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Pancreatite PROF.ª: MARIANA COSTA FONSÊCA DA SILVA Glândula alongada, achatada, que está situada no abdome superior atrás do estômago. Funções endócrinas e EXÓCRINAS Estímulos hormonais primários para a secreção pancreática: secretina e colecistoquinina Fatores que influenciam a secreção pancreática durante uma refeição: Fase cefálica: Inicia-se com a visão, olfato, paladar, e antecipa a ingestão alimentar. Leva à secreção de bicarbonato e enzimas pancreáticas. Fase gástrica: Inicia-se com a distensão gástrica e estimula a secreção de enzimas. Fase intestinal: Efeito maior sobre as secreções pancreáticas. Mediada pela liberação de colecistoquinina. Pancreatite: Inflamação do pâncreas caracterizada por edema, exsudato celular e necrose de gordura De moderada a autolimitante e grave, com autodigestão, necrose e hemorragia do tecido pancreático Pode ser aguda ou crônica Crônica diabetes e má digestão Sintomas da Pancreatite: Dor contínua ou intermitente de várias intensidades a dor abdominal superior grave Náuseas, vômitos, distensão abdominal e esteatorréia A ingestão alimentar pode piorar os sintomas Casos graves: hipotensão, oligúria e dispnéia Pancreatite Aguda: Inflamação pancreática, leve ou grave, com sintomas locorregionais e resposta inflamatória sistêmica que pode variar desde uma discreta elevação da frequência cardiorrespiratória até quadros dramáticos de falência múltipla de órgãos, podendo culminar no óbito. Pancreatite Crônica: Doença insidiosa durante muitos anos, com dor abdominal recorrente, emagrecimento e tardiamente insuficiência endócrina e/ou exócrina do pâncreas Causas de pancreatite: Alcoolismo crônico Doença do trato biliar Cálculos biliares Drogas Trauma Hipertrigliceridemia Hipercalcemia Infecções (vírus) Pancreatite aguda: Processo inflamatório do pâncreas, de instalação rápida, que geralmente se manifesta por dor abdominal, vômitos e elevação de enzimas pancreáticas (amilase e lipase) no sangue É uma das patologias mais temíveis no ambiente da terapia intensiva, devido a sua alta morbimortalidade Caracterizada por intensa resposta inflamatória sistêmica e hipermetabolismo, criando um grande estado de catabolismo Principais causas: colelitíase e álcool Diagnóstico: Lipase e amilase comprovação diagnóstica mais comum Em casos de necrose extensa do pâncreas, pode haver elevação pequena ou nenhuma da amilase sérica Diagnóstico por imagem Pancreatite aguda leve: Forma mais comum Restrita ao pâncreas, com evolução clínica e laboratorial favoráveis Pode cursar com enzimas pancreáticas e tomografia normais difícil diagnóstico Geralmente é autolimitada Repouso do TGI (2 a 5 dias) resolução da dor abdominal e diminuição das enzimas pancreáticas (amilase e lipase) Critérios comumente utilizados para início da dieta Alguns estudos mostram que a utilização da dieta via oral desde o início não altera a evolução do processo Dor associada aos mecanismos secretórios de enzimas pancreáticas e bile Objetivo mínimo de estimulação pancreática e biliar Crises agudas via oral zero hidratação IV Crises menos graves dieta de líquidos claros (hipolipídica) A alimentação precoce só vai piorar os sintomas 2 a 3 dias Jejum 3 a 7 dias Dieta líquida hipolipídica e rica em CH > 7 dias Dieta normal Monitorar sintomas de dor, náusea e vômitos Progredir dieta de acordo com a tolerância individual Alimentos digeríveis e com baixo teor de lipídios Dieta fracionada Pancreatite aguda grave: Doença sistêmica grave, com necrose pancreática e peripancreática e síndrome inflamatória sistêmica Evolui frequentemente com falência de órgãos e complicações locais (necrose infectada, pseudocisto e abcessos) Internação em UTI Estado hipermetabólico e catabólico Alterações metabólicas no pâncreas e em órgãos remotos Demandas metabólicas similares a de um paciente séptico Pancreatite aguda grave: Escore de gravidade - Escore de Ranson - Escore de Glasgow - APACHE II Cada vez mais se recomenda o uso de nutrição enteral precoce... - Preservar a integridade da mucosa anatômica e funcional do TGI e de seu tecido linfóide, preservando indiretamente a imunidade local e sistêmica - Reduzir a translocação bacteriana - Reduzir a resposta inflamatória sistêmica - Melhorar a perfusão pancreática pelo aumento do fluxo esplâncnico causado pela nutrição enteral - Evitar a imunossupressão associada à nutrição parenteral NE tem melhores resultados do que a NP NE tem melhores resultados do que a NP A NP pode suplementar a NE A NE às vezes é só para trofismo Pacientes evoluem frequentemente com íleo paralítico e diarreia Iniciar com fórmula monomérica ou oligomérica (10 a 15mL/h) Progredir volume e tipo de fórmula (polimérica) conforme tolerância do paciente Optar fórmulas sem fibras para evitar fermentação e distensão das alças intestinais