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AULA 1 E 2

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SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO
AULA 1
 Introdução. Sociologia da Educação: Uma Visão Crítica
.Nós acreditamos que você, que tem a oportunidade de estudar, deve ser reflexivo e buscar respostas às questões através das ciências. O bom profissional não elabora qualquer resposta aos problemas que surgem, mas reflete a partir de teorias científicas, que podem elucidar a realidade para que a solução seja encontrada.
. O papel da Universidade em nossa vida é nos ajudar a superar a interpretação corriqueira dos fatos, ou seja, sair do senso comum. O senso comum é uma forma de pensar coletiva e que tem o seu valor. Todos nós temos um senso comum. No entanto, partir sempre dele é negar outras formas de refletir e de pensar, inclusive o pensamento científico.
. Sendo assim, nesta primeira aula tentaremos estudar e explicar o que são as Ciências Sociais. Bem, Ciências Sociais é o nome que se dá a um ramo da Ciência que estuda os aspectos sociais do mundo, isto é, a vida social de indivíduos e grupos humanos incluindo as ciências da Antropologia, Economia, História, Linguística, Ciências Políticas, Sociologia entre outras.
. Sabemos que a característica fundamental da condição humana é a capacidade de conhecer e de construir compreensão sobre os meios e processos necessários para a organização e a facilitação do ato de viver. O conhecimento, produto da atividade consciente do pensamento, estabelece a natureza social do ser humano e o condiciona à sua história e à sua cultura.
.A capacidade de conhecer desenvolveu a vida social. E a vida em grupos, por sua vez, ampliou o próprio conhecimento humano. Esse é o círculo virtuoso que trouxe o ser humano aos dias de hoje, por meio de um processo histórico milenar que só poderia ocorrer em grupo, em sociedade. Sua resultante pode ser denominada de cultura: o homem, ao conhecer, compartilhar e registrar o produto de sua atividade pensante constrói cultura, estabelecendo este longo fio processual tecido pela capacidade cognitiva humana ao longo da História. Nós somos seres socioculturais..
Sociologia - É uma das ciências humanas que estuda a sociedade, ou seja, estuda o comportamento humano em função do meio e os processos que interligam os indivíduos em associações, grupos e instituições. Enquanto o indivíduo na sua singularidade é estudado pela Psicologia, a Sociologia tem uma base teórico-metodológica, que serve para estudar os fenômenos sociais, tentando explicá-los, analisando os homens em suas relações de interdependência. Compreender as diferentes sociedades e culturas é um dos objetivos da sociologia.
Antropologia - É a ciência preocupada em estudar o Homem e a Humanidade de maneira totalizante, isto é, abrangendo todas as suas dimensões. A divisão clássica da Antropologia distingue a Antropologia Cultural da Antropologia Biológica. Cada uma destas, em sua construção, resguardou diversas correntes de pensamento. Origem etimológica: deriva de anthropos (homem/pessoa) e (logos - razão/pensamento).
Ciência política - É o estudo da política - dos sistemas políticos, das organizações e dos processos políticos. Envolve o estudo da estrutura (e das mudanças de estrutura) e dos processos de governo - ou qualquer sistema equivalente de organização humana que tente assegurar segurança, justiça e direitos civis. Os cientistas políticos podem estudar instituições como corporações ou empresas, uniões, ou sindicatos, igrejas, ou outras organizações cujas estruturas e processos de ação se aproximem de um governo, em complexidade e interconexão.
Antropologia >Tendo em vista que a Antropologia é toda realidade individual ou coletivamente produzida pela inteligência humana que caracterize e seja distintivo de um grupo ou de um povo em um espaço físico do mundo ou na história. Fala-se em cultura, portanto, quando se fala na música popular, na culinária, em um estilo de vida, na língua falada, na língua escrita ou outras produções distintivas de um grupo, de uma sociedade ou de um povo. 
Sociologia> Tendo em vista a Sociologia, para definir algo como social, devemos considerar toda realidade própria de grupos ou sociedades em que não houver emprego de violência e que não for caracterizadora ou distintiva de um grupo ou de um povo. Social é aquilo que mantém os homens integrados, coesos em grupos ou sociedades por ser produto da vida coletiva, contrariando assim a ideia de que os homens seriam seres sociais por natureza. Em rigor, essa definição quer dizer que os homens são sociais devido à educação que recebem, isto é, à educação que os faz agirem como seres sociais específicos de um grupo ou sociedade.
Ciência política > O objeto definidor e esclarecedor do político, de acordo com a Ciência Política, é a violência e tudo aquilo que se refere ao seu emprego entre os homens em sociedades. De todas as tarefas existentes em sociedades, três são as tarefas políticas, ou seja, três são as tarefas que dependem do emprego da violência: executar, legislar e julgar. Logo, as três instituições políticas básicas, porque diretamente expressivas dessas tarefas: Poder Executivo, Poder Legislativo e Poder Judiciário, políticos são todos os seus componentes.
Os primeiros sociólogos construíram conceitos voltados para a tentativa de interpretar, por critérios científicos, a realidade social.
este foi o primeiro desafio teorico dessa ciência
Como veremos no vídeo sobre a Ilha das Flores, dirigido por Jorge Furtado e indicado como atividade, o progresso na produção levou à criação de grandes centros industriais em cidades que não tinham condições de suportar a intensa migração do campo para a cidade por populações em busca de trabalho.
Com base na Lei dos Três Estados, Augusto Comte elaborou a classificação das ciências, de acordo com o aparecimento histórico de cada uma e o progressivo abandono da imaginação teológica e da especulação metafísica no conhecimento.
Definição de Positivismo segundo Comte: corrente Filosófica que marca nossa existência e nossa educação. “Tudo é relativo, eis o único princípio absoluto”.  Para Comte, o método positivista consiste na observação dos fenômenos, subordinando a imaginação à observação.
Para Augusto Comte, os fenômenos sociais seriam derivados do que dizia ser a natureza gregária dos homens.
> Desde meados do século XIX, como consequência da filosofia de Augusto Comte - chamada de positivismo, foi feita uma separação entre Filosofia e ciências positivas (matemática, física, química, biologia, astronomia, sociologia). As ciências, dizia Comte, estudam a realidade natural, social, psicológica e moral e são propriamente o conhecimento. Para ele, a Filosofia seria apenas uma reflexão sobre o significado do trabalho científico, isto é, uma análise e uma interpretação dos procedimentos ou das metodologias usadas pelas ciências e uma avaliação dos resultados científicos. A Filosofia tornou-se, assim, uma teoria das ciências ou epistemologia (episteme, em grego, quer dizer ciência).
> A tradição filosófica, sobretudo a partir do século XVIII (com a filosofia da Ilustração) e do século XIX (com a filosofia da história de Hegel e o positivismo de Comte), afirmava que do mito à lógica havia uma evolução do espírito humano, isto é, o mito era uma fase ou etapa do espírito humano e da civilização que antecedia o advento da lógica ou do pensamento lógico, considerado a etapa posterior e evoluída do pensamento e da civilização. Essa tradição filosófica fez crer que o mito pertenceria a culturas “inferiores”, “primitivas” ou “atrasadas”, enquanto o pensamento lógico ou racional pertenceria a culturas “superiores”, “civilizadas” e “adiantadas”. Essa separação temporal e evolutiva de duas modalidades de pensamento fazia com que se julgasse a presença, em nossas sociedades, de explicações míticas (isto é, as religiões, a literatura, as artes) como uma espécie de “resíduo” ou “resto” de uma fase passada da evolução da humanidade, destinada a desaparecer com a plena evolução da racionalidade científica e filosófica.
> Hoje, porém, sabe-se que a concepçãoevolutiva está equivocada. O pensamento mítico pertence ao campo do pensamento simbólico e da linguagem simbólica, que coexistem com o campo do pensamento e da linguagem conceituais. Duas linhas de estudos mostraram essa coexistência, embora essas duas modalidades de pensamento e de linguagem sejam não só diferentes, mas também, frequentemente, contrárias e opostas.
>Período do positivismo: inicia-se no século XIX com Augusto Comte, para quem a humanidade atravessa três etapas progressivas, indo da superstição religiosa à metafísica e à teologia, para chegar, finalmente, à ciência positiva, ponto final do progresso humano. Comte enfatiza a ideia do homem como um ser social e propõe o estudo científico da sociedade: assim como há uma física da Natureza, deve haver uma física do social, a sociologia, que deve estudar os fatos humanos usando procedimentos, métodos e técnicas empregados pelas ciências da Natureza.
A concepção positivista não termina no século XIX com Comte, mas será uma das correntes mais poderosas e influentes nas ciências humanas em todo o século XX. Assim, por exemplo, a psicologia positivista afirma que seu objeto não é o psiquismo enquanto consciência, mas enquanto comportamento observável que pode ser tratado com o método experimental das ciências naturais.
A sociologia positivista (iniciada por Comte e desenvolvida como ciência pelo francês Emile Durkheim) estuda a sociedade como fato, afirmando que o fato social deve ser tratado como uma coisa, à qual são aplicados os procedimentos de análise e síntese criados pelas ciências naturais. Os elementos ou átomos sociais são os indivíduos, obtidos por via da análise; as relações causais entre os indivíduos, recompostas por via da síntese, constituem as instituições sociais (família, trabalho, religião, Estado etc.).
