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ABUSO DE AUTORIDADE

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Material exclusivo. Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio ou processo. 
Vedada a distribuição, ainda que gratuita. 
	
  
 
AUTORIA: PROFESSORA JULIANA MOREIRA 
 
ABUSO DE AUTORIDADE 
Previsão legal: Lei 4898/65. 
O ato de abuso de autoridade enseja tríplice responsabilidade simultânea: 
• Responsabilidade administrativa 
• Responsabilidade civil 
• Responsabilidade penal 
A lei de abuso de autoridade prevê as três esferas de responsabilidade (art. 
1º). 
 
Art. 1º. O direito de representação e o processo de responsabilidade 
administrativa civil e penal, contra as autoridades que, no exercício de suas 
funções, cometerem abusos, são regulados pela presente lei. 
 
Responsabilidade civil: Art. 6º, §2º. Segundo a doutrina, a responsabilidade 
civil depende de propositura pelo interessado e será regulamentado pelo direito 
civil. A responsabilidade civil é apurada na forma da lei civil. 
 
Responsabilidade administrativa: Art. 6º, §1°. Esse dispositivo prevê apenas 
um rol de sanções administrativas cabíveis. A lei de abuso de autoridade 
prevê as sanções administrativas, mas não prevê a forma de aplicação dessas 
sanções. Logo, aplicam-se as normas de processo administrativo das 
respectivas normas de cada servidor público. Exemplo: Servidor público 
federal – Estatuto do servidor público federal. 
 
OBS: A lei de abuso de autoridade é uma lei quase totalmente penal. 
 
1. OBJETIVIDADE JURÍDICA 
Toda a doutrina prevê que a lei de abuso de autoridade possui: 
• Bem jurídico imediato ou principal: Proteção dos direitos 
fundamentais das pessoas físicas e pessoas jurídicas 
Pessoa jurídica pode ser vítima do crime de abuso de autoridade? 
Resposta: Sim. 
• Bem jurídico mediato ou secundário: Regularidade e lisura dos 
serviços públicos. Aquele que está abusando da autoridade está 
prestando serviço público de forma irregular. O abuso de autoridade sob 
a ótica administrativa é uma forma anormal, irregular de prestação de 
	
  
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Vedada a distribuição, ainda que gratuita. 
	
  
serviços públicos. O servidor público que age com abuso de autoridade, 
além de afrontar direitos fundamentais, também prejudica a regularidade 
e lisura dos serviços públicos. 
 
2. FORMAS DE CONDUTA 
O abuso de autoridade pode ser por ação (comissivo) ou omissivo (art. 4º, c, 
d e g). Os crimes previstos no art. 4º, c, d e g, são crimes omissivos 
puros/próprios. 
 
3. ELEMENTO SUBJETIVO 
Exige-se o dolo. NÃO existe crime de abuso de autoridade culposo. 
A linha que divide a discricionariedade e arbitrariedade é muito tênue. 
Só há crime se a autoridade agir ou se omitir com a intenção específica, com 
o propósito deliberado de abusar. Se a autoridade, na justa intenção de 
cumprir seu dever ou de proteger o interesse público, acabar se excedendo, 
não há crime de abuso de autoridade por falta de intenção específica de 
abusar, ainda que o ato seja ilegal. Exemplo: Delegado de polícia convicto da 
situação de flagrante lavra auto de prisão em flagrante e recolhe o agente na 
cadeia. O Promotor de Justiça e o juiz entendem que a prisão ilegal porque não 
havia mais situação de flagrante. Essa prisão é reputada ilegal, relaxada e o 
indivíduo solto. Não há que se falar em abuso de autoridade. 
 
