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Teorias da Aprendizagem
2/144
Teorias da Aprendizagem
Autora: Camila Beltrão Medina
Leitora Crítica: Nelma Maria Felix Capi Villaça de Souza Barros
Como citar este documento: MEDINA, Camila Beltrão. Teorias da Aprendizagem. Valinhos: 2014.
Sumário
Apresentação da Disciplina 03
Unidade 1: Concepções que Alicerçam o Aprender 05
Assista a suas aulas 20
Unidade 2: Teorias da Aprendizagem: Abordagem Cognitiva – A Teoria Epistemológica de 
Jean Piaget 
31
Assista a suas aulas 52
Unidade 3: Vigotski: Aproximando Ideais Teóricos do Ensino Escolar 64
Assista a suas aulas 95
Unidade 4: Henri Wallon: Psicogênese da Pessoa Completa — um Novo Olhar sobre o 
Desenvolvimento e sua Importância para o Processo de Ensinar e Aprender
107
Assista a suas aulas 128
2/144
3/144
Apresentação da Disciplina
Você, como aluno de especialização em Psicopedagogia, deve possuir a informação de que 
tal área é entendida como um campo interdisciplinar, visto que se constitui pelos saberes 
presentes na neurociência, na psicologia, na pedagogia, entre outros. Essencialmente, são 
trabalhadas questões referentes à aprendizagem, ou seja, aos processos psíquicos que levam 
ao aprender ou ao não aprender. 
Por isso, uma disciplina que trate sobre teorias de aprendizagem se faz tão importante, sendo 
que seu principal objetivo consiste em conduzir o educando a um passeio que fundamente suas 
concepções sobre o aprender.
Qualquer um responde diretamente a questões do tipo: o que você aprendeu hoje na escola 
ou, com uma determinada leitura ou, ainda, acessando a internet? As pessoas sabem, sem 
dificuldades, aplicar as palavras aprender/aprendizagem em conversas cotidianas. No entanto, 
o conceito de aprendizagem não é tão simples e, por isso, a ciência o entende como um 
processo a ser investigado.
A disciplina Teorias da Aprendizagem (TA), que aqui se inicia, buscará apresentar concepções 
elucidadas por pensadores sobre a maneira como o homem internaliza as informações postas 
no mundo em que está inserido, ou seja, como as pessoas aprendem.
Muitas são as teorias da aprendizagem que interferem na compreensão sobre os processos 
4/144
de aprender, sendo que as principais referências são didaticamente organizadas em dois 
grandes grupos: as teorias do condicionamento e as teorias cognitivas, respectivamente 
fundamentadas por John B. Watson e B. F. Skinner, e Jean Piaget, Lev Vigotski e Henri Wallon.
Cada um desses autores atribui à aprendizagem um conceito distinto e coerente com seu 
pensamento. Esses conceitos, bem como os pressupostos teóricos defendidos por cada um 
desses pensadores, serão o objetivo central das discussões desta disciplina.
Espero que você aproveite a disciplina e que ela fortaleça seu processo de formação.
5/144
Unidade 1
Concepções que Alicerçam o Aprender
Objetivos
Apresentar que toda ação pedagógica planejada é influenciada por uma cultura educativa, 
alicerçada por teorias do conhecimento. Entre elas, teorias sobre o desenvolvimento 
psicológico e suas implicações no processo de ensino e aprendizagem. Deste modo, objetiva-se 
promover oportunidades para que você:
 » Domine princípios teórico-metodológicos das áreas de conhecimento que se constituam 
objeto de prática psicopedagógica.
 » Compreenda o processo de construção do conhecimento no indivíduo inserido no seu 
contexto social e cultural.
 » Relacione conceitos de diferentes teorias psicológicas quando aplicadas à educação.
 » Conheça diferentes teorias da aprendizagem.
 » Internalize o conceito de aprendizagem para as diferentes teorias da aprendizagem.
Unidade 1 • Concepções que Alicerçam o Aprender6/144
Introdução
Os seres humanos são produto de 
tudo aquilo que vivem, experimentam, 
descobrem e aprendem. Deste modo, 
deve-se atribuir ao aprender um sentido 
mais amplo do que aquilo que se 
apropria a partir das aulas escolares. O 
homem aprende a andar, a falar, a fazer 
birra, a seduzir a pessoa desejada, a 
conviver socialmente, a ler, a escrever. A 
aprendizagem está diretamente associada 
a um processo mental/cognitivo de 
captação de informações presentes no 
mundo natural e social em que se está 
inserido. 
Você sabia que esse processo já era 
investigado pelos filósofos gregos? E que 
filósofos do século XVII tomam o aprender 
como seu objeto central de estudo?
Por toda a história da humanidade foi 
atribuída aos pais a responsabilidade 
de educar/ensinar os filhos. Nos grupos 
humanos reduzidos e nas sociedades 
primitivas, o aprender pautava-se pela 
Para saber mais
O século XVII é marcado por duas correntes 
da filosofia que investigam os processos 
cognitivos e elucidam teorias sobre o aprender. 
São elas: o empirismo e o racionalismo. Para 
os empiristas, o conhecimento está no mundo 
e será internalizado pelo homem; e para os 
racionalistas, o conhecimento está na mente 
do homem e será externalizado ao mundo pelo 
homem. (BECKER, F. Educação e Construção do 
Conhecimento. Porto Alegre: Artmed, 2001).
Unidade 1 • Concepções que Alicerçam o Aprender7/144
observação e convívio com os integrantes 
mais velhos da comunidade. Nesse 
sentido, o processo de aprendizagem dos 
produtos sociais, ou melhor, daquilo que se 
considerava essencial para a sobrevivência 
e manutenção do grupo, acontecia 
de forma direta e em decorrência da 
socialização dos indivíduos.
No entanto, com o desenvolvimento da 
humanidade e por consequência das 
sociedades se tornarem mais complexas, 
o processo de aprendizagem direto das 
gerações mais jovens passa a ser ineficaz. 
Tal fenômeno leva o homem a vislumbrar 
formas alternativas de socialização dos 
saberes. Saberes, considerados como 
fundamentais para a sobrevivência e 
manutenção do grupo, portanto, que 
devem ser transmitidos aos mais jovens.
Ao longo da história, diferentes formas 
de especializar/profissionalizar a 
aprendizagem foram testadas. Entre elas 
é possível citar o tutor, o preceptor, a 
academia, as escolas religiosas, as aulas 
mútuas, as escolas laicas, o professor. Em 
todos esses processos de socialização dos 
conhecimentos, a aprendizagem centrava-
se como o grande objetivo. Deste modo, 
pode-se dizer que o aprender transformou-
se em preocupação de muitos pensadores 
e idealizadores de um sistema de ensino 
formal e a escola, laica, organizada 
relacionando série e idade cronológica 
do aluno, em que a aula será presidida 
por um professor, foi o lugar eleito como 
ideal para a efetivação desse processo. 
Unidade 1 • Concepções que Alicerçam o Aprender8/144
Viabilizar o aprender fica sendo a função 
primeira dessa escola, postulando que 
aprender significa promover a socialização 
dos saberes produzidos pela humanidade 
para as gerações mais jovens, bem 
como a adequação das novas gerações à 
sociedade.
No entanto, vale destacar que a sociedade 
se transforma e com ela os elementos a 
serem transmitidos/ensinados nas escolas. 
A função da escola sempre permanece 
a mesma: atender as necessidades 
sociais de formação de seus membros 
mais jovens, que em um futuro próximo, 
estarão atuando para a manutenção da 
ordem, da sobrevivência e da existência 
do grupo. O que modifica é a concepção 
sobre o aprender, são os elementos a serem 
ensinados, são os valores e regras morais 
da sociedade, são os avanços da ciência 
sobre o funcionamento dos processos 
cognitivos, são as teorias da psicologia que 
influenciam diretamente o como ensinar, e 
com elas as teorias das pedagogias. 
Para saber mais
Mudanças na educação coligam-se a um novo 
modo de vida da sociedade e têm um grande 
poder de “moldar” aqueles que mudarão as 
coisas e, consequentemente, o mundo. Leia 
mais: PÉREZ GÓMEZ, A. I. As funções sociais da 
escola: da reprodução à reconstrução crítica do 
conhecimento eda experiência. In: SACRISTÀN, 
J. G.; PÉREZ GÓMEZ, A. I. Compreender e 
Transformar o Ensino. Porto Alegre: Artmed, 
2000. p. 13-26.
Unidade 1 • Concepções que Alicerçam o Aprender9/144
Deste modo, todas as reformas na 
educação escolar são consequências de 
acalorados debates que representam 
diferentes fenômenos educativos. 
Fenômenos que envolvem diversas 
dimensões. Entre elas é possível citar: 
humana, técnica, cognitiva, emocional, 
sociopolítica e cultural. Vale pontuar que 
as reformas educacionais não se tratam 
da simples união das referidas dimensões, 
mas sim da aceitação das várias 
implicações e relações entre elas. Cada 
uma dessas dimensões ganha destaque 
em Teorias da Aprendizagem diferentes. 
Assim, toda e qualquer tendência 
pedagógica, desdobramento de uma teoria 
da aprendizagem, ora inclina-se para 
aspectos biológicos, ora para aspectos 
sociológicos, psicológicos ou ainda 
humanistas. No entanto, todas resultam da 
relação do homem (ser que aprende) com o 
ambiente (objeto que será apreendido).
Os profissionais da educação são produto 
de todas as transformações educacionais 
e sua prática pressupõe a união das 
diversas Teorias da Aprendizagem, muitas 
vezes de forma inconsciente, individual e 
intransferível.
1. Teorias da Aprendizagem
Leia a história a seguir e reflita sobre 
como ocorre o processo de aquisição do 
conhecimento:
Unidade 1 • Concepções que Alicerçam o Aprender10/144
“Na Índia, onde os casos de meninos-lobo foram relativamente 
numerosos, descobriram-se em 1920 duas crianças, Amala e Kamala, 
vivendo no meio de uma família (?) de lobos. A primeira tinha um ano e 
meio e veio a morrer um ano mais tarde. Kamala, de oito anos de idade, 
viveu até 1929. Não tinham nada de humano e seu comportamento era 
exatamente semelhante àquele de seus irmãos lobos.
