Buscar

REDUÇÃO DA MAIORIDADE PENAL

Prévia do material em texto

REDUÇÃO DA MAIORIDADE PENAL – ASPECTOS RELEVANTES DA 
MAIORIDADE PENAL SOB O PRISMA DO DIREITO PENAL BRASILEIRO 
 
 
Igor Francisco Barros Silva Dias1; Maxwell Duarte2. 
 
 
RESUMO 
 
 
Breve discussão a respeito da Redução da Maioridade Penal no Brasil , 
buscando demonstrar os aspectos relevantes ao debate e que nem sempre são 
evidenciados por parcela da mídia. Tenta-se, com isso, buscar meios que 
possam, além de explicar essa problemática conflituosa entre o reduzir ou não 
a Maioridade, propor reflexão quanto à temática abordada, de maneira a não 
se observar apenas a sensação de insegurança, mas meios lógicos que 
possibilitem a racionalização do problema, viabilizando a análise crítica do 
leitor. 
 
Palavras-chave: Redução da Maioridade Penal; ECA; Direito Penal; Código 
Penal Brasileiro; Medida Sócio-educativa. 
1 INTRODUÇÃO 
O presente trabalho trata a respeito da Maioridade Penal e sua 
propositura de redução, justif icando-se por sua relevância temática no cenário 
nacional por diversos motivos, dentre os quais o clamor popular. 
Objetiva-se, com ele, analisar criticamente a temática, levando em 
consideração números, posicionamentos e varreduras diversas que se ligam ao 
tema, tentando entender a completude temática para, depois, se chegar a uma 
opinião com embasamento teórico-prático e não apenas nas sensações de 
insegurança observados ao longo desse estudo. 
2 METODOLOGIA 
O presente trabalho utiliza, como recurso metodológico, o uso de 
análise documental (artigos científicos, reportagens, verificações de 
impressões populares a respeito do tema) e análise bibliográfica a respeito do 
tema. 
 
1 igord ias .di r e i to@ gmai l .c om – Discente do Curso B acha relado em Direi to da Facul dade de 
Ciênc ias Apl icadas Leão Sampaio , A luno-pesquisador do L IEV (Labora tór io int erdi sc ip l ina r de 
es tudos sobre vio lênc ia) . 
2
 maxwel l_ lucena@ hotmai l . com – Discente do Curso Bachare lado em Di rei t o da Faculda de de 
Ciênc ias Apl icadas Leão Sampaio. 
2 
 
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO 
3.1 CONCEITO E LEGISLAÇÃO 
Ao se tratar do tema, não há como fugir da análise dos dispositivos 
legais vigentes no Brasil. Quanto a isso, temos, ao menos, uma lei específica 
que tratará a respeito da maioridade penal no Brasil, bem como lei específica 
que tratará os direitos e deveres do adolescente e da criança: Código Penal e 
Estatuto da Criança e do Adolescente (mais especificamente, além de algumas 
outras). 
Diante desse aspecto legal, haja vista que se consolida melhor o 
entendimento dist int ivo entre ambos instrumentos legais, faz-se necessário 
entender o que é a tão falada Maioridade Penal. Em seu artigo, publicado 
virtualmente pela EPD em abril deste ano, Fernandes (2015) diz: 
A maior idade penal (ou maior idade cr iminal) def ine a idade 
mínima da qual o s i s tema judic iário considera que um indivíduo 
pode se responsabi l izar pe lo seus atos , r econhecido, então, como 
um adul to. (FERNANDES, 2015) 
 