4. AÇÃO PENAL* 
Previsão legal: Art. 12. 
Art. 12. A ação penal será iniciada, independentemente de inquérito policial ou 
justificação por denúncia do Ministério Público, instruída com a 
representação da vítima do abuso. 
Como sabido, o inquérito policial é dispensável, ou seja, não é fase 
obrigatória que antecede a ação penal. É perfeitamente possível ação penal 
sem inquérito policial. 
A espécie de ação penal cabível no crime de abuso de autoridade é ação 
penal pública incondicionada. O Ministério Público não depende de 
representação da vítima, agindo de ofício. A expressão “representação” pode 
ter vários significados: 
• Condição de procedibilidade: Condição necessária para que exista a 
ação penal (CPP). 
• Direito de petição contra abuso de poder (art. 5º, XXXIV da CF) 
A expressão “representação” à que se refere o art. 12 da lei de abuso de 
autoridade é empregada no sentido de direito de petição contra abuso de 
poder. 
	
  
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É cabível ação privada subsidiária da pública no delito de abuso de 
autoridade. Trata-se de direito fundamental (art. 5º da CF). 
 
5. COMPETÊNCIA 
A pena máxima é de 6 meses. Portanto, o crime de abuso de autoridade é 
infração de menor potencial ofensivo, sendo de competência do JECRIM. 
• Abuso de autoridade praticado contra servidor federal no exercício 
das suas funções: JECRIM Federal (súmula 147 do STJ). 
• Abuso de autoridade praticado por servidor federal: Como visto, o 
abuso de autoridade prejudica a regularidade do serviço público. Se o 
servidor federal está praticando abuso de autoridade, está prejudicando 
a regularidade do serviço público federal. Portanto, há interesse da 
União, razão pela qual, a competência é do JECRIM Federal. Esse é o 
entendimento que prevalece. 
• STJ (HC 102.049/RS): Delegado da Polícia Federal foi ao hospital e 
exigiu prontuários de pacientes. O delegado de polícia se identificou 
como tal e falou para a médica: Estou mandando entregar os 
prontuários, e diante da negativa da médica, ele a agrediu. O STJ 
entendeu que a competência para o julgamento é do JECRIM estadual 
porque a pretensão do delegado era a obtenção dos prontuários para 
fins particulares e não se encontrava no exercício da função. O 
delegado praticou o abuso de autoridade em razão da função, pois 
usou a figura de delegado para exigir os prontuários, porém não no 
exercício da função. Portanto, não prejudicou a regularidade dos 
serviços públicos federais e não há interesse da União na causa. 
• Abuso de autoridade praticado por militar: Não é competência da 
justiça militar (súmula 172 do STJ). O abuso de autoridade não é crime 
militar. 
Súmula 172 do STJ. Compete à justiça comum processar e julgar 
militar por crime de abuso de autoridade, ainda que praticado em 
serviço. 
Da interpretação dessa súmula, leva à conclusão de que o abuso de 
autoridade pode ser praticado fora do serviço. 
• Abuso de autoridade + crime militar = Separação de processos. 
 
Crime de abuso de autoridade deve ser praticado no exercício da função 
ou em razão dela? 
Resposta: Para o STJ o abuso de autoridade pode ser praticado em serviço 
ou fora dele, desde que em razão da função. Essa conclusão é extraída da 
redação da súmula 172 do STJ. 
 
	
  
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6. CONCURSO DE CRIMES 
É pacífico na doutrina e na jurisprudência que o abuso de autoridade não 
absorve nem é absorvido pelas infrações a ele conexas. O policial militar 
desfere soco no rosto da pessoa: Abuso de autoridade + lesão corporal. 
Policial militar desfere tapa no rosto = Injúria + abuso de autoridade. 
Guilherme de Souza Nucci entende que vias de fato fica absorvida pelo 
delito de abuso de autoridade. 
O abuso de autoridade pode ser praticado em concurso com a tortura? 
Resposta: A tortura absorve o crime de abuso de autoridade. 
Justificativa da doutrina: O abuso de autoridade é meio de execução da 
tortura. 
Silvio Maciel entende que é perfeitamente possível o concurso. Exemplo: 
Policiais civis torturam suspeito para obter confissão. Obtida a confissão os 
policiais exibiram a imagem do acusado na televisão contra a sua vontade. O 
argumento da doutrina de que o abuso de autoridade é meio de execução da 
torturaé falho, pois o abuso de autoridade pode ser fato posterior à tortura, 
como no exemplo citado. 
OBS: Prevalece na doutrina que o abuso de autoridade fica absorvido 
pela tortura. O CESPE mantém o mesmo entendimento de Silvio Maciel. 
 