Elas caminhavam de quatro, apoiando-se sobre os joelhos e cotovelos 
para os pequenos trajetos e sobre as mãos e os pés para os trajetos 
longos e rápidos.
Eram incapazes de permanecer em pé. Só se alimentavam de carne crua 
ou podre. Comiam e bebiam como os animais, lançando a cabeça para 
a frente e lambendo os líquidos. Na instituição onde foram recolhidas, 
passavam o dia acabrunhadas e prostradas numa sombra. Eram ativas e 
ruidosas durante a noite, procurando fugir e uivando como lobos. Nunca 
choravam ou riam.
Unidade 1 • Concepções que Alicerçam o Aprender11/144
Kamala viveu oito anos na instituição que a acolheu, humanizando-se 
(?) lentamente. Necessitou de seis anos para aprender a andar e, pouco 
antes de morrer, tinha um vocabulário de apenas cinquenta palavras. 
Atitudes afetivas foram aparecendo aos poucos. Chorou pela primeira vez 
por ocasião da morte de Amala e se apegou lentamente às pessoas que 
cuidaram dela, bem como às outras com as quais conviveu. 
Sua inteligência permitiu-lhe comunicar-se por gestos, inicialmente, e 
depois por palavras de um vocabulário rudimentar, aprendendo a executar 
ordens simples.”
LEYMOND, B. Le development social de l’enfant et del’adolescent. Bruxelles: Dessart, 1965. p 12-14.
A história descreve um fato que alguns estudiosos consideram verídico e permite ajudar a 
entender em que medida as características humanas dependem do convívio social. Amala e 
Kamala, as meninas-loba da Índia, por terem sido privadas do contato com outras pessoas, 
não conseguiram apresentar comportamentos tipicamente humanos, como a comunicação 
por meio da fala, não foram ensinadas a usar determinados utensílios, não desenvolveram 
processos de pensamento lógico.
 
Unidade 1 • Concepções que Alicerçam o Aprender12/144
Será que todo o comportamento das 
meninas era uma cópia decorrente de 
seu processo de socialização, que se deu 
com a alcateia? Dependendo da corrente 
teórica a que se pertence, uma avaliação 
diferente será feita sobre o processo de 
aprendizagem de Kamala e Amala. Para os 
adeptos das teorias do condicionamento, 
a aprendizagem é definida por suas 
consequências comportamentais e, 
portanto, enfatizam as condições 
ambientais como responsáveis pelo 
aprender. 
Assim, a aprendizagem é entendida como 
a integração entre o estímulo e a resposta, 
variáveis ambientais que interagem com 
o sujeito. A partir do momento em que a 
aprendizagem foi concluída, estímulo e 
resposta estão unidos de tal modo que 
o aparecimento do estímulo evoca a 
resposta.
No caso de Kamala e Amala, os estímulos 
oferecidos em sua educação primeira 
estavam diretamente relacionados 
com o modo de vida selvagem, 
levando as meninas a responderem 
com comportamentos típicos de lobo. 
Caçavam suas refeições, comiam sem 
o uso de talheres, tinham hábitos 
noturnos. Essas respostas faziam com 
que elas pertencessem ao grupo e com 
Para saber mais
Leia: DAVIS, C.; OLIVEIRA, Z. de. Psicologia na 
educação. São Paulo: Cortez, 1990. p 16-17. 
Unidade 1 • Concepções que Alicerçam o Aprender13/144
isso, mantiveram-se vivas. Diante de novos estímulos, as meninas, com muitas dificuldades, 
tentaram emitir novas respostas. As dificuldades existiam porque o processo agora não era 
o de educar, mas o de reeducar. Para isso, era necessário retirar a resposta anteriormente 
internalizada, oferecer novo estímulo, incentivando uma nova resposta. Se a nova 
resposta desejada fosse dada, seria fundamental reforçá-la. Buscou-se implantar um novo 
comportamento, um comportamento até então desconhecido por elas.
É possível afirmar que, para os seguidores das teorias do condicionamento, aprender significa 
mudança de comportamento, ou seja, toda vez que um comportamento é instalado em 
decorrência de estímulos e elementos reforçadores, há aprendizagem.
Já para os seguidores das teorias cognitivistas, a aprendizagem é entendida como um processo 
de relação do sujeito com o mundo externo, no entanto, ela só se efetiva diante da organização 
interna do conhecimento (organização cognitiva). Nesse sentido, é possível afirmar que a 
aprendizagem é um elemento derivado da comunicação com o mundo e se acumula sob a 
forma de riqueza de conteúdos cognitivos. É o processo de organização de informações e 
integração daquilo que foi apreendido pela estrutura cognitiva. Não há um fim. O homem 
adquire um número crescente de novas ações decorrentes do processo de internalização para 
inserir-se e participar de seu meio.
Unidade 1 • Concepções que Alicerçam o Aprender14/144
O Quadro 1.1 demarca as diferenças entre essas duas teorias:
Quadro 1.1 — Diferenças entre as teorias do condicionamento e as teorias cognitivistas.
Teorias do Condicionamento Teorias Cognitivas
Aprendizagem
Aprendem-se hábitos, ou seja, aprende-
se a associar um estímulo a uma 
resposta.
Aprende-se a relação entre as ideias, ou seja, 
conceitos.
Aprende-se praticando. Aprende-se abstraindo a experiência. 
Manutenção do 
comportamento
Ocorre pelo sequenciamento de 
respostas, ou seja, uma resposta é, na 
realidade, um conjunto de respostas. 
Este conjunto de respostas, reforçadas 
de modo bem-sucedido, prepara a etapa 
seguinte e mantém a “teia” de respostas 
até que o objetivo do comportamento 
seja atingido.
Ocorre pelos processos cerebrais centrais, tais 
como atenção e memória, que são integradores do 
comportamento.
Ação do 
comportamento 
humano
Evocam-se hábitos passados, 
semelhantes à nova situação. 
Experiência anterior que determina a 
solução do novo problema.
Além da experiência anterior, o sujeito vale-se da 
compreensão interna de relações essenciais do caso 
em questão. É um processo lógico.
Unidade 1 • Concepções que Alicerçam o Aprender15/144
Para saber mais
John B. Watson é considerado o pai do Behaviorismo porque, além de colocar o comportamento 
humano como objeto da psicologia, inaugurou eestabeleceu um método de investigação 
desse comportamento. Seu primeiro artigo, publicado em 1913, traz o título: Psicologia: como 
os behavioristas a veem. Tal artigo apresenta o comportamento como objeto observável e 
mensurável, cujos experimentos poderiam ser reproduzidos em diferentes condições e sujeitos. No 
entanto, o nome mais conhecido dessa teoria da aprendizagem, sem dúvida, é o de Burros F. Skinner. 
O próprio Skinner cunhou o nome de sua teoria de Behaviorismo radical, pois buscava designar uma 
filosofia da ciência do comportamento por meio da análise experimental do comportamento. A base 
da corrente skinneriana está na formulação do comportamento operante. Leia: CUNHA, M. V. da. 
Psicologia da Educação. Rio de Janeiro: DP&A, 2003.
Unidade 1 • Concepções que Alicerçam o Aprender16/144
Indicação para Filmes
Sociedade dos Poetas Mortos. Direção Peter Weir (EUA, 1989).
É um filme sobre processo educacional em uma escola conservadora dos anos 1950, nos Estados Unidos, 
em que um professor rompe com a visão tradicional de ensino.
O Enigma de Kasper Hauser. Direção Werner Herzog (Alemanha Ocidental, 1974).
O filme narra a história de Kasper Hauser, um jovem que vivia acorrentado em um porão, alimentado por 
um homem misterioso. Sem muitas explicações, o misterioso homem retira Kasper do porão e o deixa em 
uma cidade próxima a Nuremberg. Inicia, então, o processo de socialização e de aprendizagem desse rapaz. 
Ele aprende facilmente música, tricô e jardinagem, mas é um fracasso em compreender as convenções da 
época, principalmente as ligadas à sociedade, ciência e religião.
Questão
reflexão
?
para
17/144
As Teorias da Aprendizagem nascem de Teorias do 
Conhecimento, assim, a raiz do que se faz na escola está no 
mundo das ideias. Está na filosofia e em seus desdobramentos. 
Você sabe como se dá essa passagem? Como uma Teoria do 
Conhecimento se desdobra em Teoria Pedagógica? 
Após sua reflexão, busque a resposta no texto: BECKER, F. 
Modelos Pedagógicos e Modelos Epistemológicos. Educação 
e Realidade, Porto Alegre, RS, v. 19, n. 1, p. 89-96, 1999. 
Disponível em <http://www.marcelo.sabbatini.com/wp-
content/uploads/downloads/becker-epistemologias.
pdf>. Acesso em 2 fev. 2013.
18/144
Considerações Finais 
 » O homem é produto do meio natural e social em que está inserido.
 » Com o desenvolvimento da humanidade, a sociedade elege a escola como 
o locus ideal para a transmissão dos saberes produzidos pelos homens no 
decorrer de sua história.
 » As Teorias da Aprendizagem são alicerçadas por Teorias do Conhecimento.
 » Pensadores buscam entender o modo como o homem internaliza as 
informações do mundo, ou seja, aprende.
 » Os teóricos da educação se apropriam das Teorias do Conhecimento e buscam 
as traduzir em Teorias da Aprendizagem. Se o homem pensa e aprende 
utilizando determinados esquemas mentais, a escola deve estimular e 
trabalhar considerando esses esquemas mentais.
 » Existe um número elevado de teorias de aprendizagem, no entanto, estas 
teorias podem ser reunidas em duas categorias: teorias do condicionamento e 
teorias cognitivistas.
Unidade 1 • Concepções que Alicerçam o Aprender19/144
Referências
BECKER, Fernando. Educação e Construção do Conhecimento. Porto Alegre: Artmed, 2001.
BOCK, Ana Mercês Bahia. Psicologias: uma introdução ao estudo da psicologia. São Paulo: 
Saraiva, 2002.
CUNHA, Marcus Vinícius da. Psicologia da Educação. Rio de Janeiro: DP&A, 2003.
DAVIS, Cláudia; OLIVEIRA, Zilma de. Psicologia na educação. São Paulo: Cortez, 1990. p 16-17 .
LEYMOND, B. Le development social de l’enfant et del’adolescent. Bruxelles: Dessart, 1965. p 12-
14. 
