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AVALIAÇÃO DA FUNÇÃO RENAL 2017.2 Insuficiência Renal Aguda - IRA AVALIAÇÃO DA FUNÇÃO RENAL • EXAME DE URINA • CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICA COR Amarelo claro ao âmbar DENSIDADE 1003 a 1030m Osm/kg pH 4,5 a 8,0 PROTEÍNAS 150 a 200 mg/24hGLICOSE CETONA HEMOGLOBINA NITRITO AVALIAÇÃO DA FUNÇÃO RENAL • EXAME DE URINA • EXAME MICROSCÓPICO DO SEDIMENTO URINÁRIO CILINDROS (Proteína de Tamm- Horsfall) LEUCÓCITOS HEMÁCEAS BACTÉRIAS >10.000 UFC PROVAS DE FUNÇÃO RENAL • Avaliação da Função Glomerular • A uréia e a creatinina são substâncias basicamente excretadas pelo rim através de filtração glomerular e, assim sendo, sua concentração plasmática depende da filtração glomerular. • A função de filtração glomerular é avaliada através da concentração plasmática e capacidade de depuração renal (clearance) dessas substâncias. A determinação da excreção de proteína na urina é também um importante método de avaliação da função glomerular. CREATININA PLASMÁTICA E CLEARANCE DA CREATININA ENDÓGENA • A creatinina é um produto do metabolismo da creatina e fosfocreatina musculares. A sua produção e liberação pelo músculo são constantes e dependem pouco da atividade física, da ingesta e do catabolismo protéico usuais. • Normalmente, os níveis séricos de creatinina variam: no homem de 0,8 a 1,3 mg/100 ml e na mulher de 0,6 a 1,0 mg/100 ml. Há pouca variação durante o dia e de um dia para o outro. URÉIA PLASMÁTICA E CLEARANCE DA URÉIA • A uréia é o produto final do metabolismo nitrogenado e a sua concentração plasmática depende de muitos fatores que afetam o metabolismo do nitrogênio: ingesta calórica e protéica, catabolismo protéico aumentado, trauma, infecção, febre e ingestão de quantidades excessivas de proteínas. • Desta forma, ao contrário da creatinina, a concentração plasmática de uréia pode variar muito, sem que haja alteração do seu clearance. • Valores de referência de uréia sérica: 40 a 80 mg/dl A INSUFICIÊNCIA RENAL AGUDA (IRA) É caracterizada pela redução abrupta da função renal que se mantém por períodos variáveis, resultando na inabilidade dos rins em exercer suas funções básicas de excreção e manutenção da homeostase hidroeletrolítica do organismo. Apesar do substancial avanço no entendimento dos mecanismos fisiopatológicos da IRA, bem como no tratamento dessa doença, os índices de mortalidade ainda continuam excessivamente elevados, em torno de 50%. EPIDEMIOLOGIA DA IRA A IRA pode acometer em até 5% da população internada em um hospital geral, dependendo da definição que se utiliza, percentual que não é nada desprezível. Pacientes críticos, incidência de 20%; Pacientes com choque séptico, incidência de 50% ou mais. Insuficiência Renal Aguda-IRA -Consiste em rápida deterioração da função renal com acúmulo de escórias nitrogenadas; -Caracterizada como uma perda súbita da filtração glomerular, havendo disfunção glomerular ou tubular; -Manifesta-se por anúria (menos de 50ml/dia), oligúria (menos de 500 ml/dia); -Dificuldade de manter o balanço do K, Na, Mg, Ca e P; -Rápida = pode evoluir entre algumas horas ou poucos dias; -Deterioração = piora de um patamar prévio. CLASSIFICAÇÃO DE IRA DE ACORDO COM A ETIOLOGIA Pré-renal - A causa mais comum de dano tubular é de origem isquêmica ou tóxica resultando principalmente de uma redução na perfusão renal, causada por uma série de eventos que culminam principalmente com diminuição do volume circulante. Renal ou intra-renal - causada por fatores intrínsecos ao rim, sendo classificada de acordo com o principal local afetado: túbulos, interstício, vasos ou glomérulo. Pós-renal - ocorre na vigência de obstrução do trato urinário. Causas da IRA (baixo débito) Pré Renal: Problemas no fluxo sanguíneo – hipoperfusão no Rim – depleção do volume (baixo DC). Como?: Nos casos de hemorragias, perdas gastrintestinais (vômitos e diarreias), sepse, ICC, IAM. Causas da IRA (nefrotoxicidade) Intra-renal: acomete dano real ao tecido do rim. Danos estruturais aos glomérulos e aos túbulos renais. Como?: Nos casos de queimaduras, lesões por esmagamento, infecções. Ação dos AINES (inibem a ação da prostaglandina que é quem aumenta o fluxo renal nas arteríolas), causando isquemia dentro do tecido renal. Os antibióticos também provocam IRA por nefrotoxicidade, geralmente por necrose tubular aguda. Causas da IRA (obstrução) Pós Renal: resulta de uma obstrução do trato urinário alto ou baixo. Resultando no aumento da pressão nos túbulos renais, podendo diminuir a taxa de filtração glomerular. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS DA IRA Digestivas Inapetência, náuseas, vômitos incoercíveis, sangramento digestivo Cárdio-respiratório Dispnéia, edema, hipertensão arterial, insuficiência cardíaca, edema agudo de pulmão, arritmias, pericardite, pleurite Neurológico Sonolência, tremores, agitação, torpor, convulsão, coma Hematológico Sangramentos, anemia, distúrbios plaquetários Imunológico Depressão imunológica com tendência a infecções Nutricional Catabolismo aumentado, perda de massa muscular Cutâneo Prurido AZOTEMIA X UREMIA “Azotemia é a elevação dos níveis da ureia e creatinina plasmática, atribuída a redução da taxa de filtração glomerular (TFG), por exemplo: uréia de 200 mg/dl e creatinina de 6,0 mg/dl Quando a azotemia vem associada a uma constelação de sinais e sintomas e anormalidades bioquímicas é chamada uremia. 