 Essa visão otimista também foi desenvolvida na França pelo filósofo Augusto Comte, que atribuía o progresso ao desenvolvimento das ciências positivas. Essas ciências permitiriam aos seres humanos “saber para prever, prever para prover”, de modo que o desenvolvimento social se faria por aumento do conhecimento científico e do controle científico da sociedade. É de Comte a ideia de “Ordem e Progresso”, que viria a fazer parte da bandeira do Brasil republicano. No entanto, no século XX, a mesma afirmação da historicidade dos seres humanos, da razão e da sociedade levou à ideia de que a História é descontínua e não progressiva.
Cada sociedade tendo sua História própria em vez de ser apenas uma etapa numa História universal das civilizações. A ideia de progresso passa a ser criticada porque serve como desculpa para legitimar colonialismos e imperialismos (os mais “adiantados” teriam o direito de dominar os mais “atrasados”). Passa a ser criticada também a ideia de progresso das ciências e das técnicas, mostrando-se que, em cada época histórica e para cada sociedade, os conhecimentos e as práticas possuem sentido e valor próprios, e que tal sentido e tal valor desaparecem numa época seguinte ou são diferentes numa outra sociedade, não havendo, portanto, transformação contínua, acumulativa e progressiva. O passado foi o passado, o presente é o presente e o futuro será o futuro.
Como afirma Pérsio Santos de Oliveira na introdução do seu livro Sociologia da Educação: ninguém escapa da educação. Em casa, na rua, na igreja ou na escola, de um modo ou de muitos, todos nós envolvemos pedaços da vida com ela: para aprender, para ensinar, para aprender e ensinar. Para saber, para fazer, para ser ou para conviver, todos os dias misturamos a vida com a educação. Com uma ou com várias: educação? Educações.
E já que pelo menos por isso sempre achamos que temos alguma coisa a dizer sobre a educação que nos invade a vida, por que não começar a pensar sobre ela com o que uns índios uma vez escreveram? Há muitos anos nos Estados Unidos, Virgínia e Maryland assinaram um tratado de paz com os Índios das Seis Nações. Ora, como as promessas e os símbolos da educação sempre foram muito adequados a momentos solenes como aquele, logo depois os seus governantes mandaram cartas aos índios para que enviassem alguns de seus jovens às escolas dos brancos.
Os chefes responderam agradecendo e recusando. A carta acabou conhecida porque alguns anos mais tarde Benjamin Franklin adotou o costume de divulgá-la aqui e ali. Eis o trecho que nos interessa: “... Nós estamos convencidos, portanto, que os senhores desejam o bem para nós e agradecemos de todo o coração. Mas aqueles que são sábios reconhecem que diferentes nações têm concepções diferentes das coisas e, sendo assim, os senhores não ficarão ofendidos ao saber que a vossa ideia de educação não é a mesma que a nossa. ...Muitos dos nossos bravos guerreiros foram formados nas escolas do Norte e aprenderam toda a vossa ciência. Mas, quando eles voltavam para nós, eles eram maus corredores, ignorantes da vida da floresta e incapazes de suportarem o frio e a fome. Não sabiam como caçar o veado, matar o inimigo e construir uma cabana, e falavam a nossa língua muito mal. Eles eram, portanto, totalmente inúteis. Não serviam como guerreiros, como caçadores ou como conselheiros. Ficamos extremamente agradecidos pela vossa oferta e, embora não possamos aceitá-la, para mostrar a nossa gratidão oferecemos aos nobres senhores de Virgínia que nos enviem alguns dos seus jovens, que Ihes ensinaremos tudo o que sabemos e faremos, deles, homens.”
Existe a educação de cada categoria de sujeitos de um povo; ela existe em cada povo, ou entre povos que se encontram.
A educação é, como outras, uma fração do modo de vida dos grupos sociais que a criam e recriam, entre tantas outras invenções de sua cultura, em sua sociedade. Formas de educação que produzem e praticam, para que elas reproduzam, entre todos os que ensinam e aprendem, o saber que atravessa as palavras da tribo, os códigos sociais de conduta, as regras do trabalho, os segredos da arte ou da religião, do artesanato ou da tecnologia que qualquer povo precisa para reinventar, todos os dias, a vida do grupo e a de cada um de seus sujeitos, através de trocas sem fim com a natureza e entre os homens, trocas que existem dentro do mundo social onde a própria educação habita, e desde onde ajuda a explicar - às vezes a ocultar, às vezes a inculcar - de geração em geração, a necessidade da existência de sua ordem.
Seja uma sociedade indígena ou uma sociedade moderna, todas têm alguma forma de educação. Observando a história vemos que as ciências sociais surgem como parte do projeto iluminista. Surgiram com base na crença de que é possível progredir, melhorar as condições de vida de toda a sociedade. Todas as proposições do Iluminismo são de natureza progressista, universalizante, inclusiva. Nesse sentido, havia uma ideologia em expansão que dava sentido à prática da ciência em geral e da social em particular: afirmação crescente da liberdade, da afluência, do bem-estar, da convivência pacífica, da democracia.
Pensamento aparentemente simples, mas que contém uma ideologia otimista e revolucionária. De uma maneira geral, acreditava-se na capacidade de intervenção humana, e não de Deus, para a melhoria das condições materiais e ideais de vida. No seio desse movimento — no qual a modernização era um processo, mas também um projeto — diversos argumentos ganharam força:
>Igualdade crescente, cidadania, nação, industrialismo etc. Tais argumentos forneceram o arsenal de que se valeram as ciências sociais. Ao longo do tempo essas crenças e ideias tornaram-se mais e mais disseminadas, até se tornarem uma espécie de lugar-comum ou uma "naturalidade". Nesse contexto surgiram projetos políticos e intelectuais de transformação social. 
No início da era moderna, as diferenciações que a sociedade estabeleceu entre o mercado e o Estado, a filosofia e a ciência, tiveram consequências intelectuais e materiais definitivas na organização social. É verdade que a expansão vertiginosa das comunicações na virada dos séculos XVIII e XIX transformou de forma revolucionária a vida da sociedadee tornou possível muitas das conquistas da era moderna (alfabetização, diálogo, opinião pública, democracia etc.), mas, não será verdade também que vivemos uma nova era de transformações, que o incremento novamente vertiginoso das comunicações traz novas potencialidades emancipadoras? 
Parece que, se quisermos preservar a especificidade do conhecimento científico diante de outras formas de conhecimento, será impossível abrir mão do recurso à razão, da busca da generalização e da aposta na universalização. É nesse sentido que gostaria de mencionar um dos conceitos da ciência social que me parecem, hoje, mais sugestivos da promessa de radicalização do projeto modernizante e emancipacionista das ciências sociais. Refiro-me ao conceito de cidadania. 
Enquanto as demais ciências seguem o caminho progressivo e levam à frente o ideal modernizante, as ciências sociais parecem mergulhar mais fundo na busca pela verdade. Os ideais modernizantes tornaram-se alvo de crítica feroz e, sem eles, os próprios críticos não sabem como legitimar sua inserção como cientistas. Essa legitimação parece se dar muito mais mediante uma adesão explícita a um credo particular, de natureza política, religiosa ou hedonístico. Claro que há exceções, mas esse não é o contexto para discorrer sobre elas. Hoje alguns cientistas  sociais falam no chamado fim das grandes narrativas — que, na verdade, se torna inteligível através de alguma nova grande narrativa — deixa as ciências sociais sem especificidade. A saída do reencantamento do mundo, embora plenamente legítima como opção pessoal, não pode, infelizmente, salvar a ciência social. 
Hoje, demandas por cidadania expressam muito mais claramente a tensão entre demandas por igualdade e por diferença, ou melhor, evidenciam os dilemas da inclusão versus exclusão que a mística do Estado nacional tendia a ocultar. Se, durante décadas, assistimos ao avanço da cidadania, evidenciar a igualdade, incluindo no consumo do acervo comum de direitos, camadas cada vez mais amplas da sociedade, hoje ele explicita também, com vigor crescente, demandas pelo direito à diferença. 
Não se espera dos cientistas sociais a clarividência, ou melhor, a alquimia de fundir logicamente noções e dilemas. Contudo, é legítimo esperar que eles logrem formular o velho dilema de maneiras novas e originais, de forma a não retroceder no tempo — ameaça idêntica a que enfrentam os computadores na virada do milênio. Esperemos também que a novidade do direito à diferença não nos tente a abrir mão da velha luta pelo direito à igualdade.
Esse é um problema, uma ameaça, melhor dizendo, que se insinua perigosamente no encolhimento do estado como no século XX, no recrudescimento da exclusão social e, ouso dizer, no interior das ciências sociais — no descuido das questões gerais, no abandono das generalizações que, logicamente, não excluem o estudo de casos e causas particulares, mas não podem, de qualquer forma, se confundir inteiramente com esses últimos.
CIÊNCIA
A ciência moderna caracteriza-se por:
1. possuir um objeto de estudo 
2. possuir um método.
 OBJETO DE ESTUDO
É o pedaço, o fragmento da realidade sobre o qual a ciência se debruça. É um recorte (analítico) que o cientista faz na realidade ao observá-la. Portanto, cada ciência particular tem o compromisso de estudar um aspecto específico da realidade.
MÉTODO -O método “é um conjunto de concepções sobre o homem, a natureza e o próprio conhecimento, que sustentam um conjunto de regras de ação, de procedimentos, prescritos para se construir conhecimento científico” (ANDERY...et a, 2001, p. 14 – grifo nosso), passíveis de serem reproduzidos. 
TIPOS DE CIÊNCIA:
NATURAIS: dedicam-se ao estudo dos fenômenos naturais (Física, Química, Biologia etc.); dimensão da realidade sobre a qual o ser humano busca explicar, a partir de leis universais, como funciona a natureza. 