MAHONEY, Abigail Alvarenga (org). Psicologia & Educação: revendo contribuições. São Paulo: 
EDUC, 2000.
PÉREZ GÓMEZ, Ángel I. As funções sociais da escola: da reprodução à reconstrução crítica 
do conhecimento e da experiência. In: SACRISTÀN, J. G.; PÉREZ GÓMEZ, Á. I. Compreender e 
Transformar o Ensino. Porto Alegre: Artmed, 2000. p. 13-26.
20/144
Aula 1 - Tema: Teorias do Conhecimento e a 
Psicopedagogia  – Bloco I
Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/
pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/
d1dd7e561ab30311de33f7354c0d5239>.
Aula 1 - Tema: Da Filosofia à Psicologia  – Bloco 
II
Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/
pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f-
1d/88e8568fa882f31a230ad23e18b34abe>. 
Assista a suas aulas
21/144
Aula 1 - Tema: Abordagem Educacional Funda-
da no Racionalismo  – Bloco III
Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/
pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/
27f14a9d1c037cb71548a7a7b1a8e558>.
Aula 1 - Tema: Psicologia Comportamental 
e Visões do Ensinar, do Aprender e do não 
Aprender  – Bloco IV
Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/
pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/
19db77775a6b8aa565cdf44c6602fd13>. 
Assista a suas aulas
22/144
1. Analise a tabela elaborada por Fernando Becker e responda a questão:
Epistemologia Pedagogia
Teoria Modelo Modelo Teoria
Empirismo S O A P Diretiva
Apriorismo S O A P Não diretiva
Construtivismo S O A P Relacional
A tabela elaborada por Fernando Becker estabelece uma comparação en-
tre modelos pedagógicos e modelos epistemológicos. De acordo com as 
afirmações do autor, o que isso significa?
a) Que as ciências da educação propõem um modelo de ação docente idêntico ao que é 
idealizado pela filosofia.
b) Que as ciências da educação, por se apropriarem das teorias de diversas ciências 
específicas, como Filosofia, Sociologia, Psicologia, Antropologia, História, não conseguem 
estabelecer um modelo pedagógico sem lançar mão de modelos epistemológicos. 
Questão 1
23/144
c) Que todo modelo pedagógico tem um modelo epistemológico que o fundamenta. Isso 
pode ser verificado quando se analisa que a mesma relação apresentada entre sujeito e objeto, 
sob o ponto de vista epistemológico, pode ser comparável à relação aluno e professor.
d) Que a pedagogia relacional descarta todos os outros modelos.
e) O empirismo é o modelo epistemológico mais antigo e, por isso, está ultrapassado, 
devendo ser substituído pelo modelo relacional.
Questão 1
24/144
2. A professora de Joãozinho disse na aula que a baleia é um mamífero. 
Então Joãozinho disse: “Mas, professora, mamífero é vaca, gato, cachor-
ro, esses bichos que quando são filhotes mamam. A baleia vive dentro 
d’água, tem nadadeiras, é um peixe grande”. A maioria dos colegas con-
cordou com Joãozinho, até que a professora passou um filme em que 
apareciam filhotes de baleias sendo amamentadas. Joãozinho começou 
a perceber que morar fora d’água não define os mamíferos, e que ter 
rabo de peixe, nadadeiras e morar na água não são características ape-
nas dos peixes.
A aprendizagem de Joãozinho aconteceu, segundo a teoria piagetiana, 
pelo processo de:
Questão 2
a) Anulação do conhecimento que possuía e substituição deste por conteúdos novos e 
diferentes.
b) Associação de novos conteúdos aos que já faziam parte da sua estrutura cognitiva.
25/144
Questão 2
c) Comparação entre informações e reforço do conhecimento anterior.
d) Desequilíbrio, por conflito cognitivo, e acomodação do novo conhecimento ao anterior.
e) Reforço positivo do comportamento por parte da professora, dos colegas e da família.
26/144
3. Quais são os dois grupos em que se pode dividir as teorias da 
aprendizagem?
a) Teorias do condicionamento e teorias cognitivas.
b) Teorias comportamentais e teorias piagetianas.
c) Teoria tradicional e teoria progressista.
d) Empirismo e racionalismo.
e) N.D.A.
Questão 3
27/144
4. Quem é o fundador do Behaviorismo?
a) Jean Piaget.
b) Lev Vigotski.c) Henri Wallon.
d) John Watson.
e) Burros F. Skinner.
Questão 4
28/144
5. Como o homem é estudado pelos behavioristas?
a) Como o centro do processo de ensino e aprendizagem e, por isso, devem ser respeitados 
todos os seus desejos e pensamentos.
b) Como um ser que responde a estímulos emitindo respostas que, ao serem reforçadas, 
trazem por consequência a implantação de comportamentos.
c) Como um ser que, abstraindo suas experiências, as conduz aos processos cerebrais 
centrais e as integra a comportamentos.
d) Como sujeitos que aprendem.
e) Como sujeitos que reagem a percepções e sensações, ou seja, processos psicológicos que 
envolvem ilusão de ótica, desde que o estímulo físico seja percebido como uma forma diferente 
da realidade.
Questão 5
29/144
Gabarito
1. Resposta: C.
O que se pretende mostrar é que toda 
teoria pedagógica alicerça-se em 
teorias do conhecimento. O processo 
de estabelecimento da cultura escolar, 
das regras do ensinar e aprender, da 
organização da escola, do processo de 
avaliação, está intimamente ligado a um 
fundamento teórico. Tal fundamento 
reside por vezes no campo da psicologia, 
outras no campo da sociologia, ou ainda da 
biologia, filosofia.
2. Resposta: D.
Segundo Piaget, o homem capta pela 
percepção sensorial informações que 
estão postas no mundo material e 
social. Essas informações são, portanto, 
assimiladas e conduzidas à mente. Quando 
internalizadas, tais informações são 
acomodadas e automaticamente a pessoa 
se equilibra. Esse estado de equilíbrio 
dura até o momento em que se depara 
com novos estímulos ou informações. 
Assim, a problematização e o desequilíbrio 
impulsionam a aprendizagem do sujeito.
3. Resposta: A.
As teorias da aprendizagem apresentadas 
nesta aula se dividem em Teorias do 
Condicionamento (ou teoria Behaviorista) 
e Teorias Cognitivas (ou proposta 
construtivista de ensino).
30/144
4. Resposta: D.
O fundador do behaviorismo foi John 
Watson. Sua teoria ficou conhecida como 
behaviorismo metodológico. A seguir, 
Pavlov e Skinner desenvolveram teorias 
inseridas nessa mesma corrente, com 
ampliações teóricas.
5. Resposta: B.
Os behavioristas entendem que o homem 
é uma consequência das influências ou 
forças existentes no meio ambiente. O 
homem organiza seus comportamentos 
e suas ações de acordo com os estímulos 
recebidos. Neste sentido, o homem para 
os behavioristas é considerado como o 
Gabarito
produto de um processo evolutivo no qual 
essencialmente as mudanças acidentais 
no dote genético foram diferencialmente 
selecionadas por características acidentais 
do ambiente.
31/144
Unidade 2
Teorias da Aprendizagem: Abordagem Cognitiva – A Teoria Epistemológica de Jean Piaget
Objetivos
Apresentar a Epistemologia Genética de Jean Piaget e suas implicações no campo educativo, identificando 
os principais conceitos presentes na abordagem piagetiana acerca do desenvolvimento psicológico da 
inteligência, bem como a compreensão do método clínico piagetiano como técnica de avaliação psicológica 
da inteligência.
Para tanto, busca-se que você desenvolva habilidades de:
 » Identificar, em situações-problema (casos clínicos e escolares), os principais indicadores piagetianos do 
pensamento infantil nos diferentes períodos do desenvolvimento cognitivo e moral.
 » Elaborar procedimentos de intervenção psicológica em situações-problema (casos clínicos e escolares) 
a partir dos indicadores propostos pela teoria piagetiana nos diferentes períodos do desenvolvimento 
cognitivo e moral.
 » Descrever os procedimentos metodológicos de investigação da inteligência estudados por Piaget 
(abordagem psicogenética) e relacionar com procedimentos de pesquisa e intervenção em uma abordagem 
psicométrica em Psicologia.
 » Analisar as estruturas do pensamento infantil, em uma perspectiva piagetiana, por meio do estudo das 
provas operatórias, do grafismo infantil, dos dilemas morais e dos jogos infantis.
Unidade 2 • Teorias da Aprendizagem: Abordagem Cognitiva – A Teoria Epistemológica de Jean Piaget32/144
Introdução
Você verá aqui a apresentação de aspectos presentes na categoria nomeada por teorias 
cognitivistas (sinalizada na aula passada), ou seja, teorias que consideram que a aprendizagem 
está diretamente relacionada com a cognição/com o pensamento. Em outras palavras, teorias 
que acreditam que a aprendizagem ocorre por meio do desenvolvimento da inteligência, 
portanto, da resolução de problemas.
Um dos teóricos de maior relevância nesse campo de pesquisa foi Jean Piaget, biólogo suíço, 
nascido em 1896 e falecido em 1980. Piaget dedicou sua vida a tentar desvendar os processos 
cognitivos do homem, ou seja, entender como se dá o desenvolvimento da inteligência e, por 
consequência, da aprendizagem. Apesar da aprendizagem não ser seu foco central, muito 
contribuiu para a compreensão e efetivação desse processo.
O seu estudo a partir desse momento será sobre o pensamento e as influências de Jean Piaget 
na educação.
1. Piaget: Contribuições da Epistemologia Genética para a Educação
Cunha (2003) afirma que: 
Unidade 2 • Teorias da Aprendizagem: Abordagem Cognitiva – A Teoria Epistemológica de Jean Piaget33/144
 “um dos grandes temas da epistemologia é saber como se passa de um 
estado de menor conhecimento para um estado de maior conhecimento, 
de um conhecimento de menor valor para um conhecimento de maior 
valor.” (p.68).
Esta questão que seduz todos os que se envolvem nessa área também seduziu o jovem Piaget, 
que buscava compreender prioritariamente o Sujeito Epistêmico, ou seja, o homem que pensa e 
aprende, que tem uma inteligência que se desenvolve, e não o Sujeito Psicológico. 
