Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Teorias da aprendizagem Aula 4 Tema 1 Henri Wallon: psicogênese da pessoa completa Prof.ª: Maria Celia Malta Campos Psicogenética de Wallon: abordagem dialética/relacional Opõe-se às dicotomias entre as dimensões do ser humano. Psiquismo: síntese entre biológico e social. Desenvolvimento, Aprendizagem e Conhecimento decorrem da interação dinâmica Sujeito x Meio. Meio: diferentes tipos definidos conforme as interações existentes. Afetividade: ponto central na teoria é função adaptativa do ser humano, depende da interação com o meio social para sua sobrevivência. Psicogenética de Wallon: o Meio Diferenciação por tipos conforme: - Características específicas das trocas que ocorrem entre meio físico-químico, biológico e social em um dado contexto. Cada Meio é uma síntese muito especifica das interações entre a natureza local, os seres vivos e as estruturas e trocas sociais. Ex.: meio rural; meio urbano; periferia urbana; meio escolar; meio familiar. Psicogenética de Wallon: o Meio Diferenciação por níveis de interação: • Meio físico – definido no espaço e tempo: abriga as reações sensório-motoras dos objetivo atuais, da inteligência prática. • Meio abstrato - fundado sobre a representação: abriga relações e situações simbólicas e implica na utilização de conceitos. Diferenciação entre meio social e meio físico: com a superposição do social ao físico. Psicogenética de Wallon: a Pessoa O Sujeito funciona de forma integrada: Suas dimensões afetiva-cognitiva-motoras estão interligadas, afetando-se mutuamente numa totalidade que atua na progressiva formação do EU. PESSOA: Corpo, Afeto, Cognição sempre atuam no seu funcionamento, porem em graus diferentes: No inicio do desenvolvimento, atuam de forma indiferenciada, em bloco ou por sincretismo. Integração Pessoa x Meio A integração cognitiva-afetiva (conhecimentos, concepções, crenças, valores) está enraizada nas condições históricas de existência O Ser humano é organicamente social. Seus processos de constituição subjetiva e de Conhecimento são interdependentes. Tema 2 NOÇÃO DE PESSOA: OS CONJUNTOS FUNCIONAIS A pessoa e seus conjuntos funcionais 3 dimensões para explicar algo que é inseparável: a Pessoa. 1. Conjunto afetivo: funções responsáveis pelas emoções, pelos sentimentos e pela paixão. 2. Conjunto ato motor: apoio tônico para as emoções e sentimentos se expressarem; deslocamentos do corpo no tempo e no espaço; reações posturais que garantem o equilíbrio corporal. 3. Conjunto cognitivo: funções que permitem aquisição e manutenção do conhecimento por meio de imagens, noções, ideias e representações. Relação afeto e corpo Integração entre modulação tônica e modulação afetiva: • Emoção se acompanha de componentes físico-químicos originados no cérebro. • Toda alteração emocional modifica o tônus muscular dos órgãos internos e da musculatura superficial. Depressão e medo reduzem o tônus ficamos trêmulos e fracos; Ansiedade e raiva aumentam a tonicidade enrijecemos os músculos. Alegria e contato amoroso fluxo tônico prazeroso; leveza e expansão dos movimentos. Relação afeto - cognição Teoria da Emoção de Wallon é dialética e genética para dar conta da complexidade das relações da simultânea interdependência e oposição entre cognição e afeto. Gênese Biológica: maturação neurológica permite controle progressivo da conduta emocional. Gênese Social: emoção é a base da cognição. Ao ativar reações emocionais no outro, mobilizam-se os vínculos interpessoais e estes promovem os instrumentos da cognição. Aspecto dialético: Emoção mobiliza a atividade intelectual, mas também atua regressivamente reduzindo a competência intelectual sempre que predomina. Paradoxo: emoção dá origem à atividade intelectual e ao mesmo tempo se opõe à ela. Relação afeto-cognição na aprendizagem Emoções e sentimentos estão presentes em todos os momentos da vida -> interferem em nossas atividades e relações interpessoais e são mobilizados por elas. Situações novas e difíceis afloram a emoção afetam atividade intelectual e geram incompetência. Reflexão e tomada de consciência controlam e reduzem (mas não anulam) efeitos da emoção na cognição. Tema 3 TEORIA DA EMOÇÃO DE WALLON: AS RELAÇÕES AFETO – COGNIÇÃO – CORPO NO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO Psicogenética de Wallon: Desenvolvimento Resulta da integração - em dois sentidos: — integração externa: entre organismo-meio. — integração interna: entre funcionamento afetivo, cognitivo e motor (os 3 conjuntos funcionais). É um processo aberto e permanente; dinâmico e contextualizado: integra o biológico e as influencias