7. SUJEITOS DO CRIME 
Art. 5º. Considera-se autoridade, para os efeitos desta lei, quem exerce cargo, 
emprego ou função pública, de natureza civil, ou militar, ainda que 
transitoriamente e sem remuneração. 
 
O art. 5º é norma penal explicativa e traz o conceito de autoridade. O 
conceito para fins da lei de abuso de autoridade é o mais amplo, abrangente 
possível. Autoridade é qualquer pessoa que exerce função pública, pertença 
ou não à Administração Pública. Ainda que exerça a função de forma gratuita 
(sem remuneração) e passageira. Exemplo: Autoridade pode ser, por 
exemplo, jurado do Tribunal do Júri, mesário eleitoral. 
Pessoas que exercem múnus público não são autoridades. O múnus 
publico é o encargo imposto pela lei ou juiz para proteção de interesse 
particular. Exemplo: Inventariante, tutor e curador dativos, depositário judicial, 
advogado. 
O particular que não exerce nenhuma função pública pode cometer delito 
de abuso de autoridade? 
Resposta: Sim, desde que o cometa juntamente com autoridade pública e 
saiba que o comparsa é autoridade pública. 
A condição pessoal de autoridade é elementar do crime de abuso de 
autoridade, transmitindo-se ao particular, desde que ingresse no dolo dele. 
Exemplo: Policia Militar está batendo em dois Palmeirenses. O pipoqueiro São 
	
  
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Paulino ajuda os Policiais a bater nos Palmeirenses. O pipoqueiro é coautor do 
crime de abuso de autoridade. 
 
Sujeito passivo: O abuso de autoridade protege os direitos fundamentais das 
pessoas físicas e jurídicas e a regularidade do serviço público. O crime de 
abuso de autoridade tem sujeito passivo imediato ou principal e sujeito 
passivo mediato ou secundário. O sujeito passivo imediato/principal é a 
pessoa física ou jurídica que sofre a conduta abusiva e o sujeito passivo 
mediato ou secundário é a administração pública cuja regularidade do 
serviço foi comprometida com o abuso. 
 
8. PRESCRIÇÃO 
A lei de abuso de autoridade não contém regras sobre prescrição, aplicando-se 
subsidiariamente as regras de prescrição do Código Penal. 
 
9. PENAS 
As penas são aplicadas de acordo com as regras do direito penal, 
dispensando-se a expressão – artigos 42 a 56 do CP, pois houve 
modificação. Portanto, leia-se: 
Art. 6º, §3º A sanção penal será aplicada de acordo com as regras dos artigos 
42 a 56 do Código Penal e consistirá em: 
As penas consistem em: 
• Multa: Deve ser calculada na forma do art. 49 do Código Penal. 
• Detenção de 10 dias a 6 meses: Infração de menor potencial ofensivo. 
• Perda do cargo e inabilitação para o exercício de outra função 
pública por até 3 anos: A inabilitação é para qualquer outra função 
pública e não somente para aquela que até perdeu. Observe que a 
inabilitação pode perdurar por até 3 anos. 
Essas penas podem ser aplicadas isolada ou cumulativamente. Isso 
significa que o juiz pode aplicar uma delas, duas delas ou as três. 
Se o juiz aplicar multa + detenção de 6 meses, poderá substituir a 
detenção por outra multa, e, portanto, aplicar duas multas? 
Resposta: Não. Súmula 171 do STJ. Cominadas cumulativamente em 
lei especial, penas privativa de liberdade e pecuniária é defeso a 
substituição da prisão por multa. 
Nos termos da súmula 171 do STJ, se o tipo penal está no Código Penal 
é possível substituir a prisão, cumulando-a com outra multa. Por outro 
lado, se o tipo penal está na legislação penal especial, o juiz não pode 
substituir a prisão por multa, cumulando-a com outra multa. 
E↓ 
	
