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Resumo aprender antropologia capítulo A Pré História da Antropologia

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Aluno: Luiz Felipe Lucas Barbosa
 Professor: Angelo Pessanha
 Disciplina: Antropologia do Direito 
 Resumo: Aprender Antropologia
Macaé, 20 de setembro de 2017
A Pré-História da Antropologia
A descoberta do Novo Mundo implicou na origem da reflexão antropológica. É nessa época que o Renascimento explora o desconhecido e levanta um confronto visual com a alteridade, questionando se essa pertencia ou não à humanidade. Nessa época, o critério que solucionava a questão era a religião, indagando a existência da alma, do pecado em relação ao selvagem. 
A diversidade das sociedades humanas geralmente é tratada como uma aberração. Enquanto a Grécia denominava “bárbaro” aquele que não integrasse a Helenidade; O Renascimento usava do termo “primitivo”.
Os europeus utilizaram critérios para conferir ou não aos índios um estatuto humano, sendo eles, além do religioso, a aparência física, os comportamentos alimentares, a inteligência tal como pode ser apreendida a partir da linguagem. Ou seja, a ausência da crença em Deus, da alma, a linguagem inacessível e a alimentação semelhante à de um animal fez com que o selvagem fosse apreendido como um bestiário. Assim, o selvagem é tido como o inverso do civilizado.
Após a reflexão de Cornelius de Pauw acerca dos índios da América do Norte, o autor conclui que a separação existente entre o estado de natureza concebido por Pauw e o estado de civilização pode ser visualizado no mapa múndi. Para Buffon, a proximidade ou afastamento da linha equatorial explicava a constituição física e moral dos povos, ao passo que, para Pauw, o critério latitudinal implica numa divisão natural da civilização e da barbárie, onde "a natureza tirou tudo de um hemisfério deste globo para dá-lo ao outro".
Os julgamentos supramencionados radicalizam ideias muito compartilhadas naquela época e que, em 1830 retornarão com Hegel que, em sua Introdução à Filosofia da História, expõe o horror ressentido face ao estado de natureza. Nessa Introdução, a América do Sul parece ainda mais estúpida face a do Norte, da mesma forma a Ásia não aparenta estar melhor. Porém, é a África e, ainda, a África profunda do interior, que o autor descreve como a mais nitidamente inferior. 
Ao descrever a África como lugar que não há o que esperar, Hegel vai ainda mais longe que Pauw e conclui que o negro não merece nem o estatuto de vegetal, mas sim de uma coisa, um objeto sem valor.
O contexto cujo selvagem embrutecido vegeta numa natureza má é suscetível a se transformar em seu oposto: a da boa natureza dispensando suas benfeitorias à um selvagem feliz. 
Dessa vez, o que era tido como menos, se torna mais, ao passo que a ausência de escrita, tecnologia, economia, religião organizada, clero, sacerdotes, política, leis e Estado não constitui uma desvantagem. 
Assim, a figura do bom selvagem encontrará sua formulação sistemática e mais radical dois séculos após o Renascimento, no Rousseanismo do século XVIII e, posteriormente, no Romantismo.
Foi um período de admiração pelo diferente, atração pelo estranho que vivia sem leis e prisões mas, ao mesmo tempo, gozava de uma felicidade desconhecida dos franceses.
Posteriormente, o fascínio pelos índios é substituído progressivamente pelo charme das paisagens e dos habitantes dos mares do sul e dos arquipélagos polinésios.
A decepção resultante do progresso, bem como a solidão e o anonimato do ambiente de vida, fazem com que o indivíduo só aspire o paraíso dos trópicos ou dos mares do Sul, que foram substituídos, no Ocidente, por uma sociedade tecnológica.
Aprofundando, o etnólogo, como o militar, é recrutado no civil. Assim, ele compartilha das mesmas insatisfações, angústias e desejos, e essa etnologia do selvagem contribui para a popularidade da Antropologia, uma vez que, para Malinowski, "a Antropologia era uma fuga romântica para longe de nossa cultura”.
A concepção da alteridade, para os ocidentais, não parou de oscilar, propondo alternativamente que o selvagem estava a meio caminho entre a animalidade e a humanidade, mas também que os monstros éramos nós. Eles tinham lições de humanidade a nos dar. 
