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teoria ordenamento juridico Bobbio

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1
BOBBIO, Norberto. Teoria do ordenamento jurídico. 7. ed. Tradução Maria 
Celeste Cordeiro Leite dos Santos. Brasília: UNB, 1996. 184 p. 
 
Estuda o conjunto de normas que constituem o ordenamento jurídico, e as 
inúmeras relações e conseqüências que uma sistematização das leis pode 
desencadear. 
1 Da norma jurídica ao ordenamento jurídico 
1.1 Novidade do problema do ordenamento (p. 19-22) 
Assume que as normas jurídicas não existem isoladamente, mas sempre em 
um contexto de normas relacionadas entre si. 
1.2 Ordenamento jurídico e definição do Direito (p. 22-27) 
Apresenta os critérios utilizados para definir o Direito através de algum 
elemento da norma jurídica: 
a) critério formal; 
b) critério material; 
c) critério do sujeito que põe a norma; 
d) critério do sujeito ao qual a norma é destinada. 
Deixa a norma (nomoestática) e abraça o ordenamento (nomodinâmica) 
1.3 A nossa definição de Direito (p. 27-31) 
Diz ser norma jurídica aquela cuja execução é garantida por sanção externa e 
institucionalizada. Para que haja Direito, é necessário existir grande ou pequena, 
uma organização, um completo sistema normativo. 
O termo Direito (acepção de Direito objetivo), indica um sistema normativo, 
não um tipo de norma, e este sistema é composto por três tipos básicos de norma: 
as que permitem determinada conduta, as que proíbem e as que obrigam 
determinada conduta. 
1.1 Pluralidade de normas (p. 31-34) 
Em princípio, um ordenamento jurídico é um conjunto de normas jurídicas que 
vigoram num país. É o sistema no qual se insere uma norma jurídica. 
Indaga se poderíamos imaginar um ordenamento jurídico de uma só norma, 
concluindo que não haveria possibilidade prática de tal acontecer. Ter-se-ia que 
 2
imaginar uma norma que se referisse a todas as ações possíveis e as qualificasse 
com uma única modalidade. Indica três possibilidades: 
a) uma norma que tudo permitisse: seria a negação de qualquer ordenamento 
jurídico => toda conduta seria permitida => definição do estado de 
natureza; 
b) uma norma que tudo proibisse: impediria o convívio social => equiparando-
se as ações possíveis e impossíveis, seriam permitidas apenas as ações 
meramente naturais; 
c) uma norma onde tudo é obrigatório: também impede o convívio social => 
as ações possíveis estão em conflito entre si e ordenar duas ações em 
conflito torna uma ou outra, ou ambas, inexeqüíveis. 
Por outro lado, salienta o autor, é muito simples criar um ordenamento que 
ordene ou proíba uma única ação. Para tal, basta que um determinado grupo ou 
associação considere para fazer parte dele apenas uma obrigação. Por exemplo, um 
clube de nudistas, ou mesmo uma associação de beberrões que estabeleça como 
única obrigação beber somente vinho. 
De qualquer forma seriam necessárias pelo menos duas normas: uma que 
indicasse o que é obrigatório e outra a dizer o que não é obrigatório mas é permitido 
(“X é obrigatório” e “Não-X é permitido”). No caso dos beberrões, por exemplo, 
seriam duas as normas: 
a) uma estabelecendo a obrigatoriedade de somente beber vinho; 
b) outra norma permitindo fazer qualquer outra coisa que não seja beber 
vinho. 
Um ordenamento jurídico para ser erigido com apenas duas normas teria que 
ostenta: 
a) uma norma particular que ordenasse não prejudicar a ninguém; e 
b) outra norma que autorizasse a fazer tudo o que não cause dano a outrem. 
Afirma ser impossível um ordenamento que regule todas as ações possíveis, 
e dentro desse sistema acabam surgindo problemas que nascem das relações das 
diversas normas entre si – são as antinomias jurídicas, assunto tratado no capítulo 
terceiro da obra. 
