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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Didatismo e Conhecimento 1 NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 1. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E GOVERNO: CONCEITO E OBJETIVOS. ESTADO: O Estado é uma criação humana destinada a manter a coexis- tência pacífica dos indivíduos, a ordem social, de forma que os se- res humanos consigam se desenvolver e proporcionar o bem estar a toda sociedade. Pode ser definido como o exercício de um poder político, administrativo e jurídico, exercido dentro de um determi- nado território, e imposto para aqueles indivíduos que ali habitam. GOVERNO: É o conjunto de órgãos e as atividades que eles exercem no sentido de conduzir politicamente o Estado, definindo suas dire- trizes. Não se confunde com a Administração Pública em sentido estrito, que tem a função de realizar concretamente as diretrizes traçadas pelo Governo. Portanto, enquanto o Governo age com ampla discricionariedade, a Administração Pública atua de modo subordinado. Sistema de Governo é o modo como se relacionam os poderes; Executivo e Legislativo. Existem os seguintes sistemas de gover- no: a) Presidencialista: O Chefe de Estado também é o chefe de Governo. É o sistema adotado no Brasil; b) Parlamentarista: A chefia de Estado é exercida por um pre- sidente ou um rei, sendo que a chefia de Governo fica a cargo de um gabinete de ministros, nomeados pelo Parlamento e liderados pelo primeiro-ministro; c) Semi-presidencialista: Também chamado de sistema híbri- do, é aquele em que o chefe de Governo e o chefe de Estado com- partilham o Poder Executivo e exercem a Administração Pública; d) Diretorial: O Poder executivo é exercido por um órgão colegiado escolhido pelo Parlamento. Ao contrário do parlamen- tarismo, não há possibilidade de destituição do diretório pelo Par- lamento. As formas de Governo (ou sistemas políticos) dizem respeito ao conjunto das instituições pelas quais o Estado exerce seu poder sobre a sociedade e, principalmente, o modo como o chefe de Es- tado é escolhido. Existem duas formas: a) Presidencialismo: Escolhido pelo voto (direto ou indireto) para um mandato pré-determinado; b) Monarquia: Escolhido geralmente pelo critério hereditá- rio, sua permanência no cargo é vitalícia - o afastamento só pode ocorrer por morte ou abdicação. A monarquia pode ser absoluta, em que a chefia de Governo também está nas mãos do monarca; ou parlamentarista, em que a chefia de Governo está nas mãos do primeiro-ministro; ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA: A administração pública pode ser definida objetivamente como a atividade concreta e imediata que o Estado desenvolve para assegurar os interesses coletivos e, subjetivamente, como o conjunto de órgãos e de pessoas jurídicas aos quais a Lei atribui o exercício da função administrativa do Estado. Sob o aspecto operacional, administração pública é o desem- penho perene e sistemático, legal e técnico dos serviços próprios do Estado, em benefício da coletividade. A administração pública pode ser direta, quando composta pelas suas entidades estatais (União, Estados, Municípios e DF), que não possuem personalidade jurídica própria, ou indireta quando compos- ta por entidades autárquicas, fundacionais e paraestatais. Segundo ensina Maria Sylvia Zanella Di Pietro o conceito de administração pública divide-se em dois sentidos: “Em sentido obje- tivo, material ou funcional, a administração pública pode ser definida como a atividade concreta e imediata que o Estado desenvolve, sob regime jurídico de direito público, para a consecução dos interesses coletivos. Em sentido subjetivo, formal ou orgânico, pode-se definir Administração Pública, como sendo o conjunto de órgãos e de pes- soas jurídicas aos quais a lei atribui o exercício da função adminis- trativa do Estado”. Assim, administração pública em sentido material é administrar os interesses da coletividade e em sentido formal é o conjunto de entidade, órgãos e agentes que executam a função administrativa do Estado. ELEMENTOS DO ESTADO: 1) População: Reunião de indivíduos num determinado local, submetidos a um poder central. O Estado vai controlar essas pessoas, visando, através do Direito, o bem comum. A população pode ser classificada como nação, quando os indivíduos que habitam o mesmo território possuem como elementos comuns a cultura, língua e reli- gião. Possuem nacionalidades, cultura, etnias e religiões diferentes. 2) Território: Espaço geográfico onde reside determinada po- pulação. É limite de atuação dos poderes do Estado. Vale dizer que não poderá haver dois Estados exercendo seu poder num único ter- ritório, e os indivíduos que se encontram num determinado território estão submetidos a esse poder uno. 3) Soberania: É o exercício do poder do Estado, internamente e externamente. O Estado, dessa forma, deverá ter ampla liberdade para controlar seus recursos, decidir os rumos políticos, econômicos e sociais internamente e não depender de nenhum outro Estado ou órgão internacional. PODERES DO ESTADO: A existência de três Poderes e a idéia que haja um equilíbrio entre eles, de modo que cada um dos três exerça um certo controle sobre os outros é sem dúvida uma característica das democracias mo- dernas. A noção da separação dos poderes foi intuída por Aristóteles, ainda na Antiguidade, mas foi aplicada pela primeira vez na Inglater- ra, em 1653. Sua formulação definitiva, porém, foi estabelecida por Montesquieu, na obra “O Espírito das Leis”, publicada em 1748, e cujo subtítulo é “Da relação que as leis devem ter com a constituição de cada governo, com os costumes, com o clima, com a religião, com o comércio, etc.” “É preciso que, pela disposição das coisas, o poder retenha o poder”, afirma Montesquieu, propondo que os poderes executivo, le- gislativo e judiciário sejam divididos entre pessoas diferentes. Com isso, o filósofo francês estabelecia uma teoria a partir da prática que verificara na Inglaterra, onde morou por dois anos. A influência da obra de Montesquieu pode ser medida pelo fato de a tripartição de poderes ter se tornado a regra em todos os países democráticos modernos e contemporâneos. Didatismo e Conhecimento 2 NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Executivo e Legislativo Em primeiro lugar, pode-se citar o poder Executivo que, em sentido estrito, é o próprio Governo. No caso brasileiro - uma re- pública presidencialista - o poder Executivo é constituído pelo Presidente da República, supremo mandatário da nação, e por seus auxiliares diretos, os Ministros de Estado. O poder Executivo exerce principalmente a função admi- nistrativa, gerenciando os negócios do Estado, aplicando a lei e zelando pelo seu cumprimento. Além disso, o Executivo também exerce, em tese de modo limitado, a atividade legislativa através da edição de medidas provisórias com força de lei e da criação de regulamentos para o cumprimento das leis. No entanto, desde o fim da ditadura militar, em 1985, os presidentes brasileiros de- monstram uma tendência a abusar das medidas provisórias para fazer leis de seus interesses, quando estas só deveriam ser editadas, de acordo com a Constituição, “em caso de urgência e necessidade extraordinária”. Fazer leis ou legislar é a função básica do poder Legislativo, isto é, o Congresso Nacional. Composto pelo Senado e pela Câ- mara dos Deputados, o Congresso também fiscaliza as contas do Executivo, por meio de Tribunais de Contas que são seus órgãos auxiliares, bem como investiga autoridades públicas, por meio de Comissões Parlamentares de Inquéritos (CPIs). Ao Senado Fede- ral cabe ainda processar e julgar o presidente, o vice-presidente da República e os ministros de Estado no caso de crimes de res- ponsabilidade, após a autorização da Câmara dos Deputados para instaurar o processo. O Poder Judiciário Já o poder Judiciário tem, com exclusividade,o poder de apli- car a lei nos casos concretos submetidos à sua apreciação. Nesse sentido, cabe aos juízes garantir o livre e pleno debate da questão que opõe duas ou mais partes numa disputa cuja natureza pode variar - ser familiar, comercial, criminal, constitucional, etc. -, per- mitindo que todos os que serão afetados pela decisão da Justiça expor suas razões e argumentos. FINS: A Administração Pública tem como principal objetivo o inte- resse público, seguindo os princípios constitucionais da legalida- de, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência. Quanto à organização e aos princípios, vamos estudar mais adiante em tópico oportuno. 