Fórmulas poliméricas com fibras devem ser usadas quando já não há mais dúvidas quanto à tolerância digestiva do paciente à NE Não há indicação de fórmulas com imunomoduladores Acesso enteral posição além do ângulo de Treitz Evitar estímulos no pâncreas exócrino Embora a NE seja desejável, geralmente por intolerância digestiva (distensão abdominal, diarreia, refluxo), por si só não é o suficiente para suprir as necessidades do paciente Casos mais graves nutrição parenteral Até recentemente, a nutrição parenteral era a via padrão para fornecimento de nutrientes ao paciente com pancreatite aguda. As evidências a favor da nutrição parenteral não foram sustentadas em grandes estudos clínicos O uso de lipídios na nutrição parenteral não está contraindicado na pancreatite, desde que o nível de TG não ultrapasse 400mg/dL Recomendações nutricionais na pancreatite aguda grave: VET: 25 a 35Kcal/Kg de peso ideal/dia (considerar o hipermetabolismo) CHO: 50 a 60% (5mg/Kg/min) Ptn: 1,2 a 1,5/Kg de peso ideal/dia (glutamina pode ser indicada pelo hipermetabolismo) Lipídios: < 30% (Alto teor de TCM) Pancreatite crônica: Dano irreversível do pâncreas com o desenvolvimento de evidências histológicas de fibrose e destruição de tecido exócrino e endócrino 50% dos pacientes apresentam desnutrição Inflamação hipermetabolismo Aspectos clínicos sugestivos de pancreatite crônica: Dor abdominal Perda de peso Subnutrição Esteatorreia Níveis séricos elevados de lipase e amilase (durante exarcebações agudas) Crises recorrentes de dor epigástrica de longa duração que pode irradiar para as costas As refeições podem precipitar a dor À medida que progride, as células acinares são lentamente destruídas e a dor desaparece Náuseas, vômitos e diarreia Diminuição da secreção enzimática, resultando em má digestãoe esteatorreia Azotorreia com a progressão da doença Deficiências de vitaminas lipossolúveis, cálcio, zinco, magnésio e tiamina Aumento das necessidades energéticas Mais de 80% dos pacientes podem ser tratados adequadamente com suplementação medicamentosa de enzimas pancreáticas e alimentação por via oral Terapia nutricional adequada + controle da dor impacto positivo no estado nutricional NE indicada em apenas 5% dos casos NP apenas 1% dos casos Objetivos da terapia nutricional: Prevenir mais dano ao pâncreas Diminuir o número de crises de inflamação aguda Aliviar a dor Diminuir a esteatorréia Corrigir a desnutrição Evitar refeições grandes com alimentos com alto teor de lipídios e álcool TCM aliviar esteatorréia e levar ao ganho de massa corporal Deficiência vitamina B12 protease pancreática cliva a ligação entre a vitamina B12 e sua proteína carreadora Terapia enzimática suplementar Formas hidrossolúveis das vitaminas lipossolúveis Secreção diminuída de bicarbonato antiácidos, antagonistas do receptor H2 ou inibidores da bomba de prótons reduzem a secreção gástrica Destruição pancreática extensa intolerância à glicose tto similar ao utilizado no DM Evitar ingestão alcoólica Recomendações nutricionais para a pancreatite crônica: VET: 30 a 35Kcal/Kg/dia 20 kcal/kg de peso atual/dia, com progressão gradativa: quando houver subnutrição grave (IMC<16 kg/m2) pelo risco de síndrome de realimentação. Carboidratos: normoglicídica (acompanhar a glicemia) Proteínas: 1,0 a 1,5g/Kg/dia Lipídios: 30% do VET (se bem tolerado) se não houver ganho de peso e a esteatorreia persistir, é indicada a restrição de 20%, com utilização de TCM Fonte: adaptada de Meier et al., 2006. Cuppari, 2014. TCM, se houver esteatorréia grave Dieta adequada ou suplementos: cálcio, magnésio, zinco, vitaminas lipossolúveis, vitaminas do complexo B e vitamina C Evitar cafeína ou outros estimulantes gástricos Abstinência de álcool Quando a via oral é insuficiente... Suplemento oral com proteína hidrolisada, TCM e vitaminas lipossolúveis Caso clínico: Michael e estudante e universitário, branco, 25 anos, que foi atropelado por um carro há três anos. Após o acidente, seu baço foi removido e a recuperação pareceu imperceptível; contudo, por cerca de seis meses, Michael foi incapaz de consumir as refeições com seus amigos e observou perda de peso de 11Kg. Ele mede 1,83m e pesa 72Kg; antes, o seu peso usual era de 83Kg. Os médicos estão intrigados, porém identificaram pancreatite crônica como resultado das lesões aos seus órgãos internos. Michael reclama de dor pós-prandial e esteatorréia em todas as refeições. 1. Qual o diagnóstico nutricional de Michael? 2. Que alterações dietéticas poderiam ser úteis? 3. Michael precisa de terapia nutricional? 1) O que é pancreatite? 2) Diferencie a pancreatite aguda da crônica. 3) Quais as causas de pancreatite? 4) Qual a conduta nutricional na pancreatite aguda leve? E na aguda grave? 5) Qual a conduta nutricional na pancreatite crônica?
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