1.2 Os problemas do ordenamento jurídico 
 3
Apontas os principais problemas conexos com a existência de um 
ordenamento. São eles: 
a) saber se as normas constituem uma unidade; 
b) hierarquia das normas; 
c) antinomias jurídicas; 
d) completude do ordenamento jurídico => lacunas do Direito; 
e) qual a relação entre os diversos ordenamentos jurídicos? 
2 A unidade do ordenamento jurídico 
Afirma que os ordenamentos jurídicos podem ser divididos em simples e 
complexos. 
A complexidade de um ordenamentos jurídico deriva do fato de que a 
necessidade de regras de conduta numa sociedade é tão grande que não existe 
nenhum poder ( ou órgão ) em condições de satisfazê-la sozinho; deriva portanto da 
multiplicidade das fontes das quais afluem regras de conduta, diz Bobbio. 
Porém, todo ordenamento jurídico enquanto deve ter unidade, e isto só é 
possível se se pressupõe como base do ordenamento uma norma fundamental com 
a qual se possam, direta ou indiretamente relacionar todas as normas do 
ordenamento. 
3 A coerência do ordenamento jurídico 
3.1 O ordenamento jurídico como sistema (p. 71-74) 
Indaga se um ordenamento jurídico, além da unidade, constitui também uma 
unidade sistemática. 
3.2 Três significados de sistema (p. 75-81) 
Na linguagem jurídica corrente o uso do termo indica o ordenamento jurídico. 
O autor traz três diferentes significados para sistema. Um primeiro significado 
diz que um dado ordenamento é um sistema enquanto todas as normas jurídicas 
daquele ordenamento são deriváveis de alguns princípios gerais, considerados da 
mesma maneira que os postulados de um sistema científico. Um segundo significado 
para sistema encontra-se na ciência do Direito moderno, com Savigny como 
representante dessa teoria que diz: a ciência jurídica moderna nasceu da passagem 
da jurisprudência exegética à jurisprudência sistemática ou, em outras palavras, que 
a jurisprudência se elevou ao nível de ciência tornando-se sistemática. O terceiro 
 4
conceito de sistema, para o autor, é o mais interessante e objeto deste capítulo. Diz-
se que um ordenamento jurídico constitui um sistema porque não podem coexistir 
nele normas incompatíveis. Para o autor, o termo sistema equivale à validade do 
princípio que exclui a incompatibilidade das normas. 
3.3 As antinomias (p. 81-86) 
O Direito não tolera antinomias. 
3.4 Vários tipos de antinomias (p. 86-91) 
Norberto Bobbio diz que para a constatação da antinomia é indispensável a 
ocorrência de duas condições: 
• as duas normas devem pertencer ao mesmo ordenamento 
• as duas normas devem ter o mesmo âmbito de validade. Existem 
quatro âmbitos de validade de uma norma: temporal, espacial, pessoal 
e material. 
Não constituem antinomia duas normas que não coincidem com respeito a: 
a) validade temporal: “É proibido fumar das 5 às 7h” não é incompatível 
com “É permitido fumar das 7 às 9h”; 
b) validade espacial: “É proibido fumar na sala de projeção” não é 
incompatível com “É permitido fumar na sala de espera”; 
c) validade pessoal: “É proibido aos menores de 18 anos fumar” não é 
incompatível com: “É permitido aos adultos fumar”; 
d) validade material: “É proibido fumar charutos” não é incompatível 
com “É permitido fumar cigarros”. 
Há vários tipos de antinomias, porém, dividem-se basicamente em antinomias 
aparentes – passíveis de solução, e antinomias reais – são aquelas onde o 
intérprete é abandonado a si mesmo, ou pela falta de um critério ou por conflito entre 
os critérios dados. 
3.5 Critérios para a solução das antinomias (p. 91-97) 
Explica então que as regras fundamentais para solução de antinomias são 
três: o critério cronológico, o critério hierárquico e o critério da especialidade. 
