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Coesão sequêncial

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1 
Sobre a coesão sequencial 
Chico Viana 
 
A coesão sequencial assegura a continuidade lógica dos componentes textuais. Ao 
contrário da referencial, que retoma ou antecipa partes do texto, ela opera mediante 
acréscimos, correlações, uso de conectivos ou pela simples ordenação linear. Sua 
quebra ocorre, entre outros casos, quando: 
 
a) Não se respeitam as correlações entre os modos e tempos verbais; 
 
b) Não se usam adequadamente os conectivos, como nestas passagens retiradas de 
redações (entre parênteses, estão as formas corretas); 
 
Exemplos 
 
1. O avanço tecnológico, além de suas vantagens e comodidades, traz 
preocupação a todos nós. (“apesar de”) 
2. Não queria deixar vovó sozinha a tão pouco tempo da morte do meu avô. 
(“há”, pois a preposição indica tempo futuro) 
3. O cigarro é uma irracionalidade, mas não podemos aplaudi-lo. (“logo”, “por 
isso”) 
4. O sofrimento é uma etapa da vida em que todos passam por ela. (“pela 
qual”, suprimindo-se o pleonástico “por ela”) 
5. Perdi meu pai e fui morar com um sacerdote ao qual aprendi as minhas 
primeiras noções de latim. (“com o qual”) 
 
c) Não se observa a simetria entre os consequentes dos pares correlativos (“alguns 
... outros”; “não somente ... como também”; “tanto ... quanto” etc.). 
 
Por terem o mesmo valor sintático, os consequentes desses pares devem apresentar 
a mesma forma. Mas, nem sempre, os alunos observam isso. 
 
 
2 
Exemplo 
Com o aumento da criminalidade no Brasil, a população busca reagir, alguns de 
maneira irracional ao tentar fazer justiça com as próprias mãos, enquanto outros 
acreditam que a redução da maioridade penal contribuiria para amenizar esse 
quadro. 
 
O estudante se refere a dois grupos populacionais que têm reações distintas ao 
aumento da criminalidade e articula essa referência por meio de uma correlação 
introduzida, respectivamente, por “alguns” e “outros”. A correlação é, contudo, falha, 
pois o consequente de “alguns” aparece como termo simples (“de maneira racional”), 
e o de “outros” como uma oração (“enquanto outros acreditam que a redução da 
maioridade [...]”). 
 
A falta de correlação não é somente sintática mas também semântica. Se “alguns” 
reagem de maneira irracional, espera-se que a atitude de “outros” se caracterize por 
alguma racionalidade. O aluno preparou o leitor para a oposição. No entanto, ele 
próprio contesta essa possibilidade ao qualificar como uma “mera crença” a ideia de 
que a maioridade penal vá reduzir a prática dos crimes. Se essa crença é ilusória, 
não constitui uma alternativa racional. Logo, o paralelo proposto não se realiza. 
 
Nesta passagem de uma redação sobre a escrita na internet, verifica-se uma quebra 
de simetria no uso de “não só ... como também”. Veja: 
 
A internet atraiu um número significativo de adeptos por todo o mundo, tornando a 
escrita não só um dos principais meios de interação como também ampliou o 
acesso das pessoas a esse tipo de linguagem, mesmo que seja por meio de um 
teclado e não através de um mouse. 
 
É fácil perceber a quebra. Após o primeiro membro do par correlativo (“não só”), 
aparece um termo simples, centralizado pelo sintagma “meios de interação”. Já 
depois do segundo (“como também”), figura um enunciado oracional. O problema 
 
3 
pode ser resolvido com o simples deslocamento de “não só” para antes do verbo, 
como em: 
 
A internet atraiu um número significativo de adeptos por todo o mundo. Ela não só 
tornou a escrita um dos principais meios de interação como também ampliou o 
acesso das pessoas a esse tipo de linguagem, mesmo que seja por meio de um 
teclado, e não de um mouse. 
 
Rupturas na coesão sequencial não constituem propriamente infrações gramaticais, 
mas dizem respeito à arquitetura do texto e interferem na legibilidade. Por isso, 
devem, a todo custo, ser evitadas. 
 
 
Fonte 
REVISTA Língua Portuguesa. Blog Na Ponta do Lápis. Disponível em: 
<http://revistalingua.com.br/textos/blog-ponta/sobre-a-coesao-sequencial-343790-1.asp>. 
Acesso em: 3 ago. 2015.

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