Afirma-se que alguns conhecimentos são obtidos por meio do contato direto do sujeito com 
o dado empírico. Por exemplo, quando se indica que “está chovendo no jardim”, esta é uma 
afirmação derivada da experiência de ter ido até o jardim e verificado por meio dos sentidos 
o fato. Segundo Cunha (2003), esse conhecimento é nomeado de posteriori, já que nasce de 
constatações empíricas.
No entanto, quando se faz alusão a que “a reta é o menor caminho entre dois pontos”, 
externaliza-se uma ideia a priori, ou seja, esta afirmação é uma verdade anteriormente 
constatada e verificada. Uma verdade que reside no campo da geometria.
Unidade 2 • Teorias da Aprendizagem: Abordagem Cognitiva – A Teoria Epistemológica de Jean Piaget34/144
As ideias a priori, além da geometria, concentram-se nas linguagens matemáticas e na lógica, 
são gerais, universais, necessárias, não se modificam de acordo com a subjetividade de quem as 
formule, nem conforme as condições do ambiente que cerca o fenômeno empírico. Para Cunha 
(2003),
conhecimentos desse tipo são tidos como válidos justamente por serem 
aplicáveis a quaisquer objetos, por serem normativos, por terem valor de 
regra para o pensamento (p.70).
Exatamente, investigar a passagem de um tipo de conhecimento empírico para o racional 
foi o que despertou o interesse de Piaget. Investigar como a mente humana transita de um 
estado em que a afirmação só é possível mediante a manipulação do concreto, para um estado 
em que os enunciados estão além disso. Para responder a suas questões, Piaget desvincula-
se da filosofia e adentra na experimentação científica, tornando-se um pesquisador do 
desenvolvimento cognitivo da criança.
Unidade 2 • Teorias da Aprendizagem: Abordagem Cognitiva – A Teoria Epistemológica de Jean Piaget35/144
2. Processo de Equilibração 
Durante todo o seu percurso intelectual, 
Jean Piaget procurou explicações que 
pudessem esclarecer as mudanças 
ontogenéticas (mudanças no indivíduo) no 
funcionamento cognitivo, do nascimento à 
adolescência, assim como dos mecanismos 
responsáveis por essas transformações. 
ParaPiaget, a formação das operações 
cognitivas está subordinada a um processo 
geral, que ele denomina de equilibração. 
Sem deixar de reconhecer o papel da 
experiência com os estímulos externos, 
Piaget procura determinar a existência 
de uma organização própria do indivíduo 
em sua experiência sensível, organização 
que submete os estímulos do meio à 
atividade interna do indivíduo. A atividade 
intelectual não pode ser separada do 
funcionamento total do organismo. Assim, 
o funcionamento intelectual é uma forma 
especial da atividade biológica humana 
herdada, que contribui para a interação 
do homem com o ambiente, levando à 
construção de um conjunto de significados.
A interação deste indivíduo com o 
ambiente permitirá a organização desses 
significados em estruturas cognitivas. 
Durante a vida, serão vários os modos 
de organização dos significados, 
marcando, assim, diferentes estágios do 
desenvolvimento. 
Para entender o processo de organização 
e adaptação intelectual, como visto por 
Piaget, quatro conceitos básicos precisam 
Unidade 2 • Teorias da Aprendizagem: Abordagem Cognitiva – A Teoria Epistemológica de Jean Piaget36/144
ser dominados: esquema, assimilação, acomodação e equilibração.
2.1 Esquema
Piaget entendeu a mente como dotada de estruturas do mesmo modo que o corpo. Assim, 
se o corpo tem um estômago, uma estrutura que permite ingerir e digerir, a mente tem uma 
estrutura que permite ao homem reagir a estímulos e guardá-los na memória. Esta estrutura 
cognitiva é nomeada de esquema. Nesse sentido,
Esquemas (Schemata – plural de schema) são estruturas mentais ou 
cognitivas pelas quais os indivíduos intelectualmente se adaptam e 
organizam o meio. Como estruturas, os esquemas, são os correlatos 
mentais dos mecanismos biológicos de adaptação. (WADSWORTH, 2001, 
p.16).
Os esquemas podem ser entendidos simplesmente como conceitos ou categorias que vão se 
formando e/ou se modificando na mente, à medida que o homem interage com informações 
novas e as internaliza; à medida que o homem busca adaptar-se ao novo momento do 
Unidade 2 • Teorias da Aprendizagem: Abordagem Cognitiva – A Teoria Epistemológica de Jean Piaget37/144
conhecimento. 
2.2 Assimilação
A assimilação é o processo de captação da informação presente no mundo natural e social. 
É possível dizer que corresponde ao instante em que o sujeito olha, escuta ou sente algo e 
imediatamente o conduz à mente para verificação nos esquemas anteriormente determinados. 
A mente irá analisar se o dado é novo ou se já foi internalizado em outra situação. Desse modo,
Assimilação é o processo cognitivo pelo qual uma pessoa integra um 
novo dado perceptual, motor ou conceitual nos esquemas ou padrões de 
comportamento já existentes. (WADSWORTH, 2001, p.19)
A assimilação ocorre continuamente e concomitante a diferentes estímulos. Uma pessoa não 
processa um estímulo por vez. O ser humano está continuamente processando um grande 
número de estímulos. A assimilação não resulta em mudança nos esquemas, mas ela afeta o 
crescimento deles, tornando-se parte do processo de adaptação.
 
Unidade 2 • Teorias da Aprendizagem: Abordagem Cognitiva – A Teoria Epistemológica de Jean Piaget38/144
2.3 Acomodação
A acomodação se dá no exato instante 
em que o estímulo atinge o esquema, 
modificando os já internalizados ou 
instituindo um novo. Quando o homem 
acomoda um estímulo, significa que 
aprendeu algo. Não necessariamente algo 
cientificamente considerado verdadeiro, 
mas algo que para ele, naquele momento, 
basta, ou seja, equilibra. Isso resulta em 
uma mudança na estrutura cognitiva 
(esquema) ou no seu desenvolvimento.
Sob essa ótica, evidencia-se que a 
inteligência/esquemas são construídos. 
Como construções, os esquemas não são 
cópias exatas da realidade. Suas formas 
são determinadas pela assimilação e 
acomodação da experiência e, com o 
passar do tempo, elas se tornam cada vez 
mais próximas da realidade. 
2.4 Equilibração
O processo de assimilação e equilibração 
são essenciais para o crescimento e 
desenvolvimento cognitivo. Quando ele se 
encerra, nem que por um instante, se dá a 
equilibração. Buscar o equilíbrio cognitivo é 
o que faz o sujeito se desenvolver. O sujeito 
equilibra-se quando cognitivamente se 
dá por satisfeito em relação à resolução 
de uma questão. Wadsworth (2001) indica 
que o conceito piagetiano de equilibração 
está diretamente associado com os termos 
equilíbrio e desequilíbrio, sendo que: 
Unidade 2 • Teorias da Aprendizagem: Abordagem Cognitiva – A Teoria Epistemológica de Jean Piaget39/144
Equilíbrio é um estado de balanço entre assimilação e acomodação. 
Desequilíbrio é um estado de não balanço entre assimilação e 
acomodação. Equilibração é processo de passagem do desequilíbrio para 
o equilíbrio. Este é um processo autorregulador cujos instrumentos são 
assimilação e acomodação. (p. 22).
A mente só buscará o equilíbrio se estiver em desequilíbrio, portanto, o conflito cognitivo é o 
que move o desenvolvimento e, por consequência, a aprendizagem. Assim, ao buscar soluções 
para os problemas do dia a dia, os indivíduos ajustam-se ao seu ambiente promovendo o 
desenvolvimento da inteligência e a aprendizagem. Esse desenvolvimento passa por etapas 
de acordo com a complexidade das estruturas mentais. A criança pequena, por ter menos 
esquemas, ou esquemas mais simples, organiza as ideias de uma maneira mais simples do que 
a pessoa que tem esquemas mais complexos internalizados. 
Da mesma forma deve proceder a escola, no sentido de desenvolver os processos de 
pensamento do aluno e melhorar sua capacidade para resolver problemas. O homem é um ser 
que tem como uma das características da espécie a vontade e, mais que isso, a necessidade de 
aprender, portanto, ao dar respostas prontas ou apenas exercitar a memorização, a escola não 
Unidade 2 • Teorias da Aprendizagem: Abordagem Cognitiva – A Teoria Epistemológica de Jean Piaget40/144
promove no educando o desenvolvimento 
do pensamento/da inteligência. Esse aluno 
passa a conceber a escola como um espaço 
desestimulante. A vontade de aprender 
morre. 
3. Os Estágios de 
Desenvolvimento Piagetianos 
Jean Piaget divide os períodos do 
desenvolvimento humano de acordo com 
o aparecimento de novas qualidades 
do pensamento, o que, por sua vez, 
interfere no desenvolvimento global do 
sujeito. Para ele são três os estágios de 
desenvolvimento da inteligência: sensório-
motor, pré-operatório e o operatório, 
sendo que o estágio operatório se divide 
em operatório concreto e operatório 
formal.
Segundo Piaget, cada período é 
caracterizado por aquilo que de melhor 
o indivíduo consegue fazer nessas faixas 
etárias. Todos os indivíduos passam por 
todas essas fases ou períodos, nessa 
sequência, porém o início e o término 
de cada uma delas dependem das 
características biológicas do indivíduo e de 
fatores educacio nais e sociais. Portanto, a 
divisão nessas faixas etárias é uma referên-
cia e não uma norma rígida.
3.1 — Período Sensório-Motor 
(O a 2 anos)
Um período que compreende a idade 
Unidade 2 • Teorias da Aprendizagem: Abordagem Cognitiva – A Teoria Epistemológica de Jean Piaget41/144
de zero a dois anos e em que a criança 
conquista, por meio da percepção e dos 
movimentos, todo o universo que a cerca.
Nos primeiros dias de vida, o 
comportamento do bebê é reflexo. Esse 
comportamento reflexo vai se tornando 
comportamento aprendido, quando, 
pelo reflexo, mensagens são enviadas à 
mente formando os primeiros esquemas: 
esquemas reflexos. Desse modo, os reflexos 
são os primeiros instrumentos humanos 
na construção de sua inteligência, que se 
inicia na mais tenra idade. 
