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1 AV1 Resumo Direito Penal 1 p/Daniel Dannemann

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Revisão p/ AV1 Direito Penal 1 
Aula 1 (Cap. 1 do Livro Didático) 
A missão do Direito Penal é proteger os bens jurídicos mais importantes, tais 
como a vida, a integridade física, a honra, moralidade pública, etc. dada à sua 
intervenção mínima e subsidiariedade. 
São Fontes do Direito Penal: 
 Fontes Materiais: indicam o órgão encarregado da produção do direito 
penal. Em nosso ordenamento jurídico, somente a União possui 
competência legislativa para criar normas penais (CF, art. 22, I). 
Exceção: Note-se que o parágrafo único do dispositivo constitucional 
citado prevê que lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar 
sobre questões específicas acerca de matérias penais. 
 
 Fontes Formais: Também conhecidas como fontes do conhecimento. 
Subdividem-se em IMEDIATAS: Somente a lei pode servir como fonte 
imediata do direito penal, ou seja, fonte primária, porquanto NÃO HÁ 
CRIME SEM LEI ANTERIOR QUE O DEFINA, NEM PENA SEM 
PRÉVIA COMINAÇÃO LEGAL. MEDIATAS: Também conhecidas 
como fontes secundárias. São os costumes e os princípios gerais do 
direito. Porém não se admite que seu emprego resulte no surgimento de 
crimes não previstos em lei ou, ainda, a agravação da punibilidade de 
delitos já existentes. Os princípios gerais do direito e os costumes, 
portanto, somente incidem na seara da licitude penal, ampliando-a. 
 
Analogia x interpretação Analógica 
No direito penal, devido ao Princípio da Legalidade, somente se admite a 
analogia in bonam partem, ou seja, aquela utilizada em benefício do sujeito 
ativo da infração penal. 
A analogia é uma forma de auto integração da lei penal, não existindo a lei, 
mas sim uma lacuna, uma brecha legislativa, por isso somente poderá ser 
aplicada em benefício do réu. 
“PARECIDO NÃO É IGUAL, NÃO SERVE PARA O DIREITO PENAL” 
Já na interpretação analógica, a lei existe, razão pela qual não há restrição ao 
seu uso no Direito Penal. 
Ex.: A analogia visa deixar o Direito mais justo? Imagine a seguinte situação: o 
art. 128, II, do CP admite o aborto praticado por médico em caso de estupro. 
No caso do aborto realizado por enfermeiro, havendo a impossibilidade de 
atendimento médico, há o crime? 
Aula 2 
Princípios Norteadores, Garantidores e Limitadores do Direito Penal (Cap. 
2 do Livro Didático) 
Diversos são os princípios de Direito Penal que estão assegurados na 
Constituição. Vejamos: 
 Princípio da Dignidade Humana: Trata-se do mais importante dos 
princípios penais e constitui um dos fundamentos da República 
Federativa do Brasil (CF, art. 1º, III). Proíbe a incriminação de 
comportamentos socialmente inofensivos, isto é, que não provoquem 
dano efetivo ou lesão ao corpo social (ex.: incriminar o ato de manifestar 
publicamente admiração por pessoas queridas). Impede, ademais, que a 
aplicação das normas penais ocorra de maneira totalmente divorciada 
da realidade. 
 
 Princípio da humanidade ou Princípio da Limitação em Razão das 
Penas: As normas penais devem sempre dispensar tratamento 
humanizado aos sujeitos ativos de infrações penais, vedando-se a 
tortura, o tratamento desumano ou degradante (CF, art. 5º, III), penas de 
morte, de caráter perpétuo, cruéis, de banimento ou de trabalhos 
forçados (CF, art. 5º, XLVII). 
 
 Princípio da Legalidade: Trata-se da verdadeira garantia do homem 
contra o abuso do poder estatal, uma vez só haverá crime se a conduta 
estiver anteriormente descrita em uma lei, geral, abstrata e impessoal. 
Sendo o Estado o único titular do direito de punir, não pode ABUSAE 
deste poder. 
 
