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EFICÁCIA DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS

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EFICÁCIA DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS 
 
DA EFICÁCIA JURÍDICA E SOCIAL DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS 
 Todas as normas constitucionais apresentam eficácia, porém, algumas detêm eficácia 
jurídica e social, enquanto outras têm apenas eficácia jurídica. 
 Na lição de Michel Temer, em sua obra Elementos de direito constitucional: 
“...eficácia social se verifica na hipótese de a norma vigente, isto é, com potencialidade 
para regular determinadas relações, ser efetivamente aplicada a casos concretos. Eficácia 
jurídica, por sua vez, significa que a norma está apta a produzir efeitos na ocorrência de 
relações concretas; mas já produz efeitos jurídicos na medida em que a sua simples edição 
resulta na revogação de todas as normas anteriores que com ela conflitam.” 
 Na esteira do acima exposto, Maria Helena Diniz, no livro Norma Constitucional e seus 
efeitos ensina que a norma constitucionalmente eficaz, sob o ângulo semântico, seria a efetivamente 
obedecida, contrapondo, assim, a eficácia jurídica (sintática) e a eficácia social (sociológica) da norma 
constitucional, ressaltando que a norma constitucional deve ser um: 
“...reflexo da situação fática existente, evitando-se o perigo de uma oposição entre o 
social e o jurídico, que levaria à sua ineficácia semântica por falta de ressonância no seio 
da coletividade, por ser inaplicada pelo órgão competente.” 
 Nesse sentido, a Professora Maria Helena Diniz justifica as recorrentes emendas e 
remendos que constantemente alteram o texto constitucional, concluindo que o direito 
não pode deixar de considerar a realidade social, afinal: 
“Não há como negar que a ordem constitucional, mesmo no que atina aos aspectos 
sociais, políticos e econômicos, funda-se em fatos, nem como ignorar a celeridade e a 
concomitância espácio-temporal das mudanças na realidade. Daí a necessidade de 
revisão ou de emendas...” 
 De qualquer sorte, em consonância com as lições dos doutrinadores supramencionados, 
resta indubitável que inexiste norma constitucional despida de eficácia, já que, por si só, ela terá o 
condão não apenas de revogar normas anteriores que com ela sejam incompatíveis, mas também de 
impedir o ingresso no ordenamento jurídico de quaisquer normas que com ela colidam. 
 Destarte, é certo que a eficácia da norma constitucional não depende apenas de suas 
condições fáticas de atuar. 
 Isso porque, as condições fáticas de atuação da norma guardam relação, apenas, com sua 
eficácia social (sociológica), e não com sua eficácia jurídica (sintática). 
 É possível concluir, pois, pelas ponderações acima, que muitas normas constitucionais, 
notadamente as programáticas, resultarão na modificação da realidade social, mas, por outro lado, é 
certo que sua positivação, sem dúvida alguma, terá decorrido da verificação da necessidade de 
mudanças no âmago da sociedade (sendo, pois, a norma constitucional reflexo da situação fática 
existente). 
DA CLASSIFICAÇÃO DAS NORMAS CONSTITUCIAIS NO TOCANTE À SUA EFICÁCIA 
 Importante destacar que a doutrina costuma classificar as normas constitucionais segundo 
a sua eficácia, ou seja, segundo sua aptidão de produzir efeitos jurídicos. 
 Nesse sentido, vale ponderar que a classificação mais adotada, que é, inclusive, adotada 
pelo Colendo Supremo Tribunal Federal em sua jurisprudência, é a estabelecida pelo Professor José 
Afonso da Silva. 
 Com efeito, segundo o renomado doutrinador, as normas constitucionais têm eficácia 
plena, contida ou limitada, conforme será doravante demonstrado. 
 