Esses reflexos, transformados em 
comportamentos aprendidos, promovem 
o uso de um tipo de inteligência,nomeada por Piaget de inteligência práti-
ca ou sensório-motora, que envolve 
as percepções e os movimentos. Neste 
momento, a criança pensa por meio do 
que percebe sensorialmente e pelos seus 
movimentos. 
Na perspectiva piagetiana, o 
funcionamento da assimilação e 
da acomodação é evidente logo ao 
nascimento. Muitos dos conhecimentos 
construídos durante os dois primeiros anos 
de vida são conhecimentos físicos, ou seja, 
conhecimentos sobre as características 
físicas dos objetos que cercam o indivíduo. 
Esse conhecimento é fruto do processo de 
assimilação e acomodação, sendo que a 
assimilação se dá, muitas vezes, por meio 
da manipulação de um objeto. 
O desenvolvimento físico intenso na 
criança dessa idade permite que a 
Unidade 2 • Teorias da Aprendizagem: Abordagem Cognitiva – A Teoria Epistemológica de Jean Piaget42/144
manipulação seja cada vez mais refinada, 
permitindo a aceleração da construção de 
esquemas mentais.
Em relação ao desenvolvimento afetivo, 
a criança dessa fase realiza diferenciação 
progressiva entre o seu eu e o mundo 
exterior. Se no início o mundo era 
uma continuação do próprio corpo, os 
progressos da inteligência levam-na a 
situar-se como um elemento entre outros 
no mundo. Desse modo, o bebê passa 
das emoções primárias para uma escolha 
afetiva de objetos, quando já manifesta 
preferências por brinquedos, pessoas.
No curto espaço de tempo desse período, 
a criança evolui de uma atitude passiva 
em relação ao ambiente e pessoas de 
seu mundo para uma atitude ativa e 
participativa. Sua integração no ambiente 
dá-se, também, pela imitação das regras.
3.2 — Período Pré-Operatório 
(2 a 7 anos)
Do ponto de vista qualitativo, o 
pensamento da criança pré-operatória 
representa um avanço sobre o 
pensamento da criança sensório-motora. 
O pensamento pré-operacional não é 
mais um pensamento preso aos eventos 
perceptivos e motores. Agora ele pode 
chegar ao nível de representação e às 
sequências de comportamento, em vez 
de serem apenas executados no plano 
das situações físicas. Podem ser também 
mentalmente elaborados. Mesmo assim, 
Unidade 2 • Teorias da Aprendizagem: Abordagem Cognitiva – A Teoria Epistemológica de Jean Piaget43/144
a percepção ainda domina o raciocínio. 
Quando conflitos entre a percepção e o 
pensamento emergem, a criança opta por 
dar respostas utilizando como suporte a 
percepção.
Uma característica típica desse 
pensamento é o egocentrismo, ou seja, 
incapacidade de entender o ponto de vista 
do outro. A criança acredita que todos 
pensam como ela e que todos pensam as 
mesmas coisas que ela. Como resultado, 
a criança nunca questiona seus próprios 
pensamentos porque esses são sempre 
lógicos e corretos.
A aquisição da linguagem pode ser 
considerada um dos aspectos mais 
relevantes desse período, isso porque 
irá acarretar modificações nos aspectos 
intelectual, afetivo e social da criança. 
Com a linguagem, o desenvolvimento do 
pensamento se acelera. No início do seu 
desenvolvimento, o pensamento exclui 
toda a objetividade, a criança transforma o 
real em função dos seus desejos e fantasias 
(jogo simbólico). Posteriormente, utiliza a 
objetividade como referencial para explicar 
o mundo real, a sua própria atividade, seu 
eu e suas leis morais. No final do período, 
o pensamento passa a procurar a razão 
causal e finalista de tudo (é a fase dos 
famosos “porquês”). 
No campo afetivo, sentimentos 
interindividuais surgem. Um dos mais 
relevantes é o respeito pelos indivíduos 
que a criança julga superiores a ela, por 
exemplo, pais e professores. Amor e temor 
Unidade 2 • Teorias da Aprendizagem: Abordagem Cognitiva – A Teoria Epistemológica de Jean Piaget44/144
se misturam. Seus sentimentos morais 
refletem esta relação com os adultos sig-
nificativos — a moral da obediência, em 
que o critério de bem e do mal é a vontade 
dos adultos. Com relação às regras, mesmo 
nas brincadeiras, acredita serem imutáveis 
e determinadas externa mente. Mais tarde, 
adquire uma noção mais elaborada da 
regra, entendo-a como necessária para 
organizar a atividade mas ainda assim não 
a discute.
3.3 Período Operacional Con-
creto (7 – 12 anos) 
O estágio das operações concretas pode 
ser considerado um período de transição 
entre o pensamento pré-operacional e o 
pensamento formal. Durante esse estágio 
a criança atinge o uso das operações 
totalmente lógicas pela primeira vez. O 
pensamento deixa de ser dominado pela 
percepção e a criança torna-se capaz 
de resolver problemas que existem ou 
existiram em sua experiência. 
O egocentrismo intelec tual e social é 
superado exatamente pelo início da 
construção lógica, isto é, a capacidade 
da criança de estabelecer relações que 
permitam a coordenação de pontos de 
vista diferentes. No plano afetivo, isso 
significa que ela será capaz de cooperar 
com os outros, de traba lhar em grupo 
e, ao mesmo tempo, de ter autonomia 
pessoal. No decorrer desse período, 
Unidade 2 • Teorias da Aprendizagem: Abordagem Cognitiva – A Teoria Epistemológica de Jean Piaget45/144
pode ser observado um paralelismo 
entre o desenvolvimento cognitivo e o 
desenvolvimento afetivo. 
Outra característica desse período é que a 
criança consegue exercer suas habilidades 
e capacidades a partir de objetos reais/
con cretos. Em nível de pensamento, a 
criança consegue:
• Estabelecer corretamente as relações 
de causa e efeito e de meio e fim.
• Sequenciar ideias ou eventos.
• Trabalhar com ideias sob dois pontos 
de vista, simultaneamente.
• Formar o conceito de número 
(no início do período, sua noção 
de nú mero está vinculada a uma 
correspondência com o objeto 
concreto).
3.4 — Período das Operações 
Formais (11 ou 12 anos em 
diante)
Neste período, ocorre a passagem do 
pensamento concreto para o pensamento 
formal/abstrato. O ado lescente realiza as 
operações no plano das ideias, sem ne-
cessitar de manipulação ou referências 
concretas, como no período anterior. 
É capaz de lidar com conceitos como 
liberdade, justiça. O ado lescente domina, 
progressivamente, a capacidade de 
abstrair e generalizar, cria teorias sobre o 
mundo, principalmente sobre aspectos que 
Unidade 2 • Teorias da Aprendizagem: Abordagem Cognitiva – A Teoria Epistemológica de Jean Piaget46/144
gostaria de reformular. Isso é possível graças à capacidade de re flexão espontânea que, cada 
vez mais descolada do real, é capaz de tirar conclusões de puras hipóteses.
4. Autonomia deve ser Construída
Em sua obra O juízo moral na criança (1932), Piaget apresenta que, do mesmo modo que a 
inteligência é construída, a moralidade também o é. Para ele, é por meio da construção 
da autonomia moral que a criança vai desenvolvendo-se afetivamente. A afetividade em 
Piaget está intrinsecamente relacionada com o desenvolvimento da moralidade. 
Para ele, a construção da moral passa por três períodos: 
Unidade 2 • Teorias da Aprendizagem: Abordagem Cognitiva – A Teoria Epistemológica de Jean Piaget47/144
Anomia Heteronomia Autonomia
Ausência de regras.
Regras são advindas 
de uma fonte externa 
(em um primeiro 
momento, o adulto 
e, posteriormente, os 
próprios pares, em 
geral, crianças com 
mais idade).
Compreender e lidar 
com regras. Essa 
passagem seria 
marcada pela conquista 
da cooperação entre os 
sujeitos, em detrimento 
da coação. Ao invés do 
respeito unilateral, a 
autonomia pressupõe 
respeito mútuo.
Para Piaget, só será possível ter crianças verdadeiramente autônomas se nesse percurso, que 
parte da anomia, for possível diminuir o poder do adulto. É preciso que a criança, em suas 
tarefas cotidianas, não sofra punição pelo que o adulto considerou erro, nem recompensa pelo 
que considerou acerto.
É fundamental que as regrassejam estabelecidas em parceria, adulto e criança, e que sejam 
rigorosamente cumpridas. O adulto precisa lançar mão de sanções, oportunizando escolhas 
à criança e deixando bem claro que cada escolha tem uma consequência. O erro deve ser 
Unidade 2 • Teorias da Aprendizagem: Abordagem Cognitiva – A Teoria Epistemológica de Jean Piaget48/144
sancionado.
Tal proposição traz implicações diretas para o campo educacional, solicitando que a relação 
professor-aluno se paute na busca pelo respeito mútuo, pela cooperação e pela solidariedade. 
As implicações sociais deste processo são amplas, tendo em vista que se trata de uma 
educação para a democracia. Por outro lado, um processo educativo cujas relações estão 
pautadas na coerção pode ensinar gerações a se submeterem a regimes totalitários.
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Considerações Finais 
 » Piaget, teórico suíço que voltou-se para o estudo do Sujeito Epistêmico.
 » Apresenta que a inteligência é construída a partir da assimilação e 
acomodação de dados presentes no mundo natural e social do sujeito.
 » A inteligência se desenvolve ao passar pelo processo de equilibração.
 » O desenvolvimento da inteligência submete-se a quatro estágios: 
sensório motor, pré-operatório, operatório concreto, operatório formal.
Unidade 2 • Teorias da Aprendizagem: Abordagem Cognitiva – A Teoria Epistemológica de Jean Piaget50/144
Referências 
BECKER, Fernando. O que é construtivismo? Revista de Educação AEC, Brasília, v. 21, n. 83, p. 7-15, 
abr./jun. 1992. Ensino e construção do conhecimento. Disponível em: <www.crmariocovas.
sp.gov.br/pdf/ideias_20_p087-093_c.pdf>. Acesso em: 3 abr. 2013. 
CUNHA, Marcus Vinícius da. Psicologia da Educação. Rio de Janeiro: DP&A, 2003.
