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Planejamento Orçamentário INTRODUÇÃO O Orçamento surgiu da necessidade do mercado, levando as empresas em busca do diferencial da competitividade e da concorrência. Devido à globalização, constantes mudanças vêm ocorrendo no ambiente dos negócios, fazendo com que as empresas aprimorem seus processos de planejamento, avaliação, e controle, tanto do seu fluxo de caixa, quanto das operações de receitas, despesas e investimentos. “[...] à medida que o tempo passava e a crescente complexidade dos negócios reclamava métodos administrativos mais apurados, as técnicas de planejamento tiveram expandidas as suas aplicações, modificados os seus conceitos básicos e extremamente sofisticados os seus métodos de elaboração.” (PASSARELLI; BOMFIM, 2004, p. 11). Atualmente, o planejamento nas empresas é uma ferramenta de gestão, que além de necessária para tomada de decisão, evita o mau uso dos recursos, resultando na observação da relevância do orçamento empresarial na otimização dos resultados. O orçamento é um instrumento fundamental para a empresa, independente de seu porte e ramo de atividade, pois é componente de um plano estratégico que estabelece metas para um determinado período, conduzindo a empresa aos seus objetivos. Quando uma empresa opta por elaborar um orçamento, além do levantamento dos dados e agrupamento dos mesmos, é necessário um acompanhamento mensal das variações de valores orçados e realizados. Necessidades de informações Planejar é estabelecer com antecedência as ações a serem executadas, estimar os recursos a serem empregados e definir as correspondentes atribuições de responsabilidades em relação a um período futuro determinado, para que sejam alcançados satisfatoriamente os objetivos fixados para uma empresa e suas unidades de negócios. No caso da elaboração e utilização de orçamentos, já que esse tipo de instrumento gerencial envolve tanto facetas de planejamento quanto de controle, vários aspectos importantes precisam ser levados em consideração: a) No que se refere mais especificamente ao planejamento, ou seja, a empresa deve contar com um procedimento sistemático regular, tanto quanto o permitam seus recursos financeiros, matérias e humanos bem como de coleta de informações sobre as condições endógenas e exógenas que o circunda. Outro caso igualmente importante é o das projeções de procura dos produtos e serviços da empresa e das vendas que a empresa espera fazer como parte do mercado total estimado. A importância da previsão de vendas, baseada na projeção da procura total, deverá tornar-se evidente em várias instâncias neste livro, levando-nos a considerar que deve ser o ponto de partida para a elaboração do orçamento de uma empresa. b) No caso do controle, destacamos o papel a ser desempenhado pela contabilidade da empresa como mecanismo de registro dos fatos ocorridos. Em termos de fonte de informações para uso por parte da administração, é necessário que se considerem o que deve ser feito pelo funcionário responsável pelo sistema o orçamentário, as finalidades das informações que a contabilidade pode proporcionar, para que ela mesma seja adequadamente estruturada, o que é feito basicamente através da adaptação do plano de contas, isto é, das categorias e dos itens segundo os quais os dados reais devem ser acumulados. Para projetar esse sistema de informações gerenciais apoiado na contabilidade, e que no caso será representado pelos relatórios de controle orçamentário e por transformações ulteriores dos dados neles contidos, o gerente de orçamentos deve saber que tipos de decisões devem ser tomadas e, portanto, que dados são necessários para isto. O alcance global das atribuições do gerente de orçamentos de uma empresa decore assim dessa posição de gerador de informações para decisão. Tipos de Planejamento Neste estudo daremos atenção especial a duas classificações da função de planejamento. A primeira, proposta por Igor Ansoff (Estratégia Empresarial, SP, McGraw-Hill, 2001, cap.1.), que diferencia níveis de planejamento de acordo com o seu significado, alcance ou impacto sobre a natureza dos problemas que se pretende solucionar com esse “enfoque para ação futura” que é o ato de planejar. São três esses níveis de planejamento: a) Planejamento estratégico, em que as decisões a serem tomadas dizem respeito principalmente a problemas