  
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• Proibição de exercer função policial ou militar no Município do 
crime pelo prazo de 1 a 5 anos: Essa sanção não pode ser aplicada à 
qualquer autoridade, mas apenas para policiais civis e militares (art. 6º, 
§5º). Para Fernando Capez essa pena não existe mais, pois a reforma 
penal de 1984 extinguiu as penas acessórias de nosso ordenamento 
jurídico. Não é o entendimento que prevalece. Prevalece que essa 
pena não pode ser aplicada como acessória, mas pode ser aplicada 
como pena autônoma. 
 
Lei 4.898 – Lei de abuso de 
autoridade 
Lei 9.455 – Lei de tortura 
Perda do cargo e inabilitação para 
qualquer outra função pública por até 
3 anos (art. 6º, §3º da lei de abuso 
de autoridade) 
 
 
 
 
 
A perda do cargo e inabilitação são 
penas, que podem ou não serem 
aplicadas a critério do juiz. 
Perda do cargo e interdição para 
seu exercício pelo dobro do prazo 
da condenação (Art. 1º, §5º. A 
condenação acarretará a perda do 
cargo, função ou emprego público e a 
interdição para seu exercício pelo 
dobro do prazo da pena aplicada). 
Exemplo: Condenado a 6 anos, fica 
interditado por 12 anos. 
 
A perda do cargo e interdição são 
efeitos automáticos da 
condenação, mesmo que o juiz não 
os declarem na sentença, pois os 
efeitos decorrem da lei. 
 
É cabível transação penal para o delito de abuso de autoridade? 
• 1ª Corrente: Não, porque a pena de perda do cargo é incompatível com 
a transação penal. A perda do cargo não pode ser transacionada entre o 
Ministério Público e o infrator. Esse entendimento pelo não cabimento de 
transação penal nos crimes de abuso de autoridade é de Nucci e Cézar 
Roberto Bittencourt. 
Crítica: A pena transacionada nunca é a pena cominada para o tipo 
penal. A pena transacionada é uma multa ou restritiva de direitos. 
• 2ª Corrente: Cabe transação na lei de abuso de autoridade por se tratar 
de infração de menor potencial ofensivo. É o entendimento que 
prevalece. 
 
10. CRIMES DE ABUSO DE AUTORIDADE 
Previsão legal: Art. 3º e 4º da lei de abuso de autoridade. 
Art. 3º. Constitui abuso de autoridade qualquer atentado: 
a) à liberdade de locomoção; 
	
  
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b) à inviolabilidade do domicílio; 
c) ao sigilo da correspondência; 
d) à liberdade de consciência e de crença; 
e) ao livre exercício do culto religioso; 
f) à liberdade de associação; 
g) aos direitos e garantias legais assegurados ao exercício do voto; 
h) ao direito de reunião; 
i) à incolumidade física do indivíduo; 
j) aos direitos e garantias legais assegurados ao exercício profissional. 
 
Princípio da anterioridade da lei (art. 1º do CP): Não há crime sem lei 
anterior que o defina. 
Pelo princípio da taxatividade a norma incriminadora deve definir, ou seja, 
expor com precisão, exatidão qual é a conduta criminosa. A norma 
incriminadora vaga, genérica, imprecisa é inconstitucional por violação ao 
princípio da taxatividade (corolário do princípio da anterioridade). O art. 3º da 
lei de abuso de autoridade é constitucional? 
• 1ª Corrente: É inconstitucional por violação ao princípio da taxatividade 
porque possui redação genérica (Fernando Capez). 
• 2ª Corrente: É constitucional porque não há como o legislador prever 
todas as hipóteses possíveis de conduta abusiva e descrevê-las no tipo 
penal. Portanto, assim como nos crimes culposos, o tipo penal deve 
ser aberto. É o entendimento que prevalece. 
 
