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FILOSOFIA DA CIENCIA AULA DE 1 À 10

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FILOSOFIA DA CIENCIA
NEOTONISMO
Introdução
O Neotomismo é uma corrente filosófica que resgata à filosofia de São Tomás de Aquino (século XIII) trazendo-a para os dias atuais, lê-se final do século XIX e início do XX. Podemos dizer que há duas respostas importantes que veiculam o Neotomismo ao Serviço Social: uma de caráter histórico, visto que a profissão (mesmo que ainda incipiente) nasce na seara da Igreja Católica atrelada à doutrina social da Igreja, na qual o respeito à pessoa humana torna-se primordial como forma de dar conta de um projeto societário justo que contemplasse a pessoa humana em sua dignidade. Num segundo momento podemos nos reportar ao fundamento epistemológico do Neotomismo que guarda um princípio metafísico decisivo para compreender a maneira como os primeiros assistentes sociais compreenderam a questão social.
O Neotomismo é uma corrente filosófica que resgata à filosofia de São Tomás de Aquino (século XIII) trazendo-a para os dias atuais. 
Podemos dizer que há duas respostas importantes que veiculam o Neotomismo ao Serviço Social: uma de caráter histórico, visto que a profissão (mesmo que ainda incipiente) nasce na seara da Igreja Católica atrelada à doutrina social da Igreja, na qual o respeito à pessoa humana torna-se primordial como forma de dar conta de um projeto societário justo que contemplasse a pessoa humana em sua dignidade.
Num segundo momento podemos nos reportar ao fundamento epistemológico do Neotomismo que guarda um princípio metafísico decisivo para compreender a maneira como os primeiros assistentes sociais compreenderam a questão social.
O século XIII é a era da Teologia escolástica propriamente dita e um de seus expoentes máximos é São Tomás de Aquino (1225-1274), dominicano italiano, discípulo de Santo Alberto Magno, considerado uma das figuras máximas de teologia católica, ao lado Santo Agostinho. 
Leitor de Aristóteles, o Doctor Angelicus distinguia razão e fé demonstrando que deveria haver concordância entre as duas.
TOMISMO
O movimento tomista, assim como outros movimentos escolásticos advindos de filósofos importantes do mesmo período, pretendiam recompor o abismo criado pela filosofia moderna entre a razão e a fé. Tais movimentos, em especial, a retomada ao tomismo fizeram surgir um novo tomismo com força suficiente para garantir a união das novas tendências científicas e filosóficas com a fé. O objetivo é se opor ao racionalismo e ao empirismo vigentes em todos os campos, inclusive o científico. O texto mais significativo é a encíclica papal Aeterni Patris (1879) de Leão XIII. A encíclica Aeterni Patris é um marco de renovação da filosofia tomista no século XIX.
São Tomás de Aquino
São Tomás, fundamentando-se em Aristóteles (trazidos pelos árabes), utilizou o instrumento necessário “para a sua especulação teológica, e nos legou a verdadeira Filosofia. Nele, o filósofo nasceu do teólogo, mas nem por isso a sua Filosofia confundiu-se com a Teologia. Respeitando sempre o objeto formal daquela ciência, S. Tomás fez que ela servisse a esta, conservando a sua independência própria. S. Tomás foi também filósofo, e é lícito dizer que há uma filosofia Tomista”. 
(MOURA, Odilão. Prefácio à Tradução do Compêndio de Teologia. 2ª ed. Porto Alegre: EDIPUCRS, 1996. pp. 19 e 20).
Problematizando...
Um primeiro questionamento que você pode ter é:
Por que começamos a primeira aula da disciplina de Filosofia da Ciência falando sobre uma corrente filosófica veiculada à Igreja Católica? 
Explicando como conciliar Teologia e Filosofia? 
O que a Ciência tem haver com a teologia?
Por que começamos a primeira aula da disciplina de Filosofia da Ciência falando sobre uma corrente filosófica veiculada à Igreja Católica? 
Explicando como conciliar Teologia e Filosofia? 
Problematizando...