A humanidade era muito dividida e caótica. O Ocidente era obrigado a assumir as duras tarefas da indústria; era trabalhador e corajoso, ou essencialmente preguiçoso; não tinha alma e não acreditava em nenhum deus, ou era profundamente religioso; vivia num eterno pavor do sobrenatural, ou, ao inverso, na paz e na harmonia; era um embrutecido sexual levando uma vida de orgia e devassidão permanente, ou, pelo contrário, um ser preso, obedecendo estritamente aos tabus e às proibições de seu grupo; era atrasado, estúpido e de uma simplicidade brutal, ou profundamente virtuoso e eminentemente complexo; era um animal, um ”vegetal”(de Pauw), uma ”coisa”, um ”objeto sem valor”(Hegel), ou participava, pelo contrário, de uma humanidade da qual tinha tudo como aprender”.
O outro é tido como mero suporte de um imaginário, são objetos-pretextos que podem ser mobilizados com vistas à exploração econômica, quanto ao militarismo político, à conversão religiosa ou à emoção estética, mas nunca é considerado para si mesmo. 
Retornando ao Renascimento, é preciso destacar que ele foi um saber pré-antropológico e não antropológico. 
Durante o Renascimento interrogou-se a existência múltipla do homem, todavia, no século seguinte, tal interrogação se fechou quando excluiu-se da razão o louco, a criança, o selvagem, enquanto anormais.
Somente no século XVIII se constitui um projeto de fundar uma ciência do homem, não mais um saber especulativo, mas sim positivo sobre este. No século XVI, encontram-se elementos que permitem compreender a pré-história da antropologia; no século XVII, essa evolução é interrompida e, apenas no século XVIII é que se adentra na modernidade, onde se pode apreender as condições históricas, culturais e epistemológicas de possibilidade daquilo que vai se tornar a antropologia.
O projeto antropológico supõe a construção de conceitos, começando pelo conceito de homem, não apenas enquanto sujeito, mas também enquanto objeto do saber; a constituição de um saber que não se limite à reflexão, mas que abranja a observação; a adoção da diferença como problemática essencial; a admissão do método indutivo enquanto método de observação e análise.
Esse projeto de um conhecimento positivo do homem tornou-se um evento considerável na história da humanidade. Ele objetivava um estudo da sua existência empírica considerando o mesmo como objeto do saber.
Esse evento se deu no Ocidente no século XVIII, porém não foi algo da noite para o dia. Ele se deu de forma lenta e gradual e se tornou um marco constitutivo da modernidade na qual a humanidade encarou. 
Essa revolução instaurou tanto uma ruptura com o “humanismo” do renascimento como do “Racionalismo” do século clássico. Fazendo uma análise das mudanças que ocorreram desde o século XVI é possível perceber essa ruptura. Pois, no século XVI, os relatos dos viajantes eram mais uma busca cenográfica do que uma pesquisa etnográfica. O objeto de observação, nessa época, era mais o céu, a terra, a fauna e a flora. Quando se tratava do homem, apenas se considerava o homem físico como questão. 
Já no século XVIII irá se traçar o primeiro esboço daquilo que se tornará uma antropologia social e cultural, trazendo como modelo a antropologia física e ao mesmo tempo instaurando uma ruptura no monopólio desta. Isso se comprova pelo fato de no século XVIII criar-se uma preocupação de como coletar e como dominar em seguida o que foi coletado. Não bastaria mais observar, seria preciso processar a observação. É daí que surge a etnologia, nomeada por Chavane em 1789. A qual se tratava de uma atividade de organização e elaboração.
É no século XVIII que se forma o par do viajante e do filósofo, em que filósofos como Buffon, Voltaire, Rousseau e Diderot, as esclareceriamcom suas reflexões as observações trazidas pelo viajante. Para aprender corretamente seu objeto, era necessário ter um certo número de qualidades. 
Sendo assim, no século XIX, surge a sociedade dos Observadores do Homem (1799-1805), formado pelos ideólogos, os quais eram moralistas, filósofos, naturalistas e médicos que definiam muito claramente o que deve ser o campo da nova área de saber e quais deveriam ser suas exigências epistemológicas. O observador deveria participar da própria existência dos grupos observados. 