Consumação e tentativa: Os crimes do art. 3º são formais ou de 
consumação antecipada. Consumam-se com a conduta, ainda que não 
ocorra o resultado naturalístico da efetiva lesão do direito protegido. Não é 
possível a tentativa nos crimes do art. 3º. 
 
Liberdade de locomoção: O direito de locomoçãoabrange o direito de ir, vir e 
permanecer. Não existe direito fundamental absoluto. As legítimas restrições 
ao direito de locomoção não configuram abuso de autoridade. As legítimas 
restrições ao direito de locomoção são atos de poder de polícia. Exemplo: 
Pessoa causando tumulto em discurso da Presidente Dilma. O sujeito poderá 
ser retirado e até preso. 
Toda a doutrina faz distinção entre detenção momentânea e prisão para 
averiguação. Não se pode confundir detenção momentânea com prisão para 
averiguação. 
Detenção momentânea Prisão para averiguação 
É a retenção da pessoa pelo tempo 
estritamente necessário para uma 
fiscalização ou verificação. Trata-se 
Prisão para investigar formal ou 
informalmente, sem ordem judicial ou 
situação de flagrante. Esta é sempre 
	
  
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de ato legítimo do exercício do poder 
de polícia. Exemplo: Bloqueio de 
trânsito. 
abuso de autoridade. 
 
 
Inviolabilidade do domicílio: O que é domicílio? 
Domicílio é qualquer local não aberto ao público onde alguém exerce qualquer 
atividade, trabalho ou moradia, ainda que momentânea. 
O art. 150, §4º do CP pune o agente público que viola domicílio ilegalmente. 
Qual crime comete o agente público que invade domicílio ilegalmente? 
Resposta: O agente público que ilegalmente viola domicílio comete abuso de 
autoridade e não o crime do art. 150, §4º do Código Penal (princípio da 
especialidade). Para a doutrina o art. 150, §4º do Código Penal está 
tacitamente revogado no que diz respeito à violação de domicílio por agente 
público. 
Entrada em domicílio sem ordem judicial em situação de flagrante de 
crime permanente: Policiais militares abusivamente invadem a cada de uma 
pessoa porque o sujeito é suspeito de matar um policial militar. Os policiais 
militares entram no local para discutir e acabam encontrando droga. STF/STJ: 
A entrada sem ordem judicial fica sanada pela situação de flagrante de crime 
permanente, mesmo que os policiais desconhecessem a situação de flagrante. 
 
Sigilo da correspondência: O tipo penal protege apenas correspondências 
fechadas. Correspondências abertas perdem o caráter sigiloso. O sigilo de 
correspondência não é absoluto em que pese o art. 5º, XII da CF passe essa 
impressão. O art. 5º, XII da CF indica que o sigilo de correspondência é 
absoluto, mas não é o que prevalece, pois não há direito absoluto. 
Conclusão: Em situações excepcionais, pode a autoridade violar 
correspondências (STF – HC 70.814). O diretor pode suspender o direito 
dos presos se corresponderem, mas não pode violar as correspondências 
sistematicamente. Em regra, as correspondências não podem ser violadas. 
Em situações excepcionalíssimas, diz o STF que pode. 
 
Liberdade de consciência/crença e liberdade de culto religioso: O excesso 
na liberdade de consciência, crença e culto religioso deve ser coibido. 
Exemplo: Culto religioso com barulho as três horas da manhã ao lado de 
hospital. 
 
Liberdade de associação: São vedadas associações ilícitas e paramilitares. 
 
Atentado ao exercício do direito de voto: Pode ocorrer inclusive durante 
referendo, plebiscito, onde há também o direito ao voto. O Fernando Capez 
sustenta que não há conflito entre esse dispositivo penal (art. 3º, g) e o código 
	
  
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eleitoral, pois neste último, não há nenhuma conduta que se assemelhe ao 
abuso de autoridade, razão pela qual, inexiste conflito de normas. 
Juiz impede pessoa de se inscrever como eleitor: Esse delito tem previsão 
no código eleitoral. O juiz está atingindo direito de voto. Trata-se de crime 
eleitoral ou delito de abuso de autoridade. Obviamente existe conflito de 
normas neste caso. 
Solução: O art. 3º, g da lei de abuso de autoridade é subsidiário, aplicando-
se somente se o fato não configurar nenhum crime eleitoral. 
 