Podemos dizer que há duas respostas importantes que veiculam o Neotomismo ao Serviço Social:
Caráter histórico
Uma de caráter histórico, visto que a profissão (mesmo que ainda incipiente) nasce na seara da Igreja Católica atrelada à doutrina social da Igreja, na qual o respeito à pessoa humana torna-se primordial como forma de dar conta de um projeto societário justo que contemplasse a pessoa humana em sua dignidade.
Fundamento epistemológico do Neotomismo
Num segundo momento podemos nos reportar ao fundamento epistemológico do Neotomismo que guarda um princípio metafísico decisivo para compreender a maneira como os primeiros assistentes sociais compreenderam a questão social.
O humanismo cristão de Jacques Maritain
Como herdeiros da modernidade, vimos no século XVII com Descartes a separação entre a teologia e a filosofia, tendo esta última supremacia sobre a primeira.  A contrapartida dos filósofos católicos, devidamente amparados pela Igreja Católica e pelas Encíclipas papais, rechaçavam esses “tempos modernos”, tanto a partir do tomismo quanto do neotomismo (retomada em fins do século XIX do pensamento tomista por Jacques Maritain na França e pelo Cardeal Mercier na Bélgica) demonstrando que o Verdade Cristã está apenas acima do intelecto e não contra ele.
POSITIVISMO
Introdução
O termo positivismo é um conceito que possui muitos significados. No contexto da disciplina, é dado destaque ao significado extraído de Augusto Comte. Sob o nome desse autor, representa corrente que visa a reforma da sociedade e de seus valores a partir da compreensão do desenvolvimento do conhecimento científico. A ciência apresenta-se como o estado mais evoluído do desenvolvimento da inteligência humana e deve guiar a formação da nova sociedade. Os saberes que, de acordo com essa posição, já alcançaram o estado científico encontram-se classificados e relacionados por uma hierarquia. Tais características são determinantes para entender a corrente filosófica do século XIX, fundada pelo francês Augusto Comte, no que tange a reação à filosofia especulativa, em especial, representada pelo idealismo clássico alemão. É necessário lembrar que a filosofia é um saber que se caracteriza pelo chamado caráter crítico, desde sua emergência na Grécia com os primeiros filósofos. Tanto a filosofia como a ciência nascem sob tal característica que assume uma dimensão importante: a interlocução. Não basta saber ler o autor, entendê-lo em sua especificidade, em seu domínio teórico, mas conhecer a quem ele se dirige. Assim, ao rejeitar a filosofia especulativa dos idealistas alemães, como Fichte, Schelling, Kant e Hegel, Augusto Comte exalta os fatos tem como intuito de demonstrar como a realidade pode ser conhecida. O termo positivo guarda acepção e evidencia o fato de que o conhecimento humano só é capaz de conhecer algo que possa ser conhecido, e não as causas últimas ou primeiras das coisas como na metafísica.
O termo positivismo
O termo positivismo é um conceito que possui muitos significados. No contexto da disciplina, é dado destaque ao significado extraído de Augusto Comte. Sob o nome desse autor, representa corrente que visa a reforma da sociedade e de seus valores a partir da compreensão do desenvolvimento do conhecimento científico. A ciência apresenta-se como o estado mais evoluído do desenvolvimento da inteligência humana e deve guiar a formação da nova sociedade. Os saberes que, de acordo com essa posição, já alcançaram o estado científico encontram-se classificados e relacionados por uma hierarquia. 
Tais características são determinantes para entender a corrente filosófica do século XIX, fundada pelo francês Augusto Comte, no que tange a reação à filosofia especulativa, em especial, representada pelo idealismo clássico alemão.
É necessário lembrar que a filosofia é um saber que se caracteriza pelo chamado caráter crítico, desde sua emergência na Grécia com os primeiros filósofos. Tanto a filosofia como a ciência nascem sob tal característica que assume uma dimensão importante: a interlocução.
Não basta saber ler o autor, entendê-lo em sua especificidade, em seu domínio teórico, mas conhecer a quem ele se dirige. Assim, ao rejeitar a filosofiaespeculativa dos idealistas alemães, como Fichte, Schelling, Kant e Hegel, Augusto Comte exalta os fatos tem como intuito de demonstrar como a realidade pode ser conhecida. O termo positivo guarda acepção e evidencia o fato de que o conhecimento humano só é capaz de conhecer algo que possa ser conhecido, e não as causas últimas ou primeiras das coisas como na metafísica.