2. EVOLUÇÃO DOS MODELOS DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. EVOLUÇÃO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA NO BRASIL A evolução da administração pública em nosso país passou por três modelos diferentes: a administração patrimonialista, a ad- ministração burocrática e a administração gerencial. Essas modalidades surgiram sucessivamente ao longo do tem- po, não significando, porém, que alguma delas tenha sido definiti- vamente abandonada. Na administração pública patrimonialista, própria dos Estados absolutistas europeus do século XVIII, o aparelho do Estado é a extensão do próprio poder do governante e os seus funcionários são considerados como membros da nobreza. O patrimônio do Es- tado confunde-se com o patrimônio do soberano e os cargos são tidos como prebendas (ocupações rendosas e de pouco trabalho). A corrupção e o nepotismo são inerentes a esse tipo de adminis- tração. A administração pública burocrática surge para combater a corrupção e o nepotismo do modelo anterior. São princípios inerentes a este tipo de administração a impessoalidade, o for- malismo, a hierarquia funcional, a ideia de carreira pública e a profissionalização do servidor, consubstanciando a ideia de poder racional legal. Os controles administrativos funcionam previamente, para evitar a corrupção. Existe uma desconfiança prévia dos adminis- tradores públicos e dos cidadãos que procuram o Estado com seus pleitos. São sempre necessários, por esta razão, controles rígidos em todos os processos, como na admissão de pessoal, nas con- tratações do Poder Público e no atendimento às necessidades da população. A administração burocrática, embora possua o grande mérito de ser efetiva no controle dos abusos, corre o risco de transformar o controle a ela inerente em um verdadeiro fim do Estado, e não um simples meio para atingir seus objetivos. Com isso, a máquina administrativa volta-se para si mesmo, perdendo a noção de sua missão básica, que é servir à sociedade. O seu grande problema, portanto, é a possibilidade de se tornar ineficiente, auto-referente e incapaz de atender adequadamente os anseios dos cidadãos. A administração pública gerencial apresenta-se como solu- ção para estes problemas da burocracia. Priorizase a eficiência da Administração, o aumento da qualidade dos serviços e a redução dos custos. Buscase desenvolver uma cultura gerencial nas or- ganizações, com ênfase nos resultados, e aumentar a governança do Estado, isto é, a sua capacidade de gerenciar com efetividade e eficiência. O cidadão passa a ser visto com outros olhos, tor- nando-se peça essencial para o correto desempenho da atividade pública, por ser considerado seu principal beneficiário, o cliente dos serviços prestados pelo Estado. A administração gerencial constitui um avanço, mas sem romper em definitivo com a administração burocrática, pois não nega todos os seus métodos e princípios. Na verdade, o gerencia- lismo apóiase na burocracia, conservando seus preceitos básicos, como a admissão de pessoal segundo critérios rígidos, a merito- cracia na carreira pública, as avaliações de desempenho,o aperfei- çoamento profissional e um sistema de remuneração estruturado. A diferença reside na maneira como é feito o controle, que passa a concentrarse nos resultados, não mais nos processos em si, procu- rando-se, ainda, garantir a autonomia do servidor para atingir tais resultados, que serão verificados posteriormente. Aceita-se também uma maior participação da sociedade ci- vil na prestação de serviços que não sejam exclusivos de Estado. São as chamadas entidades paraestatais, que compõem o terceiro setor, composto por entidades da sociedade civil de fins públicos e não lucrativos, como as organizações sociais e as organizações da sociedade civil de interesse público (OSCIPs). Este setor passa a coexistir com o primeiro setor, que é o Estado, e com o segundo setor, que é o mercado. Didatismo e Conhecimento 3 NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Na administração gerencial, a noção de interesse público é diferente da que existe no modelo burocrático. A burocracia vê o interesse público como o interesse do próprio Estado. A adminis- tração pública gerencial nega essa visão, identificando este inte- resse com o dos cidadãos, passando os integrantes da sociedade a serem vistos como clientes dos serviços públicos. Atualmente, o modelo gerencial na Administração Pública vem cada vez mais se consolidando, com a mudança de estruturas organizacionais, o estabelecimento de metas a alcançar, a redu- ção da máquina estatal, a descentralização dos serviços públicos, a criação das agências reguladoras para zelar pela adequada pres- tação dos serviços etc. O novo modelo propõe-se a promover o aumento da qualidade e da eficiência dos serviços oferecidos pelo Poder Público aos seus clientes: os cidadãos. www.editoraferreira.com.br 2 Luciano Oliveira 3. REGIME JURÍDICO ADMINISTRATIVO NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988: PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DO DIREITO ADMINISTRATIVO BRASILEIRO. CAPÍTULO VII DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Seção I DISPOSIÇÕES GERAIS Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Mu- nicípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: (Re- dação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) I - os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis aos brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos em lei, as- sim como aos estrangeiros, na forma da lei; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) II - a investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação prévia em concurso público de provas ou de provas e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas as nomeações para cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exone- ração; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) III - o prazo de validade do concurso público será de até dois anos, prorrogável uma vez, por igual período; IV - durante o prazo improrrogável previsto no edital de con- vocação, aquele aprovado em concurso público de provas ou de provas e títulos será convocado com prioridade sobre novos con- cursados para assumir cargo ou emprego, na carreira; V - as funções de confiança, exercidas exclusivamente por servidores ocupantes de cargo efetivo, e os cargos em comissão, a serem preenchidos por servidores de carreira nos casos, condições e percentuais mínimos previstos em lei, destinam-se apenas às atri- buições de direção, chefia e assessoramento; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) VI - é garantido ao servidor público civil o direito à livre as- sociação sindical; VII - o direito de greve será exercido nos termos e nos limites definidos em lei específica; (Redação dada pela Emenda Constitu- cional nº 19, de 1998) VIII - a lei reservará percentual dos cargos e empregos públi- cos para as pessoas portadoras de deficiência e definirá os critérios de sua admissão; IX - a lei estabelecerá os casos de contratação por tempo deter-minado para atender a necessidade temporária de excepcional inte- resse público; X - a remuneração dos servidores públicos e o subsídio de que trata o § 4º do art. 39 somente poderão ser fixados ou alterados por lei específica, observada a iniciativa privativa em cada caso, asse- gurada revisão geral anual, sempre na mesma data e sem distinção de índices; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) (Regulamento) XI - a remuneração e o subsídio dos ocupantes de cargos, fun- ções e empregos públicos da administração direta, autárquica e fun- dacional, dos membros de qualquer dos Poderes da União, dos Esta- dos, do Distrito Federal e dos Municípios, dos detentores de mandato eletivo e dos demais agentes políticos e os proventos, pensões ou outra espécie remuneratória, percebidos cumulativamente ou não, incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer outra natureza, não poderão exceder o subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Su- premo Tribunal Federal, aplicando-se como limite, nos Municípios, o subsídio do Prefeito, e nos Estados e no Distrito Federal, o subsídio mensal do Governador no âmbito do Poder Executivo, o subsídio dos Deputados Estaduais e Distritais no âmbito do Poder Legislativo e o subsidio dos Desembargadores do Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por cento do subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, no âmbito do Poder Judiciário, aplicável este limite aos membros do Mi- nistério Público, aos Procuradores e aos Defensores Públicos; (Reda- ção dada pela Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003) XII - os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo e do Poder Judiciário não poderão ser superiores aos pagos pelo Poder Execu- tivo; XIII - é vedada a vinculação ou equiparação de quaisquer es- pécies remuneratórias para o efeito de remuneração de pessoal do serviço público; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) XIV - os acréscimos pecuniários percebidos por servidor públi- co não serão computados nem acumulados para fins de concessão de acréscimos ulteriores; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) XV - o subsídio e os vencimentos dos ocupantes de cargos e empregos públicos são irredutíveis, ressalvado o disposto nos incisos XI e XIV deste artigo e nos arts. 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) XVI - é vedada a acumulação remunerada de cargos públicos, exceto, quando houver compatibilidade de horários, observado em qualquer caso o disposto no inciso XI: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) a) a de dois cargos de professor; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) b) a de um cargo de professor com outro técnico ou científi- co; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) c) a de dois cargos ou empregos privativos de profissionais de saúde, com profissões regulamentadas; (Redação dada pela Emen- da Constitucional nº 34, de 2001) Didatismo e Conhecimento 4 NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA XVII - a proibição de acumular estende-se a empregos e fun- ções e abrange autarquias, fundações, empresas públicas, socieda- des de economia mista, suas subsidiárias, e sociedades controla- das, direta ou indiretamente, pelo poder público; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) XVIII - a administração fazendária e seus servidores fiscais terão, dentro de suas áreas de competência e jurisdição, precedên- cia sobre os demais setores administrativos, na forma da lei; XIX – somente por lei específica poderá ser criada autarquia e autorizada a instituição de empresa pública, de sociedade de economia mista e de fundação, cabendo à lei complementar, neste último caso, definir as áreas de sua atuação; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) XX - depende de autorização legislativa, em cada caso, a cria- ção de subsidiárias das entidades mencionadas no inciso anterior, assim como a participação de qualquer delas em empresa privada; XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços, compras e alienações serão contratados mediante processo de licitação pública que assegure igualdade de condições a todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obriga- ções de pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá as exigências de quali- ficação técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumpri- mento das obrigações. (Regulamento) XXII - as administrações tributárias da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, atividades essenciais ao funcio- namento do Estado, exercidas por servidores de carreiras específi- cas, terão recursos prioritários para a realização de suas atividades e atuarão de forma integrada, inclusive com o compartilhamento de cadastros e de informações fiscais, na forma da lei ou convê- nio. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003) § 1º A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá ter caráter educativo, in- formativo ou de orientação social, dela não podendo constar no- mes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos. § 2º A não observância do disposto nos incisos II e III impli- cará a nulidade do ato e a punição da autoridade responsável, nos termos da lei. § 3º A lei disciplinará as formas de participação do usuário na administração pública direta e indireta, regulando especialmen- te: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) I - as reclamações relativas à prestação dos serviços públicos em geral, asseguradas a manutenção de serviços de atendimento ao usuário e a avaliação periódica, externa e interna, da qualidade dos serviços; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) II - o acesso dos usuários a registros administrativos e a infor- mações sobre atos de governo, observado o disposto no art. 5º, X e XXXIII; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) III - a disciplina da representação contra o exercício negli- gente ou abusivo de cargo, emprego ou função na administração pública. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) § 4º - Os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a in- disponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível. § 5º A lei estabelecerá os prazos de prescrição para ilícitos praticados por qualquer agente, servidor ou não, que causem pre- juízos ao erário, ressalvadas as respectivas ações de ressarcimento. § 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegu- rado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa. § 7º A lei disporá sobre os requisitos e as restrições ao ocu- pante de cargo ou emprego da administração direta e indireta que possibilite o acesso a informações privilegiadas. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) § 8º A autonomia gerencial, orçamentária e financeira dos órgãos e entidades da administração direta e indireta poderá ser ampliada mediante contrato, a ser firmado entre seus administra- dores e o poder público, que tenha por objeto a fixação de metas de desempenho para o órgão ou entidade, cabendo à lei dispor sobre: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) I - o prazo de duração do contrato; II - os controles e critérios de avaliação de desempenho, di- reitos, obrigações e responsabilidade dos dirigentes; III - a remuneração do pessoal.” § 9º O disposto noinciso XI aplica-se às empresas públicas e às sociedades de economia mista, e suas subsidiárias, que rece- berem recursos da União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios para pagamento de despesas de pessoal ou de custeio em geral. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) § 10. É vedada a percepção simultânea de proventos de apo- sentadoria decorrentes do art. 40 ou dos arts. 42 e 142 com a re- muneração de cargo, emprego ou função pública, ressalvados os cargos acumuláveis na forma desta Constituição, os cargos eleti- vos e os cargos em comissão declarados em lei de livre nomeação e exoneração. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998) § 11. Não serão computadas, para efeito dos limites remune- ratórios de que trata o inciso XI do caput deste artigo, as parcelas de caráter indenizatório previstas em lei. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 47, de 2005) § 12. Para os fins do disposto no inciso XI do caput des- te artigo, fica facultado aos Estados e ao Distrito Federal fixar, em seu âmbito, mediante emenda às respectivas Constituições e Lei Orgânica, como limite único, o subsídio mensal dos Desem- bargadores do respectivo Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por cento do subsídio mensal dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, não se aplicando o disposto neste parágrafo aos subsídios dos Deputados Estaduais e Distritais e dos Vereadores. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 47, de 2005) Art. 38. Ao servidor público da administração direta, autár- quica e fundacional, no exercício de mandato eletivo, aplicam-se as seguintes disposições: (Redação dada pela Emenda Constitu- cional nº 19, de 1998) I - tratando-se de mandato eletivo federal, estadual ou distri- tal, ficará afastado de seu cargo, emprego ou função; II - investido no mandato de Prefeito, será afastado do cargo, emprego ou função, sendo-lhe facultado optar pela sua remune- ração; III - investido no mandato de Vereador, havendo compatibi- lidade de horários, perceberá as vantagens de seu cargo, emprego ou função, sem prejuízo da remuneração do cargo eletivo, e, não havendo compatibilidade, será aplicada a norma do inciso anterior; Didatismo e Conhecimento 5 NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA IV - em qualquer caso que exija o afastamento para o exer- cício de mandato eletivo, seu tempo de serviço será contado para todos os efeitos legais, exceto para promoção por merecimento; V - para efeito de benefício previdenciário, no caso de afas- tamento, os valores serão determinados como se no exercício es- tivesse. Seção II DOS SERVIDORES PÚBLICOS (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 18, de 1998) Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Muni- cípios instituirão, no âmbito de sua competência, regime jurídico único e planos de carreira para os servidores da administração pú- blica direta, das autarquias e das fundações públicas. (Vide ADIN nº 2.135-4) Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municí- pios instituirão conselho de política de administração e remunera- ção de pessoal, integrado por servidores designados pelos respec- tivos Poderes. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) (Vide ADIN nº 2.135-4) § 1º A fixação dos padrões de vencimento e dos demais com- ponentes do sistema remuneratório observará: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) I - a natureza, o grau de responsabilidade e a complexidade dos cargos componentes de cada carreira; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) II - os requisitos para a investidura; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) III - as peculiaridades dos cargos. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) § 2º A União, os Estados e o Distrito Federal manterão escolas de governo para a formação e o aperfeiçoamento dos servidores públicos, constituindo-se a participação nos cursos um dos requi- sitos para a promoção na carreira, facultada, para isso, a celebração de convênios ou contratos entre os entes federados. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) § 3º Aplica-se aos servidores ocupantes de cargo público o disposto no art. 7º, IV, VII, VIII, IX, XII, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XX, XXII e XXX, podendo a lei estabelecer requisi- tos diferenciados de admissão quando a natureza do cargo o exi- gir. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) § 4º O membro de Poder, o detentor de mandato eletivo, os Ministros de Estado e os Secretários Estaduais e Municipais serão remunerados exclusivamente por subsídio fixado em parcela úni- ca, vedado o acréscimo de qualquer gratificação, adicional, abono, prêmio, verba de representação ou outra espécie remuneratória, obedecido, em qualquer caso, o disposto no art. 37, X e XI. (In- cluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) § 5º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Mu- nicípios poderá estabelecer a relação entre a maior e a menor re- muneração dos servidores públicos, obedecido, em qualquer caso, o disposto no art. 37, XI.(Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) § 6º Os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário publicarão anualmente os valores do subsídio e da remuneração dos cargos e empregos públicos. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) § 7º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios disciplinará a aplicação de recursos orçamentários pro- venientes da economia com despesas correntes em cada órgão, autar- quia e fundação, para aplicação no desenvolvimento de programas de qualidade e produtividade, treinamento e desenvolvimento, moderni- zação, reaparelhamento e racionalização do serviço público, inclusive sob a forma de adicional ou prêmio de produtividade. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) § 8º A remuneração dos servidores públicos organizados em car- reira poderá ser fixada nos termos do § 4º. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) Art. 40. Aos servidores titulares de cargos efetivos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, incluídas suas au- tarquias e fundações, é assegurado regime de previdência de caráter contributivo e solidário, mediante contribuição do respectivo ente público, dos servidores ativos e inativos e dos pensionistas, obser- vados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial e o disposto neste artigo. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003) § 1º Os servidores abrangidos pelo regime de previdência de que trata este artigo serão aposentados, calculados os seus proventos a par- tir dos valores fixados na forma dos §§ 3º e 17: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003) I - por invalidez permanente, sendo os proventos proporcionais ao tempo de contribuição, exceto se decorrente de acidente em servi- ço, moléstia profissional ou doença grave, contagiosa ou incurável, na forma da lei;(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003) II - compulsoriamente, com proventos proporcionais ao tempo de contribuição, aos 70 (setenta) anos de idade, ou aos 75 (setenta e cinco) anos de idade, na forma de lei complementar; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 88, de 2015) III - voluntariamente, desde que cumprido tempo mínimo de dez anos de efetivo exercício no serviço público e cinco anos no cargo efe- tivo em que se dará a aposentadoria, observadas as seguintes condi- ções: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98) a) sessenta anos de idade e trinta e cinco de contribuição, se ho- mem, e cinquenta e cinco anos de idade e trinta de contribuição, se mu- lher; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98) b) sessenta e cinco anos de idade, se homem, e sessenta anos deidade, se mulher, com proventos proporcionais ao tempo de contribui- ção. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98) § 2º - Os proventos de aposentadoria e as pensões, por ocasião de sua concessão, não poderão exceder a remuneração do respectivo ser- vidor, no cargo efetivo em que se deu a aposentadoria ou que serviu de referência para a concessão da pensão. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98) § 3º Para o cálculo dos proventos de aposentadoria, por ocasião da sua concessão, serão consideradas as remunerações utilizadas como base para as contribuições do servidor aos regimes de previdên- cia de que tratam este artigo e o art. 201, na forma da lei. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003) § 4º É vedada a adoção de requisitos e critérios diferenciados para a concessão de aposentadoria aos abrangidos pelo regime de que trata este artigo, ressalvados, nos termos definidos em leis complementa- res, os casos de servidores: (Redação dada pela Emenda Constitu- cional nº 47, de 2005) Didatismo e Conhecimento 6 NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA I portadores de deficiência; (Incluído pela Emenda Constitu- cional nº 47, de 2005) II que exerçam atividades de risco; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 47, de 2005) III cujas atividades sejam exercidas sob condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 47, de 2005) § 5º - Os requisitos de idade e de tempo de contribuição serão reduzidos em cinco anos, em relação ao disposto no § 1º, III, «a», para o professor que comprove exclusivamente tempo de efetivo exercício das funções de magistério na educação infantil e no en- sino fundamental e médio. (Redação dada pela Emenda Constitu- cional nº 20, de 15/12/98) § 6º - Ressalvadas as aposentadorias decorrentes dos cargos acumuláveis na forma desta Constituição, é vedada a percepção de mais de uma aposentadoria à conta do regime de previdência previsto neste artigo.(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98) § 7º Lei disporá sobre a concessão do benefício de pensão por morte, que será igual: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003) I - ao valor da totalidade dos proventos do servidor faleci- do, até o limite máximo estabelecido para os benefícios do regime geral de previdência social de que trata o art. 201, acrescido de setenta por cento da parcela excedente a este limite, caso aposen- tado à data do óbito; ou (Incluído pela Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003) II - ao valor da totalidade da remuneração do servidor no car- go efetivo em que se deu o falecimento, até o limite máximo esta- belecido para os benefícios do regime geral de previdência social de que trata o art. 201, acrescido de setenta por cento da parcela excedente a este limite, caso em atividade na data do óbito. (Incluí- do pela Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003) § 8º É assegurado o reajustamento dos benefícios para preser- var-lhes, em caráter permanente, o valor real, conforme critérios estabelecidos em lei. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003) § 9º - O tempo de contribuição federal, estadual ou municipal será contado para efeito de aposentadoria e o tempo de serviço cor- respondente para efeito de disponibilidade. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98) § 10 - A lei não poderá estabelecer qualquer forma de con- tagem de tempo de contribuição fictício. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98) § 11 - Aplica-se o limite fixado no art. 37, XI, à soma total dos proventos de inatividade, inclusive quando decorrentes da acumulação de cargos ou empregos públicos, bem como de ou- tras atividades sujeitas a contribuição para o regime geral de pre- vidência social, e ao montante resultante da adição de proventos de inatividade com remuneração de cargo acumulável na forma desta Constituição, cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração, e de cargo eletivo. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98) § 12 - Além do disposto neste artigo, o regime de previdên- cia dos servidores públicos titulares de cargo efetivo observará, no que couber, os requisitos e critérios fixados para o regime geral de previdência social. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98) § 13 - Ao servidor ocupante, exclusivamente, de cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração bem como de outro cargo temporário ou de emprego público, aplica-se o regime geral de previdência social. (Incluído pela Emenda Cons- titucional nº 20, de 15/12/98) § 14 - A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, desde que instituam regime de previdência complementar para os seus respectivos servidores titulares de cargo efetivo, poderão fixar, para o valor das aposentadorias e pensões a serem concedidas pelo regime de que trata este artigo, o limite máximo estabelecido para os benefícios do regime geral de previdência social de que trata o art. 201. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98) § 15. O regime de previdência complementar de que trata o § 14 será instituído por lei de iniciativa do respectivo Poder Exe- cutivo, observado o disposto no art. 202 e seus parágrafos, no que couber, por intermédio de entidades fechadas de previdência com- plementar, de natureza pública, que oferecerão aos respectivos par- ticipantes planos de benefícios somente na modalidade de contri- buição definida. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003) § 16 - Somente mediante sua prévia e expressa opção, o dis- posto nos §§ 14 e 15 poderá ser aplicado ao servidor que tiver ingressado no serviço público até a data da publicação do ato de instituição do correspondente regime de previdência complemen- tar. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 20, de 15/12/98) § 17. Todos os valores de remuneração considerados para o cálculo do benefício previsto no § 3° serão devidamente atualiza- dos, na forma da lei. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003) § 18. Incidirá contribuição sobre os proventos de aposenta- dorias e pensões concedidas pelo regime de que trata este artigo que superem o limite máximo estabelecido para os benefícios do regime geral de previdência social de que trata o art. 201, com per- centual igual ao estabelecido para os servidores titulares de cargos efetivos. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003) § 19. O servidor de que trata este artigo que tenha completado as exigências para aposentadoria voluntária estabelecidas no § 1º, III, a, e que opte por permanecer em atividade fará jus a um abono de permanência equivalente ao valor da sua contribuição previden- ciária até completar as exigências para aposentadoria compulsória contidas no § 1º, II. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003) § 20. Fica vedada a existência de mais de um regime próprio de previdência social para os servidores titulares de cargos efetivos, e de mais de uma unidade gestora do respectivo regime em cada ente estatal, ressalvado o disposto no art. 142, § 3º, X. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003) § 21. A contribuição prevista no § 18 deste artigo incidirá ape- nas sobre as parcelas de proventos de aposentadoria e de pensão que superem o dobro do limite máximo estabelecido para os be- nefícios do regime geral de previdência social de que trata o art. 201 desta Constituição, quando o beneficiário, na forma da lei, for portador de doença incapacitante. (Incluído pela Emenda Constitu- cional nº 47, de 2005) Art. 41. São estáveis após três anos de efetivo exercício os ser- vidores nomeados para cargo de provimento efetivo em virtude de concurso público. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº19, de 1998) Didatismo e Conhecimento 7 NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA § 1º O servidor público estável só perderá o cargo: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) I - em virtude de sentença judicial transitada em julgado; (In- cluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) II - mediante processo administrativo em que lhe seja assegu- rada ampla defesa; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) III - mediante procedimento de avaliação periódica de de- sempenho, na forma de lei complementar, assegurada ampla defe- sa. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) § 2º Invalidada por sentença judicial a demissão do servidor estável, será ele reintegrado, e o eventual ocupante da vaga, se es- tável, reconduzido ao cargo de origem, sem direito a indenização, aproveitado em outro cargo ou posto em disponibilidade com re- muneração proporcional ao tempo de serviço. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) § 3º Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessidade, o ser- vidor estável ficará em disponibilidade, com remuneração propor- cional ao tempo de serviço, até seu adequado aproveitamento em outro cargo. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) § 4º Como condição para a aquisição da estabilidade, é obriga- tória a avaliação especial de desempenho por comissão instituída para essa finalidade. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998) PRINCÍPIOS EXPRESSOS CONSTITUCIONALMENTE A atividade administrativa, em qualquer dos poderes ou esfe- ras, obedece aos princípios gerais e constitucionais da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência, como im- põe a norma fundamental do artigo 37 da Constituição da Repúbli- ca Federativa do Brasil de 1988, que assim dispõe em seu caput: “Art. 37. A administração pública direta e indireta de qual- quer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalida- de, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte”. Diante de tais princípios expressos constitucionalmente te- mos: Princípio da Legalidade: Este é o principal conceito para a configuração do regime jurídico-administrativo, pois se justifica no sentido de que a Administração Pública só poderá ser exercida quando estiver em conformidade com a Lei. O Administrador Público não pode agir, nem mesmo deixar de agir, senão de acordo com o que dispõe a Lei. Para que a administração possa atuar, não basta à inexistência de proibição legal, é necessária para tanto a existência de deter- minação ou autorização de atuação administrativa na lei. Os par- ticulares podem fazer tudo o que a Lei não proíba, entretanto a Administração Pública só pode fazer aquilo que a lei autorizar. Importante ainda esclarecer que a administração pública está obrigada, no exercício de suas atribuições, à observância não ape- nas dos dispositivos legais, mas também em respeito aos princí- pios jurídicos como um todo, inclusive aos atos e normas editadas pela própria administração pública. Princípio da Impessoalidade: Por tal princípio temos que a Ad- ministração Pública tem que manter uma posição de neutralidade em relação aos seus administrados, não podendo prejudicar nem mesmo privilegiar quem quer que seja. Dessa forma a Administra- ção pública deve servir a todos, sem distinção ou aversões pessoais ou partidárias, buscando sempre atender ao interesse público. Impede o princípio da impessoalidade que o ato administrati- vo seja emanado com o objetivo de atender a interesses pessoais do agente público ou de terceiros, devendo ter a finalidade exclu- sivamente ao que dispõe a lei, de maneira eficiente e impessoal. Ressalta-se ainda que o princípio da impessoalidade possui estreita relação com o também principio constitucional da isono- mia, ou igualdade, sendo dessa forma vedadas perseguições ou benesses pessoais. Princípio da Moralidade: Tal princípio vem expresso na Cons- tituição Federal no caput do artigo 37, que trata especificamente da moral administrativa, onde se refere à ideia de probidade e boa-fé. A partir da Constituição de 1988, a moralidade passou ao sta- tus de principio constitucional, dessa maneira pode-se dizer que um ato imoral é também um ato inconstitucional. A falta da moral comum impõe, nos atos administrativos a presença coercitiva e obrigatória da moral administrativa, que se constitui de um conjunto de regras e normas de conduta impostas ao administrador da coisa pública. Assim o legislador constituinte utilizando-se dos conceitos da Moral e dos Costumes uma fonte subsidiária do Direito positivo, como forma de impor à Administração Pública, por meio de juízo de valor, um comportamento obrigatoriamente ético e moral no exercício de suas atribuições administrativas, através do pressu- posto da moralidade. A noção de moral administrativa não esta vinculada às con- vicções intimas e pessoais do agente público, mas sim a noção de atuação adequada e ética perante a coletividade, durante a gerência da coisa pública. Princípio da Publicidade: Por este principio constitucional, te- mos que a administração tem o dever de oferecer transparência de todos os atos que praticar, e de todas as informações que estejam armazenadas em seus bancos de dados referentes aos administra- dos. Portanto, se a Administração Pública tem atuação na defesa e busca aos interesses coletivos, todas as informações e atos pratica- dos devem ser acessíveis aos cidadãos. Por tal razão, os atos públicos devem ter divulgação oficial como requisito de sua eficácia, salvo as exceções previstas em lei, onde o sigilo deve ser mantido e preservado. Princípio da Eficiência: Por tal principio temos a imposição exigível à Administração Pública de manter ou ampliar a qualida- de dos serviços que presta ou põe a disposição dos administrados, evitando desperdícios e buscando a excelência na prestação dos serviços. Tem o objetivo principal de atingir as metas, buscando boa prestação de serviço, da maneira mais simples, mais célere e mais econômica, melhorando o custo-benefício da atividade da admi- nistração pública. O administrador deve procurar a solução que melhor atenda aos interesses da coletividade, aproveitando ao máximo os recur- sos públicos, evitando dessa forma desperdícios. Didatismo e Conhecimento 8 NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA PRINCÍPIOS IMPLÍCITOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚ- BLICA A doutrina administrativa adota diversos princípios implícitos que norteiam a atividade administrativa do Estado, entretanto, nos preocupamos em elencar os principais, senão vejamos: Princípio da Supremacia do Interesse Público: Tal Princípio, muito embora não se encontre expresso no enunciado do texto constitucional é de suma importância para a atividade administra- tiva, tendo em vista que, em decorrência do regime democrático adotado pelo Brasil, bem como o seu sistema representativo, temos que toda a atuação do Poder Público seja consubstanciada pelo interesse público e coletivo. Assim, para que o Estado possa atingir a finalidade principal que lhe foi imposta pelo ordenamento jurídico, qual seja, o inte- resse público, é assegurado a administração pública uma série de prerrogativas, não existente no direito privado, para que se alcance a vontade comum da coletividade. Assim, a supremacia do interesse público deve se sobressair sobre os direitos particulares dos administrados, pois decorre deste princípio que, na hipótese de haver um conflito entre o interesse público e os interesses de particulares, é evidente e lógico que a vontade comum e o interesse coletivo deve prevalecer, respeitados os princípios do devido processo legal, e do direito adquirido. Princípio da Indisponibilidade do Interesse Público: Em de-corrência do princípio da indisponibilidade do interesse público são vedados ao administrador da coisa pública qualquer ato que implique em renúncia a direitos da administração, ou que de ma- neira injustificada e excessiva onerem a sociedade. Dessa maneira, a administração pública deve ter sai ação con- trolada pelo povo, por meios de mecanismos criados pelo Estado para esta finalidade, visto que o interesse público não pode ser disponível. Princípio da Autotutela: O direito Administrativo, diante de suas prerrogativas confere à Administração Pública o poder de corrigir de oficio seus próprios atos, revogando os irregulares e inoportunos e anulando os manifestamente ilegais, respeitado o di- reito adquirido e indenizando os prejudicados, cuja atuação tem a característica de autocontrole de seus atos, verificando o mérito do ato administrativo e ainda sua legalidade; Princípio da Razoabilidade e Proporcionalidade: A Adminis- tração deve agir com bom senso, de modo razoável e proporcional à situação fática que se apresenta. A legislação proporciona ao Administrador Público margem de liberdade para atuar durante a execução da atividade adminis- trativa, ficando limitado pelo Princípio da Razoabilidade e Propor- cionalidade a arbitrariedade administrativa, sendo certo que a ca- rência de observância a tal Princípio configura em abuso de poder. Princípio da Continuidade: Os serviços públicos não podem parar, devendo manter-se sempre em funcionamento, dentro das formas e períodos próprios de sua regular prestação, dada a im- portância que a execução de tais serviços públicos representa a coletividade. Assim a prestação da atividade administrativa deve ser exe- cutada de forma contínua, sendo certo que tal Princípio influen- cia fortemente a determinação e limitação legal imposta aos servidores públicos a realização de greves, visto que os servi- ços públicos considerados essenciais para a coletividade não poderá sofrer prejuízos em razão de greves ou paralisações de seus agentes públicos. 