Salienta Norberto Bobbio que é necessário passar da simples detecção das 
antinomias à solução das antinomias. 
As regras fundamentais para a solução das antinomias seriam, então: 
 5
a) critério cronológico (lex posterior derogat priori) - art. 2º, § 1º, LICC; 
b) critério hierárquico (lex superior derogatinferiori); 
c) critério da especialidade (lex specialis) - art. 2º, § 2º, LICC. 
CRITÉRIO CRONOLÓGICO - LEX POSTERIOR DEROGAT PRIORI 
Entre duas normas incompatíveis, prevalece a norma posterior. Partindo-se 
da regra geral do Direito em que a vontade posterior revoga a precedente, e que de 
dois atos de vontade da mesma pessoa vale o último no tempo, imagine-se a lei 
como expressão da vontade do legislador e não haverá dificuldade em justificar a 
regra. 
CRITÉRIO HIERÁQUICO - LEX SUPERIOR DEROGAT INFERIORI 
Entre duas normas incompatíveis prevalece a hierarquicamente superior. 
Vimos também, anteriormente, que as normas são colocadas em planos diferentes, 
em ordem hierárquica. Uma das consequências da hierarquia é justamente a de que 
as normas superiores podem revogar as inferiores, mas as norams inferiores não 
podem revogar as superiores. 
CRITÉRIO DA ESPECIALIDADE – LEX SPECIALIS 
Entre duas normas incompatíveis, uma geral e uma especial (ou excepcional), 
prevalece a segunda: lex specialis derogat generali. A lei especial é aquela que 
anula uma lei mais geral, ou que subtrai de uma norma uma parte da sua matéria 
para submetê-la a uma regulamentação diferente. Quando se aplica o critério da lex 
specialis não acontece a eliminação total de uma das duas normas incompatíveis 
mas somente daquela parte da lei geral que é incompatível com a lei especial. Por 
efeito da lei especial a lei geral cai parcialmente. 
Obs.: Lei especial é aquela que anula uma lei mais geral ou subtrai de uma 
norma uma parte da sua matéria para submetê-la a uma regulamentação diferente 
(contrária ou contraditória). Corresponde a uma exigência fundamental de justiça: 
tratamento igual às pessoas que pertencem à mesma categoria. 
3.6 Insuficiência dos critérios (p. 97-105) 
Pode ocorrer antinomia entre duas normas: contemporâneas, do mesmo nível 
ou quando ambas forem gerais. Recorre, o autor, aos velhos tratadistas, afirmando 
que o único critério é o da forma da norma (imperativas, proibitivas e permissivas)., 
não mais citados nos tratados modernos. Assim: 
 6
a) uma é imperativa ou proibitiva e outra é permissiva (conflito entre duas 
normas contraditórias): prevalecerá a permissiva; 
b) uma é imperativa e outra proibitiva (conflito entre duas normas contrárias): 
as duas normas anulam-se reciprocamente e o comportamento, em vez de 
ser ordenado ou proibido, se considera permitido ou lícito. 
Segundo o autor, cabe reconhecer que, nestes casos, não há a mesma 
legitimidade estabelecida nos critérios anteriormente referidos. Corresponde à 
situação de duas normas gerais incompatíveis que se encontrem no mesmo código. 
Falar-se-á, segundo o autor, em um autêntico poder discricionário do 
intérprete, ao qual cabe resolver o conflito segundo a oportunidade. Assim, no 
conflito entre duas normas, para o qual não valha nem o critério cronológico, nem o 
hierárquico, nem o da especialidade, o juiz ou o jurista tem a sua frente três 
possibilidades: 
a) eliminar uma das regras, aplicando a outra (antinomia real) => 
interpretação ab-rogante => ab-rogação simples; 
b) eliminar as duas, aplicando uma terceira (antinomia real) => 
interpretação ab-rogante => dupla ab-rogação; 
c) conservar as duas (antinomia aparente). 