socioculturais do contexto no qual o sujeito está inserido. “A constituição biológica da criança, ao nascer, não será a única lei de seu destino posterior. Seus efeitos podem ser amplamente transformados pelas circunstâncias de sua existência, da qual não se exclui sua possibilidade de escolha pessoal... “ (Wallon. Psicologia e educação da infância, p. 165). Psicogenética de Wallon: Desenvolvimento Relação complexa entre amadurecimento neurológico e meio social conhecer a criança implica em conhecer o seu meio e sua história de relações. Sentido do desenvolvimento: - do predomínio dos afetos e do movimento -> em direção ao pensamento abstrato; - das ações geradas no nível subcortical (emoções) -> para ações controladas pelo nível cortical (intelecto). - da indiferenciação entre os 3 conjuntos funcionais -> para uma gradual discriminação entre eles. Estágios do desenvolvimento e etapas da afetividade 1ºs. estágios: dimensão da afetividade predomina sobre a inteligência crianças são seres emocionais. Na sequência: afeto e cognição permeiam o desenvolvimento, com alternâncias entre predomínio afetivo ou cognitivo, mas sempre integrados. Vínculos emocionais: asseguram acesso ao mundo simbólico e à cultura base para atividade cognitiva. Quando a cognição evolui comunicação verbal e reflexão ajudam a moderar o emocional e a racionalizar os vínculos afetivos. Afetividade e 1os estágios de Desenvolvimento: a construção de si Afetividade emocional ou tônica: estágio impulsivo-emocional (0 -1 ano). Afetividade simbólica: • estágio sensório-motor e projetivo (1 a 3 anos): apoio do pensamento no corpo e no gesto. • estágio do personalismo (3 a 6 anos): individuação e “consciência de si” busca de reconhecimento do outro por oposição e conflito; por sedução e imitação. • Construção da identidade se faz na interação com o outro A relação social é interpessoal troca social é sempre afetiva. Afetividade e estágios posteriores do Desenvolvimento: a construção da Pessoa Afetividade Categorial (6 a 11 anos): capacidade de formular conceitos; definir e explicar; fazer análise e síntese; diferenciar e integrar. O confronto agora é com os objetos. • Construção do Objeto e da realidade externa: na interação com técnicas e recursos gerados na cultura predomínio da cognição. Puberdade e Adolescência (11 anos em diante): cresce o pensamento abstrato e ampliam-se os interesses culturais, com grande envolvimento emocional. Construção da Pessoa: crises da adolescência expressam momento de grande transformação no corpo e na inteligência. Tema 4 DESENVOLVIMENTO E EDUCAÇÃO EM WALLON Necessidades do Desenvolvimento nos 1os estágios: relação com Educação • satisfação das necessidades corporais e afetivas proximidade, toque e tonicidade; • oportunidade para manipulação da realidade, aproximando o sensorial e o motor; • estimulação da função simbólicamímica e brincadeira livre; exercitação da linguagem pelo ritmo, musicalidade, rimas; • atividades expressivas plásticas,verbais, dramáticas, escrita e narrativas com personagens de identificação fortalecimento da construção de si mesmo. Psicogenética de Wallon e ensino: implicações para a prática Características de cada estágio de desenvolvimento: referência para atividades adequadas aos alunos concretos que estão em sala de aula. Atitudes valorizadas no professor: Observação atenta ver e ouvir a criança, respeitar sua infância; Construir sintonia com as necessidades de desenvolvimento de cada estágio; Considerar o sincretismo presente em todo conhecimento novo, como parte integrante do processo ensino-aprendizagem, oferecendo atividades que promovam gradual competência; Assumir sua própria história, seu desenvolvimento e seus afetos na sua atuação em situação escolar. Psicogenética de Wallon e relação professor-aluno Ambos são atores, concretos e históricos, do processo ensino- aprendizagem. Ambos trazem a bagagem que o meio lhes ofereceu até então. Ambos estão em desenvolvimento, processo que é aberto e permanente. Relação interpessoal professor-aluno: fundamento da aprendizagem. Regulação das demandas educacionais frente às competências do aluno exige uma forma complexa de comunicação afetiva. Dificuldades de aprendizagem e de “ensinagem” • Emoção é social porque é contagiosa adulto se expõe às emoções na sua relação com a criança. • Professor e aluno são afetados um pelo outro e ambos, pelo contexto onde estão inseridos; • a não satisfação das necessidades afetivas, cognitivas e motoras do professor E do aluno geram obstáculos que afetam diretamente o processo de ensino-aprendizagem e o desenvolvimento de ambos.
Compartilhar