e de mestre. Insistir na necessidade 
da experiência de diálogo dentro da sala de aula não significa que o professor 
 
 
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deva colocar-se numa situação de absoluta igualdade com os alunos, ao 
contrário, faz-se necessária a presença de alguém mais experiente no processo 
de diálogo para o caminho da tolerância para que os estudantes o aprendam. 
 
 A Pluralidade Cultural nos PCNs 
 
 A sociedade brasileira é formada por uma gama enorme de culturas e 
identidades próprias. É preciso que a escola cumpra seu papel de contribuir na 
formação de futuros cidadãos para uma sociedade justa e tolerante com as 
diferenças. Para tanto, é preciso lembrar que o trabalho com a Pluralidade 
Cultural deve atender aos pré-requisitos da ética, ou seja, os valores que 
nortearão todas as nossas ações. O objetivo é, portanto, educar para superação 
dos preconceitos e da discriminação. 
 Conforme os PCNs, a temática da Pluralidade Cultural diz respeito ao: 
 
[...] conhecimento e à valorização de características étnicas e culturais 
dos diferentes grupos sociais que convivem no território nacional, às 
desigualdades socioeconômicas e à crítica às relações sociais 
discriminatórias e excludentes que permeiam a sociedade brasileira, 
oferecendo ao aluno a possibilidade de conhecer o Brasil como um país 
complexo, multifacetado e algumas vezes paradoxal. (PCN, 1998, p. 
121) 
 
 A escola é um lugar privilegiado para a discussão e exercício da 
democracia social, por meio da promoção de princípios éticos como a liberdade, a 
dignidade humana e animal, respeito mútuo, justiça e equidade e solidariedade. É 
bom recordar que os direitos humanos pregam o direito a ser tratado com 
dignidade, por isso, o assédio moral, o bullying e a intolerância não podem ser 
admitidos dentro das instituições de educação. Isto não significa somente punir, 
mas principalmente, educar enquanto for possível. 
 A pluralidade cultural oferece uma gama de temas e oportunidades de 
trabalho muito ampla, por isso os PCNs oferecem alguns temas que podem ser 
desenvolvidos em cada realidade regional ou de cada comunidade, de acordo 
 
 
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com as exigências locais. Isto é muito importante, porque não há como um 
documento querer ordenar o trabalho docente sem levar em conta as diferentes 
realidades. Por outro lado, é preciso que elementos comuns sejam trabalhados na 
escola no Brasil. 
 
Pluralidade cultural e a vida dos adolescentes no Brasil 
 
 Estudar a temática dos adolescentes, com os próprios adolescentes, é um 
desafio que deve ser encarado como necessário para nossa realidade hoje. Não é 
mais possível o professor limitar seus trabalhos a somente ensinar o conteúdo de 
sua disciplina, desprezando a importância das relações sociais, nas quais o 
trabalho do professor e da escola estão, inevitavelmente, envolvidos. Assim, 
alguns tópicos que podem orientar o trabalho com os adolescentes são: a família, 
as responsabilidades, as relações comunitárias e as relações com tempo e o 
espaço. Assim, é preciso atentar-se aos seguintes tópicos: 
 
 Compreensão da organização familiar como instituição em transformação 
no mundo contemporâneo 
Como toda instituição social a organização familiar também está em constante 
transformação. Aqui cabe entender a função da família em diferentes grupos 
étnicos em seus diferentes tipos de agregação. 
 
 Compreensão e valorização das relações de cooperação e 
responsabilidade mútua na família. A importância de partilhar 
responsabilidades. 
Em primeiro lugar, observar que diferentes culturas e etnias consideram as 
responsabilidades de cada membro das famílias de modo característico, portanto, 
neste nível, trata-se do papel da informação. Mas, considerando a realidade 
brasileira, há elementos sobre as responsabilidades sociais presentes nas 
 
 
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famílias, dentre eles podemos destacar: os direitos da criança e do adolescente, 
os direitos dos idosos, a cooperação entre todos na vida diária. É preciso 
observar que, se por um lado exige-se a observação dos direitos nas relações de 
gênero e geracionais, por outro, deve-se observar que a casa é responsabilidade 
de todos e que todos devem compartilhar dos cuidados para com ela. 
 Da mesma forma, e por extensão, o espaço da escola deve ser o lugar de 
convívio de diferentes gerações, mas deve haver uma corresponsabilidade entre 
os grupos no que se refere ao respeito mútuo, pois todos possuem, igualmente, 
direitos e deveres. 
 