SOCIAIS: dedicam-se ao estudo dos fenômenos produzidos pelo próprio ser humano (Economia, Sociologia, Antropologia etc.). Preocupam-se em compreender a dimensão cultural da realidade. 
CIÊNCIAS SOCIAIS - 
Sociologia: estuda os mecanismos e processos que permitem, garantem e impõem a socialização entre os indivíduos, representados pelas instituições sociais. Foca a interdependência entre os membros de uma sociedade e o conformismo, os conflitos e as contradições daí advindos, materializados nas questões sociais. 
Antropologia: divida em três grandes ramos, temos a Antropologia Física (preocupa-se com a evolução biológica da espécie humana e com caracteres específicos de diferentes grupos humanos); temos a Arqueologia (preocupa-se em compreender as civilizações passadas, apoiando-se nos elementos materiais deixados por elas), e temos a Antropologia Social. Esta última dedica-se ao estudo da diversidade cultural; buscando compreender a forma particular que cada sociedade (e cada grupo social) expressa, através de sua cultura, a sua humanidade. A cultura de cada povo é sua forma particular de reafirmar o seu pertencimento a humanidade. 
Ciência Política: preocupa-se com a origem, o exercício e as relações de poder, com as organizações políticas e com as formas de governo. Estuda os mecanismos de dominação dos seres humanos uns sobre os outros e os processos de legitimação e manutenção do poder. 
Educação
A educação, enquanto prática social, pode ser de dois tipos.
1. assistemática: chamada também de informal, envolve o processo de aprendizagem desenvolvido no cotidiano das relações sociais, pelo qual os membros da sociedade se socializam, incorporando os valores, as regras, os costumes etc. considerados fundamentais pelo grupo social do qual participam. Não necessita de instituições específicas para este fim (escolas): as diferentes instituições sociais são os agentes formadores. 
2. Sistemática: de um modo geral, é um tipo de educação que exige uma instituição específica para este fim e estabelece explicitamente as suas intenções e objetivos. Ela subdivide-se em não formal e formal. 
a) Não formal: define explicitamente a intencionalidade da ação educativa que pretende desenvolver, e apoia-se em uma instituição social, que não necessariamente, é uma escola no sentido tradicional que empregamos esta palavra (por exemplo, igrejas, empresas, movimentos sociais). Entretanto, não há exigências pedagógicas e legais estabelecidas pela sociedade e pelo estado para o seu funcionamento (por exemplo, a exigência de um currículo e de uma formação específica para quem ministra as aulas). 
b) Formal: também define explicitamente a intencionalidade da ação educativa que desenvolve, e realiza-se na instituição escolar no sentido tradicional que empregamos esta palavra (colégios, escolas, universidades etc.). Submete tais instituições às exigências pedagógicas e legais estabelecidas pela sociedade e pelo estado, como, por exemplo, a exigência de um currículo reconhecido legalmente pelo estado, uma formação específica mínima para quem ministra as aulas etc. A educação formal permite à instituição que a exerce a expedição de diplomas reconhecidos por toda a sociedade, requisito necessário para o exercício de inúmeras atividades na vida social e meio de obter prestígio social. 
SOCIOLOGIA E EDUCAÇÃO
A Sociologia parte da seguinte pergunta: Qual(is) a(s) influência(s) do processo educativo na vida social? Várias são as possibilidades de respostas.
A educação faz parte da condição humana: de caráter mais filosófico, entende que o ser humano não está submetido ao determinismo biológico, ele é um ser que aprende. Portanto, através de um processo de aprendizagem o homem torna-se humano, ao incorporar a herança cultural do grupo do qual faz parte.
A educação é um mecanismo de reprodução da vida social: como prática social, ela tem a função de transmitir os valores, as normas, as regras, as tradições às novas gerações, contribuindo decisivamente para manter a harmonia e a estabilidade social. 
A educação é um mecanismo de produção da vida social: mas do transmitir valores, normas e regras, a educaçãodeve refletir sobre as práticas sociais, desvelando suas tensões, conflitos e contradições e expondo os interesses particulares de determinados grupos sociais por trás das instituições sociais. Nesse sentido, a educação é uma arma nas mãos dos grupos sociais subalternizados na luta por uma sociedade que contemple os interesses de todos. Em outras palavras, a educação é meio de transformação social. 
AULA 2
NASCEMENTO DE UMA NOVA CIÊNCIA
Segundo Cristina Costa, no seu célebre livro de introdução às Ciências Sociais, a primeira corrente teórica sistematizada de pensamento sociológico foi o positivismo, a primeira a definir precisamente o objeto, a estabelecer conceitos e uma metodologia de investigação. Seu primeiro representante e principal sistematizador foi o pensador francês Auguste Comte.
POSITIVISMO - O Positivismo derivou do cientificismo, isto é, da crença no poder exclusivo da razão humana em conhecer a realidade e traduzi-la sob a forma de leis naturais. Seu conhecimento pretendia substituir as explicações teológicas, filosóficas e de senso comum por meio das quais – até então – o homem explicava a realidade.
O Positivismo reconheceu a existência de princípios reguladores do mundo físico e do mundo social.
EVOLUÇÃO -A rápida evolução dos conhecimentos das ciências naturais – física, química, biologia – e o visível sucesso de suas descobertas no incremento da produção material e no controle das forças da natureza atraíram os primeiros cientistas para o seu método de investigação. A tentativa de derivar as ciências sociais das ciências físicas é patente nas obras dos primeiros estudiosos da realidade social.
A filosofia social positivista se inspirava no método de investigação das ciências da natureza, para identificar na vida social as mesmas relações e princípios com os quais cientistas explicavam a vida natural. A sociedade era um organismo constituído de partes integradas e coesas que funcionavam harmonicamente. O Positivismo constituía seu objeto, pautava seus métodos e elaborava seus conceitos à luz das ciências naturais. 
.A expansão da Revolução Industrial pela Europa trouxe consigo a destruição da velha ordem feudal e a consolidação da nova sociedade - a capitalista -, estruturada sobre a indústria. Surgia a época dos monopólios e dos oligopólios, que, associados ao capital dos grandes bancos, dão origem ao capital financeiro.
. A reestruturação do capitalismo estava associada às sucessivas crises de superprodução na Europa, que matavam milhares de pequenas indústrias para dar lugar às maiores e mais bem estruturadas. Crescer fora da Europa era a única saída para garantir a continuidade dessas indústrias.
. O capital financeiro necessitava de novos mercados para poder crescer, pois era perigoso investir na Europa sem causar novas crises de superprodução. Os alvos eram a Ásia e a África. A exploração dessas colônias encontrava resistência nas estruturas sociais e produtivas vigentes nesses continentes que não atendiam às necessidades do capitalismo europeu.
. A Europa se deparou com civilizações organizadas, o politeísmo, a poligamia, formas de poder tradicionais, economia agrária de subsistência, em sua maioria, ou voltada para o comércio local e artesanato. O europeu teve de organizar as nações conquistadas, estruturando-as segundo o capitalismo.
Transformar esse mundo em colônias que se submetessem aos valores capitalistas requeria uma empresa de grande envergadura, para garantir a expansão e sobrevivência do capitalismo industrial. Sob um manto humanitário, a conquista e a dominação foram transformadas em “missão civilizadora”.
>A “civilização” era oferecida, mesmo contra vontade dos dominados, com o objetivo de “elevar” essas nações do seu estado primitivo a um nível mais desenvolvido. Essa nova forma de colonialismo se assentava na justificativa de que a Europa tinha, diante dessas sociedades, a obrigação moral de civilizá-las e retirá-las do atraso em que viviam. Entendia-se que o mais alto grau de civilização que o homem poderia chegar seria a sociedade industrial do século XIX.
Em conformidade com essa forma de pensar, desenvolveram-se as ideias do cientista inglês Charles Darwin sobre a evolução biológica das espécies animais.
Para Darwim, as diversas espécies de seres vivos se transformam continuamente com a finalidade de se aperfeiçoar e garantir a sobrevivência.
Essa transposição de conceitos físicos e biológicos para o estudo das sociedades e das relações entre essas trouxe, ao darwinismo social, desvios importantes. Se o homem constitui sociologicamente uma espécie, o mesmo não se pode dizer das diferentes culturas que ele desenvolveu. O caráter cultural da vida humana imprime, no desenvolvimento das suas formas de vida, princípios diferentes daqueles existentes na natureza.
Hoje, sente-se que a complexidade da cultura humana tem concorrido para limitar a ação da lei de seleção natural. Essa transposição serviu como justificativa de uma ação política e econômica que nem sequer avaliava o que representaria o “mais forte” ou mais evoluído. A regra darwinista da competição e da sobrevivência do mais forte é aplicada as leis de mercado, principalmente pela doutrina do liberalismo econômico.
Pressupõe-se que a competitividade seja o princípio natural – universal e exterior ao homem - que assegura a sobrevivência do melhor, do mais forte e do mais bem adaptado.   
O desenvolvimento industrial gerava a todo momento novos conflitos sociais. Os empobrecidos e explorados – camponeses e operários – organizavam-se exigindo mudanças políticas e econômicas. Os primeiros pensadores sociais positivistas responderam com ideias de ordem e progresso. 
Os movimentos reivindicatórios, os conflitos, as revoltas deveriam ser contidos sempre que pusessem em risco a ordem estabelecida ou o funcionamento da sociedade, ou ainda quando inibissem o progresso.
Auguste Comte identificou na sociedade dois movimentos vitais:
Dinâmico – representava a passagem para formas mais complexas de existência, com a industrialização;
Estático – responsável pela preservação dos elementos permanentes de toda organização social. As instituições que mantêm a coesão, a família, religião, propriedade, linguagem, direito e etc.
