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Janot vai ao STF contra mudanças da nova
CLT
ZERO HORA / RS - ECONOMIA - pág.: 09. Ter, 29 de Agosto de 2017
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL
Espaço ocupado: 96 cm.
ANDERSON AIRES
Três artigos da reforma trabalhista que modificam as
regras para o trabalhador de baixa renda solicitar
isenção dos custos processuais em ações na Justiça
do Trabalho estão sendo contestados pelo
procurador-geral da República, Rodrigo Janot, no
Supremo Tribunal Federal (STF).
Um dos pontos questionados na nova legislação,
sancionada pelo presidente Michel Temer em 13 de
julho, prevê que o sucumbente aquele que perde a
ação trabalhista deverá pagar os custos do processo e
honorários periciais, mesmo que a parte derrotada
comprove não ter condições de arcar com a despesa,
sendo beneficiária da Justiça gratuita.
Na ação direta de inconstitucionalidade (ADI), Janot
afirma que a legislação, por meio dos dispositivos
contestados, dificulta o acesso do trabalhador pobre
aos meios judiciais para garantir seus direitos
econômicos e sociais trabalhistas. No entendimento do
procurador- geral, os artigos 790-B, 791-A e 844 são
inconstitucionais por ferirem o direito à Justiça gratuita.
O artigo 844 da nova CLT impõe que o reclamante
terá de pagar as custas quando o processo for
arquivado pela ausência do beneficiário de Justiça
gratuita na audiência inaugural. Para Janot, ´sem
tipificação legal da conduta, o propósito punitivo da
norma assume caráter de desvio de finalidade
legislativa´. O terceiro ponto questionado na ADI, o
artigo 791-A, autoriza que trabalhadores sem
condições financeiras, com direito à Justiça gratuita,
usem créditos trabalhistas de outras ações para pagar
advogados e peri tos. Para Janot, ´a medida
desconsidera a condição de insuficiência de recursos
que justificou o benefício´.
ENT IDADE DEFENDE AÇÃO, ADVOGADA
CONTESTA
A vice-presidente da Associação Nacional dos
Magistrados da Justiça do Trabalho (Anamatra),
Noemia Porto, afirma que a entidade concorda com o
posicionamento de Janot.
Esses três artigos, que já haviam sido apontados e
contestados pela Anamatra em diversas audiências
públicas no Congresso, dificultam o acesso do
trabalhador à Justiça, quando a Constituição prevê a
obrigação do Estado prover ao cidadão, que comprove
não possuir recursos, o acesso ao Judiciário, o que
inclui os custos no processo diz Noemia.
Para a vice-presidente da Anamatra, a nova legislação
provoca disputa desigual entre empresa e trabalhador
em relação às condições financeiras de cada um. Essa
´diferença na balança´ contribui para que o funcionário
desista de ingressar na Justiça por medo de ter de
arcar com uma despesa que não cabe no seu
orçamento, segundo Noemia.
A advogada Clarisse de Souza Rosales, sócia do
escritório Andrade Maia, que atua em favor dos
interesses de diversas empresas, defende os artigos
da nova lei. Clarisse argumenta que os pontos
contestados por Janot visam acabar com os casos em
que o reclamante ingressa com ações contra a
empresa mesmo sabendo que não tem chances de
vencer a causa:
Tem muitos reclamantes que ajuízam ações e não
comparecem às audiências e isso não tem nenhum
ônus. Esses artigos buscam evitar essa loteria jurídica
que tem acontecido afirma Clarisse.
Na ação, Janot ainda pede que seja concedida
decisão liminar que suspenda imediatamente os
trechos contestados da nova CLT, que entrará em
vigor em novembro. A relatoria será do ministro do
STF Luís Roberto Barroso.
anderson.aires@zerohora.com.br
SOB CONTESTAÇÃO
ART. 790-B
-Diz que trabalhadores que perderam ação na Justiça
do Trabalho devem custear os honorários periciais,
mesmo que comprovem não ter condições financeiras.
ART. 791-A
-Ponto do artigo que autoriza trabalhadores sem
condições financeiras a usar créditos trabalhistas de
outros processos para pagar despesas de ações
perdidas.
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