 Princípios da Proporcionalidade e da Razoabilidade: Não são 
sinônimos, mas geralmente andam juntos. Baseiam-se na necessidade 
e idoneidade, na proibição dos excessos. ―Quando a criação do tipo 
penal não se revelar proveitosa para a sociedade, estará ferido o 
princípio da proporcionalidade, devendo a descrição legal ser expurgada 
de nosso ordenamento jurídico por vício de inconstitucionalidade. Além 
disso, a pena, isto é, a resposta punitiva estatal ao crime, deve guardar 
proporção com o mal infligido ao corpo social‖ (Edilson M. Bonfi m e 
Fernando Capez, Direito penal: parte geral, p. 130). 
 
 Princípio da Intervenção Mínima: Somente se deve recorrer à 
intervenção do direito penal em situações extremas, como a última saída 
(ultima ratio). A princípio, portanto, deve-se deixar aos demais ramos 
do direito a disciplina das relações jurídicas. A subtração de um pacote 
de balas em um supermercado, já punida com a expulsão do cliente do 
estabelecimento e com a cobrança do valor do produto ou sua 
devolução, já foi resolvida por outros ramos do direito, de modo que não 
necessitaria da interferência do direito penal. Por essa razão que ilícitos 
civis não são necessariamente, também ilícitos penais. 
 
 Princípio da Fragmentariedade: trata-se, na verdade, de uma 
característica do direito penal, mencionada por alguns autores também 
sob a forma de princípio, estabelecendo que as normas penais somente 
se devem ocupar de punir uma pequena parcela, um pequeno fragmento 
dos atos ilícitos, justamente aquelas condutas que violem de forma mais 
grave os bens jurídicos mais importantes. 
 
 Princípio Lesividade ou da Alteridade ou da Transcendentalidade: A 
incriminação de uma conduta deve transcender a esfera individual do 
autor e atingir o interesse do outro. Por conta desse princípio, não se 
pune a autolesão, salvo quando se projeta a prejudicar terceiros, como 
no art. 171, § 2º, V, do CP (autolesão para fraudar seguro); a tentativa 
de suicídio (nosso CP somente pune a participa- ção no suicídio alheio 
— art. 122); o uso pretérito de droga (o porte é punido porque, enquanto 
o agente detém a droga, coloca em risco a incolumidade pública). 
 
 Princípio da Adequação Social: O fato deixará de ser típico quando 
aceito socialmente. Acompanhe esse exemplo extraído da 
jurisprudência: ―Contravenção Penal — ‗jogo do bicho‘. Tal princípio não 
tem merecido acolhida da maioria da jurisprudência, uma vez que sua 
aceitação implicaria a conclusão de que os costumes teriam força para 
revogar lei penal, o que é inadmissível em face do art. 22, I, da CF, e art. 
2º, § 1º, da LINDB. 
 
 Princípio da culpabilidade: Como decorrência do princípio da 
dignidade da pessoa humana (CF, art. 1º, III) e da presunção de não 
culpabilidade (CF, art. 5º, LVII), exsurge esse princípio, segundo o qual: 
a) não se admite responsabilidade penal objetiva, ou seja, desprovida de 
dolo ou culpa (v. art. 19 do CP) ou carente de culpabilidade (v. arts. 21 a 
28 do CP); b) a pena há de ser dosada segundo o grau de 
reprovabilidade da conduta do agente. 
 
 Princípio da insignificância ou da bagatela: Compreende que o direito 
penal não deve se preocupar com bagatelas, com condutas incapazes 
de lesar o bem jurídico protegido pelo tipo penal. 
 
O STF vem adotando critérios que nos parecem ajustados para a 
verificação, em cada caso, sobre a possibilidade de aplicar o princípio. 
São eles: 
(i) a mínima ofensividade da conduta do agente 
(ii) a nenhuma periculosidade social da ação 
(iii) o reduzido grau de reprovabilidade do comportamento 
(iv) a inexpressividade da lesão jurídica provocada 
 
 Princípio da confiança: Uma pessoa não pode ser punida quando, 
agindo corretamente e na confiança de que o outro também assim se 
comportará, dá causa a um resultado não desejado (ex.: o médico que 
confia em sua equipe não pode ser responsabilizado pela utilização de 
uma substância em dose equivocada, se para isso não concorreu; o 
motorista que conduz seu automóvel cuidadosamente confia que os 
pedestres se manterão na calçada e somenteatravessarão a rua 
quando não houver movimento de veículos, motivo pelo qual não 
comete crime se atropela um transeunte que se precipita 
repentinamente para a via trafegável). 
 