externos da empresa, mais comumente às linhas de produtos e serviços e aos mercados atendidos. Um programa de diversificação de produtos ou mercados é sempre uma atividade de ordem estratégica, e como tal da maior importância para a empresa; b) Planejamento administrativo, no qual a preocupação volta-se para a melhor estruturação possível dos recursos (humanos, físicos e financeiros). Neste caso, um projeto de reformulação de sistemas de informações ou um projeto de reorganização de uma divisão ou departamento são exemplos de atividades que, programadas para dado período, estariam enquadradas nesta categoria; c) Planejamento Operacional, ou aquele em que as atividades previstas buscam a utilização dos recursos da empresa da maneira mais eficiente possível em dado período. Consideradas essas categorias de planejamento, cuja utilidade é ao mesmo tempo conceitual e prática, esta última em termos de atribuições de decisões, devemos deixar claro que a atividade de elaboração do orçamento de uma empresa para determinado período é mais uma atividade operacional do que propriamente estratégica ou administrativa. Aliás, segundo o próprio Ansoff, “ as principais áreas de decisões ao nível operacional são a alocação de recursos (preparação de orçamentos) entre as diferentes áreas funcionais e linhas de produto, a programação das operações, o acompanhamento da execução e a aplicação de medidas de controle”. OBJETIVOS Como instrumento de administração, os orçamentos elaborados fornecem direção e instruções para a execução de planos, enquanto o acompanhamento, levado ao controle, permite a comparação das realizações da empresa ao que tenha sido planejado. O planejamento, além de apoiar-se nas limitações e oportunidades apresentadas pelos recursos da empresa e pelo ambiente externo, baseia-se em padrões de desempenho ou em alvos de atuação considerados desejáveis pela administração e pelos proprietários da empresa. Esses padrões ou alvos também são chamados de objetivos. Sejam de que natureza forem – alguma taxa de lucro sobre o ativo total, sobre o PL, um certo nível de faturamento, liderança tecnológica ou participação no mercado, os objetivos devem possuir duas características básicas para poderem ser usados na direção das atividades de uma empresa, através da sua tradução em planos e orçamentos: a) Devem ser datados, isto é, deve-se estipular o período durante o qual será empregado qualquer tipo de esforço para alcançá-los, mesmo porque atingir um nível de faturamento específico com dois anos de atraso pode ser um indício de comportamento insatisfatório, em termos relativos, se deflacionados ou até de participação no mercado, pois o mesmo pode ter crescido em dois anos. b) É preciso haver a possibilidade de quantificar os objetivos e o que eles expressam. Ou seja, um objetivo deve ser acompanhado por uma unidade de medida – valor monetário, unidade de produção, horas de trabalho, etc. Essa quantificação é que deve lançar as bases para o julgamento dos planos e sua execução como índices relativos e absolutos de desempenho. ORÇAMENTO E CONTROLE Controlar é, essencialmente, acompanhar a execução de atividades damaneira mais rápida possível, e comparar o desempenho efetivo com o planejado, isto é, o que tenha sido originalmente considerado desejável, satisfatório ou viável. Evidentemente, a função de controle não se esgota no acompanhamento puro e simples como também envolve a geração de informações para a tomada de decisões de avaliação e eventual correção do desempenho alcançado, proporcionalmente ao seu afastamento em relação ao tido como desejável ou satisfatório. A elaboração de orçamentos, que identificamos como a parte anual do planejamento das operações, predetermina as unidades que serão responsáveis por certos resultados (receitas, despesas, volume de atividade, qualidade de atuação etc) dentro do período sob planejamento. VANTAGENS E LIMITAÇÕES DO ORÇAMENTO VANTAGENS A utilização de um sistema orçamentário, entendido aqui como um plano abrangendo todo o conjunto das operações anuais de uma empresa, através da formalização do desempenho dessas importantes funções administrativas gerais, oferece inúmeras vantagens que decorrem diretamente dessa formalização. Dentre as mais significativas, podemos mencionar: a) A existência e a utilização do sistema exige que sejam concretamente fixados objetivos e políticas