Essa outra escola, o organicismo, teve como seguidores cientistas que procuraram aplicar seus princípios na explicação da vida social.
. Albert Shaffle, que se dedicou ao estudo dos “tecidos sociais”.
. Herbert Spencer, que procurou estudar a evolução da espécie humana de acordo com as leis que explicariam o desenvolvimento de todos os seres vivos.
. Seu seguidor, Alfred Espinas, afirma que os princípios da biologia são aplicáveis a todo ser vivo.
O positivismo foi o pensamento que glorificou a sociedade europeia do século XIX, em franca expansão. Procurava resolver os conflitos sociais por meio da exaltação à coesão, a harmonia natural entre os indivíduos, ao bem-estar do todo social.
A simples postura de que a vida em sociedade era  passível de estudo e compreensão – que o homem possuía – além do corpo e sentimentos – uma natureza social; que as emoções, os desejos e as formas de vida derivavam de contingências históricas e sociais - , tudo isso foram descobertas de grande importância. Formam teorias que abriram as portas para uma nova concepção da realidade social com suas especificidades e regras.
Quase todos os países europeus economicamente desenvolvidos conheceram o positivismo. No entanto, foi na França,  por excelência, que floresceu essa escola, a qual, partindo de uma interpretação original do legado de Descartes, buscava na razão e na experimentação seus horizontes teóricos.
Entre os filósofos sociais franceses, pode-se destacar, Hipolite Taine, Gustave Le Bon e Le Play.
Embora Comte seja considerado o pai da sociologia e tenha lhe dado esse nome, Durkheim é apontado como um de seus primeiros grandes teóricos. Ele e seus colaboradores se esforçaram para constituir a sociologia como disciplinarigorosamente científica. Sua preocupação foi definir com precisão o objeto, o método, e as aplicações dessa nova ciência.
Durkheim, em uma de suas obras, definiu com clareza o objeto da sociologia – os fatos sociais.  Distingue três características dos fatos sociais: Coerção social, ou seja, a força que os fatos exercem sobre os indivíduos, levando-os a conformar-se às regras da sociedade em que vivem, independente da sua vontade e escolha.
O grau de coerção dos fatos sociais se torna evidente pelas sansões a que o indivíduo estará sujeito quando tenta se rebelar contra elas. As sansões podem ser legais ou espontâneas. Legais são as sansões prescritas pela sociedade, sob forma de leis. Espontâneas seriam as que aflorariam como decorrência de uma conduta não adaptada à estrutura do grupo ou da sociedade.
Exteriores aos indivíduos, os fatos sociais existem e atuam sobre os indivíduos independentemente de sua vontade ou de sua adesão consciente. As regras sociais, os costumes, as leis, já existem antes do nascimento das pessoas.
GENERALIDADE - É social todo fato que é geral, que se repete em todos os indivíduos ou, pelo menos, na maioria deles. Por essa generalidade, os fatos sociais manifestam sua natureza coletiva ou um estado comum ao grupo, como as formas de habitação, de comunicação, os sentimentos e a moral.
A explicação científica exige que o pesquisador mantenha certa distância e neutralidade em relação aos fatos, resguardando a objetividade de sua análise.
É preciso, segundo Durkheim, que o sociólogo deixe de lado suas prenoções, isto é, seus valores e sentimentos pessoais em relação ao acontecimento a ser estudado. Essa postura exige o não envolvimento afetivo ou de qualquer outra espécie entre o cientista e seu objeto. Para ele, o trabalho científico exigia, portanto, a eliminação de quaisquer traços de subjetividade, além de uma atitude de distanciamento.
Durkheim aconselhava o sociólogo a encarar os fatos sociais como coisas, isto é, objetos que lhe sendo exteriores, deveriam ser medidos, observados e comparados. Imbuído dos princípios positivistas, Durkheim queria com esse rigor, à maneira do método que garantia o sucesso das ciências exatas, definir a sociologia como ciência, rompendo com as ideias e o senso comum.
Os fenômenos devem ser sempre considerados em suas manifestações coletivas, distinguindo-se dos acontecimentos individuais ou acidentais. A generalidade distingue o essencial do fortuito e especifica a natureza sociológica dos fenômenos.    
Para Durkheim, a sociologia tinha por finalidade não só explicar a sociedade como também encontrar soluções para a vida social. A sociedade, como todo organismo, apresentaria estados normais e patológicos, isto é, saudáveis e doentios.
Durkheim considera um fato social como normal quando se encontra generalizado pela sociedade ou quando desempenha alguma função importante para sua adaptação ou sua evolução. 
A generalidade de um fato, sua unanimidade, é garantia de normalidade na medida em que representa o consenso social, a vontade coletiva, ou o acordo de um grupo a respeito de determinada questão.
O objetivo máximo da vida social é promover a harmonia da sociedade por meio do consenso social, a “saúde” do organismo social se confunde com a generalidade dos acontecimentos.
PORTANTO - Normal é aquele fato que não extrapola os limites dos acontecimentos mais gerais de uma determinada sociedade. Patológico é aquele que se encontra fora dos limites permitidos pela ordem social e pela moral vigente. Durkheim usava uma rigorosa postura empírica, centrada na verificação dos fatos que poderiam ser observados, mensurados e relacionados através de dados coletados diretamente pelo cientista. Elaborou um conjunto coordenado de conceitos e de técnicas de pesquisa que guiava o cientista para o discernimento de um objeto de estudo próprio e dos meios adequados para interpretá-lo. Havia busca, ainda que não expressa, da noção de totalidade.
VIDEO AULA
1. Contextualizar o surgimento da sociologia
2. apresentar as correntes da nascente teoria social
3. Recuperar, sumariamente, o diálogo entre a nascente teoria social e educação.
O SURGIMENTO DA SOCIOLOGIA
“Podemos entender a sociologia como uma das manifestações do pensamento moderno. A evolução do pensamento científico, que vinha se constituindo desde Copérnico, passa a cobrir, com a sociologia, uma nova área do conhecimento ainda não incorporada ao saber científico, ou seja, o mundo social.” (Carlos Benedito Martins. O que é Sociologia? São Paulo: Brasiliense, 1990, p, 10). 
“A sua formação constitui um acontecimento complexo para o qual concorrem uma constelação de circunstâncias, históricas e intelectuais, e determinadas intenções práticas. O surgimento ocorre num contexto histórico específico, que coincide com os derradeiros momentos da desagregação da sociedade feudal e da consolidação da civilização capitalista. A sua criação não é obra de um único filósofo ou cientista, mas representa o resultado da elaboração de um conjunto de pensadores que se empenharam em compreender as novas situações de existência que estavam em curso”. (Carlos Benedito Martins. O que é Sociologia? São Paulo: Brasiliense, 1990, p, 10/11). 
Circunstâncias Históricas. A dupla revolução (Industrial e Francesa) – que iniciadas no final do século XVIII, estenderam suas influências ao longo de toda a metade do século XIX – desencadeiam um conjunto de acontecimentos que precipitam o surgimento da Sociologia. Em um período de aproximadamente 80 anos (1770-1850) a Inglaterra, berço da Revolução Industrial, transformou completamente a sua fisionomia: 
“A formação de uma sociedade que se industrializava e urbanizava em ritmo crescente implicava a reordenação da sociedade rural, a destruição da servidão, o desmantelamento da família patriarcal etc. A transformação da atividade artesanal em manufatura e, por último, em atividade fabril, desencadeou uma maciça emigração do campo para a cidade, assim como engajou mulheres e crianças em jornadas de trabalho de pelo menos doze horas, sem férias e feriados, ganhando um salário de subsistência. Em alguns setores da indústria inglesa, mais da metade dos trabalhadores era constituída por mulheres e crianças, que ganhavam salários inferiores dos homens.” (Carlos Benedito Martins. O que é Sociologia? p. 12/13).
Todas estas transformações colocaram a nova estrutura social em formação – a sociedade capitalista – como um problema a ser investigado. A Sociologia, em certa medida, é uma resposta intelectual aos abalos provocados pela Revolução Industrial, pelas novas condições de existência criadas por ela. Contribuíram também as modificações que vinham ocorrendo nas formas dos homens refletirem sobre a realidade.
Circunstâncias Intelectuais. Desde o século XV, a visão sobrenatural de explicação da realidade vai sendo substituída pela indagação racional, com o emprego cada vez maior do método científico para explicar os fenômenos naturais. Isto permitiu libertar, paulatinamente, o conhecimento do controle teológico, do controle da tradição e do senso comum – cada vez mais identificados, desde então, às “pré-noções”, aos “pré-conceitos” e aos “pré-juízos”. Na passagem do século XVII para o XVIII, com Vico (1668-1744), a sociedade passa a ser interpretada como produto das ações humanas, portanto, passível de ser investigada e compreendida. Mas, são os iluministas que levarão a racionalidade ao extremo, rompendo e atacando a visão teológica do mundo, considerando-a irracional e, nesse sentido, incapaz de produzir conhecimento verdadeiro; conferindo clara dimensão crítica e negadora ao conhecimento. 
OS ILUMINISTAS, ao estudar as instituições sociais de sua época, objetivavam “demonstrar que elas eram irracionais e injustas, que atentavam contra a natureza dos indivíduos e, nesse sentido, impediam a liberdade do homem. Concebiam o indivíduo como dotado de razão, possuindo uma perfeição inata e destinado à liberdade e à igualdade social. Ora, se as instituições existentesconstituíam um obstáculo à liberdade do indivíduo e à sua plena realização, elas, segundo eles deveriam ser eliminadas. Dessa forma reivindicavam a libertação dos indivíduos de todos os laços sociais tradicionais, tais como as corporações, a autoridade feudal etc.” (Carlos Benedito Martins. O que é Sociologia? p. 21/22). 