1 – DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS DE EFICÁCIA PLENA 
 As normas constitucionais de eficácia plena são aquelas que são imediatamente aplicáveis, 
ou seja, não dependem de uma normatividade futura que venha regulamentá-la, atribuindo-lhe eficácia. 
 São, pois, normas que já contém em si todos os elementos necessários para sua plena 
aplicação, sendo despiciendo que uma lei infraconstitucional a regulamente. 
 Nesse sentido, o doutrinador Pedro Lenza explica que: 
“Normas constitucionais de eficácia plena e aplicabilidade direta, imediata e integral são 
aquelas normas da Constituição que, no momento em que esta entra em vigor, estão 
aptas a produzir todos os seus efeitos, independentemente de norma integrativa 
infraconstitucional (situação esta que pode ser observada, também, na hipótese do art. 
5º, § 3º). Como regra geral, criam órgãos ou atribuem aos entes federativos 
competências. Não têm a necessidade de ser integradas.” 
 Portanto, tais normas constitucionais são autoaplicáveis, independentemente de 
regulamentação por uma lei infraconstitucional. 
 Trazemos à baila, como exemplo de norma constitucional de eficácia plena, o artigo 132, 
“caput”, da Carta Magna, cuja redação segue “in verbis”: 
“Art. 132 – Os Procuradores dos Estados e do Distrito Federal, organizados em carreira, na 
qual o ingresso dependerá de concurso público de provas e títulos, com a participação da 
Ordem dos Advogados do Brasil em todas as suas fases, exercerão a representação 
judicial e a consultoria jurídica das respectivas unidades federadas.” 
 Da mesma forma, podemos citar como exemplo de normas constitucionais de eficácia 
plena os seguintes artigos da Carta da República: art. 1º, art 2º, art. 14, art. 15, art. 44, art. 45, art. 77, 
etc.. 
 Resta, pois, demostrado que as normas constitucionais de eficácia plena são aquelas que 
já contêm em si todos os elementos necessários para sua aplicação, independendo, assim, de norma 
regulamentadora. 
 
 
2 – DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS DE EFICÁCIA CONTIDA 
 Por outro lado, as normas constitucionais de eficácia contida são aquelas que, nada 
obstante produzam seus efeitos desde logo, independentemente de regulamentação, podem, por 
expressa disposição constitucional, ter sua eficácia restringida por outras normas, constitucionais ou 
infraconstitucionais. 
 O Professor José Afonso da Silva sintetiza sua explicação acerca das normas constitucionais 
de eficácia contida nos seguintes termos: 
“Normas de eficácia contida, portanto, são aquelas em que o legislador constituinte 
regulou suficientemente os interesses relativos a determinada matéria, mas deixou 
margem à atuação restritiva por parte da competência discricionária do Poder Público, 
nos termos que a lei estabelecer ou nos termos de conceitos gerais nelas enunciados.” 
 No mesmo sentido, Pedro Lenza explica que: 
“As normas constitucionais de eficácia contida ou prospectiva têm aplicabilidade direta e 
imediata, mas possivelmente não integral. Embora tenham condições de, quando da 
promulgação da nova Constituição (ou diante da introdução de novos preceitos por 
emendas à Constituição, ou na hipótese do art. 5º, § 3º), produzir todos os seus efeitos, 
poderá a norma infraconstitucional reduzir sua abrangência.” 
 E continua ressaltando que: 
 “A restrição de referidas normas constitucionais pode-se concretizar não só através de lei 
infraconstitucional mas, também, em outras situações, pela incidência de normas da 
própria Constituição, desde que ocorram certos pressupostos de fato, por exemplo, a 
decretação do estado de defesa ou de sítio, litando diversos direitos (arts. 136, § 1º, e 139 
da CF/88).” 
 Portanto, tais normas constitucionais têm total eficácia por si, contudo, por expressa 
disposição constitucional,podem, eventualmente, sofres restrições por outras normas. 
 Citamos como exemplo de norma constitucional de eficácia contida o artigo 5º, XIII, da 
Constituição Federal: 
 “Art. 5º (...) 
XIII – É livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as 
qualificações profissionais que a lei estabelecer;” (grifamos) 
 
 Ou seja, o dispositivo constitucional supramencionado, que estabelece o livre exercício de 
qualquer trabalho, ofício ou profissão, tem aplicabilidade independentemente de norma 
infraconstitucional. 
 Todavia, eventual norma infraconstitucional pode estabelecer determinadas qualificações 
para o exercício do trabalho, ofício ou profissão (como é o caso da aprovação no exame de ordem para 
o exercício da advocacia, nos termos da Lei 8.906/1994), limitando, assim, a abrangência da norma 
constitucional. 
 Podemos citar também como exemplos de normas constitucionais de eficácia contida os 
seguintes dispositivos da Carta Magna: art. 5º, incisos VII, VIII, XXV, XXXIII, art. 15, inciso IV, art. 37, 
inciso I, etc. 
 O aviso prévio proporcional ao tempo de serviço do empregado depende de lei ordinária 
regulamentadora em que se tracem os critérios por que se deve nortear o intérprete para fixá-lo. O 
artigo 7º, inciso XXI, da Constituição da República ao inscrever "nos termos da lei", não se revela auto-
aplicável, tratando-se de norma constitucional de eficácia contida. Recurso conhecido e provido.” 
(grifamos) 
 Resta, pois, demonstrado que a norma constitucional de eficácia contida, embora não 
dependa de lei regulamentadora para ser aplicada, pode ter sua abrangência reduzida por outra norma. 
 