para a empresa e suas unidades. Através da sistematização do processo de planejamento e controle, graças ao uso de orçamentos, isto introduz o hábito do exame prévio e cuidadoso de todos os fatores antes da tomada de decisões importantes, além de obrigar a administração da empresa a dedicar atenção adequada e oportuna aos efeitos eventualmente causados pelo surgimento de novas condições externas. b) Obriga os administradores a quantificarem e datarem as atividades pelas quais serão responsáveis, em lugar de se limitarem a compromissos com metas ou alvos vagos e imprecisos. c) Identifica os pontos de eficiência e ineficiência no desempenho das unidades da empresa e permite acompanhar em que termos está havendo progresso no sentido da consecução dos objetivos gerais e parciais da empresa. d) Finalmente, a preparação de um orçamento para toda a empresa tende a melhorar a utilização dos recursos a ela disponíveis, bem como ajustá-los às atividades consideradas prioritárias, para que sejam alcançados os seus objetivos. LIMITAÇÕES Apesar de todas as vantagens e contribuições que o uso de um sistema de planejamento e controle orçamentário pode proporcionar a uma empresa, a seus administradores e proprietários, bem como a funcionários, ele não é a resposta para todos os males, pois, para ser bem aplicado numa empresa, requer as atitudes apropriadas e o conhecimento da técnica envolvida na sua utilização. Via de regra, utilidade deste sistema esbarra com os seguintes obstáculos: a) Os dados contidos nos orçamentos não passam de estimativas, entretanto, se a finalidade é planejar, nada pode ser feito para eliminar inteiramente a margem de erro. Afinal de contas, é melhor planejar com consciência de erro que possa estar sendo cometido do que simplesmente admitir o futuro como incerto e não fazer preparativos para enfrentá-lo. b) Custo do sistema. É claro que esta técnica não pode ser usada com a mesma intensidade e complexidade por empresas de todos os tamanhos e nem todas as empresas contam com recursos para contratar pessoal especializado em função de orçamento. c) O uso de um sistema desta natureza ajusta-se melhor a uma dada filosofia e a um estilo de administração (com participação) que talvez não sejam aceitáveis em algumas empresas. Na empresa com administração de caráter excessivamente autoritário ou centralizador, não recomendamos o emprego desta técnica. Planejar e controlar é sempre muito bom, em nossa opinião mas, sem a correspondente delegação de autoridade e responsabilidade, o uso desta técnica acabará por transformar-se mais em um exercício dispendioso do que em uma forma de administrar mais racionalmente os recursos da empresa. Por isso, é desejável, que se faça uma avaliação deste aspecto antes de se recomendar a introdução efetiva de um sistema orçamentário em uma empresa. 2 - IMPLANTAÇÃO E UTILIZAÇÃO DO SISTEMA ORÇAMENTÁRIO Tanto a introdução de um sistema orçamentário em empresa que ate então não utilizava quanto a sua utilização regular durante anos seguidos requerem, para um aproveitamento adequado das vantagens existentes bem como para a superação das limitações mencionadas anteriormente a obediência a alguns princípios ou condições fundamentais que a seguir enumeramos: a) É indispensável que a alta cúpula administrativa da empresa apóie a utilização do sistema em seus vários aspectos. Desse modo, estaremos esperando que alta administração entenda a natureza e os elementos básicos da elaboração de orçamentos, esteja convencida de sua utilidade para a empresa. Este apoio é fundamental para que o orçamento não seja cada vez mais apenas um exercício conduzido pelo gerente de orçamento, mas ao contrario, envolva todos os indivíduos com responsabilidades administrativas, de tal sorte que eles vejam no orçamento um instrumento de racionalização de suas tarefas. b) Também é preciso que o uso do sistema preveja, através de um roteiro (calendário) apropriado, o envolvimento deliberado dos administradores responsáveis pelo sucesso das operações da empresa, para que possam participar do processo de planejamento. Isso deve começar pela sua atenção ao fornecimento de dados para a montagem dos diversos orçamentos parciais, dados esses que devem refletir os seus conhecimentos e/ou estudos apropriados dos segmentos das operações pelos quais são responsáveis. A participação dos indivíduos afetados no processo