A filosofia torna-se nas mãos dos iluministas um “instrumento prático” de crítica à sociedade presente, vislumbrando outras possibilidades de existência social diferente da existente. Estas novas formas de pensar, “fruto das novas maneiras de produzir e viver”, aprofundavam o processo de racionalização da vida social, expresso no estudo científico da sociedade, e, consequentemente, negavam as interpretações da vida social apoiadas em crenças e superstições, dessacralizando as instituições sociais, percebendo-as como produto da atividade humana, historicamente produzidas, passíveis de transformação. A crítica devastadora dos iluministas as classes que sustentavam a dominação feudal demonstra a virulência da luta da burguesia em defesa de uma nova sociedade. Está posto o combustível para a Revolução Francesa. 
A França representava o modelo típico da monarquia absoluta, assegurando consideráveis privilégios a uma reduzida minoria: 500 mil pessoas aproximadamente, em um universo populacional de 23 milhões de indivíduos. Como nos fala Carlos Benedito Martins: “esta camada privilegiada não apenas gozava de isenção de impostos e possuía direitos para receber tributos feudais, mas impedia ao mesmo tempo a constituição da livre-empresa, a exploração eficiente da terra e demonstrava-se incapaz de criar uma administração padronizada através de uma política tributária racional e imparcial” (O que é Sociologia? p. 23). A burguesia revolucionária toma o poder.
“O objetivo da revolução de 1789 não era apenas mudar a estrutura do Estado, mas abolir radicalmente a antiga forma de sociedade, com suas instituições tradicionais, seus costumes e hábitos arraigados, e ao mesmo tempo promover profundas inovações na economia, na política, na vida cultural etc. É dentro desse contexto que se situam a abolição dos grêmios e das corporações e a promulgação de uma legislação que limitava os poderes patriarcais na família, coibindo os abusos da autoridade do pai, forçando-o a uma divisão igualitária da propriedade. A revolução desferiu também golpes contra a Igreja, confiscando suas propriedades, suprimindo os votos monásticos e transferindo para o Estado as funções da educação, tradicionalmente controladas pela Igreja. Investiu contra e destruiu os antigos privilégios de classe, amparou e incentivou o empresário”. (o que é Sociologia, p. 24)
As consequências da Revolução Francesa:
A julgar pelos pensadores franceses da época (Le Play, Saint-Simon, Comte etc.), ela provocou o caos social; a nova (des) ordem era comparada por eles à anarquia, à perturbação, à crise, à desordem. Ao mesmo tempo, a sociedade francesa intensificava o processo de industrialização, repetindo em território francês as situações sociais vividas pela Inglaterra, com o aparecimento do proletariado. Ou seja, a França, ao mesmo tempo, progredia economicamente (produzia riqueza – progresso) e encontrava-se socialmente desorganizada (necessidade da ordem).
COMO ANALISAR ESTA REALIDADE? (A GÊNESE DA TEORIA SOCIAL)
A REAÇÃO: os reacionários exigem o retorno à sociedade do Antigo Regime: restituir os direitos à religião católica, restaurar os sistemas comunitários, limitar e controlar o mercado etc. Meios capazes de remontar os diluídos vínculos sociais. O intelectual de proa desta perspectiva da filosofia social é o inglês Edmund Burke (1729-1797). Além dele, dois nobres franceses se destacam: Joseph de Maistre (1753-1821) e Luís Bonald (1754-1840). Defendiam as ideias de que a Revolução Francesa pretendeu reconstruir artificialmente a sociedade a partir de uma abstração, os direitos do homem, criando a figura do indivíduo, que é a negação da sociabilidade do homem, e de que o fundamento e a estabilidade de uma sociedade repousam sobre a tradição e sobre a comunidade, jamais sobre o indivíduo. 
OS SOCIALISTAS UTÓPICOS: presentes particularmente na Inglaterra e na França, estes críticos sociais defendiam a reconstrução da sociedade, destruída pela economia de mercado, subordinando-a a uma sociedade democrática e igualitária. Convencidos de que o que propunham era evidente, acreditavam que apenas a força persuasiva de suas ideias era suficiente para convencer os grupos dirigentes a adotá-las. Mas, não cruzaram os braços esperando a implantação do socialismo, desenvolveram experiências socialistas em pequenas comunidades isoladas e acreditavam que a partir delas, aos poucos, contaminariam a totalidade do corpo social. Os principais defensores dessa filosofia social são: Robert Owen (1771-1858), Charles Fourier (1772-1837), Conde de Saint-Simon (1760-1825) e algumas correntes anarquistas. 
POSITIVISMO: a principal figura foi Augusto Comte (1798-1857). As mutações das sociedades europeias na primeira metade do século XIX é percebida por ele como a passagem de uma sociedade militar e teocrática para uma sociedade industrial e científica, sob o controle dos industriais e banqueiros. Este movimento teria gerado uma profunda crise na sociedade ocidental. Discordando tanto dos reacionários quanto dos socialistas, Comte defende o consolidação de uma ordem social baseada na conquista da filosofia positiva (ciência), alicerçada em duas regras básicas: observar os fatos sem emitir qualquer juízo de valor (objetividade e neutralidade científica) e enunciar leis (cabe a ciência enunciar as leis de funcionamento da realidade). À Sociologia caberia desvendar as leis que regem os fenômenos sociais. 
Em outras palavras, desvendar as leis que regem os fenômenos sociais é utilizar o conhecimento científico para conhecer o funcionamento da ordem social. Nada melhor para a burguesia, que precisava controlar o ímpeto revolucionário. Pois, “a interpretação crítica e negadora da realidade, que constituiu um dos traços marcantes do pensamento iluminista e alimentou o projeto revolucionário da burguesia, deveria de agora em diante ser ‘superada’ por uma outra que conduzisse não mais à revolução, mas à ‘organização’, ao ‘aperfeiçoamento’ da sociedade. [...]. A tarefa que os fundadores da sociologia assumem é, portanto, a de estabilização da nova ordem. Comte também é muito claro quanto a essa questão. Para ele, a nova teoria da sociedade, que ele denominava de ‘positiva’, deveria ensinar os homens a aceitar a ordem existente, deixando de lado a negação”. (o que é Sociologia, p. 28).
TEORIA SOCIAL E EDUCAÇÃO
Os contra-revolucionários (reacionários) desejavam que a educação voltasse a ser controlada pela Igreja Católica, sem nenhuma concessão as classes subalternas. O positivismo de Comte, além de apoiar o controle republicano da educação, direcionava para a religião positiva a socialização dos valores e ideais da nova ordem industrial e racional (sociedade burguesa), que Durkheim substituirá pela escola. Os socialistas utópicos, particularmente os anarquistas, defendiam a ampliação e democratização da instrução, elevando-a à condição de direito.
Aula 6: Karl Marx e o estudo da Sociologia da Educação
“Os valores monetários usurparam o papel dos valores intrínsecos e os mercados se apoderaram de áreas da sociedade que transcendem seu escopo. Refiro-me a profissões como direito, medicina, política, educação, ciência, artes e até mesmo às relações pessoais”.
George Soros. (In: A Crise do Capitalismo).
Até autores declaradamente antimarxistas como um dos maiores especuladores dos mercados financeiros do mundo, George Soros, concordam com Marx que o capitalismo transforma tudo, ou quase tudo, em mercadoria. Alguns profissionais podem valorizar mais o lado monetário de algumas profissões. Sem generalizações é claro, nem todos os profissionais serão mercenários em profissões com extrema responsabilidade com a Educação, mas quando o mercadotenta nos impor a luta pela sobrevivência e a competição pelo dinheiro, chega o momento de analisar de forma crítica, como Marx nos ensinou.
Será que a vida na sociedade capitalista, estudada por Marx, implica em aceitar um conjunto diferente de valores?
É possível acreditar que sim, mas como veremos nas teorias de Marx, a formação crítica será decisiva para o futuro da sua vida profissional.
Profissionais da educação acreditam, como Marx, que podemos contribuir decisivamente para a transformação política, econômica e social. No livro O capital,  Marx afirma que todos, não apenas os estudiosos, economistas, sociólogos ou filósofos, tem o papel de mudar a sociedade. Daí, este pensamento ser considerado como ideologia da revolução e não uma teoria que propõem mudanças radicais na sociedade.
Vejamos por exemplo a ideia de alienação. Segundo Cristina Costa, Marx desenvolve o conceito de alienação, mostrando que a industrialização, a propriedade privada e o assalariamento separavam o trabalhador dos meios de produção – ferramentas, matéria-prima, terra e máquina-que se tornaram propriedade privada do capitalista. Separavam também, ou alienavam, o trabalhador do fruto de seu trabalho, que também era apropriado pelo capitalista.
A alienação não é apenas econômica. Marx também está preocupado com outros tipos de alienação.
Vejamos, por exemplo, a alienação política.
Politicamente também somos alienados, na medida em que não escolhemos diretamente os projetos políticos que dirigem a nossa vida coletiva, pois aderimos ao princípio da representatividade, base do estado liberal e da falsa ideia de um Estado imparcial, que “representa” toda a sociedade.
Na realidade, o estado moderno representa interesses, que em muitos casos coincidem com os interesses da maioria, mas em alguns casos, representa interesses de classes.