3 – DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS DE EFICÁCIA LIMITADA 
 As normas constitucionais de eficácia limitada são aquelas que dependem de uma 
regulamentação e integração por meio de normas infraconstitucionais. 
 Nas palavras do doutrinador Pedro Lenza: 
“São aquelas normas que, de imediato, no momento em que a Constituição é promulgada 
(ou diante da introdução de novos preceitos por emendas à Constituição, ou na hipótese 
do art. 5º, § 3º), não têm o condão de produzir todos os seus efeitos, precisando de uma 
lei integrativa infraconstitucional. São, portanto, de aplicabilidade mediata ou reduzida, 
ou, segundo alguns autores, aplicabilidade diferida.” 
 
 Importante ponderar, ademais, tal como visto no tópico II do presente trabalho, que essas 
normas constitucionais limitadas não são totalmente despidas de eficácia. 
 Ou seja, elas podem até não ter, momentaneamente eficácia social, porém, sempre terão 
o condão de revogar as normas do sistema jurídico que com ela colidam, além de impedir o ingresso no 
ordenamento de normas incompatíveis com seus preceitos. 
 Aliás, mais do que isso, conforme explica Pedro Lenza, citando lição do mestre José Afonso 
da Silva: 
 “Nesse sentido, José Afonso da Silva, em sede conclusiva, observa que referidas normas 
têm, ao menos, eficácia jurídica imediata, direta e vinculante já que: a) estabelecem um 
dever para o legislador ordinário; b) condicionam a legislação futura, com a consequência 
de serem inconstitucionais as leis ou atos que as ferirem; c) informam a concepção do 
Estado e da sociedade e inspiram sua ordenação jurídica, mediante a atribuição de fins 
sociais, proteção dos valores da justiça social e revelação dos componentes do bem 
comum; d) constituem sentido teleológico para a interpretação, integração e aplicação 
das normas jurídicas; e) condicionam a atividade discricionária da Administração e do 
Judiciário; f) criam situações jurídicas subjetivas, de vantagem ou desvantagem. Todas 
elas – em momento seguinte conclui o mestre – possuem eficácia ab-rogativa da 
legislação precedente incompatível (Geraldo Ataliba diria ‘paralisante da eficácia destas 
leis’, sem ab-rogá-las – nosso acréscimo) e criam situações subjetivas simples e de 
interesse legítimo, bem como direito subjetivo negativo. Todas, enfim, geram situações 
subjetivas de vínculo” 
 
 Resta, pois, demonstrado, pela citação acima, que essas normas constitucionais não têm a 
eficácia tão limitada como se pode pensar. 
 E, essas normas constitucionais de eficácia limitada, são dividas pela doutrina em: (i) 
normas constitucionais de princípio institutivo (ou organizativo) e (ii) normas de princípio programático. 
 As normas constitucionais de princípio institutivo ou organizativo, contém apenas 
comandos de estruturação geral da instituição de determinado órgão, entidade ou instituição, de forma 
que a efetiva criação, organização ou estruturação, por expressa disposição constitucional, deve ser 
feita por normas infraconstitucionais. 
 Citamos o § 2º do artigo 18 da Carta Maior, como um exemplo de norma constitucional de 
eficácia limitada de princípio institutivo: 
“Art. 18 – A organização político-administrativa da República Federativa do Brasil 
compreende a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos, nos 
termos desta Constituição. 
(...) 
§ 2º - Os Territórios Federais integram a União, e sua criação, transformação em Estado 
ou reintegração ao Estado de origem serão reguladas em lei complementar.” 
 
 Mencionamos, ademais, outros exemplos de normas constitucionais de eficácia limitada 
de princípio institutivo: art. 33, art. 90, § 2º, art. 109, inciso VI, art. 113, art. 121, art. 224, etc., todos da 
Constituição Federal. 
 Já as normas constitucionais de eficácia limitada de princípio programático, são aquelas 
que estabelecem programas a serem implementados pelo Estado, objetivando a realização de fins 
sociais, como o direito à saúde, educação, cultura, etc.. 
 Destarte, citamos como exemplo de norma constitucional de eficácia limitada 
programática o artigo 196 da Carta Magna, que estabelece: 
“Art. 196 - A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas 
sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao 
acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e 
recuperação.” 
 Outros exemplos de norma constitucional de eficácia limitada programática são 
encontrados nos seguintes artigos da Carta da República: art. 6º, art. 205, art. 227, etc..

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