 Princípio do ne bis in idem: ninguém pode ser condenado pelo mesmo 
fato mais de uma vez; além disso, uma única e determinada 
circunstância fática não pode ser utilizada mais de uma vez, seja para 
agravar, seja para benefi ciar o agente. 
 
 Princípio da anterioridade da lei penal: A lei penal não retroagirá, 
salvo para beneficiar o réu (CF, art. 5º, XL, e CP, art. 2º). 
 
 Princípio da Retroatividade da Lei mais Benéfica (mesmos nos casos 
transitados em julgados) 
 
Aula 3 
Classificação das Normas Penais 
Quanto à classificação das normas penais, é possível classificá-las como 
incriminadora e não incriminadora. 
 Normas Penais Incriminadoras: compreende todos os dispositivos 
penais que descrevem condutas e lhes cominam uma pena. Compõe-se 
do preceito ou preceito primário — descrição da conduta proibida — e 
da sanção ou preceito secundário — quantidade e qualidade da(s) 
pena(s) aplicável(eis). 
 
Preceito Primário + Preceito Secundário: 
 
Descreve 
Conduta + Sanção 
Abstrato 
 
 Normas Penais não-Incriminadoras: subdivide-se em explicativa ou 
complementar, quando fornece parâmetros para a aplicação de outras 
normas (ex.: o conceito de funcionário público para fins penais do art. 
327 do CP), e permissiva, quando aumenta o âmbito de licitude da 
conduta (e, a contrario sensu, restringe o direito de punir do Estado), ou 
seja: 
 
a. Explicativa = dar correta aplicação a norma 
b. Complementares = fornece princípio para a aplicação da lei 
penal 
 Permissivas = torna licita determinada conduta 
 i. Justificantes = afastar a ilicitude 
 ii. Exculpantes = afastrar a culpabilidade 
 
 Normas Penais em Branco: Trata-se da lei cujo preceito primário é 
incompleto, embora o preceito secundário seja determinado. Tal lei tem 
de ser completada por outra, já existente ou futura, da mesma hierarquia 
ou de hierarquia inferior. Neste sentido podemos classificar a Norma 
Penal em Branco como: 
 
1. Homogêneas – em sentido lato: aquela cujo complemento se 
encontra descrito numa fonte formal da mesma hierarquia da 
norma incriminadora, ou seja, quando o complemento também 
está previsto numa lei ordinária (ou outra espécie normativa 
equivalente). 
 
a. Homovitelina = a complementação é do mesmo ramo, 
ou seja, uma lei penal complementada por outra lei penal. 
 
b. Heterovitelina = a complementação é de ramo 
diferente, ou seja, uma lei penal complementada por outra 
lei civil. Ex.: art. 237 do CP (―Contrair casamento, 
conhecendo a existência de impedimento que lhe cause a 
nulidade absoluta‖), cujo complemento se encontra no 
Código Civil, o qual enumera as causas de nulidade do 
matrimônio nos arts. 1.521, 1.517, 1.523 e 1.550. 
 
2. Heterogêneas – em sentido estrito: é aquela cujo 
complemento está descrito em fonte formal distinta daquela do 
tipo penal incriminador. Ex.: Lei n. 11.343/2006, art. 33 (tráfico 
ilícito de drogas), que não indica quais são as ―drogas ilícitas‖, 
delegando tal função a normas administrativas (portarias da 
ANVISA); com efeito, o art. 1º, parágrafo único, desta Lei dispõe 
que: ―... consideram-se como drogas as substâncias ou os 
produtos capazes de causar dependência, assim especificados 
em lei ou relacionados em listas atualizadas periodicamente pelo 
Poder Executivo da União‖. 
 
 Normas Penais Incompletas ou Imperfeitas ou Norma Penal em 
Branco Inversa: para saber a sanção imposta (preceito secundário) o 
legislador remete a outro texto de lei. Ex.: art. 304 do CP ― Fazer uso de 
qualquer dos papéis falsificados ou alterados, a que se referem os arts. 
297 a 302. Pena – a cominada à falsificação ou à alteração. 
 