Marx mostrou que na sociedade de classes, esse Estado representa a classe dominante e age conforme seus interesses. Não só a política, mas o pensamento sobre a sociedade e a filosofia, por sua vez, também criam falsas representações sobre o homem e a sociedade. A filosofia é uma atividade exercida por um determinado grupo, portanto, reflete o pensamento desse grupo. Os intelectuais também criam seus campos de poder, pois saber é poder e pode tornar a leitura da realidade social uma ação imparcial e legitimadora de políticas contra parcelas da sociedade.
Uma vez alienado, separado e mutilado, só podemos recuperar nossa “condição humana” pela crítica ao sistema econômico capitalista, à política representativa e à filosofia vigente na vida social. Essa crítica, segundo Marx, deve ser efetivada na práxis, ou seja, na ação política consciente e transformadora.
Essa força crítica e transformadora da sociedade manifestou-se principalmente contra a alienação e contra a dominação capitalista. Muitos países como Rússia, China, Cuba se tornaram laboratórios importantes para a aplicação do ideário marxista, mas, na prática, esses espaços colocaram à prova os limites da abordagem marxista. Ainda hoje “a luta continua” e as ideias de Marx servem de base aos partidos políticos de esquerda, aos conjuntos teóricos da sociologia crítica e principalmente ao ideário de uma educação libertária que incorpora o discurso contra o liberalismo econômico e o chamado neoliberalismo econômico-social.
Para Karl Marx, a história do homem é a história da luta de classes, luta entre interesses opostos e permanentes. Às vezes, esses conflitos são ocultos, outras vezes são aparentes, mas sempre acabam transformando a sociedade. Esse conflito nem sempre se manifesta socialmente como uma guerra declarada. Nas palavras de Marx, no livro O Manifesto do Partido Comunista:
“A história de todas as sociedades que existiram até nossos dias tem sido a história das lutas de classes. Homem livre e escravo, patrício e plebeu, barão e servo, mestre de corporação e companheiro, numa palavra, opressores e oprimidos, em constante oposição, têm vivido numa guerra ininterrupta, ora franca, ora disfarçada; uma guerra que terminou sempre, ou por uma transformação revolucionária, da sociedade inteira, ou pela destruição das duas classes em luta. Nas primeiras épocas históricas, verificamos, quase por toda parte, uma completa divisão da sociedade em classes distintas, uma escala graduada de condições sociais. Na Roma antiga encontramos patrícios, cavaleiros, plebeus, escravos; na Idade Média, senhores, vassalos, mestres, companheiros, servos; e, em cada uma destas classes, gradações especiais. A sociedade burguesa moderna, que brotou das ruínas da sociedade feudal, não aboliu os antagonismos de classe. Não fez senão substituir novas classes, novas condições de opressão, novas formas de luta às que existiram no passado. Entretanto, a nossa época, a época da burguesia, caracteriza-se por ter simplificado os antagonismos de classe. A sociedade divide-se cada vez mais em dois vastos campos opostos, em duas grandes classes diametralmente opostas: a burguesia e o proletariado. Dos servos da Idade Média nasceram os burgueses livres das primeiras cidades; desta população municipal, saíram os primeiros elementos da burguesia. A descoberta da América, a circunavegação da África ofereceram à burguesia em ascensão um novo campo de ação. Os mercados da Índia e da China, a colonização da América, o comércio colonial, o incremento dos meios de troca e, em geral, das mercadorias imprimiram um impulso, desconhecido até então, ao comércio, à indústria, à navegação, e, por conseguinte, desenvolveram rapidamente o elemento revolucionário da sociedade feudal em decomposição."
Como nasce o capitalismo? Para ele, o capitalismo surge como um novo modo de divisão da sociedade e como um novo modo de produzir. Os modos de produção, segundo Marx, são utilizados para designar a maneira pela qual determinada sociedade se organiza, visando garantir a produção das suas necessidades materiais, de acordo com o nível de desenvolvimento de suas forças produtivas.
Esses modos de produção são formados por suas forças produtivas e pelas relações de produção existentes na sociedade. De acordo com Marx e seu amigo Engels, podemos dividir a história das sociedades em períodos relativamente longos, de acordo com a estrutura do modo de produção, que pode ser:
>1. Modo de produção comunista primitivo
>2. Modo de produção asiático
>3. Escravidão clássica
>4. Feudalismo
>5. Capitalismo
>Na teoria marxista, sobretudo no livro O Manifesto, o modo de produção comunista substituirá o modo de produção do capitalismo. Para tanto, deveríamos passar por um período de transição chamado de Socialismo, através de uma ação revolucionária consciente dos homens, a práxis.
O modo de produção do Capitalismo
Selecionamos apenas o último modo de produção analisados por Marx e Engels para demonstrar a sua atualidade e suas relações com a educação das classes trabalhadoras. No capitalismo, o direito da propriedade dos meios de produção pertence à minoria rica, os capitalistas. Os trabalhadores são obrigados a venderem as suas forças de trabalho, diferente da escravidão, onde os próprios corpos dos trabalhadores (escravos) pertencem aos seus senhores. Uma característica central do modo de produção capitalista é o trabalho assalariado.. Após essa breve análise do modo de produção capitalista, passamos ao estudo da exploração capitalista. Marx chama a atenção para as diferenças econômicas e sociais que, em última instância, também são diferenças na distribuição do poder. As elites ou classes dominantes desenvolveram formas de dominação que lhes permitem, direta ou indiretamente, controlar o Estado e as políticas econômicas. No nosso caso, é bom lembrar que o Estado é o signatário da produção de políticas públicas para a educação. Segundo Marx e Engels, o capital transforma o Estado em um “comitê para gerir os negócios comuns da burguesia”.
. Selecionamos apenas o último modo de produção analisados por Marx e Engels para demonstrar a sua atualidade e suas relações com a educação das classes trabalhadoras.No capitalismo, o direito da propriedade dos meios de produção pertence à minoria rica, os capitalistas. Os trabalhadores são obrigados a venderem as suas forças de trabalho, diferente da escravidão, onde os próprios corpos dos trabalhadores (escravos) pertencem aos seus senhores. Uma característica central do modo de produção capitalista é o trabalho assalariado. Após essa breve análise do modo de produção capitalista, passamos ao estudo da exploração capitalista. Marx chama a atenção para as diferenças econômicas e sociais que, em última instância, também são diferenças na distribuição do poder. As elites ou classes dominantes desenvolveram formas de dominação que lhes permitem, direta ou indiretamente, controlar o Estado e as políticas econômicas. No nosso caso, é bom lembrar que o Estado é o signatário da produção de políticas públicas para a educação. Segundo Marx e Engels, o capital transforma o Estado em um “comitê para gerir os negócios comuns da burguesia”.
Segundo Cristina Costa, para atender o capitalismo e explicar a natureza da organização econômica humana, Marx desenvolveu uma teoria abrangente e universal, que procura dar conta de toda e qualquer forma produtiva criada pelo homem em todo o tempo e lugar.
. Os princípios básicos dessa teoria estão expressos em seu método de análise – o materialismo histórico. Por materialismo histórico Marx compreende uma concepção filosófica que trata o ser, a realidade material, como o elemento que determina o nosso pensamento, as nossas ideias e a nossa vida.
. Para o materialista, as respostas para os fenômenos físicos e sociais estão contidas nesses mesmos fenômenos. As ideias e concepções que a nossa mente projeta sobre o mundo estão determinadas pela existência não do pensamento, mas pela existência material dos objetos à nossa volta, e estes incidem sobre nós quando nos relacionamos com eles.
. Na visão de Marx, os revolucionários apoiam em toda parte qualquer movimento revolucionário contra o estado de coisas social e político existente. Em todos estes movimentos, põem em primeiro lugar, como questão fundamental, a questão da propriedade, qualquer que seja a forma, mais ou menos desenvolvida, de que esta se revista. Devemos trabalhar pela união e entendimento dos trabalhadores explorados de todos os países. Não devemos nos rebaixar e aceitar dissimular nossas opiniões e lutas. Nossos objetivos só podem ser alcançados pela derrubada de toda a ordem social existente. Que as classes dominantes tremam à ideia de uma revolução! Os proletários nada têm a perder a não ser suas algemas. Têm um mundo a ganhar. “Proletários de todos os países, uni-vos!”
Marx e Engels, buscando compreender melhor a sociedade de seu tempo, aplicaram os princípios do método dialético ao estudo da vida social, aplicando-os aos fenômenos sociais e criando, assim, uma nova forma de análise da sociedade: o Materialismo Histórico. Portanto, o Materialismo Histórico parte da concepção materialista da realidade, para, através do método dialético de análise, abordar de maneira mais correta e abrangente os mais variados fenômenos e ainda descobrir as leis objetivas mais gerais que regem a sua evolução. Para os comunistas, o materialismo histórico/dialético é a base filosófica de análise e compreensão do mundo e da realidade à nossa volta.
