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SDE0007 – FILOSOFIA
Platão
Platão
	"Outrora na minha juventude experimentei o que tantos jovens experimentaram. Tinha o projeto de, no dia em que pudesse dispor de mim próprio, imediatamente intervir na política." 
	O interesse de Platão pelos assuntos políticos decorria, em parte, de circunstâncias de sua vida; mas era também uma atitude compreensível num grego de seu tempo. Toda a vida cultural da Grécia antiga desenvolveu-se estreitamente, vinculada aos acontecimentos da Cidade-Estado, a polis. 
	Platão nasceu em Atenas em 428-7 a.C. e morreu em 348-7 a.C. Essas datas são bastantes significativas: seu nascimento ocorreu no ano seguinte ao da morte de Péricles; seu falecimento deu-se dez anos antes da batalha de Queronéia, que assegurou a Filipe da Macedônia a conquista do mundo grego. A vida de Platão transcorreu, portanto, entre a fase áurea da democracia ateniense e o final do período helênico: sua obra filosófica representará, em vários aspectos, a expansão de um pensamento alimentado pelo clima de liberdade e de apogeu político.
	Mas o grande acontecimento da mocidade de Platão foi o encontro com Sócrates. 
	Platão, que seguira os debates de Sócrates e que o considerava "o mais sábio e o mais justo dos homens", pôde acompanhar de perto o tratamento que seu mestre recebera das facções políticas. Parecia não existir em Atenas um partido no qual um homem que não quisesse abrir mão de princípios éticos pudesse se integrar. Diante da injustiça sofrida por Sócrates, aprofunda-se o desencanto de Platão com aquela política e com aquela democracia: "Vendo isso e vendo os homens que conduziam a política, quanto mais considerava as leis e os costumes, quanto mais avançava em idade, tanto mais difícil me pareceu administrar os negócios de Estado." 
	Depois da morte de Sócrates, dispersou-se o núcleo que se congregara em torno do mestre; Platão viaja.
	Em suas viagens, Platão compõe seus primeiros Diálogos, geralmente chamados "diálogos socráticos", pois têm em Sócrates a personagem central. Entre esses diálogos está a Apologia de Sócrates, que pretende reproduzir a defesa feita pelo próprio Sócrates diante da Assembléia que o julgou e condenou.
	Cerca de 387 a.C. Platão funda em Atenas a Academia, sua própria escola de investigação científica e filosófica, que se opõe a de Isócrates, voltada para educar os aspirantes através de recursos retóricos.
	Depois de suas viagens, Platão via na matemática a promessa de um caminho que ultrapassaria os caminho socráticos. A educação deveria, em última instância, basear-se numa episteme (ciência) e ultrapassar o plano instável da opinião (doxa). E a política poderia deixar de ser o jogo fortuito de ações motivadas por interesses nem sempre claros e frequentemente pouco dignos, para se transformar numa ação iluminada pela verdade e um gesto criador de harmonia, justiça e beleza. 
	Platão cria a teoria da reminiscência, teoria essa segundo a qual a verdade existe na esfera das ideias puras, ou seja, na alma imortal de todos nós e antes mesmo de termos nascido. No estado em que nos encontramos, como seres vivos dotados da dimensão corporal e naturalmente imersos no mundo sensível, vemos apenas a distorção desse conhecimento verdadeiro e por isso nos deparamos com o erro. Faz-se necessário aplicar a dialética da maiêutica (perguntas sobre determinado assunto, o interlocutor é levado a descobrir a verdade sobre algo) a fim de que superemos as barreiras cognitivas para, então, passarmos a contemplar a episteme (a verdade).
	Platão representa sua teoria usando de um artifício muito comum à sua obra, a alegoria, no caso a de Er. Segundo esta alegoria, o pastor Er é conduzido pela deusa até o mundo dos mortos, onde estão os poetas e os adivinhos. Lá ele vislumbra as almas contemplando as Ideias e partindo para escolher uma nova vida na Terra. Ao caminho da nova vida, as almas bebem da água do rio Lethé, o rio do esquecimento (quem escolhe uma vida de riquezas, bebe água em grande quantidade; quem escolhe a vida de sabedoria, quase não bebe, e por isso na Terra, se lembra de muitas coisas, inclusive do conhecimento verdadeiro. 
	Platão diz que esse Mundo Sensível ou Mundo das Formas, seria um conjunto de cópias do que existe no Mundo Inteligível, construídas a partir de um artífice, que Platão denomina de “Demiurgo” (artesão divino). O mundo inteligível (modelo) é eterno, como eterno é também o Artífice (a inteligência). O mundo sensível, ao contrario, construído pelo Artífice, nasceu, isto é, foi gerado, no sentido vê-lo e tocá-lo, pois ele tem um corpo e tais coisas são todas sensíveis; e as coisas sensíveis (...) estão sujeitas a processos de geração e são geradas”. Segundo Platão, o Demiurgo criou este mundo por amor ao bem e por “bondade”, portanto o mundo não pode ser corrompido, pois não há traço de corrupção em sua formação. Entretanto, o mal vem da irredutibilidade da “espacialidade caótica”, ou seja, da matéria sensível ao inteligível (do irracional ao racional). Portanto, o mundo sensível, é uma espécie de imitação do inteligível, tal qual uma pintura de uma árvore é uma imitação da árvore verdadeira. 