4. SERVIÇOS PÚBLICOS: CONCEITO; CARACTERÍSTICAS; CLASSIFICAÇÃO; TITULARIDADE; PRINCÍPIOS. CONCEITO: Inicialmente, devemos elucidar que a Constituição Federal de 1988 não conceitua “serviço público”, e tampouco temos no ordena- mento jurídico pátrio, em leis esparsas, seu significado legal. Dessa maneira temos que ficou sob os cuidados da doutrina admi- nistrativa elaborar seu significado, entretanto, não existe um conceito doutrinário consensual de “serviço público”. Nos ensinamentos do Prof. Celso Antônio Bandeira de Mello, te- mos o conceito de serviço público como: “Certas atividades (consistentes na prestação de utilidade ou co- modidade material) destinada a satisfazer a coletividade em geral, são qualificadas como serviços públicos quando, em dado tempo, o Estado reputa que não convém relegá-las simplesmente a livre iniciativa; ou seja, que não é socialmente desejável fiquem tão só assujeitadas à fis- calização e controles que exerce sobre a generalidade das atividades privadas.” Celso Antônio Bandeira de Mello ainda complementa seu conceito afirmando que: “É toda atividade de oferecimento de utilidade ou comodidade material destinada à satisfação da coletividade em geral, mas fruível singularmente pelos administrados, que o Estado assume como per- tinente a seus deveres e presta por si mesmo ou por quem lhe faça às vezes, sob um regime de Direito Público – portanto, consagrador de prerrogativas de supremacia e de restrições especiais -, instituído em favor dos interesses definidos como públicos no sistema normativo”. Segundo o jurista Hely Lopes de Meirelles, serviço público é: “Todo aquele prestado pela Administração ou por seus delegados, sob normas e controle estatal, para satisfazer necessidades essenciais ou secundárias da coletividade, ou simples conveniência do Estado”. Para a Profª. Maria Sylvia ZanellaDi Prieto é necessário o entendi- mento de serviços públicos sob a ótica de dois elementos, ‘subjetivo’ e ‘formal’, senão vejamos seu posicionamento: “O elemento subjetivo, porque não mais se pode considerar que as pessoas jurídicas públicas são as únicas que prestam serviços públi- cos; os particulares podem fazê-lo por delegação do poder públi- co, e o elemento formal, uma vez que nem todo serviço público é prestado sob regime jurídico exclusivamente público”. Didatismo e Conhecimento 9 NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Assim, verifica-se que, nas mais variadas concepções jurídi- cas acerca do conceito de “serviço público”, podemos facilmente definir os pontos em comum e aceitar, de maneira ampla que ser- viço público é como o conjunto de todas as atividades exercidas pelo Estado ou delegados, sob o regime jurídico de direito público, ou seja, a atividade jurisdicional, atividade de governo, atividade legislativa, prestação de serviço público, colocados a disposição da coletividade. De outra forma, estudando o conceito de “serviço público”, mas sob análise mais restritiva, temos que são todas as prestações de utilidade ou comodidades materiais efetuadas diretamente e ex- clusivamente ao povo, seja pela administração pública ou pelos delegatários de serviço público, voltado sempre à satisfação dos interesses coletivos. O objetivo da Administração Pública, no exercício de suas atribuições, é de garantir à coletividade a prestação dos serviços públicos de maneira tal que possa corresponder aos anseios da co- letividade, atingindo diretamente o interesse público, devendo o Poder Público disciplinar a aplicação dos recursos materiais (orça- mentários), visando à aplicação no desenvolvimento de programas de qualidade e produtividade, treinamento e desenvolvimento, mo- dernização e otimização da prestação dos serviços públicos. CLASSIFICAÇÃO A doutrina administrativa majoritária assim classifica os ser- viços públicos: Serviços de Utilidade Pública - Serviços de utilidade pública são os que a Administração, reconhecendo sua conveniência para os membros da sociedade, presta-os diretamente ou autoriza para que sejam prestados por terceiros (concessionários, permissioná- rios ou autorizatários), nas condições regulamentadas pela lei e sob seu controle, mas por conta e risco dos prestadores, mediante remuneração dos usuários. Ex.: os serviços de transporte coletivo, energia elétrica, telefone. Serviços próprios do Estado - são aqueles que se relacionam intimamente com as atribuições do Poder Público, tais como segu- rança, polícia, higiene e saúde públicas etc, e para a execução dos quais a Administração usa da sua supremacia sobre os administra- dos e seus próprios recursos materiais e pessoais. Característica dos serviços próprios do Estado é que não po- dem ser delegados a particulares. Tais serviços, por sua essenciali- dade, geralmente são gratuitos ou de baixa remuneração. Serviços impróprios do Estado - são os que não afetam subs- tancialmente as necessidades da comunidade, mas satisfazem in- teresses comuns de seus membros, assim entendido como como- didades, e, por isso, a Administração os presta remuneradamente, por seus órgãos ou entidades descentralizadas (Ex.: autarquias, empresas públicas, sociedades de economia mista, fundações go- vernamentais), ou delega sua prestação. Serviços Gerais ou “uti universi” - são aqueles que a Admi- nistração presta sem ter usuários determinados, tão somente para atender à coletividade como um todo. Ex.: polícia, iluminação pú- blica, calçamento. Serviços Individuais ou “uti singuli” - são os que têm usuá- rios determinados ou determináveis e sua utilização pelos particu- lares e mensurável para cada destinatário. Ex.: o telefone, a água e a energia elétrica domiciliares. COMPETÊNCIAS CONSTITUCIONAIS PARA A PRES- TAÇÃO DE SERVIÇOS PÚBLICOS Ao analisar a questão da repartição de competências para ainstituição, regulamentação, controle, delegação, execução direta ou retomada de um serviço público, não nos deparamos com gran- des dificuldades, tendo em vista que ela respeita as mesmas regras gerais de repartição de competências positivadas na Constituição Federal. Entretanto, temos que nem sempre constituição irá expressa- mente, prever a qual ente federado compete a titularidade de um serviço público específico. Em diversos casos, é necessário nos socorrermos, de forma subsidiária, ao princípio da predominância do interesse público. Via de regra, a dúvida surgirá nos casos de conflito de compe- tências e, por meio do critério da extensão territorial do interesse, será possível determinar qual solução para o caso por meio da apli- cação desse princípio. Vejamos, em respeito ao pacto federativo, podemos afirmar que a constituição positivou um sistema complexo de distribuição de competências, no qual um ente federado não tem autoridade sobre os outros, pois inexiste hierarquia entre a União, os Estados, os Municípios e o Distrito Federal e, em regra, suas esferas de atuação não se confundem. Dessa maneira, nos artigos 20 e 21 da Constituição Federal estão indicadas as competências da União; no artigo 30,incisos I e V, é designado ao município competência para organizar e prestar, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, os serviços públicos de interesse local, incluído o de transporte coletivo (pú- blico); ao passo que aos estados fica designada competência para distribuição de gás canalizado, artigo 25 § 2º Constituição Federal, e as demais competências, as chamas remanescentes, artigo 25 § 1º, não listadas expressamente na constituição, não vedadas e que não tenham sido atribuídas à União ou aos Municípios. Essas são as regras que estabelecem os chamados serviços públicos privati- vos. Assim, a o texto constitucional estipula regime de repartição que deve ser lido da seguinte forma: a) observação das hipóteses taxativas de competência da União, b) observação das competências reservadas ao município (in- teresse local e transporte público) e; c) inferência das competências dos Estados; aquelas que não lhe são expressamente vedadas, as que não se encontram no campo delimitado aos dois primeiros e mais sua única previsão expressa (distribuição de gás canalizado). Ademais, em seus artigo 23 e 24 , ficam apartadas as compe- tências comum e concorrente, respectivamente. A competência comum é caracterizada quando mais de um ente federativo tem previsão de atuação na área administrativa ci- tada, podendo assim atuar juntos, sem predominância por prefe- rência ou hierarquia e, portanto, a atuação de um não afasta a de outro. Didatismo e Conhecimento 10 NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Assim, os serviços públicos compreendidos no artigo 23 se- rão os serviços públicos comuns, expressão máxima do que José dos Santos Carvalho Filho convencionou chamar real federalismo cooperativo. Por outro lado, a competência concorrente, também denomi- nada supletiva, é um típico caso de repartição do poder de legis- lar. Sendo assim, cabe a União estabelecer normas gerais e aos estados e municípios complementá-las, tendo estes, na ausência da regra geral, autorização para exercer a competência legislativa plena. A Constituição Federal, além de partilhar a competência de prestação de serviço público entre os entes federados, também prevê as formas em que esses serviços serão executados. Os serviços, sendo de competência do poder público, podem ser prestados sob as seguintes formas: sob a forma direta, na qual o ente competente para a prestação vai executá-lo ele mesmo, sen- do um exemplo a defesa nacional, até porque indelegável, e sobre a forma indireta, quando não forem prestados pelo estado direta- mente, mas delegados por contrato ou pela lei. A delegação legal, é feita por meio das empresas públicas e sociedades de economia mista, enquanto a delegação por contrato ocorre sob o regime de concessão ou permissão, artigo 175 da Constituição de 88. Art. 175 – Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, direta- mente ou sob regime de concessão ou permissão, sempre através de licitação, a prestação de serviço público. Nosso ordenamento jurídico, por meio de norma infraconsti- tucional regula ainda a prestação dos serviços públicos por meio de empresas privadas. A lei que rege a concessão e permissão de serviços públicos atualmente é a Lei 8.987/95. Ela define a concessão de serviço público como “a delegação de sua prestação, feita pelo poder concedente, mediante licitação, na modalidade de concorrência, à pessoa jurídica ou consórcio de empresas que demonstre capa- cidade para seu desempenho, por sua conta e risco e por prazo determinado”. Ainda diferencia a concessão comum precedida da execução de obra pública da concessão comum anteriormente mencionada; ao que acrescentamos serem diferentes da concessão especial da lei 11.079/04 (PPP’s). Enquanto isso, a permissão é definida como a “a delegação, a título precário, mediante licitação, da prestação de serviços pú- blicos, feita pelo poder concedente à pessoa física ou jurídica que demonstre capacidade para seu desempenho, por sua conta e risco”. Finalmente, o artigo 21, incisos IX e X da Constituição Fe- deral, prevê também a possibilidade de delegação de serviços por meio do instituto da “autorização”. Não há consenso na doutrina quando a possibilidade de de- legação de serviço público por meio do instituto da autorização. Isso porque enquanto para uns ela seria mais uma modalidade de delegação de serviço público aos particulares, para outros o arti- go não se refere aos serviços públicos, mas uma nova espécie de atividade econômica lato sensu, que seriam as atividades privadas de interesse público. As formas de prestação de serviço público por terceiros parti- culares será melhor analisada em momento oportuno. PRINCÍPIOS INFORMATIVOS DOS SERVIÇOS PÚ- BLICOS: A relevância e a prevalência do interesse coletivo sobre o interesse de particulares informam os princípios que orientam a disposição e organização do funcionamento dos serviços públicos. Importante ressaltar que, a figura principal no serviço público não é seu titular, nem mesmo o prestador dele, as sim o usuário dos serviços. Além dos princípios gerais do Direito Administrativo, tanto os princípios expressos na Constituição Federal, como também os implícitos, presentes em toda a atividade administrativa, especifi- camente na prestação dos serviços públicos, identifica-se a presen- ça de mais quatros, que norteia e orienta a prestação dos serviços colocados a disposição da coletividade, quais são: o Princípio da Continuidade do Serviço Público; Principio da Mutabilidade do Regime Jurídico e o Princípio da Igualdade dos Usuários do Servi- ço Público, e ainda o Princípio do Aperfeiçoamento. Princípio da Continuidade do Serviço Público: O serviço pú- blico deve ser prestado de maneira continua o que significa dizer que não é passível de interrupção. Isto ocorre justamente pela pró- pria importância de que o serviço público se reveste diante dos anseios da coletividade. É o principio que orienta sobre a impossibilidade de parali- sação, ou interrupção dos serviços públicos, e o pleno direito dos administrados a que não seja suspenso ou interrompido, pois se entende que a continuidade dos serviços públicos é essencial a co- munidade, não podendo assim sofrer interrupções. Diante de tal princípio temos o desdobramento de outros de suma importância para o “serviço público”, quais são: qualidade e regularidade, assim como com eficiência e oportunidade. Princípio da Mutabilidade do Regime Jurídico: É aquele que reconhece para o Estado o poder de mudar de forma unilateral as regras que incidem sobre o serviçopúblico, tendo como objetivo a adaptação às novas necessidades, visando o equilíbrio na relação contratual econômico-financeira, satisfazendo o interesse geral à máxima eficácia. Em atenção ao Princípio da Mutabilidade do Regime Jurídico dos Serviços Públicos, temos a lição da Profª. Maria Sylvia Zanel- la Di Prieto, que assim leciona: “Nem os servidores públicos, nem os usuários de serviço pú- blicos, nem os contratados pela Administração têm direito adqui- rido à manutenção de determinado regime jurídico; o estatuto dos funcionários pode ser alterado, os contratos também podem ser alterados ou mesmo reincididos unilateralmente para atender ao interesse público; o aumento das tarifas é feito unilateralmente pela Administração, sendo de aplicação imediata”. Justamente por vincular-se o regime jurídico dos contratos administrativos de concessão e permissão de serviços públicos aos preceitos de Direito Público, com suas cláusulas exorbitantes, e ainda em presença da necessidade constante da adaptação dos ser- viços públicos ao interesse coletivo, torna-se necessária e razoável a possibilidade de alteração, ou mudança do regime de execução dos serviços, objetivando adequar aos interesses coletivos. Didatismo e Conhecimento 11 NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Principio da igualdade dos usuários dos serviços públicos: Constituição Federal diz que todos são iguais perante a lei e desta forma não podemos ser tratados de forma injusta e desigual, assim, não se pode restringir o acesso aos benefícios dos serviços públicos para os sujeitos que se encontrarem em igualdade de condições. Diante de tal principio temos o desdobramento de dois aspec- tos da Igualdade dos Usuários de Serviços públicos: - A Universalidade que significa dizer que o serviço público deve ser prestado em benefício de todos os sujeitos que se encon- tram em equivalente situação. - A Neutralidade, que significa dizer que é impossível dar qualquer tipo de privilégios que forem incompatíveis com o prin- cípio da isonomia. Logo são “impossíveis” vantagens individuais fundadas em raça, sexo, credo religioso, time de futebol e etc. Princípio do Aperfeiçoamento: Temos o aperfeiçoamento como uma constante evolução da sociedade, dessa forma, e sim- plesmente por isso, é que no serviço público ele se impõe como um direito do cidadão, assim, o aperfeiçoamento da prestação dos serviços públicos vincula-se à eficiência dos serviços a serem pres- tados. DA REGULAMENTAÇÃO E CONTROLE: Cumpre à Administração Pública o dever/poder de regula- mentação e o controle quando há ocorrência de concessão e per- missão de executar os serviços públicos por particulares, visando à garantia da regularidade do atendimento aos seus objetivos, que envolvem gestão de serviço público. Ao poder concedente, ou seja, ao Poder Público, compete re- gulamentar o serviço concedido por meio de lei e regulamentos, ou do próprio contrato, estabelecendo direitos e deveres das par- tes contratantes e dos usuários. Importante frisar que, a atividade privada, mesmo quando atuante no exercício do serviço público, objetiva o lucro, daí surge à necessidade permanente de manter a fiscalização. O controle e o poder de fiscalização serão exercidos pela pró- pria Administração, através do seu sistema de controle interno, ou então será exercido, quando provocado, pelo Poder Judiciário e pelo Poder Legislativo, com o auxílio do Tribunal de Contas. Assim, sendo permanente o dever de controlar, tendo em vista o interesse coletivo, esse controle se efetiva não apenas pela Admi- nistração Pública, mas também pelo usuário. As Agências Reguladoras, devidamente criadas por lei, vêm prestando importante serviço na tarefa de fiscalização das conces- sões e permissões de serviço público. FORMAS DE PRESTAÇÃO DOS SERVIÇOS PÚBLI- COS Não se pode confundir a titularidade do serviço com a titula- ridade da prestação dos serviços públicos, sendo certo que se trata de realidades e significados totalmente distintos. O fato de o Poder Público ser titular de serviços públicos, ou seja, ser o sujeito que detém a responsabilidade de zelar pela sua prestação, não significa que deva ser obrigatoriamente prestá-los por si só de maneira exclusiva, sendo que na grande maioria das vezes, estará a Administração pública obrigada a disciplinar e pro- mover a prestação, bem como efetuar a fiscalização sobre a forma que esta sendo executado o serviço público. Dessa maneira, tanto poderá a administração pública, por meios próprios prestar os serviços públicos, como poderá promo- ver-lhes a prestação conferindo a entidades externas a administra- ção seu cumprimento e execução. Entidades externas podem ser assim entendidas como os par- ticulares estranhos aos quadros da administração pública e ainda a administração indireta. Dessa forma, poderá o Poder Público con- ferir autorização, permissão ou concessão de serviços públicos, como formas de sua execução. Concessão de serviços públicos: É a delegação de serviços públicos feita pelo poder concedente mediante licitação na moda- lidade concorrência à pessoa que demonstre capacidade para seu desempenho, por sua conta e risco e por prazo determinado. Assim, é delegado ao vencedor da licitação na modalidade de concorrência pública a prestação de serviços públicos, que ge- ralmente ocorre no tocante à concessão da execução de serviços públicos. Importante esclarecer o conceito de Poder Concedente, assim entendido como a União, o Estado, o DF ou Município, em cuja competência se encontre o serviço público, assim a titularidade continua sendo sua somente será transferida a execução dos servi- ços públicos à concessionária. Nos ensinamentos do jurista Hely Lopes Meirelles, temos que: “Pela concessão, o poder concedente não transfere a pro- priedade alguma ao concessionário, nem se despoja de qualquer direito ou prerrogativa pública. Delega, apenas, a execução do serviço, nos limites e condições legais ou contratuais, sempre su- jeita à