Conflito Aparente das Normas (Cap. 3 do Livro Didático) 
Um mesmo fato concreto não pode ser enquadrado em vários tipos penais, sob 
pena de afronta ao princípio do ne bis in idem. Portanto, se aparentemente 
ocorrer a incidência de mais de um tipo penal a um mesmo fato, caberá ao 
intérprete, socorrendo-se dos princípios da especialidade, consunção, 
subsidiariedade ou alternatividade, resolver o conflito, apontando o correto 
enquadramento. 
Princípios Solucionadores de Conflitos de Normas 
A) Princípio da Especialidade: a lei especial prevalece sobre a lei geral, a 
qual deixa de incidir sobre a hipótese, ou seja, a norma especial afasta a norma 
geral. 
Dá-se quando existir, entre as duas normas aparentemente incidentes sobre o 
mesmo fato, uma relação de gênero e espécie. Será especial e, portanto, 
prevalecerá a norma que contiver todos os elementos de outra (a geral), além 
de mais alguns, de natureza subjetiva ou objetiva, considerados 
especializantes. 
Ex.: Contrabando x Tráfico internacional de drogas (Especial prevalece); 
Homicídio x Infanticídio (onde a vítima é o próprio filho) (Especial prevalece); 
 
B) Princípio da Subsidiariedade (soldado reserva): A relação de 
subsidiariedade pressupõe que haja entre as normas aparentemente aplicáveis 
uma relação de conteúdo a continente. Há uma norma mais ampla (norma 
primária), porque descreve um grau maior de violação ao bem jurídico, e uma 
norma menos ampla (norma subsidiária), pois descreve um grau inferior de 
violação a esse mesmo bem. A diferença que existe entre especialidade e 
subsidiariedade é que, nesta, ao contrário do que ocorre naquela, os fatos 
previstos em uma e outra norma não estão em relação de espécie e gênero, e 
se a pena do tipo principal (sempre mais grave que a do tipo subsidiário) é 
excluída por qualquer causa, a pena do tipo subsidiário pode apresentar-se 
como ‗soldado de reserva‘ e aplicar-se pelo residuum. A norma aplicável será 
sempre a que previr o maior grau de violação (lei primária). Assim, por 
exemplo, o crime de estupro (art. 213 do CP) contém o de constrangimento 
ilegal (art. 146 do CP). Se alguém constrange mulher à conjunção carnal, 
haverá estupro. Há duas espécies de subsidiariedade: 
1ª) expressa: se a norma expressamente declarar que só terá aplicação ―se o 
fato não constituir crime mais grave‖ (a norma se autoproclama ―soldado de 
reserva‖) — Ex.: art. 132 do CP; 
2ª) tácita: verifica-se quando o crime definido por uma norma é elemento ou 
circunstância legal de outro crime — ex.: art. 304 do CTB (omissão de socorro 
em acidente de trânsito) em relação ao homicídio culposo na direção de veículo 
automotor, qualificado pela omissão de socorro (art. 302 c/c o art. 303, 
parágrafo único, do CTB). 
Ex.: Art. 146 CP 
Resumindo: A norma principal mais forte afasta a norma subsdiária mais fraca. 
C) Princípio da Consunção (peixão engole o peixinho): o fato maior (salvo 
raras exeções) absorve, consome o fato menor, de modo que sobra a norma 
que o regula. Imprescindível que tudo esteja dentro do mesmo contexto, ou 
seja, o crime fim absorve o crime meio. 
Ex.: O homicídio absorve as lesões leves, que absorvem as vias de fato. No 
final só resta o maior, o homicídio; 
Ex.: Porte ilegal, disparo de arma de fogo e homicídio doloso. Se tudo 
aconteceu no mesmo contexto, o homicídio absorve tudo. 
D) Princípio da alternatividade: este princípio tem lugar nas infrações penais 
de ação múltipla ou conteúdo variado, que são aqueles tipos penais que 
possuem diversos núcleos (verbos), separados pela conjunção alternativa ―ou‖. 
Quando alguém pratica mais de um verbo do mesmo tipo penal, num mesmo 
contexto fático, só responde por um crime (e não pelo mesmo crime mais de 
uma vez). 
Ex.: a) aquele que expõe à venda e, emseguida, vende substância 
entorpecente pratica um só crime de tráfi co ilícito de entorpecentes (Lei n. 
11.343/2006, art. 33); 
b) quem induz e instiga outrem a se suicidar, vindo a vítima a falecer, incorre 
uma só vez no delito de auxílio ao suicídio (art. 122 do CP). 
Anote-se, entretanto, que em tais casos o juiz deve considerar a incursão em 
mais de uma ação nuclear na dosagem da pena, de modo a exacerbar a 
sanção imposta ao agente. 
Resumindo: A prática de mais de uma conduta em um só contexto, configura 
um só crime. 
 