Porém, a ausência de distinção entre a antropologia iniciante e a filantropia, como outros obstáculos no projeto de De Gerando impossibilitaram o advento de uma antropologia científica na época. O próprio Gerando, “observador dos povos selvagens” torna-se “visitante dos pobres”. Prejudicando a sua pesquisa. 
Entre todos os obstáculos, o maior estaria atrelado a dois motivos essenciais:
A não realização da distinção entre o saber científico e o filosófico, que mesmo sendo abordada, não era colocada em prática. O conceito de homem utilizado no século das luzes ainda era muito abstrato. 
O discurso antropológico do século XVIII é inseparável do discurso histórico. 
O grande passo a ser dado para superar esses problemas e alcançar a autonomia da antropologia é dado ainda no século XIX, a partir de uma abordagem até, talvez, mais historicista: o evolucionismo. 
O século XIX irá constituir a antropologia como a ciência das sociedades primitivas em todas as suas dimensões (biológica, técnica, econômica, política, religiosa, linguística, psicológica...). Ao mesmo tempo em que o homem olha para as sociedades primitivas, ele está passando por diversas transformações com a revolução industrial e a revolução francesa. Ele olha para essas sociedades com certa nostalgia.
Assim como Rousseau disse: “O estado de felicidade do homem num ambiente protetor situa-se ao lado do ”estado de natureza”, enquanto que a infelicidade está no lado da civilização”.
É no século XIX que entra em questão a partilha da África através do tratado de Berlim em 1885. Nessa época, a África, Austrália, a Índia, e a Nova Zelândia passam a ser povoadas de um número considerável de imigrantes europeus. É a partir daí que surge as primeiras obras da antropologia como “O casamento Primitivo” de Maclennan, em 1865.
Assim a antropologia fica indissociavelmente ligada ao conhecimento da nossa origem, das formas simples de organização social e mentalidade que evoluíram para as formas mais complexas das nossas sociedades. 
O evolucionismo encontrará sua forma elaborada na obra de Morgan e particularmente na Ancient Society, que se tornará o documento de referência adotado pela maioria dos antropólogos. 
A antropologia do século XIX dá bastante atenção aos aborígenes australianos, ao estudo do “parentesco” e da religião. 
Uma obra que vai marcar a antropologia nessa época é a obra de Morgan sobre as “ crenças” e “ superstições”. 
Contudo é preciso fazer críticas a esse pensamento evolucionista, pois se mede o “atraso” das outras sociedades, tomando como base o fato de o progresso presente no Ocidente ser a prova brilhante da evolução histórica da qual procura-se simultaneamente acelerar o processo e reconstituir os estágios. O evolucionismo também é usado como justificação do colonialismo. A antropologia evolucionista afirma com arrogância julgamentos de valores sem contestações possíveis. Havia um declarado etnocentrismo presente na pesquisa antropológica. Porém é preciso levar em conta que o antropólogo raramente recolhe os materiais que estuda e quando o faz, é antes no decorrer da expedição visando trazer informações e não entrar nas categorias mentais dos outros. 
Esses pesquisadores em sua maioria não tinham uma formação antropológica. O século XIX foi marcado pela criação de sociedades científicas de etnologia, das primeiras cadeiras universitárias. Os pesquisadores colocavam o problema maior da antropologia em explicar a universalidade e diversidade das técnicas, das instituições, dos comportamentos e das crenças, comparar as práticas sociais de populações infinitamente distantes uma das outras tanto no espaço como no tempo.
Um marco da antropologia dessa época, com Morgan, talvez seja seu anti-racismo. Ele e diversos outros autores entendem que todas essas sociedades pertencem a uma única raça: a família humana, a raça humana. 
O desenvolvimento material, o conhecimento da história começa a ser posto sobre as bases totalmente diferentes das do idealismo filosófico. 
Os elementos de análise a partir de Morgan, não seriam mais costumes considerados bizarros, e sim redes de interação formando sistemas. 
O grande paradoxo é que a antropologia só se torna científica com introduzindo uma ruptura em relação a esse modo de pensamento que lhe abriu caminho: o evolucionismo.

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