Direito de reunião: O art. 5º da CF garante o direito de reunião, no entanto, 
exige requisitos para o exercício desse direito: Reunião pacífica, sem armas, 
local público, aviso prévio à autoridade e se a reunião não tem por 
finalidade frustrar outra reunião já marcada para o mesmo local. 
 
Integridade ou incolumidade física: Discute-se se o tipo penal protege 
apenas a integridade física ou também a incolumidade psíquica. Essa 
discussão foi travada entre dois penalistas no Brasil, Heleno Cláudio Fragoso e 
Bento de Faria. 
O art. 322 do Código Penal prevê o crime de violência arbitrária. 
O crime de violência arbitrária do CP está tacitamente revogado pelo art. 
3º, i da lei de abuso de autoridade? 
Resposta: No RHC 95.617/MG, o STF decidiu que o art. 322 do CP 
permanece vigente. 
 
Qualquer atentado contra as prerrogativas profissionais: Delegado de 
polícia impede promotor de justiça e conversar com os presos. O Ministério 
Público é o fiscal da lei de execuções penais. O Ministério Público tem, não só 
o poder, como também o dever de fiscalizar a cadeia. O Delegado de Polícia 
impede o advogado de ver o inquérito policial (súmula vinculante 14). O art. 
3º, j é norma penal em branco, sendo complementada pela norma que prevê 
a prerrogativa profissional. 
 
Art. 4º Constitui também abuso de autoridade: 
a) ordenar ou executar medida privativa da liberdade individual, sem as 
formalidades legais ou com abuso de poder; 
b) submeter pessoa sob sua guarda ou custódia a vexame ou a 
constrangimento não autorizado em lei; 
c) deixar de comunicar, imediatamente, ao juiz competente a prisão ou 
detenção de qualquer pessoa; 
d) deixar o Juiz de ordenar o relaxamento de prisão ou detenção ilegal que lhe 
seja comunicada; 
	
  
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e) levar à prisão e nela deter quem quer que se proponha a prestar fiança, 
permitida em lei; 
f) cobrar o carcereiro ou agente de autoridade policial carceragem, custas, 
emolumentos ou qualquer outra despesa, desde que a cobrança não tenha 
apoio em lei, quer quanto à espécie quer quanto ao seu valor; 
g) recusar o carcereiro ou agente de autoridade policial recibo de importância 
recebida a título de carceragem, custas, emolumentos ou de qualquer outra 
despesa; 
h) o ato lesivo da honra ou do patrimônio de pessoa natural ou jurídica, quando 
praticado com abuso ou desvio de poder ou sem competência legal; 
i) prolongar a execução de prisão temporária, de pena ou de medida de 
segurança, deixando de expedir em tempo oportuno ou de cumprir 
imediatamente ordem de liberdade. 
 