Aula 4 
 
Validade e Eficácia da Lei Penal no Tempo e no Espaço (Cap. 4 do Livro 
Didático) 
 
Conflito de Leis Penais no Tempo 
Quando várias leis penais que tratam do mesmo assunto de modo distinto se 
sucedem no tempo, deve o intérprete definir qual delas será aplicada ao fato. A 
regra é que a lei que deve ser aplicada é a vigente ao tempo da prática do fato 
criminoso, de acordo com o princípio do tempus regit actum. Contudo, existem 
exceções e elas se dividem em retroatividade (aplicação da lei a fatos 
cometidos antes da sua vigência quando for mais benéfica) e ultra-atividade (a 
lei penal revogada pode ser aplicada após sua revogação, quando o ilícito 
praticado durante a sua vigência for sucedido por lei mais severa). 
 
Hipotese Prática Significado Solução 
Novatio Legis 
Incriminadora 
Lei posterior incrimina conduta 
que era lícita (cria um novo 
crime) 
Irretroatividade 
Abolitio Criminis 
Lei posterior discriminaliza 
condutas, tornando-as atípicas 
Retroatividade 
Novatio Legis in 
pejus 
Lei posterior, mantendo a 
incriminação do fato, torna mais 
grave a situação do réu (ex.: 
aumenta a pena cominada ao 
crime) 
Irretroatividade 
Novatio Legis in 
mellius 
Lei posterior, sem suprimir a 
incriminação do fato, beneficia 
de algum modo a situação do 
agente (ex.: diminui a pena 
cominada ao crime) 
Retroatividade 
 
Em suma, a lei penal mais benéfica retroage para atingir os fatos passados 
(retroatividade) e a lei revogada será aplicada aos fatos cometidos durante a 
sua vigência mesmo quando não estiver mais em vigor e a conduta for 
regulamentada por lei mais severa (ultra-atividade). 
 
Leis Excepcionais ou Temporárias: De acordo com o art. 3º do CP, ―A lei 
excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou 
cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado 
durante sua vigência‖. É considerada excepcional a lei elaborada para incidir 
sobre fatos havidos somente durante determinadas circunstâncias 
excepcionais, como situações de crise social, econômica, guerra, calamidades 
etc. E temporária aquela elaborada com o escopo de incidir sobre fatos 
ocorridos apenas durante certo período de tempo. 
 
Tempo do Crime: O Código Penal adotou a Teoria da Atividade (o momento 
da ação ou omissão) como descrito no seu art. 4º.CP. “Art. 4º Considera-se 
praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o 
momento do resultado” 
Em relação ao tempo do crime podemos classificá-los quanto a sua 
duração do momento consumativo em: 
1. Instantâneo: a consumação ocorre em um só instante. Ex.: Estupro; 
furto; roubo. 
2. Permanente: o momento consumativo se prolonga no tempo por 
vontade do agente. Ex.: Crime de seqüestro; extorsão mediante 
seqüestro; associação criminosa 
3. Instantâneos de efeitos permanentes: a consumação se dá em 
determinado tempo, porém seus efeitos são permanentes. Ex.: 
Homicídio. 
Princípio da Territorialidade da lei penal (CP, art. 5º): Dá-se o fenômeno da 
territorialidade quando a lei penal se aplica ao fato cometido dentro do território 
nacional. Conforme dispõe o art. 5º do CP, a lei penal brasileira aplica-se em 
todo o território nacional, ressalvado o disposto em tratados, convenções ou 
regras de direito internacional. Trata-se do princípio da territorialidade 
temperada ou mitigada. Por território, no sentido jurídico, deve-se compreender 
todo o espaço em que o Brasil exerce sua soberania, que abrange: 
a) os limites compreendidos pelas fronteiras nacionais; 
b) o mar territorial brasileiro (faixa que compreende o espaço de 12 milhas 
contadas da faixa litorânea média — art. 1º da Lei n. 8.617/93); 
c) todo o espaço aéreo subjacente ao nosso território físico e ao mar territorial 
nacional (princípio da absoluta soberania do país subjacente — Código 
Brasileiro de Aeronáutica, art. 11, e Lei n. 8.617/93, art. 2º); 
d) as aeronaves e embarcações: — brasileiras privadas, em qualquer lugar que 
se encontrem, salvo em mar territorial estrangeiro ou sobrevoando território 
estrangeiro; — brasileiras públicas, onde quer que se encontrem; — 
estrangeiras privadas, no mar territorial brasileiro. 
Como se viu inicialmente há crimes que, embora praticados dentro do território 
nacional, não se sujeitam à lei brasileira (em função de ressalvas previstas em 
tratados ou convenções internacionais): isso se dá nos casos de imunidade 
diplomática. Note-se que a embaixada de um país no Brasil não é considerada 
território estrangeiro, de modo que, se um crime ali for praticado, a ele será 
aplicável a nossa lei, a não ser que ocorra um caso de imunidade diplomática. 
 