de elaboração do orçamento visa diminuir o impacto negativo de imposições arbitrárias, de cima para baixao, bem como aumentar o interesse e o envolvimento de cada administrador na condução das atividades de cuja supervisão está encarregado. Estamos, logicamente, partinhdo da premissa de que esse é um importante fator motivador para o administrador. Outros aspectos importantes deste princípio são: (1) a orientação da direção, como fronteira para a participação de níveis inferiores, tanto limitando a extensão do processo quanto impedindo que os participantes se sintam perdidos pela falta de parâmetros que coloquem suas projeções dentro de um contexto mais firme, e (2.) o fato evidente de que através dessa participação de níveis intermediários a alta administração também deverá conseguir aumentar o apoio que os administradores subalternos proporcionarão aos planos que visem à outra consecução dos objetivos que porventura a eles tenham sido transmitidos ou “vendidos”. c) É indispensável que o sistema, particularmente na sua fase de acompanhamento e controle, gere informações que dêem destaque apenas às diferenças significativas entre o desempenho planejado e o desempenho efetivo, como elemento para decisões posteriores pelos destinatários das informações. Se isso não for feito, boa parte das vantagens da formalização inerente ao uso de orçamentos estarão perdidas, pois os executivos que receberem todas as informações de controle não poderão diminuir o seu envolvimento com as decisões do dia-a-dia, e o seu tempo não estará sendo empregado na medida do seu custo para a empresa. Welsch denomina este princípio “administração por exceção”, ou seja, insiste em que é preciso fazer com que os executivos se ocupem com os aspectos incomuns da comparação entre realizado e planejado. Para uma obediência correta a este princípio também é necessário haver critérios para quese possa dizer quando uma variação ou diferença entre o realizado e o planejado é digna de maior atenção e de medidas subseqüentes. Em uma empresa, 10% de diferença entre um e outro podem ser significativos, e em outra empresa não. Isto dependerá, principalmente, do grau da incerteza com que a empresa faz suas estimativas orçamentárias, o que por sua vez está relacionado a dois aspectos: l. a sofisticação ou o refinamento dos procedimentos de estimação, e 2. a instabilidade do ambiente externo à empresa. RESPONSABILIDADE E CONTROLE Na execução da tarefa de controle é essencial a existência dessas linhas definidas de responsabilidade. A fonte de dados para o controle é a contabilidade, mas estamos falando de uma contabilidade por áreas de responsabilidade. Em outras palavras, o plano de contas adotado para a função de controle deverá ser capaz de permitir que os dados reais para o necessário acompanhamento e a avaliação do desempenho sigam as linhas da elaboração do orçamento, o que, segundo o que propomos, deve ser feito por áreas de autoridade e responsabilidade sobre partes das operações da empresa. Em via de regra, podemos referir-nos a três tipos de área de responsabilidade em uma empresa – centros de custos, centros de resultado e centros de investimento – conforme a autoridade correspondente ao seu supervisor. CENTROS DE RESPONSABILIDADE Esses três tipos podem ser assim definidos: a) O centro de resultado permite que o desempenho do administrador de um segmento operacional de uma empresa seja aferido com base na maneira pela qual o resultado planejado é atingido (ficou acima ou abaixo do planejado). É de uso mais apropriado em uma situação de divisões de produtos ou serviços, ou seja, em casos em que esse segmento de operações possui responsabilidades diretas pela geração de receitas externas. Seria o exemplo de uma empresa descentralizada ou poderia ser perfeitamente aplicado a empresa do tipo holding, tornando cada uma das subsidiárias industriais ou comerciais em um centro de resultado do grupo. O mesmo conceito também é aplicado em situações em que não existe uma transferência externa que gere ]receitas, mas sim interna; nesse caso, é preciso atribuir um valor à produção transferida a outros pontos da mesma empresa. Isto se faz através da fixação de preços de transferência, o que sempre envolve alguns problemas inerentes à determinação de valores mais ou menos arbitrários. b) Já o centro de investimento consiste na mesma subdivisão da