17 14/09/2017 Achados Laboratoriais Ureia Creatinina Potássio Fósforo Magnésio Ácido úrico Tempo de coagulação Bicarbonato Sódio Magnésio Cálcio Hemoglobina* DIAGNÓSTICO • Avaliar a presença de doença sistêmica crônica (diabetes, lúpus) e doença sistêmica aguda (glomerulonefrite aguda); • História de traumatismo recente; • Investigar antecedentes de uropatia obstrutiva (principalmente no homem idoso), uso de drogas nefrotóxicas; • Verificar a possibilidade de intoxicação acidental ou intencional por metais pesados, solventes orgânicos e outros; • Obter informações a respeito de depleção hídrica. Cirurgia recente, qual o anestésico utilizado e quais intercorrências clínicas que se seguiram, como infecções, hipotensão, balanço hídrico negativo, etc. Ter conhecimento sobre o uso de antibióticos (dose, número de dias utilizados); Se houve procedimento radiológico com utilização de meio de contraste iodado; Durante o exame físico, avaliar adequadamente o estado de hidratação pelo peso corporal, turgor cutâneo, pressão arterial, membranas mucosas; Entretanto, lembrar que há situações clínicas (cirrose, síndrome nefrótica, ICC). DIAGNÓSTICO A seguir, avaliar a possibilidade de obstrução do trato urinário por meio de cuidadoso exame abdominal (globo vesical palpável, avaliação prostática, presença de massas pélvicas; Quando da suspeita de obstrução urinária baixa, proceder a uma cateterização vesical simples e estéril para confirmação diagnóstica; Observar a presença de febre e/ou erupções cutâneas; Por fim, avaliar o estado mental e o padrão respiratório para verificar possíveis causas de intoxicação, bem como avaliar qualquer outro sinal clínico que sugira a presença de doença sistêmica como causa da IRA. DIAGNÓSTICO DIAGNÓSTICO • Diagnóstico laboratorial e por imagem Sumário de urina As relações U urinária/U plasmática e C urinária/C plasmática Ultra-sonografia renal e vias urinárias TRATAMENTO CORREÇÃO DA CAUSA : Ao mesmo tempo, restaurar a perfusão renal, assegurando um bom fluxo renal, independente da causa; Estabelecer um diagnóstico etiológico; Eliminar as causas potenciais e tratar a doença de base; CONTROLE DOS MANIFESTAÇÕES Correção da hipercalemia (Adm. de gluconato de cálcio em bolus, solução polarizante); Correção da acidose (Administraçãode bicarbonato de sódio a 8,4%; VNI, VM); Controle do edema (restrição hídrica, adm de diurético - furosemida); Manutenção da perfusão sanguínea (drogas vasoativas – noradrenalina); Controle da hipertensão arterial (droga vasodilatadora – nipride/nitroprussiato de sódio); Proteção de vias aéreas (IOT); DIÁLISE MUITO IMPORTANTE Deve-se ter o cuidado para não adiar desnecessariamente o início da diálise, em detrimento da piora clínica e do risco ao paciente. CUIDADO COM AS COMPLICAÇÕES O retardo da diálise pode levar inadivertidamente a várias consequências danosas para o paciente: Hipervolemia: Que pode evoluir subclínica até que ocorra uma descompensação clínica abrupta (congestão pulmonar, podendo levar ao EAP). Balanço Hídrico cumulativo: Quando muito positivo é extremamente deletério para o paciente crítico, estando ou não na ventilação mecânica. Desnutrição: O hipercatabolismo que acompanha essa síndrome nos pacientes críticos, somados à restrição proteica (para evitar uremia) e à restrição de volume e, portanto, de dieta, leva comumente à subnutrição; Risco de Infecção: Pacientes com IRA têm maior predisposição a infecções; Risco de complicações Neurológicas: Propensão de rebaixamento do sensório pela uremia. CUIDADOS DE ENFERMAGEM • CONSIDERAR: • Rebaixamento do nível de consciência • Desconforto respiratório (creptos à ausculta, taquipnéia) • Hipertensão • Anasarca • Arritmias • Oligúria/Anúria CASO CLÍNICO • Cliente internado na unidade intermediária por crise hipertensiva, cursando com convulsão, alternando com rebaixamento do sensório. Hipertenso todo o período (PAM> 110mmHg), em uso de sol de nipride via CVC 10 ml/h, taquicárdico (FC> 100 bpm), taquipnéico (FR> 22 inc/min), afebril. Ausculta pulmonar com presença de creptos difusos, abdome flácido, RHA+, extremidades edemaciadas (3/4+), perfundidas. DU: 0,5ml/h por 12h. Exames laboratoriais: Ur: 80, Cr: 2,0 (internamento Cr 1,0), K: 7,0 mg/dl. Na gasometria acidose metabólica. 1. Correlacione as alterações nos exames (laboratorial e físico) com as alterações clínicas 2. De acordo com o quadro clínico qual o tipo de IRA? Justifique 3. Monte um plano assistencial para estabilização deste paciente. REFERÊNCIAS • RIELLA • BARROS; GONÇALVES
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