GOULART, I. B. Piaget: Experiências básicas para utilização pelo professor. 25. ed. Petrópolis, RJ: 
Vozes, 2009.
MACEDO, Lino de. Ensaios Construtivistas. 6ª ed. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2002.
MAHONEY, Abigail Alvarenga (org). Psicologia & Educação: revendo contribuições. São Paulo: 
EDUC, 2000.
PIAGET, Jean. O Juízo Moral na Criança. 3.eEd. São Paulo: Summus, 1994.
PIAGET, Jean. Seis Estudos de Psicologia. Trad. Maria Alice Magalhães D’Amorim e Paulo Sérgio 
Lima Silva. 24. ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2003.
PIAGET, J; INHELDER, B. A Psicologia da Criança. 3ª. Ed. Trad. Octavio Mendes Cajado. São Paulo: 
Difel, 2003.
Unidade 2 • Teorias da Aprendizagem: Abordagem Cognitiva – A Teoria Epistemológica de Jean Piaget51/144
Referências
PIAGET, Jean. A Formação do símbolo na criança. 4ª. Ed. Rio de Janeiro: LTC Livros Técnicos e 
Científicos Editora, 2010.
RAPPAPORT, Clara Regina. Teorias do Desenvolvimento. Vol. 1 São Paulo: EPU, 1981.
WADSWORTH, Barry J. Inteligência e Afetividade da criança na teoria de Piaget. Tradução: Esméria 
Rovai. 5ª ed. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2001.
52/144
Aula 2 - Tema: Abordagem Cognitiva: A Teoria 
Epistemológica de Jean Piaget  – Bloco I
Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/
pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/
6faf3adadecf7d0f1fc29920ff730139>.
Aula 2 - Tema: Níveis de Desenvolvimento 
Intelectual e a Atividade Lúdica  – Bloco II
Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/
pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/
b1e2f39abdcc4467b8ef8a19e6856f05>. 
Assista a suas aulas
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Aula 2 - Tema: Eixo Teórico Interação  – Bloco III
Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/
pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f1d/
c745abdcb9b712fa1785e4dc96e7aad7>.
Aula 2 - Tema: Piaget e a Psicopedagogia  – 
Bloco IV
Disponível em: <http://fast.player.liquidplatform.com/
pApiv2/embed/dbd3957c747affd3be431606233e0f-
1d/22e79ce8cf3bbbe0471a787b19e42822>. 
Assista a suas aulas
54/144
1. Carlos é estudante de psicopedagogia e também trabalha com 
transporte escolar, prestando serviço para uma Escola de Educação 
Infantil. Depois de estudar a teoria de Piaget, entendeu a situação 
embaraçosa que viveu em certa ocasião. Contou que certa vez assumiu 
um novo trajeto para fazer, pegou as instruções e seguiu entregando as 
crianças em suas respectivas casas. Quando já tinha terminado o percurso, 
percebeu que ainda faltavam duas crianças para ser entregues. Então 
surpreso, mas com cuidado para não assustar as crianças, perguntou para 
uma delas:- Onde você mora? A criança prontamente respondeu:- Na 
minha casa! Esperançoso dirigiu-se a outra criança: E você? Eu moro do 
lado da casa dele...
De acordo com o relato é possível afirmar que as crianças transportadas 
por Carlos são:
Questão 1
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Questão 1
Assinale a alternativa correta:
a) Crianças pré-operacionais e apresentaram um pensamento egocêntrico.
b) Crianças operacionais concretas e apresentaram um pensamento descentrado.
c) Crianças pré-operacionais e apresentaram um pensamento finalista.
d) Crianças operacionais e apresentaram um pensamento egocêntrico.
e) Crianças que exploram e compreendem o mundo através dos esquemas sensoriais e 
motores.
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2. A adaptação do indivíduo ao meio (ou seja, o desenvolvimento da 
inteligência) ocorre, segundo Piaget, por meio da assimilação e da 
acomodação.É possível afirmar, conforme sua teoria, que a assimilação:
a) Acontece quando surge a necessidade de um esquema modificar-se em função da 
situação ou de um problema novo.
b) Representa uma tentativa de integração dos elementos experienciados aos esquemas 
previamente existentes.
c) Acontece quando um esquema não é suficiente para responder a uma situação vivenciada 
ou resolver um problema.
d) Existe quando qualquer coisa, fora de nós ou em nós (no organismo físico ou mental) se 
modificou, tratando-se, então, de um reajustamento da conduta em função desta mudança.
e) Acontece quando a pressão das coisas ou situações redunda numa modificação do 
esquema de ação no que se refere a elas, levando a um novo equilíbrio.
Questão 2
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3. De acordo com as características apresentadas a seguir, é possível com-
preender a criança e seu comportamento em cada um dos estágios pro-
postos por Piaget. Leia com atenção cada uma das afirmações e responda 
a questão:
I. Leonardo afirma: tenho certeza que com minhas ideias serei eleito e o mais votado 
para Presidente de meu país. E acredito que, com o passar do tempo, após executar to-
dos os meus planos, com certeza haverá no futuro, uma estátua minha, numa das prin-
cipais praças da capital de meu país.
II. Paulo tem um irmão. Se perguntar a ele se tem um irmão, ele afirma que sim: meu 
irmão é o João. Se lhe perguntar se João tem irmão, Paulo negará ou dirá: “não sei”.
III. Se Ana tem uma série de varetas com tamanhos diferentes (em escala) e for solicita-
da a colocar suas varetas em ordem do menor para o maior, ela o fará com tranquilida-
de e segurança.
IV. Cláudia costuma puxar seu “paninho” para perto, pois sua boneca sempre está em 
cima dele. Desta forma, pode pegar a boneca e brincar com ela.
Questão 3
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Considerando as situações descritas, identifique os estágios de desenvolvi-
mento respectivamente:
a) Estágio Pensamento Formal; Estágio Pré-Operatório; Estágio Operatório Concreto; Estágio 
Sensório Motor.
b) Estágio Pensamento Formal; Estágio Pré-Operatório; Estágio Sensório Motor; Estágio 
Operatório Concreto.
c) Estágio Pré-Operatório; Estágio Pensamento Formal; Estágio Operatório Concreto; Estágio 
Sensório Motor.
d) Estágio Pré-Operatório; Estágio Pensamento Formal; Estágio Sensório Motor; Estágio 
Operatório Concreto.
e) Estágio Operatório Concreto; Estágio Sensório Motor; Estágio Pré-Operatório; Estágio 
Pensamento Formal.
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4. Abaixo segue a conversa de duas crianças sobre uma informação cien-
tífica, provavelmente, apreendida na escola e a concepção infantil de uma 
provávelconsequência se a ação científica fosse diferente. Segundo a pe-
dagogia piagetiana a conversa entre elas representa...
CRIANÇA A: “Parece incrível! A terra gira, gira...e nós, parados em cima, nem percebemos.”
CRIANÇA B: “Ainda bem, porque, se as pessoas percebessem que a terra gira...os carrosséis 
iriam à falência.”
a) O estágio de desenvolvimento nomeado por sensório-motor, visto que a criança apreende 
as informações do mundo natural e social por meio da percepção sensorial e do movimento.
b) Que o conhecimento são saberes produzidos pela humanidade como verdade absoluta e 
veiculado no ambiente formal, nomeado por escola.
c) Que o processo educacional nada transforma se não estiver associado a um processo de 
construção de informações que depende, exclusivamente, das condições emocionais, físicas, 
sociais, neurológicas, psicossociais, psiconeurológicas e relacionais.
Questão 4
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Questão 4
d) Que cada indivíduo apresenta uma inteligência mais desenvolvida que a outra. No caso da 
criança B é a inteligência espacial no caso da criança A é a inteligência lógico matemática. 
e) O processo de equilibração, momento em que após assimilação das informações do 
mundo natural e social por meio da percepção sensorial e da organização de tais informações 
na mente, o homem acomoda tais informações e se sente satisfeito considerando-a uma 
verdade, mesmo que momentânea.
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5. A brincadeira sensória motora visa ao aprimoramento dos esquemas e, 
simultaneamente, constitui situações que propiciam a colocação de certas 
questões, que acabam por conduzir a criança a refletir cada vez mais sobre 
o que fazer. De acordo com a teoria de Piaget, são exemplos de brincadeira 
sensória motora:
I. Amarelinha, rolar a bola.
II. Amassar papel, massa de modelar.
III. Decifrar mímica, dramatizar história.
Assinale a alternativa correta:
Questão 5
a) Apenas I.
b) Apenas II.
c) Apenas III.
d) Apenas I e II.
e) Apenas II e III.
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Gabarito
1. Resposta: A.
As crianças transportadas por Carlos são 
crianças pré-operacionais e apresentaram 
um pensamento egocêntrico.
2. Resposta: B.
A assimilação representa uma tentativa de 
integração dos elementos experienciados 
aos esquemas previamente existentes.
3. Resposta: A.
Tal alternativa está correta, pois representa 
as características dos estágios de 
desenvolvimento piagetianos.
4. Resposta: E.
A fala das crianças não explicita nenhum 
estágio de desenvolvimento proposto por 
Piaget, mas sim o processo de aquisição 
do conhecimento. Segundo o autor, o 
homem capta pela percepção sensorial 
informações que estão postas no mundo 
material e social. Essas informações 
são, portanto assimiladas e conduzidas 
a mente. Quando internalizadas tais 
informações, são acomodadas e 
automaticamente a pessoa equilibra-
se. Esse estado de equilíbrio dura até 
o momento que depara-se com novos 
estímulos ou informações. Deste modo, a 
problematização e o desequilíbrio é que 
impulsionam a aprendizagem do sujeito.
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Gabarito
5. Resposta: D.
I e II estão corretas (Amarelinha e rolar a bola; Amassar papel e massa de modelar), pois indicam 
jogos de exercício (repetição circular) próprios do estágio sensório motor e que continuam 
nos estágios seguintes. III está incorreto (Decifrar mímica e dramatizar histórias), são jogos 
simbólicos (pré-operatório).
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Unidade 3
Vigotski: Aproximando Ideais Teóricos do Ensino Escolar
Objetivos
Compreender os fundamentos teóricos e os principais conceitos presentes na teoria vigotskiana acerca do 
desenvolvimento psicológico e da aprendizagem, ressaltando as implicações dos aspectos sociais e afetivos 
no desenvolvimento cognitivo. 