regulamentação e fiscalização do concedente.” Para o Prof. Celso Antônio Bandeira de Mello, conceituando o instituto da concessão de serviço público, ensina que: “É o instituto através do qual o Estado atribuiu o exercício de um serviço público a alguém que aceita prestá-lo em nome pró- prio, por sua conta em risco, nas condições fixadas e alteráveis unilateralmente pelo Poder Público, mas sob garantia contratual de um equilíbrio econômico-financeiro, remunerando-se pela pró- pria exploração do serviço, em geral e basicamente mediante tari- fas cobradas diretamente dos usuários do serviço”. Neste sentido, verifica-se que a concessão é mecanismo de de- legação de direito público, pois, as suas cláusulas contratuais são editadas pelo Poder Público, que poderá a qualquer tempo modifi- cá-las de forma unilateral, tendo em vista que não há que se falar em igualdade entre as partes contratantes em atenção ao principio da soberania do Estado. Entretanto, está presente, como em todo contrato, a bilatera- lidade, pois, ao aderir ao contrato de concessão, o concessionário integra a relação jurídica contratual, com declaração de vontade própria, mas aceitando os termos e condições impostas pela Ad- ministração Pública. O que ocorre com os contratos de concessão de serviços pú- blicos é que são vinculados ao processo licitatório, assim, as suas cláusulas devem atender obrigatoriamente o que estiver estipula- Didatismo e Conhecimento 12 NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA do no edital de abertura da licitação. Por se tratar de um contrato administrativo, o contrato de concessão tem como objeto o bem público, a utilidade pública e ainda o interesse da coletividade, que se explica facilmente, pelo fato do destinatário da realização do serviço é justamente o cidadão. Oportuno ainda esclarecerque nas concessões de serviço pú- blico é admitida a subconcessão, desde que prevista em cláusula especifica no contrato administrativo e no edital da abertura da li- citação, vinculado, entretanto, a autorização do poder concedente, após a verificação do interesse público. É possível também ocorrer o instituto da concessão em obras públicas, através da privatização temporária de uso. Trata-se de um contrato administrativo celebrado entre o Poder Público e o con- cessionário para a execução de uma obra pública, mediante remu- neração posterior a ser paga pela exploração dos serviços ou então utilidades proporcionadas pela própria execução da obra. Como dito, a concessão deverá ser formalizada mediante con- trato, a título precário, precedido de procedimento licitatório (na modalidade de concorrência), definindo o objeto, a área, o prazo da concessão, o modo de sua execução, a forma e as condições da concessão da obra pública, para tanto, a empresa deve demonstrar o interesse na contratação com o poder concedente, comprovando sua capacidade para o desempenho das obrigações assumidas da obra, por sua conta e risco e por prazo determinado. Ressalta-se que o contrato de concessão de obra pública, fir- mado por tempo determinado, não pode ser objeto de prorrogação, não se situando a prerrogativa discricionária conferida ao Poder Público, sendo que sua eventual prorrogação fere o princípio da isonomia entre os licitantes, e participantes do certame licitatório de concessão. Permissão: É a delegação, a título precário, mediante licitação da prestação de serviços públicos feita pelo poder concedente, a pessoa que demonstre capacidade de desempenho por sua conta e risco. A permissão de serviço público será formalizada mediante contrato de adesão, e será contratado sempre em caráter precário, com prazo determinado. Importante ressaltar que no instituto da permissão de servi- ços públicos admite-se a presença de pessoa física, além da pessoa jurídica, sendo que a legislação que regula a matéria não inclui a possibilidade de contratação pela permissão de consórcios. No instituto da Permissão, a Administração Pública possui a prerrogativa de estabelecer de forma unilateral os requisitos e con- dições impostas diante da execução de serviços públicos permiti- dos e confiados ao particular, que durante o procedimento licitató- rio, comprovou possuir capacidade para seu desempenho. Em virtude do caráter precário das permissões e de seu prazo determinado, os permissionários não gozam de prerrogativas ga- rantidas por lei aos concessionários de serviço público, devendo, portanto, seguir as normas e orientações dos Poder Público. Autorização de serviços públicos: Coloca-se ao lado da con- cessão e da permissão de serviços públicos, destina-se a serviços muito simples, de alcance limitado, ou a trabalhos de emergência, e a hipóteses transitórias e especiais, podendo ainda ser utilizado para as situações em que o serviço seja prestado a usuários espe- cíficos e restritos. Assim, temos que a autorização de serviços públicos é o ato administrativo discricionário por meio do qual é delegada a um particular, sempre em caráter precário, a prestação de serviços pú- blicos que não exija alto grau de complexidade e especialização técnica, nem mesmo a comprovação do particular autorizado a execução dos serviços possuir grande aporte de capital financeiro. Para a contratação por meio do instituto da autorização de ser- viços públicos, não há licitação, para tanto, os serviços públicos autorizados estão sujeitos a modificação ou revogação de sua exe- cução, por meio de ato discricionário da delegação, cuja denomi- nação é termo de autorização. Isto ocorre em virtude da precariedade que reveste o ato admi- nistrativo que autorizou a delegação do serviço ao particular. Cum- pre esclarecer que a autorização, mesmo sendo precária não possui prazo determinado para seu encerramento, e em via de regra, não é passível de indenização por decorrente de sua revogação. Oportuno ainda ressaltar que a autorização do serviço público não pode ser confundida com a autorização decorrente do ato de polícia administrativa outorgada no exercício do poder de polícia conferido a Administração Pública, como condição para a práti- ca de atividades privadas pelos particulares, o que não se pode confundir com a transferência, por delegação, da titularidade da execução e prestação dos serviços públicos. Autorização: poderá ocorrer em duas modalidades que são: a) autorização de uso – ocorre quando um particular é autori- zado a utilizar bem público de forma especial, exemplo: a autoriza- ção de uso de uma rua para realização de uma quermesse. b) autorização de atos privados controlados – em que o parti- cular não pode exercer certas atividades sem autorização do poder público, são atividades exercidas por particulares, mas considera- das de interesse público. OBS: autorização é diferente de licença, termos semelhantes. A autorização é ato discricionário, enquanto a licença é ato vincu- lado. Na licença o interessado tem direito de obtê-la, e pode exi- gi-la, desde que preencha certos requisitos, ex. licença para dirigir veículo. PARCERIAS PÚBLICOS-PRIVADAS As Parcerias Público-Privadas (PPPs) foram instituídas em nosso ordenamento jurídico por meio da Lei 11.079/2004, incor- porando conceitos já contemplados pela experiência internacional e garante que as parcerias público-privadas sejam um instrumento eficaz na viabilização de projetos fundamentais para o crescimento nacional e que sejam fundamentadas na atuação administrativa de forma transparente e de acordo com as regras de responsabilidade fiscal. Entende-se como parceria público-privada a formalização de um contrato de prestação de serviços de médio e longo prazo fir- mado pela Administração Pública com a iniciativa privada, cujo valor não seja inferior a vinte milhões de reais, sendo vedada a celebração de contratos que tenham por objeto única e exclusiva- mente o fornecimento de mão de obra, equipamentos ou execução de obra pública. Didatismo e Conhecimento 13 NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA A lei confere a possibilidade de combinar a remuneração tarifária com o pagamento de contraprestações públicas e define Parcerias Público-Privadas como contrato administrativo de con- cessão de serviços públicos, na modalidade patrocinada ou admi- nistrativa. Na concessão na modalidade patrocinada a remuneração do parceiro privado vai envolver, adicionalmente à tarifa cobrada dos usuários, contraprestação pecuniária do parceiro público. A concessão na modalidade administrativa, por sua vez, en- volve tão somente contraprestação pública, pois se aplica nos ca- sos em que não houver possibilidade de cobrança de tarifa dos usuários. 5. ÉTICA NO SERVIÇO PÚBLICO: COMPORTAMENTO PROFISSIONAL, ATITUDES NO SERVIÇO, ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO, PRIORIDADE EM SERVIÇO. A ética é composta por valores reais e presentes na socieda- de, a partir do momento em que, por mais que às vezes tais valo- res apareçam deturpados no contexto social, não é possível falar em convivência humana se esses forem desconsiderados. Entre tais valores, destacam-se os preceitos da Moral e o valor do justo (componente ético do Direito). Se, por um lado, podemos constatar que as bruscas transfor- mações sofridas pela sociedade através dos tempos provocaram uma variação no conceito de ética, por outro, não é possível negar que as questões que envolvem o agir ético sempre estiveram pre- sentes no pensamento filosófico e social. Aliás, um marco da ética é a sua imutabilidade: a mesma ética de séculos atrás está vigente hoje, por exemplo, respeitar ao próximo nunca será considerada uma atitude antiética. Outra característica da ética é a sua validade universal, no sentido de delimitar a
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