Ordenar/executar medida privativa da liberdade individual sem as 
formalidades legais ou com abuso de poder: No verbo “ordenar” tem-se 
crime formal ou de consumação antecipada, ou seja, o crime se consuma 
com a simples ordem ilegal, ainda que não seja executada. Se for executada, 
haverá mero exaurimento do crime. É possível o resultado naturalístico com 
a execução da ordem. Segundo a doutrina, esse delito admite tentativa, desde 
que na forma escrita. Haverá tentativa se a ordem não chegar ao destinatário 
por razões contrárias à vontade de quem ordenou. 
No verbo “executar”, o crime é de material ou resultado. Neste caso, o 
delito consuma-se com a efetiva execução da ordem, sendo a tentativa 
perfeitamente possível. 
Esse delito pode ser praticado de duas formas: 
• Descumprimento de formalidades legais: Exemplo: Delegado de 
Polícia manda recolher para prisão pessoa em situação de flagrante, 
porém, sem lavrar o auto de prisão em flagrante. 
• Prisão abusiva: Exemplo: Prisão para averiguação. Sempre haverá um 
conflito aparente de normas entre o art. 3º e o art. 4º da leide abuso 
de autoridade. Exemplo: Delegado manda prender pessoa sem ordem 
judicial e sem flagrante. Isso configura atentado à liberdade de 
locomoção (art. 3º, a da lei). Mas prender pessoa sem flagrante e sem 
ordem judicial também configura o art. 4º, a da lei de abuso de 
autoridade. Percebe-se que prender pessoa sem situação de flagrante 
e sem ordem judicial pode configurar crime do art. 3º e do art. 4º. Qual a 
solução? (Não se pode punir duas vezes pelo mesmo crime). 
Resposta: A solução da doutrina é no sentido de que, havendo 
conflito entre o art. 3º e o art. 4º da lei de abuso de autoridade, 
prevalece o art. 4º. Tendo em vista que a redação do art. 3º é genérica, 
	
  
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vaga, aberta, deve prevalecer o art. 4º que possui redação mais 
descritiva, garantista. 
Algemar desnecessariamente configura crime da lei de abuso de 
autoridade (súmula vinculante 11). É possível algemar em três 
casos: 
a. Resistência 
b. Fundado receio de fuga: Não é a mera suposição de fuga que 
autoriza a algema, pois a possibilidade de alguém fugir existe em 
todos os casos. 
c. Risco a integridade física do próprio preso ou de terceira pessoa 
Fora dos três casos elencados, o uso de algema configura abuso de 
autoridade. 
O próprio STF nos precedentes que originaram a súmula vinculante 11 
estabeleceu que a conduta de algemar desnecessariamente configura 
abuso de autoridade. 
Atenção! 
Art. 230 do ECA. Se o sujeito passivo da conduta for criança ou 
adolescente, haverá a prática do crime do art. 230 do ECA. Apreender 
criança ou adolescente sem flagrante delito ou sem ordem escrita de 
autoridade judicial é crime do art. 230 do ECA. Aprender 
adolescente/criança sem lavrar auto de apreensão ou boletim de 
ocorrência circunstanciado é delito do art. 230, parágrafo único do ECA. 
 
Submeter pessoa sob sua guarda ou custódia a vexame ou 
constrangimento não autorizado em lei: O sujeito ativo do crime não é 
qualquer pessoa, mas apenas aquele que detém a guarda ou custódia da 
pessoa. É preciso diferenciar o constrangimento ou vexame legal do 
constrangimento ou vexame ilegal. 
Constrangimento ou vexame legal Constrangimento ilegal 
O constrangimento ou vexame legal é 
fato atípico. Exemplo: Submeter a 
pessoa a identificação criminal nas 
hipóteses permitidas em lei é fato 
atípico. 
Constitui crime de abuso de 
autoridade. Exemplo: Exibir a 
imagem do suspeito na televisão 
contra a autorização do suspeito. 
Se a vítima da conduta for menor, o crime é o do art. 232 do ECA. 
 
Deixar de comunicar imediatamente ao juiz competente a prisão: A 
comunicação da prisão deve ser imediata. Comunicação imediata é aquela 
feita no primeiro momento possível considerada as circunstâncias do caso 
concreto. Exemplo: Delegado fez a prisão na sexta-feira, e o único juiz da 
cidade está viajando, a comunicação imediata será na segunda-feira. O 
retardamento injustificado na comunicação configura abuso de autoridade. A 
	
  
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Vedada a distribuição, ainda que gratuita. 
	