3.7 Conflito de critérios (p. 105-110) 
Sendo três os critérios, os conflitos entre critérios podem ser três: 
a) conflito entre o critério hierárquico e o cronológico: o critério hierárquico 
prevalece sobre o cronológico; 
b) conflito entre o critério de especialidade e o cronológico: prevalece o 
critério da especialidade; 
c) conflito entre o critério hierárquico e o da especialidade (Ex.: norma 
superior-geral incompatível com uma norma inferior-especial): não existe 
uma regra geral consolidada. A solução dependerá do intérprete, o qual 
aplicará ora um ora outro critério segundo as circunstâncias. A exigência 
de adaptar os princípios gerais de uma Constituição às sempre novas 
situações leva freqüentemente a fazer triunfar a lei especial, mesmo que 
ordinária, sobre a constitucional. 
 7
Ao perceber uma antinomia, um juiz poderá utilizar uma das regras, enquanto 
outro utilizará a norma contrária. 
3.8 O dever da coerência (p. 110-114) 
A coerência não é condição de validade, mas sempre condição de justiça do 
ordenamento. Quando duas normas contrárias são válidas, podendo haver 
indiferentemente a aplicação de uma ou de outra, viola-se duas exigências 
fundamentais em que se inspiram os ordenamentos jurídicos: a certeza 
(correspondente ao valor da paz e da ordem) e a justiça (que corresponde ao valor 
da igualdade). 
4 A completude do ordenamento jurídico (p. 115-160) 
Define o que seja completude: a propriedade pela qual um ordenamento 
jurídico tem uma norma para regular qualquer caso. Um ordenamento é completo 
quando o juiz nele encontra uma norma para regular qualquer caso. Não há caso 
que não possa ser regulado com uma norma tirada do sistema. A incompletude 
consiste no fato de que o sistema não compreende nem a norma que proíbe um 
certo comportamento nem a norma que o permite. 
Diz que a completude é condição necessária para os ordenamentos em que 
valem estas duas regras: 
a) o juiz é obrigado a julgar todas as controvérsias que se 
apresentarem a seu exame; 
b) deve julgá-las com base em uma norma pertencente ao sistema. 
Porém, salienta que completude não é uma característica onde o 
ordenamento deve ter resposta para tudo, pois isto seria a casuística, mas, que o 
juiz deve aplicar seu conhecimento de modo que supra qualquer lacuna existente. 
5 As relações entre os ordenamentos jurídicos (p. 161-184) 
A análise do ordenamento em seu interior é colocado ao lado, passando o 
autor a tratar do problema das relações entre os ordenamentos, mais ainda, dos 
problemas que nascem no exterior de um ordenamento. Afirma que o trato do tema 
deve levar em consideração a existência de mais de um ordenamento jurídico. 
As relações que podem surgir são de dois tipos: relações de coordenação ou 
relações de subordinação. 
 8
Relacionamentos típicos de coordenação são aqueles que têm lugar entre 
Estados soberanos e dão origem aquele particular regime jurídico, próprio do 
relacionamento entre entes que estão no mesmo plano, que é o regime pactuário, ou 
seja, o regime no qual as regras de coexistência são o produto de uma autolimitação 
recíproca. Relacionamentos típicos de subordinação são, por outro lado, os 
verificados entre o ordenamento estatal e os ordenamentos sociais que têm 
estatutos próprios (as associações, sindicatos etc.), cuja validade deriva do 
reconhecimento do Estado. 
Um segundo critério de classificação do relacionamento entre ordenamentos 
é aquele que leva em conta a diferente extensão recíproca dos respectivos âmbitos 
de validade. Apresentam-se três tipos: 
a) de exclusão total: significa que os âmbitos de validade dos dois 
ordenamentos são delimitados de maneira a não se sobreporem um ao 
outro em nenhuma de suas partes. 
b) de inclusão total: significa que um dos dois ordenamentos tem um âmbito 
de validade compreendido totalmente no outro. 
c) de exclusão parcial (ou inclusão parcial): significa que dois ordenamentos 
têm um parte comum e uma parte não comum.

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