A visão materialista de Marx nos ensina a ver a nossa força de trabalho como mercadoria qualquer, que pode ser medida, comprada e vendida  em um mercado fictício chamado de mercado de trabalho. Quando o capitalista usa a nossa força de trabalho, ele cria valor. Nosso trabalho é a verdadeira fonte de riqueza dos capitalistas. Marx foi além. Para ele, nosso trabalho sobre determinados objetos provoca nestes uma espécie de “ressurreição”. Tudo o que é criado pelo homem contém em si um trabalho passado, morto, que só pode ser reanimado por outro trabalho. Assim, um pedaço de couro animal curtido, uma faca e fios de linha são, todos, produtos de trabalho humano. Deixados em si mesmo, são coisas mortas; utilizados para produzir um par de sapatos, renascem como meios de produção e se incorporam em um novo produto, uma nova mercadoria, um novo valor, de acordo com Cristina Costa. Mas, como se obtém o lucro? Podemos lucrar simplesmente aumentando o preço do produto, mas o simples aumento de preços é um recurso transitório e com o tempo cria problemas. Não na compra e na venda de mercadorias que se encontra a base estável para o lucro, ao contrário, a valorização da mercadoria se dá no âmbito de sua produção. Se um operário tem uma jornada diária de oito horas de trabalho, o capitalista pode aumentar esse tempo e fazer o trabalhador passar nove ou até 15 horas (na época de Marx) dentro da empresa ou da fábrica. Como as leis trabalhistas impedem o aumento absurdo da jornada de trabalho, o capitalista pode aumentar a intensidade e a velocidade do trabalho nas mesmas oito horas ou mesmo diminuir a jornada de trabalho e o trabalhador produzirá mais. O valor excedente produzido pelo operário é o que Marx chama de mais-valia.
>O capitalista pode obter mais-valia procurando aumentar constantemente a jornada de trabalho, tal qual no nosso exemplo. Essa é, segundo Marx, a mais-valia absoluta. É claro, porém, que a extensão indefinida da jornada esbarra nos limites físicos do trabalhador e na necessidade de controlar a própria quantidade de mercadorias que se produz.
>Agora, pensemos em uma indústria altamente mecanizada. A tecnologia aplicada faz aumentar a produtividade, isto é, nas mesmas oito horas de trabalho é produzido um número maior de mercadorias.
>A mecanização também faz com que a qualidade dos produtos dependa menos da habilidade e do conhecimento técnico do trabalhador individual. Numa situação dessas, portanto, a força de trabalho vale cada vez menos e, ao mesmo tempo, graças à maquinaria desenvolvida, produz cada vez mais. Esse é, em síntese, o processo de obtenção daquilo que Marx denomina mais-valia relativa.
Em resumo...
. Para atender ao capitalismo e explicar a natureza da organização econômica humana, Marx desenvolveu uma teoria abrangente e universal, que procura dar conta de toda e qualquer forma produtiva criada pelo homem em todo o tempo e lugar.
. Os princípios básicos dessa teoria estão expressos em seu método de análise – o materialismo histórico. Marx parte do princípio de que a estrutura de uma sociedade qualquer reflete a forma como os homens organizam a produção social de bens. A produção social, segundo Marx, engloba dois fatores básicos: as forças produtivas e as relações de produção.
>As forças produtivas constituem as condições materiais de toda a produção. Qualquer processo de trabalho implica em determinados objetos, isto é, matérias-primas identificadas e extraídas da natureza; e determinados instrumentos, ou seja, o conjunto de forças naturais já transformadas e adaptadas pelo homem, como ferramentas ou máquinas, utilizadas segundo uma orientação técnica específica.
>O homem, principal elemento das forças produtivas, é o responsável por fazer a ligação entre a natureza e a técnica e os instrumentos. O desenvolvimento da produção vai determinar a combinação e o uso desses diversos elementos: recursos naturais, mão de obra disponível, instrumentos e técnicas produtivas. Essas combinações procuram atingir o máximo de produção em função do mercado existente. A cada forma de organização das forças produtivas corresponde uma determinada forma de relação de produção.
>As relações de produção são as formas pelas quais os homens se organizam para executar a atividade produtiva. Essas relações se referem às diversas maneiras pelas quais são apropriados e distribuídos os elementos envolvidos no processo de trabalho: as matérias-primas, os instrumentos e a técnica, os próprios trabalhadores e o produto final. Assim, as relações de produção podem ser, em um determinado momento, cooperativistas (como num mutirão), escravistas (como na Antiguidade), servis (como na Europa feudal), ou capitalista (como na indústria moderna).Forças produtivas e relações de produção são condições naturais e históricas de toda atividade produtiva que ocorre em sociedade. A forma pela qual ambas existem e são reproduzidas numa determinada sociedade constitui o que Marx denominou “modo de produção”. Para Marx, o estudo do modo de produção é fundamental para compreender como se organiza e funciona uma sociedade. As relações de produção, nesse sentido, são consideradas as mais importantes relações sociais. Os modelos de família, as leis, a religião, as ideias políticas, os valores sociais são aspectos cuja explicação depende, em princípio, do estudo do desenvolvimento e do colapso de diferentes modos de produção.
Analisando a história, Marx identificou alguns modos de produção específicos: sistema comunal primitivo, modo de produção asiático, modo de produção antigo, modo de produção germânico, modo de produção feudal e modo de produção capitalista. Cada qual representa diferentes formas de organização da propriedade privada e da exploração do homem pelo homem.
 Em cada modo de produção, a desigualdade de propriedade como fundamento das relações de produção, cria contradições básicas, como o desenvolvimento das forças produtivas. Essas contradições se acirram até provocar um processo revolucionário, com a derrocada do modo de produção vigente e a ascensão de outro.
O espaço para a ação voluntária em um desenvolvimento histórico determinado por leis naturais também foi tema central das obras de Marx. No prefácio da primeira edição alemã de O Capital, o autor deixa isso claro quando afirma que a sociedade não pode nem ultrapassar por saltos nem abolir por decretos as fases de seu desenvolvimento natural, se bem que pode abreviar os períodos de gestação e aliviar as dores do parto de cada fase, desde que descubra a lei natural que preside a seu movimento.  Os homens não arbitram livremente sobre as forças produtivas, base da história, pois elas são produto de uma atividade anterior. Toda geração nova encontra forças produtivas adquiridas pela geração precedente e que irão servir de matéria-prima para a nova produção.
Pensador ocupado com inúmeros temas de seu tempo, Marx é, antes de tudo, o sociólogo-economista do capitalismo.  Seu esforço intelectual pretendeu demonstrar cientificamente a evolução, a seu ver inevitável, do capitalismo. Ele considera as sociedades modernas industriais e científicas, em oposição às sociedades militares e teológicas. Entretanto, ao invés de centrar sua análise na oposição entre sociedades do passado e do presente, Marx focaliza a atenção na contradição - que se esforça por demonstrar a ela inerente - da sociedade moderna, chamada de capitalismo.
. Para Marx, o conflito entre proletariado e capitalistas está no cerne da natureza e do desenvolvimento das sociedades modernas.  A obra de Marx - especialmente o Manifesto Comunista, a Contribuição à Crítica da Economia Política e O Capital - é centrada na afirmação e na demonstração do caráter antagônico do capitalismo e de sua necessária superação.  É também, ao mesmo tempo, um apelo à ação com vistas a acelerar o cumprimento desse destino histórico.  Na essência do capitalismo estão a mais-valia, fundamento da acumulação de capital, e o proletariado, que produz a mais-valia.  A partir do momento em que descobre que é ele quem produz a mais-valia, o proletariado começa a libertar-se da dominação burguesa.
A superação do capitalismo, pelo desenvolvimento natural de suas contradições ou pela aceleração da revolução socialista, dará origem à primeira sociedade não antagônica da história.  Sendo Marx, além de intelectual, homem de ação, suas ideias e seu exemplo inspiraram muitos movimentos políticos já em seu tempo de vida.
. No século XX que, em nome de Marx ou no diálogo com ele, se efetivam governos e revoluções socialista, primeiro na Europa e depois em muitos países da Ásia, da África e da América Latina, organizaram-se movimentos em busca de maior desenvolvimento socioeconômico ou de independência nacional, ou de ambos, movimentos que, em alguns casos, chegaram a assumir o poder.
1818- Karl Marx nasceu em 1818, em Trier, sul da Alemanha (então Prússia). Seu pai (advogado) e sua mãe descendiam de judeus, mas haviam se convertido ao protestantismo. Estudou direito em Bonn e depois em Berlim, mas se interessou mais por filosofia e história. Na universidade, aproximou-se de grupos dedicados à política. Aos 23 anos, quando voltou a Trier, percebeu que não seria bem-vindo nos meios acadêmicos e passou a viver da venda de artigos.
1843 - Em 1843, casou-se com a namorada de infância, Jenny Von Westphalen. O casal se mudou para Paris, onde Marx aderiu à militância comunista, atraindo a atenção de Friedrich Engels, depois amigo e parceiro.
1845 - Foi expulso de Paris em 1845, indo morar na Bélgica, de onde também seria deportado. Nos anos seguintes, se engajou cada vez mais na organização da política operária, o que despertou a ira de governos e da imprensa. A Justiça alemã o acusou de delito de imprensa e incitação à rebelião armada, mas ele foi absolvido nos dois casos.
1849 - Expulso da Prússia e novamente da França, Marx se estabeleceu em Londres em 1849, onde viveu na miséria durante 15 anos, ajudado, quando possível, por Engels. Dois de seus quatro filhos morreram no período.
1864 -O isolamento político terminou em 1864, com a fundação da Associação Internacional dos Trabalhadores (depois conhecida como Primeira Internacional Socialista), que o adotou como líder intelectual, após a derrota do anarquista Mikhail Bakunin.
1871 -Em 1871, a eclosão da Comuna de Paris o tornou conhecido internacionalmente. Na última década de vida, sua militância tornou-se mais crítica e indireta. Marx morreu em 1883, em Londres. 
