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Saúde Mental e Atenção Psicossocial P. Amarante

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TEXTO: SAÚDE MENTAL E ATENÇÃO PSICOSOCIAL, AUTOR: PAULO AMARANTE
Saúde mental, territórios e fronteiras
Sobre a definicão do termo “saúde mental”-> área de conhecimento e atuação técnica no âmbito das políticas publicas de saúde com grande transversalidade de sabereres. Nâo é baseada somente nos conhecimentos psiquiátricos e não há um único tipo de profissional. O espectro também não pode ser reduzido ao estudo exclusivo da psicopatologia pois abrange também neurologia, neurociencias, psicanáliseS, fisiologia, filosofia, ...
O campo da saúde mental tem contribuído para que não se pense que existe uma verdade única, dogmática ao se falar sobre doença mental. Não há uma definição satisfatória para saúde-doença. A linha normalidade-patologia é tênue e o modelo racionalista não se faz suficiente para lidar com esse tema. Desta forma estaríamos comentendo o erro de rotular e achatar a existência do ser humano.
Uma instituição para loucos, doentes e sãos
Phillippe Pinel foi figura chave dos acontecimentos da Revolução Francesa. Nessa época ocorreu uma transformação significativa na instituição que conhecemos como hospital. Historicamente, o hospital na Idade Media era uma instituição de caridade, de assistência religiosa que oferecia abrigo, alimentação aos pobres, desabrigados e doentes. No ano de 1656, foi criado o Hospital Geral – ao que Focault se refere como o “grande enclausuramento”. Essa instituiçã exercia prática de isolamento-segregação de certos segmentos sociais indesejáveis, segundo Focault “uma estrutura semi-jurídica”. Durnate a Revolução Francesa, os médicos foram atuar no sentido de humanizar essas instituições adequando ao novo espírito proposto pela revolução, transformando-as em instituições médicas.Assim, o hospital foi medicalizado, objetivando tratar de enfermos, perdendo o sentido originário de instituição de caridade.
Essa intervenção médica ocorrida no hospital possibilitou a observação sistematizada das doenças produzindo um saber que ainda não tinha sido possível de ser construído. Hospital é então agora o local de exame, tratamento e reprodução do saber médico.
A substituição da sociedade absolutista pela disciplinar trouxe um novo papel às instituições: disciplina dos corpos, introjeção de normas sociais, narmalização dos cidadãos e da cidadania.
Pinel propõe ser possível a “liberdade dos loucos” atraves de tratamento baseado no isolamento do mundo externo – “possibilitando o conhecimento da alienação em seu estado puro”, sendo o externo o responsável pela alienação mental. Portanto, segundo ele seria o isolamento o instrumento que possibilitaria o tratamento. Pinel elabora uma primeira classificação das enfermidades, consolida o conceito de alienação mental – relacionado à desarmonia na mente e dificuldade do sujeito em perceber a realidade- e sobre a profissão do alienista. O conceito de alienista acaba se misturado com o de periculosidade e contribui para a postura de medo e preconceito contra essas pessoas. No entato, o hospital tornava-se pela primeira vez como o local objetivando a cura. Nesse hospital idealizado por Pinel, os pacientes teriam seus comportamentos descritos, analisados, classificados. Sobre o tratamento ele propõem a instituição de regras, condutas, horários – “tratamento moral” –pretendendo organizar essas “paixões desenfreadas”. Nesse sentido seria quase que um educandário. Para obter a liberdade era necessário recuperar a razão e, desta forma retornar ao convívio social e político. Assim, os loucos realmente foram desacorrentados, mas permaneceram enclausurados para fins terapêuticos.
Das psiquiatrias reformadas às rupturas com a psiquiatria
Esse tratamento de aprisionar não ia de encontro aos ideais da Revolução Francesa. Como aprisionar a quem se pretendia libertar?
Houve uma primeira tentativa de resgatar o potencial terapêutico através das “colônias de alienados”, erguidas em áreas agrícolas, mas esse projeto se mostrou ineficaz e similar aos demais.
Após a segunda grande guerra a sociedade olha para os hospícios e nota a semelhança destes com os campos de concentração nazista. A partir de então surgem as primeiras propostas de reformas psiquiátricas. Algumas experiências foram marcantes que ainda influenciam na atualidade:
1. Grupo composto pela comunidade terapêutica e psicoterapia institucinoal (o fracasso estaria na gestão do hospital e a solução deveria ser a introdução de mudanças instituicionais). 
