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HISTÓRIA DO DIREITO DOS POVOS ANTIGOS (3)

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O DIREITO DOS POVOS ANTIGOS
AS PRIMEIRAS LEIS ESCRITAS E O CÓDIGO DE HAMMURABI
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O Crescente Fértil e as Primeiras Leis Escritas (Escrita Cuneiforme)
O crescente fértil representa a região chamada Mesopotâmia (“terra entre rios”), lugar atualmente ocupado pelo Iraque, uma parte do Irã, Turquia e Arábia Saudita. 
Possui essa denominação por causa da fertilidade das terras banhadas pelos rios Tigre e Eufrates, e pela região ter a forma de uma lua crescente invertida.
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O Crescente Fértil e as Primeiras Leis Escritas (Escrita Cuneiforme)
Na mesopotâmia ocorreram diversas criações humanas até hoje utilizadas e aperfeiçoadas, tais como a divisão das horas, minutos e segundos em sessenta, tijolos, grandes construções, jardinagem (“jardins suspensos da Babilônia”), escolas, invenção da cerveja, invenção do Estado e o Governo regido por Leis, etc.
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O Crescente Fértil e as Primeiras Leis Escritas (Escrita Cuneiforme)
A principal criação foi a escrita cuneiforme[1], (passavam para uma superfície símbolos que expressavam idéias), um tipo de escrita fonográfica, onde cada letra passa a representar sons da fala humana, adquirindo significados para indicar conceitos ou ações complexas.
[1] Cunha e forma. Sistema de escrita mais antigo conhecido, inventado pelos sumerianos desde o 4º milênio a.C. caracterizado pelo aspecto anguloso dos símbolos, impressos em argila úmida ou pedra. A escrita sumeriana tinha no princípio 2000 símbolos, que aos poucos foram simplificados e se reduziram a cerca de 300 signos mais usuais
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As Primeiras Leis Escritas
Foi na Mesopotâmia que se desenvolveram os primeiros “códigos jurídicos” escritos.
Historiadores relatam que os textos mais antigos a esse respeito datam de aproximadamente 3.000 anos a.C., se referindo a um grande legislador e reformador daquela época chamado Urukagina, da cidade de Lagas. Entretanto, as inscrições não transmitem normas legais ou leis, mas medidas sociais usadas para coibir abusos e corrigir injustiças vigentes, para que os revides a crimes não se transformassem em uma violência sem fim.
O corpo de leis mais antigo que se conhece é o de Ur-Nammu (2111-2094 a.C.). Também são conhecidas as leis de Eshunna (aproximadamente 1930 a.C.) e Lipi-Ishtar (1880-1870 a.C. aproximadamente).
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Algumas Considerações às Leis Anteriores a Hammurabi
Tanto Ur-Nammu quanto Eshunna foram reis que governavam cidades estado na Mesopotâmia. 
A influência que Ur-Nammu (rei sumeriano) exerceu sobre as leis de Eshunna são tão grandes quanto estas duas legislações provocaram no Código de Hammurabi (formam a base deste).
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Algumas Considerações às Leis Anteriores a Hammurabi
“A lei e a justiça eram conceitos fundamentais da Antiga Suméria, que impregnavam a vida social e econômica sumeriana tanto na teoria quanto na prática.”
Importante ressaltar alguns institutos existentes nas leis escritas anteriores a Hammurabi: 
o divórcio era realizado através de decisão judicial e poderia favorecer a qualquer dos cônjuges. 
O repúdio da mulher poderia acarretar em indenização pecuniária. 
O adultério era um delito, porém poderia haver o perdão do marido. 
O filho que renegasse o pai poderia ter a mão cortada ou ser vendido como escravo. 
A esposa era responsável pelas dívidas do marido. 
Pode-se ainda destacar institutos conexos à responsabilidade civil, direito família, responsabilização dos donos de animais, etc.
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A Babilônia de Hammurabi
Os textos do código de Hammurabi foi descoberto na Pérsia, em 1901, por arqueólogos franceses.
Gillissen, citado por Wolkmer, refere que esses textos não parecem ter sido leis, mas julgamento de direito, como é chamado pelo Código de Hammurabi. São ensinamentos indicando o caminho aos juízes para as sentenças. Cada frase, diz respeito a um caso concreto e dá a solução.
O código se compunha de 282 artigos, postos de maneira organizada, reunindo normas sobre diversos temas como homicídios, lesões corporais, roubos, questões comerciais e escravidão. 
Em grande parte, essas normas foram recolhidas dos costumes jurídicos já praticados. Mas, ao organizá-las num código, Hammurabi reafirmou a importância do rei como ordenador da vida social.
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Remontando... A História da Babilônia
A história da babilônia iniciou-se no segundo milênio a.C., quando um grupo de nômades arcadianos fixou-se em uma localidade chamada Babila ou Bab Ilim (Babilônia ou Babel – porta de deus), às margens do rio Eufrates. Sumuabum (1894-1881 a.C.) começou a expansão territorial da Babilônia, mas foi seu sucessor ,Sumula`el (1880-1845 a.C.), que consolidou a independência da cidade. Posteriormente incorporou-se a cultura suméria, e somaram-na a cultura arcádica. 
Foi com Hammurabi (1792-1750 a.C) que a Babilônia cresceu em território e poder. Hammurabi assumiu os títulos de rei da Suméria, rei de Acádia, rei das Quatro Regiões, rei do Universo, e o mais interessante, Pai de Amurru – pai do ocidente. 
Em seu território existiam vários povos diferentes, com línguas, raças, culturas diversificadas. 
Para exercer seu poder era necessário mecanismos de unificação. 
Para tanto utilizou-se da língua, da religião e do direito.