Tais competências gerais pressupõem habilidades para: 
 » Identificar a concepção epistemológica e psicológica (sociointeracionismo e construtivismo) na teoria 
do desenvolvimento infantil de Vigotski.
 » Identificar em situações-problema (casos clínicos e escolares) as principais características cognitivas 
e afetivas da criança nos diferentes níveis do desenvolvimento infantil segundo Vigotski.
 » Descrever e interpretar os principais conceitos teóricos (pensamento e linguagem, desenvolvimento e 
aprendizagem) estabelecendo relações entre contextos e processos psicológicos.
 » Utilizar o conhecimento científico necessário à atuação profissional em um contexto clínico e 
psicossocial.
Unidade 3 • Vigotski: Aproximando Ideais Teóricos do Ensino Escolar65/144
Introdução
Lev Semenovich Vigotski (ou Vygotsky) 
nasceu em 17 de novembro de 1896 em 
uma cidade da antiga União Soviética. Uma 
região que participava e tinha impregnado 
em sua cultura aspectos referentes ao 
pensamento marxista que, nitidamente, 
influenciou a teoria vigotskiana.
Vigotski morreu muito jovem, aos 37 
anos, mas deixou um legado. Publicou 
aproximadamente 200 trabalhos 
científicos, cujos temas vão desde 
neuropsicologia até crítica literária, 
passando por deficiência, linguagem, 
psicologia, educação e questões teóricas 
e metodológicas relacionadas às ciências 
humanas. Vigotski deixou um novo 
olhar sobre o desenvolvimento humano, 
destacando as relações interpessoais 
como o elemento propulsor desse 
desenvolvimento e colocou o homem no 
centro do processo de aprendizagem.
Vigotski, junto de Luria e Leontiev, 
objetivou a estruturação de uma 
nova psicologia que fosse a síntese da 
Psicologia como Ciência Natural (explica 
os processos sensoriais e reflexos tomando 
o homem basicamente como corpo) 
e da Psicologia como Ciência Mental 
(descreve as propriedades dos processos 
psicológicos superiores tomando o homem 
como mente). A nova Psicologia entende 
o homem enquanto corpo e mente, 
enquanto ser biológico e social, enquanto 
membro da espécie humana e participante 
de um processo histórico.
Desse modo, define que as funções 
Unidade 3 • Vigotski: Aproximando Ideais Teóricos do Ensino Escolar66/144
psicológicas têm um suporte biológico, pois são produtos de atividades cerebrais. Além 
disso, aponta que o funcionamento psicológico fundamenta-se nas relações sociais, as quais 
se desenvolvem em um processo histórico, e que a relação homem-mundo é uma relação 
mediada por sistemas simbólicos. É nesse sentido que o homem transforma-se de biológico em 
sócio histórico por meio da apreensão da cultura. 
Para saber mais
Vigotski recebeu a maior parte de sua educação formal em casa, por meio de tutores particulares. 
Apenas com 15 anos iniciou a escola. Uma escola privada, na qual frequentou os dois últimos anos 
do curso secundário. Fez faculdade de Direito, mas cursou disciplinas de História e Filosofia. Estas 
disciplinas despertaram seu interesse para a área do pensamento e desenvolvimento e que o levou a 
aprofundar seus estudos em psicologia, filosofia e literatura.
1. Mediação Simbólica
O conceito de mediação simbólica é apresentado por Vigotski contrapondo a ideia defendida 
pela psicologia comportamental (destacada na primeira aula dessa disciplina). Para o autor, 
a mediação é um processo em que um elemento intermediário é disponibilizado, levando 
a relação a deixar de ser direta para ser indireta. Oliveira (1997) exemplifica a questão da 
Unidade 3 • Vigotski: Aproximando Ideais Teóricos do Ensino Escolar67/144
seguinte maneira: 
Quando um indivíduo aproxima sua mão da chama de uma vela e a retira 
rapidamente ao sentir dor, está estabelecida uma relação direta entre o 
calor da chama e a retirada da mão. Se, no entanto, o indivíduo retira a 
mão quando apenas sentir o calor e lembra-se da dor sentida em outra 
ocasião, a relação entre a chama da vela e a retirada da mão está mediada 
pela lembrança da experiência anterior. Se, em outro caso, o indivíduo 
retirar a mão quando alguém lhe disser que podese queimar, a relação 
estará mediada pela intervenção dessa outra pessoa.” (p. 26).
Vale destacar que, para Vigotski, esse elemento intermediário pode ser um instrumento ou 
um signo. O instrumento é um recurso concreto criado pelo homem por meio de sua relação 
com a natureza. Como exemplo, é possível citar o machado, instrumento criado pelo homem 
pré-histórico, com pedra e madeira, utilizado como ferramenta para cortar. O uso de tal 
instrumento facilita a vida daqueles homens, visto ser mais eficiente que o corte com a mão 
humana. Tal conhecimento é socializado e o machado vai sendo aprimorado, passando a 
constituir um aspecto da cultura humana. O machado passa a ser instrumento mediador na 
Unidade 3 • Vigotski: Aproximando Ideais Teóricos do Ensino Escolar68/144
relação do indivíduo com o mundo. Assim, 
ao transformar a natureza, o homem 
cria instrumentos que o ajudarão em 
suas tarefas cotidianas, isso é trabalho 
(para Marx), isso é formação/constituição 
de cultura e de história. Ao trabalhar, o 
homem desenvolve a atividade coletiva e, 
portanto, as relações sociais. 
Firma-se aqui a influência do pensamento 
marxista. Segundo Newton Duarte (2000), 
“na perspectiva marxista, o trabalho é 
a atividade fundamental com base na 
qual vai sendo constituída a realidade 
social.” (p. 113) Somente pelo trabalho, 
configuração da essência humana, é 
possível verificar a constituição da história 
humana. 
Assim, ao transformar a natureza, o 
homem trabalha criando instrumentos 
(elementos mediadores). Ao criar 
instrumentos (elementos mediadores) 
o homem se relaciona socialmente. Ao 
relacionar-se socialmente o homem se 
desenvolve. 
É possível, portanto, considerar que:
• O mundo da produção da vida 
material condiciona a vida social, 
política e espiritual do homem.
• O homem é um ser histórico, que se 
constrói por meio de suas relações 
com o mundo natural e social.
• O processo de trabalho 
(transformação da natureza) 
destaca-se na relação homem/
mundo.
Unidade 3 • Vigotski: Aproximando Ideais Teóricos do Ensino Escolar69/144
• A sociedade humana é uma totalidade em constante transformação.
• Tal transformação não se dá de forma linear e positivista, mas por meio de um sistema 
dinâmico e contraditório, que precisa ser compreendido como processo histórico.
Com os signos o processo é bem semelhante, no entanto, não há algo concreto, mas sim 
um elemento que representa ou expressa outros objetos, eventos, situações. Os signos são 
“instrumentos” da ação psíquica, tornando-a mais sofisticada e menos impulsiva. Segundo 
Oliveira (1997),
na sua forma mais elementar o signo é uma marca externa, que auxilia o 
homem em tarefas que exigem memória e atenção. Assim, por exemplo, 
a utilização de varetas ou pedras para registro e controle da contagem de 
cabeças de gado ou a separação de sacos de cereais em pilhas diferentes 
que identificam seus proprietários são formas de recorrer a signos que 
ampliam a capacidade do homem em sua ação no mundo. (p. 30).
Muitos são os signos que são usados no dia a dia. Fazer uma marca na mão para não esquecer 
de passar na padaria, fazer um diagrama para orientar a construção de um objeto, fazer mapas. 
Unidade 3 • Vigotski: Aproximando Ideais Teóricos do Ensino Escolar70/144
Para Vigotski, o homem transforma essas 
marcas externas em processos internos 
que servirão de elementos mediadores 
da mente. Ocorre aí um processo de 
internalização dos signos, que unidos 
na mente formam um sistema simbólico 
que organiza os símbolos em estruturas 
complexas, articuladas entre si. Tanto o 
processo de internalização como o de 
construção de sistemas são essenciais 
para o desenvolvimento dos processos 
mentais superiores (desenvolvimento da 
inteligência).
Parece correto afirmar que, do mesmo 
modo que os instrumentos são criados 
pelo homem no trabalho e socializados 
ao grupo e para o grupo, constituindo a 
essência das relações sociais, os signos, 
por meio do desenvolvimento do trabalho 
coletivo, passam a ser compartilhados 
pelo conjunto dos membros do grupo 
social, permitindo a comunicação entre 
os indivíduos e o aprimoramento das 
interações sociais.
A linguagem é o sistema de símbolos 
básico de todos os grupos humanos. 
A linguagem passa a ser um elemento 
mediador essencial, se não determinante, 
nas relações do homem com o meio, visto 
que é através de relações interpessoais 
concretas, nas quais a linguagem é o 
fator constantemente presente, que 
o indivíduo conseguirá interiorizar as 
formas culturalmente estabelecidas 
que compreendam aspectos de seu 
funcionamento psicológico. 
Unidade 3 • Vigotski: Aproximando Ideais Teóricos do Ensino Escolar71/144
Para Vigotski, a origem das funções 
psicológicas superiores deve ser buscada 
nas relações sociais que utilizam 
instrumentos e signos como elementos 
mediadores. Nesse sentido, pode-se 
aludir que o funcionamento psicológico 
do indivíduo parte do social e da sua 
condição de sujeito histórico. Para Vigotski, 
o desenvolvimento humano é um processo 
de internalização, ou seja, ocorre de fora 
para dentro (diferente de Piaget, que 
acredita que o desenvolvimento se dá pelo 
processo de externalização, de dentro 
para fora), do meio social e das interações 
sociais para a mente.
2. Pensamento e Linguagem 
Para Vigotski, as funções psíquicas 
humanas, como a linguagem oral, o 
pensamento, a memória, o controle da 
própria conduta, a linguagem escrita, o 
cálculo, antes de se tornarem internas 
ao indivíduo, precisam ser vivenciadas 
nas relações entre as pessoas. Não 
se desenvolvem espontaneamente, 
não existem no indivíduo como uma 
potencialidade, mas são experimentadas 
inicialmente sob forma de atividade 
interpsíquica (entre pessoas) antes 
de assumirem a forma de atividade 
intrapsíquica (dentro da pessoa). 