Ora, diante disso, deparamo-nos, ainda, com outra barreira: quem 
estipula, para o que o Direito possa delimitar legalmente, qual a idade mínima 
para que alguém responda por seus atos na esfera penal? Como bem se sabe, 
as ciências jurídicas se fecham em um conjunto de normas que pouco se 
relacionam com o método científ ico, tendo, graças ao Positivismo Jurídico, 
uma metodologia específica, fixando-se, basicamente, na norma, costume, 
jurisprudência e doutrina, sendo essas as suas fontes. E, como respostas, 
vemos que “esses limites são assuntos que abrangem a psicologia, neurologia 
e a sociologia, pois discutem o limite de idade em que um indivíduo pode 
responder por seus atos” (FERNANDES, 2015). 
Fernandes (2015) ainda ressalta a respeito dessa temática é recheada 
de “mistificações e conceitos pseudocientíficos” e alerta para conceitos 
dogmáticos “que impedem que a discussão ocorra nos seus devidos termos”. 
Com base nisso, a lei se apossa da propriedade que lhe é conferida 
pelo Estado, haja vista que é dele que ela se emana, para forjar sua forma e, 
assim, possibilitar mecanismos de combate às práticas de ilícito penal. 
A maior idade penal no Brasi l ocorre aos 18 anos , segundo o ar t igo 
228 da Const i tu ição Federal de 1988 reforçado pelo ar t igo 27 do 
Código Penal , e pelo ar t igo 104 do Esta tuto da Cr iança e do 
Adolescente - ECA (Lei nº 8 .069/90) . (FERNANDES, 2015) 
3 
 
 
Essa classif icação etária foi conferida pelo ECA (Lei 8.069/1990), 
haja vista que, em 1940, data de promulgação do Código Penal Brasi leiro 
(Decreto-lei 2.848/1940), entendia-se que a Maioridade Penal se daria a partir 
dos 21 (vinte e um) anos (com efeito, essa idade se supera com ideia trazida 
pelo ECA e, ainda, reforçada pela plenitude adquirida aos 18 para se 
responder pelos atos da vida civil – vide art. 5º da Lei 10.406/2002 – Código 
Civil Brasileiro). 
3.2 QUESTÕES SÓCIO-POLÍTICAS E LEGAIS 
Em junho de 2015, o Data Folha divulgou pesquisa demonstrando o 
percentual de brasile iros favoráveis à Redução da Maioridade Penal. Segundo 
o instituto, 87% dos brasileiros disseram aprovar a redução. Muitos dos 
argumentos levantados por brasi leiros em entrevistas está a proposição de 
que, se o adolescente pode “decidir o futuro do país”, também deveria 
responder por seus atos. Contudo, a maior parte da população, quanto a este 
argumento, não entende que o adolescente de 16 anos não possui cidadania 
plena, mas relativa (a CF/1988 diz que aos menores de 18 anos e maiores de 
16, o alistamento eleitoral é facultativo – art. 14, §1º, I I , c). E, para fins 
eleitorais, consideram-se eleitores, conforme previsão do Código Eleitoral, os 
maiores de 18 anos (art. 4º, Lei 4.737/1965). 
É interessante notar que, dentro de universos observados, dentre eles 
países que f izeram a opção de reduzir a Maioridade Penal, já se discute em 
retroceder tal decisão, aumentando a idade mínima para se responder 
penalmente a respeito do assunto: “Ao contrário do Brasil, EUA discutem o 
aumento da maioridade penal” – Folha de SP (Vide Referências). 
Bitencourt, um dos grandes doutrinadores penais, diz, quanto à 
redução da Maioridade Penal: 
Em pr imeiro lugar , é i ndispensáve l que se afaste qualquer 
poss ibil idade de refer idos menores vi rem a cumpr ir a sanção pena l 
juntamente com os del inquentes adultos . Em segundo lugar , faz- se 
necessár io que as sanções penais se jam executadas em 
es tabelec imentos e speciais , onde o t ratam ento ressocial i zador, 
efet ivamente individualizado, f ique sob a responsabi l idade de 
técnicos espec iali zados , (assis tentes socia is , psicólogos, 
psiquia tras , terapeutas e tc.) para que se possa realm ente propic iar 
ao menor inf rator sua educação, além de prepará- lo para o 
mercado de t rabalho . (BITENCOURT, 2008, p . 357 – gr ifo nosso). 
 