2. Grupo composto pela psiquiatria de setor e preventiva – para eles o modelo hospitalar estaria esgotado e deveria ser desmontado para dar lugar aos serviços assistenciasi (hospitais-dia, oficinas terapêuticas, centros de saúde mental, etc)
3. Grupo composto pela antipsiquiatria e psiquiatria democrática que consideravam o modelo psiquiátrico era equivocado e deveria ser revisto.
Vou me ater no 3. Grupo. Para esses psiquiatras o discurso dos pacientes denunciava os confllitos existentes na família-sociedade. Assim a idéia de que a doença não ocorre no corpo-mente, mas nas relações entre o doente e a sociedade. Para Cooper, um dos autores os conceitos das ciências naturais importados (alguns) para as ciências humanas não se encaixam pois vêm de natureza distinta. Segundo essa linha de raciocínio, o hospital psiquiátrico reproduziria as mesmas estruturas opressoras da família-sociedade. A proposta da antipsiquiatria é que o sintoma significa uma reorganização interna.
A psiquiatria democrática, cujo protagonista é Franco Basaglia – sua idéia era superar o aparato manicomial entendendo-o para além da estrutura física. Simultaneamente ao fechamento dos pavilhões-enfermarias psiquiátriacas, foram sendo criados outros serviços, como o CSM (Centros de Saúde Mental) que assumiam em cada território os serviços de saúde mental. Assim foi possível reconstruir a forma como as sociedades lidam com a loucura, até então fortemente vinculadas à idèia de periculosidade e incapacidade.
Estratégias e dimensões no campo da saúde mental e atenção psicosocial
A superação do modelo psiquiátrico tradicional tiveram como ponto de partida parar de pensar nesse modelo como um sistema fechado, mas sim como um sistema social complexo – proposa de Rotelli (sucessor de Basaglia), processo dinãmico, que englobam dimensões que incluem uma fase de transição da psiquiatria (paradigmas quebrados continuamente). A reforma psiquiátrica advém como consequencia natural de transformação da própria ciêncie e não de psiquiatras insurgentes. Ao colocar a doença mental como algo externo ao homem, esqueceu de considerar a subjetividade do paciente. Basaglia propunha tratar o paciente na experiência dele – sendo essa proposta uma possibilidade de novos conhecimentos porque implica em novos contatos empíricos com a doença, rompendo com o modelo classificatório da psiquiatria porque esse modelo coisifica o sujeito e a experiêcia singular dele.Desta forma o sujeito deixa de ser apenas um sintoma para ser um ser humano que possui problemas no trabalho, nas relações, etc. A proposta não envolve mais locais repressivos, mas de acolhimento, sociedade e produção de subjetividades.
Mudanças de leis não fazem com que a sociedade encare essas pessoas de forma diferente. Necessário mudança nas relações, atitudes, mentalidades. A psiquiatria contribuiu para a imagem da periculosidade do “louco” e no imaginário coletivo. Necessário um trabalho para ir modificando essa dimensão, envolvendo a sociedade nessa discussão.
 Caminhos e tendências das políticas de saúde mental e atenção psicosocial no Brasil
No primeiro modelo a crise é tratada com medicações fortes, pacientes dopados, etc. No segundo modelo a crise é vista como um momento de precariedade de recursos para tratar a pessoa em sua residência (crise vista sob um ângulo mais social que biológico) – aqui se faz necessário a existência de serviços de acolhimento das pessoas em crise e de uma equipe que escute todas as pessoas envolvidas. Esses serviços não devem ser burocratizadose sim flexíveis porque aqui está se lidando com pessoas e não com doenças. No Brasil foram instalados os CAPS.
Sobre o antigo modelo de enclausuramento por vidas inteiras, roubadas, em que o sujeito tem as emoções e projetos de vida embotados, a família não os quer mais. Nesses casos devem existir projetos de desinstitucionalização dessas pessoas como por exemplo subsídeos financeiros pois essas pessoas não aprenderam uma profissão e não tem como se sustentar, residencias terapêuticas (dependendo do grau de autonomia do sujeito).
Vale citar a iniciativa de criação de cooperativas de trabalhos para os internos realizada por Basaglia – foram contratados para tarefas como limpeza, cozinha, lavanderia, etc – iniciativa tão avançada que foi apoiada pela OMS.
Considerações finais: um novo lugar social
A relação que a sociedade tinha com os internos era relacionada à preconceitos, estigmas ligados à periculosidade, à irracionalidade, à incapacidade. Essas pessoas internadas vivenciaram toda espécie de violência po 2 séculos.
Basaglia foi o “pai” de muitas das bases do campo da saúde mental e atenção psicosocial.
A lógica manicomial não seria aperfeiçoada, mas desmontada.

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