1845 -Numa de suas frases mais famosas, escrita em 1845, o pensador alemão Karl Marx (1818-1883) dizia que, até então, os filósofos haviam interpretado o mundo de várias maneiras. “Cabe agora transformá-lo”, concluía. Coerentemente com essa ideia, durante sua vida combinou o estudo das ciências humanas com a militância revolucionária, criando um dos sistemas de ideias mais influentes da história. Direta ou indiretamente, a obra do filósofo alemão originou várias vertentes pedagógicas comprometidas com a mudança da sociedade. “A educação, para Marx, participa do processo de transformação das condições sociais, mas, ao mesmo tempo, é condicionada pelo processo”, diz Leandro Konder, professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.
Século xx - No século XX, o pensamento de Marx foi submetido a numerosas interpretações, agrupadas sob a classificação de “marxismo”. Algumas sustentaram regimes políticos duradouros, como o comunismo soviético (1917-1991) e o chinês (em vigor desde 1949).
1980-1990 -Muitos governos comunistas entraram em colapso, por oposição popular nas décadas de 1980 e 1990. Em recente pesquisa da rádio BBC, que mobilizou grande parte da imprensa inglesa, Marx foi eleito o filósofo mais importante de todos os tempos.
VIDEO AULA
 OBJETIVOS
Apresentar o método científico de karl Marx;
Caracterizar a sociedade segundo o pensamento de karl Marx;
Refletir sobre a concepção de educação de Karl Marx.
O MÉTODO
Dialética: a contradição (o ser é e não é ao mesmo tempo – carrega em si a sua própria negação), o conflito é a própria substância da realidade, a qual se supera num incessante processo de negação, conservação e síntese. Os fenômenos contêm em si um movimento intrínseco, um devir, uma tendência, uma inquietação, são prenhes de negação de si: produzem a si mesmo, nesta relação entre opostos – o que ele será já vem inscrito no que ele é. O fenômeno é a síntese (unidade) provisória entre sua conservação e a sua negação (diversidade). Aplicada aos fenômenos historicamente produzidos, a ótica dialética cuida de apontar as contradições constitutivas da vida social que resultam na negação de uma determinada ordem. 
 “Hoje em dia, tudo parece levar em seu seio sua própria contradição. Vemos que as máquinas, dotadasda propriedade maravilhosa de encurtar e fazer mais frutífero o trabalho humano, provocam a fome e o esgotamento do trabalhador. As fontes de riqueza récem-descobertas convertem-se, por arte de um estranho malefício, em fontes de privações. [...] O domínio do homem sobre a natureza é cada vez maior; mas, ao mesmo tempo, o homem converte-se em escravo de outros homens [...] Até a pura luz da ciência parece não poder brilhar mais que sobre o fundo tenebroso da ignorância. Todos os nossos inventos e progressos parecem dotar de vida intelectual as forças produtivas materiais, enquanto reduzem a vida humana ao nível de uma força bruta. Este antagonismo entre indústria moderna e a ciência, por um lado, e a miséria e a decadência, por outro; este antagonismo entre as forças produtivas e as relações de produção de nossa época é um fato palpável, abrumador e incontrovertido [...] não nos enganemos a respeito deste espírito maligno que se manifesta constantemente em todas as contradições que acabamos de assinalar. Sabemos que, para fazer trabalhar bem as novas forças da sociedade, necessita-se unicamente que estas passem às mãos de homens novos, e que tais homens novos são os operários.”
Materialismo: Para Marx o ponto de partida da história da humanidade “são os indivíduos reais, a sua ação e as suas condições materiais de existência, quer se trate daquelas que encontrou já elaboradas quando do seu aparecimento, quer das que ele próprio criou [...] A primeira condição de toda a história humana é, evidentemente, a existência de seres humanos vivos” (Ideologia Alemã). Portanto, as relações materiais que os homens estabelecem, o modo como produzem seus meios de vida, formam a base de toda as suas relações.
 “Um primeiro pressuposto de toda existência humana e, portanto, de toda história, a saber, [é] que os homens devem estar em condições de poder viver a fim de ‘fazer a história’. Mas, para viver, é necessário, antes de mais, beber, comer, ter um teto onde se abrigar, vestir-se, etc. O primeiro fato histórico, pois, a produção dos meios que permitem satisfazer essas necessidades, a produção da própria vida material; trata-se de um fato histórico; de uma condição fundamental de toda a história, que é necessário, tanto hoje como há milhares de anos, executar, dia a dia, hora a hora, a fim de manter os homens vivos.” A premissa da análise marxista da sociedade é, portanto, a existência de seres humanos que, por meio da interação com a natureza e com os outros indivíduos, buscam suprir suas carências e, nessa atividade, recriam a si próprios e reproduzem sua espécie num processo continuamente transformado pela ação de sucessivas gerações.
Materialismo Histórico: fundamentado na dialética, entende que a produção das condições materiais de existência estruturam a história e o devir humano. Este perspectiva materialista e dialética considera efêmero todo fenômeno social ou cultural e que a análise da evolução dos processos de produção material da existência e de produção de conceitos, ideias, representações etc. deve partir do reconhecimento de que “as forças econômicas sob as quais os homens produzem, consomem e trocam são transitórias e históricas. Ao adquirir novas forças produtivas, os homens mudam seu modo de produção, e com o modo de produção mudam as relações sociais econômicas, que não eram mais que as relações necessárias daquele modo concreto de produção [...] as categorias econômicas não são mais que abstrações destas relações reais e que são verdades unicamente enquanto essas relações subsistem.” Em outras palavras, as próprias ideias, concepções, gostos, crenças, categorias do conhecimento e ideologias dependem do modo como os homens se organizam para produzir. 
O TRABALHO HUMANO
“Para entender a dimensão criadora de vida do trabalho e as formas históricas que ele tem assumido, é crucial responder [...] como se produzem socialmente os seres humanos? Na compreensão histórica [dialética e materialista] que temos de ser humano, caracterizamo-lo fundamentalmente por uma tripa dimensão: é individualidade – Joana, Paula, João, Antônio –; é natureza – constituído e dependente de ar, água, comida, ferro, cálcio, vitaminas, sais etc. –; é ser social – produz a sua individualidade e natureza em ralação aos demais seres humanos. Ou seja, a individualidade que possuímos e a natureza que desenvolvemos (nutridos, subnutridos, abrigados, sem-teto, sem-terra etc.) estão subordinadas ou resultam de determinadas relações sociais que os seres humanos assumem historicamente.” 
Trabalho como criador da vida: “diferente do animal, que vem programado por sua natureza e por isso não projeta ou modifica suas condições de vida, adaptando-se e respondendo instintivamente ao meio, os seres humanos criam e recriam, pela ação consciente do trabalho, sua própria existência. A partir dessa elementar constatação, Marx destaca uma dupla centralidade do trabalho quando concebido como valor de uso: criador e mantenedor da vida humana em suas múltiplas e históricas necessidades e, como decorrência dessa compreensão, princípio educativo. ‘O trabalho, como criador de valores de uso, como trabalho útil, é indispensável à existência do homem – quaisquer que sejam as formas de sociedade – é necessidade natural e eterna de efetivar o intercâmbio material do homem e a natureza, e, portanto, de manter a vida humana’. Nesta concepção de trabalho, também está implícito o conceito ontológico de propriedade – intercâmbio material entre o ser humano e a natureza –, para poder manter a vida humana. Propriedade no seu sentido ontológico, é direito do ser humano, em relação e acordo solidário com os demais, de apropriar-se – transformar, criar e recriar, mediado pelo conhecimento, ciência e tecnologia – da natureza e dos bens que produz, para reproduzir a sua existência, primeiramente física e biológica, como também cultural, social, estética, simbólica, afetiva.”
O TRABALHO NO CAPITALISMO
Capitalismo: “Modo de produção social da existência humana que se foi estruturando em contraposição ao modo de produção feudal, e que se caracteriza pela acumulação de capital, mediante o surgimento da propriedade privada dos meios de produção. Para constituir-se, todavia, necessitava – além do surgimento da propriedade privada – [...] dispor de trabalhadores duplamente livres, ou seja, de não-proprietários de meios e instrumentos de produção e tão pouco [serem] propriedades de senhores [...]. É dessa relação social assimétrica que se constituem as classes sociais fundamentais: os proprietários dos meios e instrumentos de produção e os não proprietários – trabalhadores que necessitam vender sua força de trabalho para sobreviver. Daí é que surge o trabalho/emprego, o trabalho assalariado. Tanto a propriedade quanto o trabalho, a ciência e a tecnologia, sob o capitalismo, deixam de ter centralidade como valor de uso e de respostas às necessidades vitais de todos os seres humanos. Sua centralidade fundamental transforma-se em valor de troca com o fim de gerar mais lucro ou mais capital. Os trabalhadores, eles mesmos, tornaram-se mercadorias. Uma mercadoria especialíssima, pois é a única capaz de incorporar um valor maior às demais mercadorias que coletivamente produz.”
Trabalho Alienado: o trabalho assalariado passa a ser a pedra de toque, o manancial de onde se torna possível a acumulação e a riqueza de poucos, mediante a exploração e alienação do trabalhador. [Alienação] palavra que vem do latim e significa transferir a outrem o seu direito de propriedade. [...] O trabalhador é alienado ou perde o controle sobre o produto de seu trabalho (que não lhe pertence) e do processo de produção. [...] Esse processo de alienação faz com que o salário que o trabalhador recebe [...] represente apenas parte do tempo pago pelo que produziu de bens e serviços; a outra parte fica com quem empregou o trabalhador [mais-valia]. Parte de seu esforço, que tem como resultado mercadorias e serviços, é, então, alienada. Ou seja, é apropriado pelo empregador. O que mascara esta exploração

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