O acádio tornou-se a língua oficial, o panteão dos deuses fixou-se.
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Estrutura Social da Babilônia de Hammurabi
A estrutura social da Babilônia de Hammurabi era composta pelas seguintes camadas sociais:
Awilium: o homem livre, com todos os direitos de cidadão.
Muskênum: camada intermediária formada por subordinados, com direitos e deveres específicos.
Escravos: minoria da população, geralmente prisioneiros de guerras.
A economia era basicamente agrícola, mas voltada ao comércio, inclusive com banqueiros que financiavam as expedições. O pequeno comércio varejista estava nas mãos das mulheres, denominadas taberneiras. A moeda era a cevada e a prata.
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O CÓDIGO DE HAMMURABI
O poder judiciário anterior ao de Hammurabi era exercido nos templos pelos sacerdotes em nome dos deuses.
Em muitas sociedades antigas, a pena aplicada ao criminoso concretizava-se nos mais variados tipos de revide à ofensa do crime, sem limite da extensão da pena em algumas situações.
Hammurabi conferiu à justiça real supremacia sobre a justiça sacerdotal; deu-lhe uniformidade de organização e regulamentou cuidadosamente o processamento das ações, compreendendo nessa regulamentação a propositura, o recebimento ou não pelo juiz, a instrução completada pelo depoimento de testemunhas e diligências “in loco” e, finalmente, a sentença. 
Foi estabelecida uma organização judiciária que incluía até o ministério público e um direito processual.
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O CÓDIGO DE HAMMURABI
No Código de Hammurabi encontramos um meio de limitar a extensão da pena: é o princípio de talião (retaliação), pelo qual a pena não seria uma vingança arbitrária, mas proporcional à ofensa provocada pelo criminoso (“olho por olho, dente por dente”).
Quando analisamos hoje as penas do Código de Hammurabi, elas podem nos parecer brutais. No entanto, para a época, o princípio de talião era considerado a expressão de justiça.
O Código de Hammurabi também estabelece a possibilidade da pena ser paga na forma de recompensa econômica (gado, armas, moedas...)
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O CÓDIGO DE HAMMURABI
A aplicação das leis de Hammurabi não possui paralelo na história, vigeu por mil anos na Babilônia e em Nínive.
Após a morte de Hammurabi a dinastia manteve-se por aproximadamente 150 anos, até que os Hititas em 1594 a.C. invadiram e incendiaram a Babilônia, abandonando-a posteriormente, ascendeu-se os Cassitas que iniciaram novo período da história da Babilônia.
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O CÓDIGO DE HAMMURABI
No Código de Hammurabi não encontramos a definição das características gerais dos crimes. Seus artigos descrevem casos específicos que serviam de padrão a ser aplicado em questões semelhantes. Vejamos alguns artigos desse código:
“Se depois que uma mulher entrou na casa de um awilum, recaiu sobre eles uma dívida, ambos deverão pagar ao mercador.”
“Se um awilum tomou uma esposa e não redigiu o seu contrato, essa mulher não é esposa.”
“Se um escravo do palácio, ou um escravo de um muskênum, tomou por esposa a filha de um awilum, e ela lhe gerou filhos, o dono do escravo não poderá reivindicar para a escravidão os filhos da filha de um awilum.”
“Se uma mulher tomou aversão a seu esposo e disse-lhe: “Tu não terás relações comigo”, seu caso será examinado em seu distrito. Se ela se guarda, e não tem falta, e seu marido é um saidor, e a despreza muito, essa mulher não tem culpa. Ela tomará seu dote, e irá para casa de seu pai.”
“Se a esposa de um awilum for surpreendida dormindo com outro homem, eles os amarrarão e os lançarão na água. Se o esposo deixar sua esposa, o rei também deixará viver seu servo.”
“Se um juiz fez um julgamento, tomou uma decisão, fez exarar um documento selado e depois alterou seu julgamento: comprovarão contra esse juiz a alteração de julgamento que fez; ele pagará, então, doze vezes a quantia reclamada nesse processo e, na assembléia, o farão levantar-se do seu trono de juiz. Ele não voltará a sentar-se com os juízes em um processo.”
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O CÓDIGO DE HAMMURABI
“Se um filho agredir seu pai com as mãos, terá a sua mão cortada.”
“Se um construtor edificar uma casa para um awillum, e a casa desabar, matando o proprietário, esse construtor será morto.”
“Se um homem roubar um boi, uma ovelha, um asno, um porco, ou um barco, e se esses bens pertencerem a um templo ou a um palácio, o ladrão terá de devolver 30 vezes o valor roubado.”
“Se um awillum apresentou-se em um processo com testemunho falso e não pode comprovar o que disse: se esse processo é um processo capital, esse awillum será morto. Se apresentou um testemunho de cevada ou prata, ele carregará a pena desse processo.”
Estupro – aplicava-se somente para as “virgens casadas” (esposas que já tinham contrato redigido (podiam ainda morar com os pais) ainda não moravam com os maridos (podiam ser crianças)). “Se um awillum amarrou a esposa de outro awillum, que ainda não conheceu um homem e mora na casa de seu pai, dormiu em seu seio, e o surpreenderam, esse awillum será morto, mas a mulher será libertada”
QUESTÃO PARA DISCUSSÃO:
	ANALISE O CÓDIGO DE HAMMURABI NO CONTEXTO DA URBANIZAÇÃO E DA FORMAÇÃO DE GRUPOS SOCIAIS NA MESOPOTÂMIA.
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O CÓDIGO DE HAMMURABI
Quem quiser conhecer o código de Hammurabi, ele se encontra exposto no Museu do Louvre, em Paris, França.
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REFERÊNCIAS
CASTRO, Flávia Lages de. História do direito geral e Brasil.Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2003.

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