  
comunicação proposital ao juiz incompetente configura crime de abuso de 
autoridade. Exemplo: Delegado de policia comunica juiz incompetente para 
retardar o controle sobre a prisão. Esse delito é doloso. Isso significa dizer 
que, se o delegado de polícia por desconhecimento da lei comunica juiz 
incompetente, não restará caracterizado o delito, pois não existe crime culposo. 
Exemplo: Delegado cansado foi embora e esqueceu o flagrante na cadeia. 
Não há abuso de autoridade. 
Se a vítima é criança ou adolescente o delito é o previsto no art. 231 do 
ECA. O sujeito ativo no art. 231 do ECA é a autoridade policial. O art. 5º da 
CF prevê que a prisão deve ser comunicada ao juiz competente e a família do 
preso ou pessoa por ele indicada. O art. 306 do CPP prevê que a prisão deve 
ser comunicada ao juiz competente, família e ao Ministério Público. 
Somando-se essas duas normas, a autoridade tem o dever de comunicar a 
prisão ao juiz, família e Ministério Público. 
Lei de abuso de autoridade ECA 
Deixar de comunicar o juiz, a família 
do preso ou pessoa por ele indicada e 
o Ministério Público. 
Deixar de comunicar o juiz é abuso 
de autoridade. 
Deixar de comunicar a família é fato 
atípico. 
Deixar de comunicar a prisão ao 
Ministério Público é fato atípico. 
OBS: O tipo penal prevê como crime 
deixar de comunicar ao juiz e veda-
se a analogia de norma incriminadora. 
 
Se o juiz constata que a prisão é 
ilegal e não a relaxa, pratica o crime 
do art. 4º, d da lei de abuso de 
autoridade. 
Deixar de comunicar ao juiz é crime 
Deixar de comunicar a família é 
crime 
Deixar de comunicar o Ministério 
Público é fato atípico. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Juiz é comunicado da apreensão 
ilegal, constata que é ilegal e não 
libera o menor. Praticará o crime do 
art. 234 do ECA. 
Atenção! Os delitos do art. 4º, c e d são crimes omissivos puros ou 
próprios, consumam-se com a omissão. A tentativa não é possível. 
 
Ato lesivo da honra ou do patrimônio de pessoa natural ou jurídica, 
quando praticado com abuso ou desvio de poder ou sem competência 
legal: A alínea h é a prova de que pessoa jurídica pode ser vítima do delito de 
abuso de autoridade. O tipo penal prevê expressamente a pessoa jurídica 
como sujeito passivo do crime. Pessoa jurídica de direito público também pode 
ser vítima de abuso de autoridade. 
Pode o subordinado praticar abuso de autoridade contra o superior? 
	
  
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Vedada a distribuição, ainda que gratuita. 
	
  
Resposta: Claro que pode. Subordinado desfere soco na cara do superior: 
Abuso de autoridade. 
Ato lesivo da honra ou patrimônio pode ser: 
• Legal: O fato será atípico. 
• Ilegal: Abuso. 
Fiscais da vigilância sanitária interditam restaurante legalmente (fato atípico). 
Se ilegal, crime de abuso de autoridade. 
Ato lesivo demonstra que o crime é material, consumando-se com a efetiva 
lesão à honra ou patrimônio, sendo a tentativa perfeitamente possível. 
 
Prolongar a execução de prisão temporária, de pena ou de medida de 
segurança, deixando de expedir em tempo oportuno ou de cumprir 
imediatamente ordem de liberdade: Esse crime é composto por ação e 
omissão. É crime de conduta mista (comissivo omissivo). O crime consiste 
em prolongar indevidamente prisão temporária, pena e medida de segurança. 
Prolongar indevidamente prisão preventiva não é crime? 
Resposta: É crime do art. 4º, b (submeter o preso a constrangimento 
ilegal). 
Art. 350 do Código Penal (exercício arbitrário ou abuso de poder): 
Segundo o STF, o art. 350 do CP foi revogado em parte pelo art. 4º da lei de 
abuso. 
Caput: Revogado pelo art. 4º. 
Parágrafo único: ? 
I: Vigente 
II: Revogado pela lei de abuso. 
III: Revogado pela lei de abuso 
IV: Vigente 
Conclusão: O art. 350 do CP foi parcialmente revogado e continua 
parcialmente em vigor. Nesse sentido: STJ – HC 65.499.

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