	Platão em sua obra A República discorre como tendo grande relação à fundamentação do mundo sensível e do inteligível. Segundo ele, o objeto artístico é uma imitação de um objeto da natureza, que por sua vez, já é uma cópia de algo existente no mundo composto pelas ideias, tornando-se cópia da cópia. Logo, há uma escala de imitação em relação aos seres.
	Na passagem do Livro X, onde se lê que a poesia mimética deve ser expulsa da cidade, a cidade de que metaforicamente se trata é antes de mais nada a da nossa própria alma. Para que ela seja bem governada, convém liberá-la das crenças e dos apegos incompatíveis com a justiça.  
	Via de regra, a tragédia enfrenta o enigma, ou melhor, o mistério da existência que a busca da sabedoria pelo filósofo não consegue de todo eliminar. Daí sua contribuição para o auto-conhecimento do homem e seu poder terapêutico, como o reconheceu Aristóteles. 
	O que se pode dizer é que se a poesia mimética oferece um espelho majestoso da condição humana, nem por isso dispensa o filósofo de clarificar e retificar a diánoia (técnica) dos poemas, com vistas às noções que norteiam e, de certo modo, moldam a existência dos homens, a começar pelas ideias que se fazem do divino. 
MITO X ALEGORIA
 Segundo Mircea Eliade, “o mito é uma realidade cultural extremamente complexa, que pode ser abordada e interpretada em perspectivas múltiplas e complementares....o mito conta uma história sagrada, relata um acontecimento que teve lugar no tempo primordial, o tempo fabuloso dos começos...o mito conta graças ou feitos dos seres sobrenaturais, uma realidade que passou a existir, quer seja uma realidade tetal, o Cosmos, quer apenas um fragmento, uma ilha, uma espécie vegetal, um comportamento humano, é sempre portanto uma narração de uma criação, descreve-se como uma coisa foi produzida, como começou a existir...”
 Mircea Eliade, Aspectos do Mito, pág12/13
Etimologicamente, o grego allegoría significa "dizer o outro", "dizer alguma coisa diferente do sentido literal", e veio substituir ao tempo de Plutarco um termo mais antigo: hypónoia, que queria dizer "significação oculta" e que era utilizado para interpretar, por exemplo, os mitos de Homero como personificações de princípios morais ou forças sobrenaturais. A alegoria distingue-se do símbolo pelo seu caráter moral e por tomar a realidade representando elemento a elemento e não no seu conjunto. Muitas vezes definida como uma metáfora ampliada ou uma "metáfora continuada que mostra uma coisa pelas palavras e outra pelo sentido".
A Caverna é a descrição de um inusitado espetáculo de ilusionismo, um teatro de sombras sinistro em cuja volta acontece uma transformação tão nefasta quanto a encenação mesma. Os espectadores são prisioneiros; o subsolo, o claustro no qual cumprem sua pena; a obra representada, nada além de uma miragem. Mas então um prisioneiro abandona a gruta e, de escravo
que era, torna-se liberto. 
ALEGORIA DA CAVERNA
Na superfície, o liberto descobre o mundo iluminado pelo Sol e o próprio Sol, se emancipa finalmente da ignorância e transmuta em sujeito esclarecido. O sujeito esclarecido, por sua vez, homem compassivo além de lúcido, conserva na memória a lembrança dos antigos companheiros e desce de volta às trevas para resgatá-los. Neste movimento, o iluminado se converte em redentor. Mas o redentor é recebido com violência e encontra assim o seu destino derradeiro. O redentor, no final da história, se transforma em mártir e perece. 
Os homens vivem dentro de uma caverna, com medo de sair. Eles veem formas enormes na parede da caverna e se amedrontam. Estas formas na verdade são sombras das formas reais que estão fora da caverna. Similarmente, o homem vive acorrentado em uma realidade ilusória, em que todas as coisas são sombras. E a verdade está acima, no mundo das ideias. 
			Entretanto, o que aconteceria se um prisioneiro se livrasse das correntes que lhe predem no fundo da caverna? 
			Ele iniciaria um processo doloroso de mudança de perspectiva. De início, move a cabeça, depois o corpo todo; a seguir, avança na direção do muro e o ultrapassa. 
			Ao se deparar com a fogueira, a luz desta ofusca sua visão e é então obrigado a adaptar-se a ela. 
			Prosseguindo a escalada atinge seu término quando ultrapassa a entrada da caverna e se depara com a luz do próprio sol.
 
Platão estabeleceu, em seu sistema filosófico, a existência de dois mundos:
 Mundo das ideias, das essências, inteligível, que o homem atinge pela reflexão e dialética;
 Mundo sensível ou dos fenômenos. Este é o mundo material, que tocamos.

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