4 
 
Ainda, em sua opinião, Bitencourt diz ser melhor ampliar o período de 
internação do adolescente para até 5 anos na criminalidade clássica (e 7 para 
crimes hediondos) do que tê-lo cumprindo pena juntamente com adultos em 
instituição prisional. Gonçalves (2012) ressalta que essa decisão “constitui 
decisão polít ica do legis lador e, qualquer que seja a saída encontrada, nunca 
estará isenta de críticas”. 
Diante disso, ainda nos resta verif icar um parecer divulgado pela 
ONU, em que a entidade internacional de Direitos Humanos aponta dados 
alarmantes. Segundo ela, “dos 21 milhões de adolescentes que vivem no 
Brasil,apenas 0,013% cometeu atos contra a vida”. 
4 CONCLUSÃO 
Dentre os dados apresentados, f ica nítida a discrepância entre a 
realidade apontada, em sua grande parcela, pela mídia no Brasil. Os dados da 
ONU mostram que o motivo de se reduzir a Maioridade Penal se dá muito 
mais por uma sensação do que por uma evidência propriamente clara de que 
sejam alarmantes os dados de práticas de delitos praticados por menores de 18 
anos. Com base nisso, percebe-se muito mais uma plataforma polít ica do que 
a materialidade delitiva como centro da questão, sugerindo uma imposição 
mais concreta de Medida Sócio-educativa do que o aprisionamento desse 
infrator. 
Dentre as dif iculdades verificadas dentro desse contexto, podemos 
dizer que, dada a atualidade do tema, a busca por doutrinadores se mostrou 
menos efetiva do que outros materiais, dentre eles, notas, artigos e materiais 
jornalísticos. Contudo, como se mostrou, essa dif iculdade foi contornada. 
5 REFERÊNCIAS 
BITENCOURT , C. R. Tratado de Direito Penal – V. 1 – Parte Geral. 13ª ed. 
São Paulo: Saraiva, 2008. 
 
BRASIL . Constituição Federal da República Federativa do Brasil , de 05 de 
outubro de 1988. Palácio do Planalto. Ministério da Casa Civil – Subchefia 
para Assuntos Jurídicos. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm>. ____. 
Acesso em 13 nov. 2015. 
 
5 
 
BRASIL. Lei 8.069 – Estatuto da Criança e do Adolescente, de 13 de julho de 
1990. Palácio do Planalto. Ministério da Casa Civil – Subchefia para 
Assuntos Jurídicos. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8069.htm>. Acesso em 14 nov. 
2015. 
 
BRASIL. Decreto-lei 2.848 – Código Penal, de 07 de dezembro de 1940. 
Palácio do Planalto. Ministério da Casa Civil – Subchefia para Assuntos 
Jurídicos. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-
lei/Del2848compilado.htm>. Acesso em 12 nov. 2015. 
 
BRASIL. Lei 10.406 – Código Civil, de 10 de janeiro de 2002. Palácio do 
Planalto. Ministério da Casa Civil – Subchefia para Assuntos Jurídicos. 
Disponível em: ______. 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10406.htm>. Acesso em 13 
nov. 2015. 
 
BRASIL. Lei 4.737 – Código Eleitoral, de 15 de julho de 1965. Palácio do 
Planalto. Ministério da Casa Civil – Subchefia para Assuntos Jurídicos. 
Disponível em: ______. 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L4737.htm>. Acesso em 13 nov. 
2015. 
 
FERNANDES, D. Os prós e contras da redução da maioridade penal. Escola 
Paulista de Direito (EPD), 06 abr. 2015. Disponível em: 
< https://www.epdonline.com.br/noticias/os-pros-e-contras-da-reducao-da-
maioridade-penal/1574?gclid=CjwKEAjw9dWuBRDFs9mHv-
C9_FkSJADo58iM7ofw0h_X4BQEoCQpMKMpNfkGtPqmiK-
3WjBZiiLSmBoCj_Pw_wcB>. Acesso em: 20 ago. 2015. 
 
GONÇALVES, V. E. R.; LENZA , P (Org.). Direito Penal Esquematizado – 
Parte Geral. São Paulo: Saraiva, 2012. 
 
MONTEIRO , A. Ao contrário do Brasil, EUA discutem o aumento da 
maioridade penal. Folha de São Paulo . São Paulo, 26 abr. 2015. Disponível 
em: <http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2015/04/1621320-ao-contrario-
do-brasi l-eua-discutem-o-aumento-da-maioridade-penal.shtml>. Acesso em 14 
nov. 2015. 
 
	1 INTRODUÇÃO
	2 METODOLOGIA
	3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
	3.1 CONCEITO E LEGISLAÇÃO
	3.2 QUESTÕES SÓCIO-POLÍTICAS E LEGAIS
	4 CONCLUSÃO
	5 REFERÊNCIAS

Outros materiais

Materiais relacionados

Perguntas relacionadas

Perguntas Recentes