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O automatismo mental e a erotomania

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TEXTO "O automatismo mental" e a "erotomania" segundo Clérambault
Clérambault foi um sujeito que teve acesso à educação erudita e aristocrática, vindo de uma família aristocrata de Touranges, França.
Ele conseguiu cargo de médico adjunto na Enfermaria especial da Prefeitura de Polícia em 1905 e se torna médico chefe em 1921. A tarefa principal desta instituição, para onde eram encaminhados sujeitos em estado agudo de descompensação psíquica, não era de cunho terapêutico, mas fundamentalmente para fornecimento de laudos de avaliação psiquiátrica para que fossem encaminhados para internação, alta ou autoridade policial.
Clérambault escrevia seus laudos de forma minunciosa e esses laudos serviram de modelo para várias gerações seguintes de psiquiatras. Ele se diferenciava de outros alienistas porque os anteriores tinham a possibilidade de conviver longamente com os pacientes e observá-los com tempo. Clérambault investigava o agudo, o momentâneo e devia distinguir o perene e o estrutural.
Ele ficou conhecido principalmente por sua descrição acerca da erotomania e pela teorização do "Síndrome do automatismo mental".
Para ele, o grupo de psicoses paranóicas deveria ser dividido em dois subgrupos:
1) Psicoses passionais (incluindo a erotomania, delírios de reivindicação e de ciúmes), onde o delirante passional delira apenas no campo de seu desejo
2) Delírio de interpretação (baseado em sentimento de desconfiança difuso de caráter paranóico)
A erotomania é um quadro delirante no qual a pessoa acredita ser desejada por uma pessoa, em geral famosa e inacessível, que começa a assediá-lo. O delirante acredita que é "o objeto o único que ama e que não pode ser feliz sem o sujeito desejado." O quadro delirante envolveria 3 fases: 1- esperança (o delirante acredita que seu pretendente irá se declarar abertamente), 2- desdém, 3- ressentimento e agressividade (onde se encontra humilhado, impaciente e acredita odiar. Existe o risco de agressão e homicídio contra o objeto). Geralmente a erotomania é uma manifestação secundária que vem junto de uma psicose paranóica crônica ou de uma esquizofrenia paranóide.
A partir de 1920 ele passa a trabalhar na descrição das psicoses com base no automatismo, onde ocorre um quadro sindrômico (e não processos ideativos mórbidos) derivado do adoecimento de neurônios. Quadro de natureza alucinatória-sensorial que estaria na base de vários quadros de natureza psicótica.O início do quadro se daria com a "síndrome da passividade" (sentimentos de estranhamentos aos próprios conteúdos psíquicos, bloqueios no curso do pensamento, surgimento de consciência de memórias não evocadas e palavras impostas, impressão de ter seu pensamento adivinhados por outra pessoa) - esses sintomas deixam o indivíduo com a sensação de estar sendo controlado por outra pessoa. Em um segundo estágio "grand automatisme" inclui alucinações verbais, eco dos pensamentos, sensação de adivinhação, roubo de pensamento, estereotipias gestuais, automatismo sensorial e sensitivo (alucinações táteis, gustativas e cenestésicas).
O caráter mecanicista e linear que concebia a síndrome do automatismo como manifestação direta e irredutível de lesão cerebral foi criticada por compatriotas. Essa teoria está em desuso atualmente.
Bibliografia:
Revista Latino Americana de Psicopatologia Fundamental, Clérambaul, Gaetan Gatian De, " O automatismo mental" e a "erotomania", pags 140-146

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