Resumindo EXTENSÃO DO CONCEITO DE TERRITÓRIO: 
 Embarcação ou aeronave pública: aplica a lei brasileira onde quer que 
se encontre 
 Embarcação ou aeronave particular: aplica a lei brasileira apenas em 
águas internacionais 
 
A Lei Penal no Espaço (Lugar do Crime): O CP definiu no art. 6º - Considera-
se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou 
em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir se o resultado, 
adotando a Teoria da Ubiquidade (ou mista), segundo a qual o crime se 
considera praticado tanto no lugar da conduta, quanto naquele em que se 
produziu ou deveria produzir-se o resultado. A preocupação do legislador foi 
estabelecer quais crimes podem ser considerados como ocorridos no Brasil e, 
por via de consequência, as quais delitos se aplicam a lei penal brasileira. A 
regra em estudo só terá relevância nos chamados crimes a distância ou de 
espaço, que são aqueles cuja execução se inicia no território de um país e a 
consumação se dá ou deveria dar-se em outro. Imagine a hipótese de um 
agente iniciar a execução de um crime na Argentina, visando produzir o 
resultado no Brasil, ou o inverso. Em ambos os casos, os delitos serão 
considerados como ocorridos em território nacional, de modo que a lei penal 
brasileira a eles se aplicaria. Como dizia Hungria, basta que o crime tenha 
―tocado‖ o território nacional para que nossa lei seja aplicável. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Aula 6 
 
Classificação de Crime Quanto à Conduta 
1) Crimes Comissivos (Ação) – No tipo comissivo o tipo penal traz em 
seu núcleo (verbo) uma ação, um fazer e o agente é punido 
justamente porque praticou uma conduta ativa (uma ação) quando o 
Estado queria que ele não praticasse 
2)Crimes Omissivos: 
 a)Crime Omissivo Próprio: o tipo penal traz em seu núcleo uma 
inatividade e uma omissão, e o agente é punido porque ele deixou de 
fazer o que o Estado esperava que ele fizesse. 
Ex.: Art. 135 CP – deixar de prestar assistência ou socorro; Art. 269 CP 
– deixar o médico de denunciar doença 
 b)Crime Omissivo Impróprio ou COMISSIVO POR OMISSÃO: o 
tipo penal é comissivo e o agente não pratica a ação, mas é punido por 
sua omissão como se tivesse praticado a ação, ou seja, responde pelo 
resultado que não impediu, desde que esteja na posição de agente 
garantidor (possa e deva agir) nos termos do Art. 13, §2º, CP. 
Nos crimes omissivos impróprios o dolo estará presente desdeque o 
Agente Garantidor tenha consciência de que devia e podia agir, 
querendo se omitir, restando culpa para as hipóteses de erro onde se 
manifesta a falta de dever de cuidado. 
Ex.: Dolo – Salva Vidas que deixa afogando morrer. Independente que 
querer ou não a morte do afogando, será doloso. 
Culpa – Erro na apreciação da situação fática que deixa o filho na 
piscina se afogando, achando que este está apenas brincando. 
Aula 7 
A responsabilidade penal exige a subjetividade da conduta. Dolo e Culpa 
são elementos subjetivos da conduta. Sem Dolo ou Culpa não há crime. 
Dolo – É a consciência e a vontade de realizar um fato que, por acaso, se 
encontra descrito em um tipo penal. 
É Natural (sem valoração = não se julga o querer, mas sim o porque se quis) = 
vontade + consciência 
Espécies de Dolo: 
 Direto – Art. 18, I, 1ª parte – Teoria da Vontade: 
i) 1º grau – fim proposto e meios escolhidos 
ii) 2º grau – efeitos colaterais, das conseqüências necessárias 
 
Ex.: Quero matar o passageiro A que está em um vôo, então, coloco 
uma bomba no avião. Em relação ao passageiro A, teremos dolo de 1º 
grau, e em relação aos demais passageiros dolo de 2º grau. 
 