 Conhecimento e análise da vida comunitária como referência afetiva e 
forma de organização. 
 Além da família, uma outra referência para a formação do adolescente é a 
vida comunitária. Portanto, conhecer a comunidade na qual se está inserido, por 
meio de levantamentos socioeconômicos, pode ser uma forma de 
conscientização. 
 Para o adolescente, também é fator determinante de sua formação cultural 
a relação comunitária que lhe é mais imediata, a sua “tribo”. Conhecer as tribos, 
estudar seus costumes e gostos é uma forma de trazer à tona o que há de 
comum e de diferentes nestes grupos. 
 Também se encaixa neste tema a questão da inserção do jovem e do 
adolescente no mercado de trabalho. 
 
 O conhecimento, o respeito e a valorização de diferentes formas de relação 
com o tempo. 
 Como se sabe, diferentes culturas organizam-se em torno do tempo de 
modos diversos e nenhum desses modos pode ser considerado certo ou errado 
em relação a outro. Trata-se, portanto, de, a partir de informações, discutir as 
diferenças culturais no sentido de valorizar a tolerância com a diversidade. 
 
 
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34O tempo também promove a oportunidade de se compreender os 
processos de permanências e mudanças entre as diferentes gerações. A ideia é, 
portanto, valorizar as características de cada geração mostrando as questões as 
quais elas respondiam em seu tempo e quais questões os adolescentes 
respondem ao seu modo, por exemplo, com os comportamentos das tribos. 
 Aqui também cabe explorar os ciclos de vida, isto é, como cada cultura 
concebe os diferentes papéis sociais da criança, do jovem, do indivíduo maduro e 
dos idosos. 
 
 Diferentes formas de relação com o espaço. 
 Neste tópico, sugere-se explorar as diferentes formas de relação das 
culturas com o espaço e, em especial, com a questão ambiental. Analisar, 
também, os códigos de valores no que tange às relações com o espaço em 
ambientes rurais e urbanos, usando os referenciais da geografia. 
 Nesse sentido, a noção de “lugar” ganha um privilégio, pois segundo o 
geógrafo Milton Santos, o “lugar” não é um espaço físico qualquer, mas um 
espaço com o qual um indivíduo ou comunidade possuem identidade. Essa 
perspectiva aplicada à relação dos adolescentes e crianças, com a escola e com 
a casa, leva a esses compreenderem o que significa corresponsabilidade de 
todos para com o espaço que ocupam em comum. 
 
 Valorização dos grupos que contribuiram para a formação da cultura 
brasileira. 
 Neste tópico, o objetivo é demonstrar que a cultura brasileira, rica e 
diversificada é resultado da contribuição de diversos grupos étnicos, desde sua 
origem até hoje, com a chegada de imigrantes ao longo dos séculos XIX e XX. 
 Também, reveste-se de fundamental importância o problema da migração 
interna no Brasil e o convívio de diferentes culturas regionais, o que é motivo de 
uma série de preconceitos e discriminações que deve ser encarado como 
primordial para uma escola que tem por meta a luta contra os preconceitos. 
 