empresa em unidades geradoras de resultado, acrescentando-se uma medida do ativo ou patrimônio a elas disponíveis para gerar esse resultado. Neste caso, o desempenho é medido com base em taxas de retorno (resultado/investimento), mas o aspecto de fixação arbitrária de valores se acentua, já que, além do preço de transferência interna, é preciso fazer uma atribuição da parcela do investimento total da empresa colocada à disposição de cada centro. Como ratear, por exemplo, os montantes gastos em pesquisa, aperfeiçoamento de produtos, recrutamento e remuneração dos altos administradores da unidade central? Uma das maneiras de contornar tal problema consiste em levar em conta apenas o investimento diretamente resultante da implantação e do funcionamento do centro, considerando ainda uma parcela, não propriamente de resultado, mas sim de excedente líquido como contribuição para cobrir os custos indiretos da empresa. Um relatório de resultados periódicos de um centro de investimento poderia ter a forma apresentada a seguir: MÊS DE JULHO DE 2014 Centro de Resultado – Escritório Belo Horizonte Vls. mensais Vls. acumulados Real. Orçados Real. Orçados Receitas de Vendas 97.964 91.400 387.441 391.000 - Vendas canceladas 1.821 1.700 9.155 6.700 Receitas Líquidas 96.143 89.700 378.286 384.300 Custo dos Produtos Vendidos 44.644 43.600 181.884 190.200 Publicidade 2.788 2.690 10.816 11.000 Despesas com Pessoal 9.445 8.200 37.913 31.900 Ocupação 12.817 11.700 46.448 49.100 Utilidade 8.475 7.950 35.745 33.000 Despesas Gerais 8.871 7.100 28.692 29.200 Custo do centro de Investimento 42.396 37.640 159.614 170.200 Resultado Líquido 9.103 8.460 36.788 39.900 Despesas Administrativas 3.897 3.660 15.498 15.600 A t i Ativos do centro (A) 112.000 100.000 105.350 100.000 Taxa de retorno (L/A) 4,65% 4,80% 20,21% 24,30% c) Entretanto, nas situações em que o administrador de um segmento operacional não pode exercer controle sobre o investimento ou a receita (e o resultado, portanto), mas pode controlar com efetividade o volume de despesas na realização de diferentes níveis de produção, o centro de custo será o conceito mais apropriado para a avaliação do seu desempenho à frente desse segmento. Esta alternativa parece ser a mais apropriada para uma situação em que se pretende reduzir os custos através do controle mais rígido, acoplado a um sistema de avaliação de desempenho e eficiência de diversos níveis administrativos, sem que haja condições para uma descentralização como a que estaria associada à capacidade de gerar receita ou exercer controle sobre os níveis de recursos (investimento) usados pela unidade. Lucro Bruto 51.499 46.100 196.402 194.100 Excedente (Lucro) 5.206 4.800 21.290 24.300 PLANOS DE CONTAS POR CENTROS DE RESPONSABILIDADE O perfeito e desejado relacionamento entre planejamento e controle através de orçamentos pressupõe informações a respeito da execução dos planos, de modo a permitir a comparação entre valores planejados e valores efetivos. Por isso uma vês definidos os centros de autoridade e de responsabilidade, deve-se implantar e utilizar um plano de contas que atenda satisfatoriamente às necessidades de informações para fins de planejamento e controle. Nesses termos, sabemos que há despesas ou atividades que, por sua natureza, se verificam nos mais diferentes pontos da empresa. Por exemplo, gastos de luz e força. Esses gastos realizam-se tanto nos setores administrativos quanto nos setores produtivos, e é indispensável a capacidade de identificá-los nos setores (subsetores) que os tenham provocado. Ora, isso será impossível se o plano de contas apenas apresentar um item com o título “luz e força”. Seria recomendável que essa conta, definida pela natureza do gasto, pudesse ser complementada com dados sobre o centro de responsabilidade correspondente: Administração Geral, Departamento de Manutenção, Seção de Laminação, Grupo de Máquinas nº 10 etc. Para esclarecer melhor o que pretendemos dizer em relação às deficiências de planos de contas por natureza e às vantagens dos planos por responsabilidade, veja o que acontece com o quadro apresentado abaixo: Código Despesa 00301 Luz e força 00302 Água 00303 Telefone, telegrama e fax 00304 Correios e malotes 00305 Transporte do pessoal Em cada um desses itens, caso o plano de contas valha para toda a empresa, estaremos acumulando, por exemplo, todo e qualquer gasto com luz e forma, água, etc, sem o der identificar os setores responsáveis pelos gastos efetuados, o que diminuirá a possibilidade de exercer qualquer tipo de controle sobre eles. Nesse caso, seria impossívelplanejar e controlar através de orçamentos, a não ser para a empresa como um todo, o que não passaria de um exercício para a alta administração. Assim sendo, seria imprescindível segregar os setores da empresa em áreas de responsabilidade, mesmo que as despesas tivessem a mesma natureza, conforme segue: Código Despesas 000301 Luz e força - Total 0030101 Luz e força – Dpto de Produção 0030102 Luz e força – Depto de Manutenção .etc etc . 