 Indireto: Eventual (tô nem ai) e Alternativo (tanto faz) 
 
 Dolo Indireto Alternativo = É o “tanto faz”. É muito difícil de 
acontecer. 
Ex.: Ao atirar em uma pessoa, a pessoa não se importa com o resultado 
que irá causar, se irá matar ou apenas causar uma lesão. 
Na letra da lei não há distinção de Dolo Direto ou Indireto. Influencia na 
dosimetria da pena 
Dolo Eventual – Art. 18, I, 2ª Parte – Teoria do Assentimento ou 
Consentimento. É o “tô nem ai” = Previsão (tem contornos definidos) + 
Assumiu o risco (tô nem ai) – É um ―Excesso Excessivo‖, pois não é 
qualquer excesso que vai levar ao dolo eventual. “Querer eu não quero, 
mas se acontecer, dane-se” 
Ex.: Roleta Russa; Racha. 
Não se importar com o resultado = Assumir o risco 
 
 Dolo Eventual x Culpa Consciente - Na culpa consciente, em que 
pese haja também, a previsão, o agente acredita que as suas 
habilidades irão impedir o resultado, não aceitando o resultado. 
 
Ex.: de Culpa Consciente = Piloto do avião que transportou o time da 
Chapecoense. Diante da previsão do resultado, o piloto acreditava que 
suas habilidades iriam impedir o resultado. 
 
Ex.: Atirador de Facas. 
 
 Dolo Geral – dolo da primeira conduta abraça o dolo da segunda. É o 
que ocorre na aberratio causae / erro que recai sobre o nexo causal. 
 
CULPA - É a inobservância de um dever de cuidado manifestada na produção 
de um resultado não querido, porém, objetivamente previsível. Todavia, só há 
crime culposo quando expressamente previsto em lei! É o tipo aberto. Não teria 
como o legislador descrever todas as formas culposas de crime. É preciso a 
comparação para verificar se ocorreu ou não a culpa, logo: 
A CULPA é normativa. Precisa ser valorada (comparada com o “homem 
médio”). 
Elementos do Crime Culposo: 
 Conduta 
 Falta do dever de cuidado objetivo, manifestado pela espécie de culpa 
(Negligência / Imprudência / Imperícia) 
 Previsibilidade (objetiva e/ou subjetiva – divergência doutrinária) 
 Resultado não adquirido nem assumido pelo agente 
 Nexo de causalidade 
 Tipicidade, pois conforme § U do art. 18 – o crime culposo é exceção 
 
 
 
 
 
Espécies de Culpa: 
 
 Culpa inconsciente (apenas previsibilidade) e consciente (previsão) 
 
Culpa Imprópria ou por equiparação – ocorre nas descriminantes 
putativas (art. 20, § 1º do CP), onde o agente, por erro evitável pelas 
circunstâncias dá causa ao resultado por dolo, mas responde por culpa, 
se o crime admitir a forma culposa, ou seja, o agente age com dolo, mas 
é punido por culpa. 
 
Ex.: Pai que atira no filho, pensando que atira em legitima defesa. Ao 
atirar, temdolo, mas vai ser punido por homicídio culposo. 
 
A impropriedade é agir com dolo e ser punido por culpa. Exclui a 
Culpabilidade dolosa. 
 
 Culpa Imediata ou Direta – A conduta gera diretamente o resultado. 
 
 Culpa mediata ou Culpa Indireta (Não é admitida no direito 
brasileiro) – Desdobramento de um fato culposo, mão impões pena ao 
agente. 
 
Ex.: A atropela B. C sai em socorro de B e é atropelado por D. A apenas 
responderá pelo atropelamento de B e não pelo de C. 
 
CRIME PRETERDOLOSO 
Espécie de crime qualificado pelo resultado, sendo um único crime. O agente 
quer praticar um crime, mas acaba excedendo-se e produzindo culposamente 
um resultado mais grave do que o desejado. 
DOLO (Antecedente) + CULPA (Consequente – resultado mais grave / não 
planejado) 
Ex.: Lesão – Aborto (Art. 129 § 2º Inciso V) 
 Lesão – Morte (Art. 129, § 3º) 
 Tortura – Morte (Lei 9.455/97)

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