Neste sentido, considera-se que o 
desenvolvimento intelectual do indivíduo 
Unidade 3 • Vigotski: Aproximando Ideais Teóricos do Ensino Escolar72/144
só pode ser compreendido a partir da 
análise social em que este está imerso.
Segundo Oliveira (1997), é preciso evitar 
o equívoco das interpretações que 
consideram que Vigotski acabou por cair 
em um determinismo cultural, sendo 
os fatores socioculturais responsáveis 
por moldar e determinar os aspectos 
constituintes do indivíduo. Para Oliveira 
(1997), Vigotski claramente distanciou-se 
desta ideia ao apresentar os quatro planos 
genéticos:
• Filogênese: relativo à história da 
espécie.
• Ontogênese: relativo à história do 
indivíduo, do nascimento à morte.
• Sociogênese: relativo à história de 
cada grupo cultural.
• Microgênese: relativo à história de 
cada indivíduo e suas experiências 
singulares.
Para Vigotski, “esses planos se intercruzam 
e interagem gerando uma configuração 
que é única para cada indivíduo” 
(OLIVEIRA, 1992, p. 68). Assim, o processo 
de internalização, tal como afirmado 
acima, não se trataria de uma simples 
transferência do conteúdo exterior para o 
interior, mas de um processo que envolve a 
transformação ativa do próprio sujeito.
Um dos focos do trabalho de Vigotski foi 
a busca pela compreensão das origens 
sociais da linguagem e do pensamento, 
elementos mediadores de processos 
Unidade 3 • Vigotski: Aproximando Ideais Teóricos do Ensino Escolar73/144
mentais superiores, organizados em 
sistema simbólico. Para o autor, a 
linguagem é um sistema simbólico 
básico de todos os seres humanos e 
serve, essencialmente, a duas funções: 
intercâmbio social (comunicação) e 
pensamento generalizante (ordenar o real 
agrupando todos os elementos em uma 
mesma classe). Nesse instante, Vigotski 
associa o desenvolvimento do pensamento 
com o desenvolvimento da linguagem, no 
entanto, afirma, a partir de investigações 
empíricas com primatassuperiores, que 
o pensamento e a linguagem, ainda 
que pareçam idênticos, são processos 
independentes e apresentam curvas de 
desenvolvimento independentes.
No capítulo IV da obra Pensamento e 
Linguagem, de 1989, Vigotski apresenta 
os resultados da investigação, apontando 
que:
• Assim como no reino animal, nos 
seres humanos a linguagem e 
pensamento têm origens diferentes.
• Somente por volta dos dois anos 
e meio que as trajetórias do 
pensamento e da linguagem se 
cruzam.
• Antes disso, o pensamento não 
é verbal e a linguagem não é 
intelectual. Há, portanto, uma fase 
pré-linguística no desenvolvimento 
do pensamento e uma fase pré-
intelectual no desenvolvimento da 
fala.
Unidade 3 • Vigotski: Aproximando Ideais Teóricos do Ensino Escolar74/144
• Na fase pré-linguística do 
pensamento, o modo de 
funcionamento intelectual é 
independente da linguagem. É um 
tipo de inteligência prática.
• A fase pré-intelectual da linguagem 
é marcada pela utilização de uma 
linguagem própria, que não tem 
função de signo.
• A partir do momento em que as 
trajetórias do pensamento e da 
linguagem se cruzam, o pensamento 
torna-se verbal e a linguagem 
intelectual.
No desenvolvimento filogenético, a 
vinculação entre pensamento e linguagem 
teria sido impulsionada por meio do 
trabalho. Para Vigotski, o agir coletivo teria 
levado os seres humanos a sofisticar o 
sistema comunicativo. Já no que concerne 
ao desenvolvimento ontogenético, a 
relação entre pensamento e linguagem 
teria como motivador a inserção da criança 
em um grupo cultural e, com isso, a 
interação com membros mais maduros da 
cultura.
No instante em que as trajetórias do 
pensamento e da linguagem se cruzam, 
a palavra passa a ter a função de signo e 
a representar coisas, sentimentos, ideias 
que são comuns a um determinado grupo 
cultural. Desse modo, parece correto 
afirmar que o significado de uma palavra 
representa a união entre o pensamento e a 
linguagem, a união entre as duas funções 
Unidade 3 • Vigotski: Aproximando Ideais Teóricos do Ensino Escolar75/144
básicas do sistema simbólico nomeado por linguagem: o intercâmbio social e o pensamento 
generalizante. Para Vigotski, os significados permitem a mediação entre sujeito e mundo. Este 
processo envolve necessariamente generalização. Os significados são construídos ao longo da 
evolução histórica e, portanto, não são imutáveis. Apesar das transformações, a compreensão 
entre os sujeitos será possível a partir da interação e estará relacionada ao contexto em que se 
inserem os sujeitos da interlocução.
Nesse sentido, Vigotski distingue entre o significado da palavra propriamente dito e o 
sentido dessa. Conforme Oliveira (1997), o significado, apesar de passar por um processo de 
desenvolvimento da palavra, contém um núcleo estável, que permitirá a compreensão de todos 
os falantes, já o sentido refere-se ao significado que cada indivíduo imprime à palavra. Desse 
modo,
Unidade 3 • Vigotski: Aproximando Ideais Teóricos do Ensino Escolar76/144
A palavra carro, por exemplo, tem o significado objetivo de veículo de 
quatro rodas, movido a combustível, utilizado para transporte de pessoas. 
O sentido da palavra carro, entretanto, variará conforme a pessoa que a 
utiliza e o contexto em que é aplicada. Para o motorista de táxi significa 
um instrumento de trabalho; para o adolescente que gosta de dirigir pode 
significar forma de lazer; para um pedestre que já foi atropelado o carro 
tem um sentido ameaçador, que lembra uma situação desagradável. 
(OLIVEIRA, 1997, p. 50).
Este processo de desenvolvimento do significado da palavra é similar ao que acontece com a 
criança no processo de aquisição da linguagem. No início uma palavra significa várias coisas, 
até que significará apenas um elemento e, mais que isso, passará a significar um conceito. 
Para Vigotski, a generalização e a abstração só se dão pela linguagem. O uso da linguagem 
deriva-se do processo de internalização que exige a relação entre questões intrapsíquicas e 
interpsíquicas. Nesse sentido, ao adquirir a linguagem a criança, em um primeiro momento, 
relaciona-se de modo intrapsíquico com tal aspecto. Sai de um discurso interno que é um 
Unidade 3 • Vigotski: Aproximando Ideais Teóricos do Ensino Escolar77/144
diálogo pessoal consigo, no campo 
cognitivo, para uma fala egocêntrica que 
ainda não tem a função de comunicação. 
É um diálogo só, quando a criança fala 
alto consigo mesma. São momentos 
de externalização do pensamento, 
primeiramente residente no interior da 
mente e constituído como discurso interno, 
e seguidamente expresso pela linguagem 
oral, sem intenção comunicativa. Só então 
a criança passa a unir esses elementos e 
fala, desejando ser entendida, aquilo que 
internamente está em seu pensamento.
3. Zona de Desenvolvimento 
Proximal: Relação entre Desen-
volvimento e Aprendizagem
Vigotski propõe uma psicologia 
genética e busca compreender a origem 
e o desenvolvimento dos processos 
psicológicos ao longo da história da 
espécie humana e da história individual. 
Não se deteve em nomear fases de 
desenvolvimento ou associá-lo à 
maturação orgânica do indivíduo. Para ele, 
o aprendizado influencia, ou mais que isso, 
determina o desenvolvimento do sujeito. 
Isso porque, ao avaliar o desenvolvimento 
infantil, percebeu que as crianças sempre 
utilizavam aquilo que eram capazes de 
fazer de forma independente, ou seja, sem 
Unidade 3 • Vigotski: Aproximando Ideais Teóricos do Ensino Escolar78/144
a ajuda do outro.
Vigotski chamou de zona de desenvolvimento real, uma vez que expressa o nível de 
desenvolvimento psíquico já alcançado pela criança. No entanto, percebeu a existência de 
outro indicador que precisa ser necessariamente considerado ao lado do desenvolvimento real 
já conquistado pela criança. Esse outro indicador foi chamado de zona de desenvolvimento 
potencial e representa aquilo que a criança ainda não é capaz de fazer sozinha, mas já é capaz 
de fazer com a colaboração de um sujeito mais experiente. 
Segundo Suely Amaral Mello (2004), Vigotski alude que 
Ao fazer com a ajuda de um parceiro mais experiente aquilo que ainda 
não é capaz de fazer sozinha, a criança se prepara para, em breve, realizar 
a atividade por si mesma. Dessa forma, só há aprendizagem quando o 
ensino incidir na zona de desenvolvimento próximo. (p. 143, 144).
Por isso, define que a aprendizagem só se efetiva no intervalo entre a zona de desenvolvimento 
real e a zona de desenvolvimento potencial. A esse intervalo Vigotski deu o nome de zona de 
desenvolvimento proximal. Segundo palavras do próprio teórico, a zona de desenvolvimento 
Unidade 3 • Vigotski: Aproximando Ideais Teóricos do Ensino Escolar79/144
próxima:
É a distância entre o nível de desenvolvimento real, que se costuma 
determinar através da resolução independente de problemas, e o nível 
de desenvolvimento potencial, determinado através da solução de 
problemas sob a orientação de um adulto ou em colaboração com 
companheiros mais capazes. (VIGOTSKI, 1998, p. 112).
Por essas questões, parece correto afirmar que para Vigotski o bom ensino é aquele que garante 
a aprendizagem e impulsiona o desenvolvimento. Nesse sentido, o bom ensino acontece num 
processo colaborativo entre o educador e a criança. O educador deverá perceber o nível de 
desenvolvimento em que a criança se encontra e disponibilizar elementos mediadores que 
conduzam a criança de uma zona potencial a uma zona real de desenvolvimento. O educador 
não deve fazer para e nem pela criança, mas deve intervir, provocando avanços que, de forma 
espontânea, talvez não ocorressem. 
 
Unidade 3 • Vigotski: Aproximando Ideais Teóricos do Ensino Escolar80/144
4. Piaget e Vigotski: Pontos e 
Contrapontos 
A partir do que foi visto

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