 
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 Outro tópico central que deve ser o propulsor de novos debates e 
perspectivas é o ser humano como agente social e produtor de cultura. 
 Este tópico chama a atenção para o fato de o ser humano ser o agente da 
cultura, numa relação dinâmica com o tempo e o espaço. Este movimento é 
mediado por diferentes linguagens que denotam os valores e tradições da cultura 
em que foram formadas. Os subtópicos dessa proposta são: 
 Conhecimento, respeito e valorização das diferentes linguagens pelas 
quais se expressa a pluralidade cultural; 
 Levantamento e valorização das formas de produção cultural mediadas 
pela tradição oral; 
 Conhecimento de usos e costumes de diferentes grupos sociais em sua 
trajetória histórica; 
 Conhecimento e compreensão da produção artística como expressão de 
identidade etnocultural; 
 Conhecimento e compreensão da língua como fator de identidade na 
interação sociopolítica e cultural; 
 Conhecimento, análise e valorização de visões de mundo, relações com a 
natureza e com o corpo, em diferentes culturas. 
 Prática e valorização da circulação de informações para a organização 
coletiva e como fundamento da liberdade de expressão e associação; 
 Compreensão da definição do conhecimento de leis como princípios de 
cidadania; 
 Prática e valorização dos direitos humanos; 
 Valorização da possibilidade de mudança como obra humana coletiva; 
 Conhecimento dos instrumentos disponíveis para o fornecimento da 
cidadania. 
 Por fim, a proposta curricular traz como eixo de reflexão os direitos 
humanos, direitos de cidadania e pluralidade. Este tópico traz, em linhas gerais, a 
 
 
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proposta de se trabalhar com os direitos humanos como um elemento 
fundamental do exercício da cidadania. Sobre os direitos de cidadania, entende-
se os direitos dos cidadãos de uma determinada nação a partir das instituições 
públicas que a organizam, como é o caso do acesso ao ensino nos níveis básico 
e superior. Por fim, a pluralidade traz à tona a necessidade de se refletir sobre o 
respeito aos direitos humanos, direitos de cidadania dentro de uma sociedade 
plural, diversa, na qual todos são iguais e possuem direitos. 
 Assim, para que os aspectos teóricos sejam melhor compreendidos é 
preciso ir ao nível da informação e demonstrar que a nossa sociedade possui 
mecanismos de defesa dos direitos, por exemplo, órgãos como o IDEC (Instituto 
de Defesa do Consumidor), o Conselho Tutelar, a Polícia Militar e o Corpo de 
Bombeiros, o sistema judiciário, dentre outros. 
 
 
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UNIDADE 3 - TRABALHANDO COM OS TEMAS 
TRANSVERSAIS 
 
 Há duas formas elementares de inserir os temas transversais no trabalho 
docente. A primeira delas está diretamente ligada ao conteúdo da disciplina 
ministrada pelo professor e pode ser trabalhada de modo independente das 
demais disciplinas do currículo. Muitos livros didáticos e paradidáticos trazem 
sugestões para o trabalho com temas transversais tendo como referência apenas 
uma disciplina. 
 A outra maneira pressupõe a realização de Projetos que envolvam mais de 
uma disciplina e mais de uma turma, muitas vezes, todas as turmas de um ano ou 
da escola. Pode ser usado em momentos específicos do trabalho didático, por um 
professor ou um grupo de professores. A orientação dos projetos deve pautar-se 
pelas seguintes diretrizes: 
 Posicionar-se frente às questões sociais relevantes para a comunidade 
escolar e interpretar a tarefa educativa como um elemento de intervenção 
na realidade; 
 não tratar os valores envolvidos no projeto como meros conceitos ideais, 
mas como propostas de comportamento; 
 agregar o maior número possível de disciplinas e de participantes para que 
o projeto seja reconhecido em sua significância. 
 
 A organização dos conteúdos deve oferecer uma visão e compreensão da 
multiplicidade de aspectos que compõem a realidade, não apenas por causa da 
articulação de diversos conhecimentos, mas também por causa da multiplicidade 
de fontes de informação. 
 Os projetos são uma das formas de organizar o trabalho didático, que pode 
integrar diferentes modos de organização curricular. Esses trabalhos têm a 
característica de envolver os estudantes na elaboração de tarefas e, portanto, no 
 
 
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exercício da responsabilidade. Por isso, no encerramento, os resultados do 
projeto devem ser expostos publicamente, por meio de cartazes ou mostras de 
resultados, pois isto será um estímulo vindo do reconhecimento público; e 
também porque os resultados do projeto devem interessar à comunidade escolar, 
por exemplo, em casos como projetos que estudem a coleta seletiva de lixo, 
métodos de economia de água, respeito às diferenças, etc. Dentro dessa 
perspectiva, os projetos escolares devem orientar-se por alguns princípios que 
justificam sua relevância, como: 
a) Projeto para o

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