00302 Água - Total 0030201 Água – Depto de Produção 0030202 Água – Depto de Manutenção etc etc. Sem dúvida, o plano poderia ser ainda mais detalhado para os subsetores de cada departamento com a simples adição dos algarismos necessários à direita dos códigos. E com isso seria possível que cada unidade da empresa planejasse seus níveis de despesa e fosse controlada a partir dos dados planejados. É através de um esquema dessa ordem que a contabilidade pode funcionar mais adequadamente como fonte de informações para o sistema de planejamento e controle orçamentário. EXIGÊNCIAS IMPORTANTES PARA IMPLANTAÇÃO DO SISTEMA ORÇAMENTÁRIO EM UMA EMPRESA Uma das primeiras decisões a serem tomadas a respeito da utilização de orçamentos diz respeito ao período que será coberto pelos planos orçamentários que devem ser elaborados. O ciclo de operações de uma empresa – isto é, o tempo transcorrido desde a primeira atividade de aquisição de um serviço ou fator de produção até a conclusão do processo de transformação desses fatores em um produto ou serviço final, bem como o recebimento e o pagamento correspondentes - é reconhecido como a unidade básica de atividade e, portanto, seria a base lógica para os períodos de planejamento e controle. Contudo, isto seria mais apropriado para empresas, como as produtoras de equipamento pesado, em que a construção de unidades industriais, ou usinas, é feita no período de vários meses ou anos; mas, nesse caso, é melhor planejar por projeto e não por períodos fixos. O planejamento por períodos fixos traz como importantes vantagens a associação a esquemas de prazo aos quais está subordinada a contabilidade (principal fonte de informações de controle), por razões de ordem fiscal e tributária e de apresentação e publicação de demonstrativos financeiros ao público externo à empresa. É por isso que o mais comum e recomendável é usar o prazo de um ano, com segmentos parciais de meses, trimestres e semestres, coincidindo com o exercício social da empresa, mesmo que este não seja o próprio ano civil. É também necessário que as atividades a serem desenvolvidas na preparação de orçamentos e na emissão dos relatórios de controle sejam explicitadas de maneira formal e incluídas num manual acessível a todos os usuários do sistema. A elaboração desse manual é uma das atrtibuições do supervisor da área de orçamentos. Além de oferecer uma introdução a respeito dos benefícios resultantes da utilização do sistema, bem como das cautelas a serem tomadas, deverá ser o seguinte o conteúdo desse manual: a) Instruções e formulários a serem utilizados na elaboração de planos orçamentários b) Indicações quanto às responsabilidades pela produção de estimativas numéricas a serem inseridas nos planos. c) Cronograma indicativo dos prazos para a conclusão dos orçamentos parciais e de todo o orçamento da empresa, para subseqüente entrega aos setores que os solicitam para a elaboração de seus próprios planos, ou para aprovação. d) \Indicação dos setores ou executivos aos quais esses orçamentos devem ser apresentados. e) Instruções e formulários para a emissão de relatórios de controle, incluindo a freqüência de preparação e as previsões quanto a comentários de análise ou interpretação. f) Fonte de dados para a preparação dos relatórios. No caso de um plano de centro de custos, deve ser indicado, para cada linha dos relatórios sob a forma de tabela de valores numéricos, o número ou código da conta que acumular o item de recita ou despesa em questão. g) Os prazos para a elaboração dos relatórios e os executivos ou setores da empresa aos quais devem ser entregues, em quantas cópias, e quais dessas cópias são encaminhadas a quais pessoas.
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