Há motivos presentes no criticismo de Kant, que favoreceram ao 
positivismo. Ao publicar a Crítica da razão pura, lançou barreiras às pretensões da metafísica. Em reduzindo os universais a uma validade apriorística, meramente formal, no recinto do entendimento, nada mais resta de verdadeiramente apreciável na filosofia racionalista. O positivismo deu mais um passo, reduzindo o conhecimento ao experimentável, o que na prática significa uma consideração das relações extrínsecas entre as coisas, sem que estas relações possam ser consideradas intrinsecamente, como nas ciências positivas.
O positivismo é um rótulo novo, para uma nova fase de desenvolvimento 
do empirismo. Nasceu o nome em 1830 na Escola do socialista utópico Saint-Simon (1760-1825), e ganhou fortuna com Augusto Comte, o pensador protótipo do movimento, sobretudo na França. Derivado do latim positum, significa descritivamente o que se observa, ou experimenta.
O progresso das ciências experimentais prestigiou o positivismo. Lavoisier 
(1743-1793) desenvolvera a química; Bichat (1771-1802) fizera progredir a biologia; descobrem-se argumentos para o evolucionismo das espécies vivas, com o resultado de uma nova mundivisão, que espantava aos teólogos tradicionais; os astros são vistos a girar num céu cada vez menos sacral; o desenvolvimento das ciências sociais à base da observação dos fatos reduziu a situações meramente culturais estruturas anteriormente consideradas naturais. Estes e outros aspectos da modernidade vieram criar um clima favorável ao positivismo, que portanto desenvoltamente proclamou a importância dos métodos experimentais e advertiu para as limitações da filosofia racionalista, sobretudo da racionalista de ideias de todo autônomas da experiência”.
Buscar a explicação dos fenômenos através das relações dos mesmos e a exaltação da observação dos fatos faz com que o positivismo não aceite outra realidade que não sejam os fatos, assim “a busca da explicação dos fenômenos através das relações dos mesmos e a exaltação da observação dos fatos, mas resulta que para ligar os fatos existe “necessidade de uma teoria”. Não sendo assim, acredita que seja impossível que os fatos sejam percebidos.
“Desde Bacon se repete que são reais os conhecimentos que repousam sobre fatos observados, mas para entregar-se à observação nosso espírito precisa de uma teoria” (TRIVIÑOS, A. N. S. Introdução à pesquisa em ciências sociais: a pesquisa qualitativa em educação. São Paulo: Atlas, 1987, p. 34).
Método e atitude positivistas
á uma preocupação em conhecer as leis de funcionamento da Natureza (estende-se no Curso de filosofia positiva, inclusive a biologia, a patologia), mesmo que não haja necessariamente uma utilização prática. A demanda de caráter intelectual visa submeter a imaginação à observação, tendo como telos (objetivo) uma ciência que fosse capaz de prever, assim como um verdadeiro espírito positivo.
O método a ser utilizado para tal conhecimento postula leis invariáveis, assim como os das Ciências Naturais, assim como a atitude positivista consiste em descobrir as relações entre as coisas e não as causas dos fenômenos.
 As estratégias como questionários, escalas de atitudes, escalas de opinião, tipos de amostragem etc. e a estatística produziam as relações entre os fatos de forma a dar coerência a eles que eram serem observados de forma imediata pela experiência.
Para ler Comte
Para compreender Comte é preciso ver que ele está imerso numa sociedade profundamente marcada (abalada) pela Revolução Francesa.
A visão conservadora tem a intenção de fundar “o novo pacto entre a filosofia e a ordem social, num período de contra-revolução”. (VERDENAL, René. La Filosofía Positiva de Auguste COMTE. In: CHÂTELET, François. Historia de la Filosofía: Ideas, Doctrinas. Tomo III. Madrid, Espasa-Calpe, 1976, p. 117).
OQUE SERIA A ORDEM PARA COMTE
Nenhum grande progresso poderá efetivamente realizar-se se não tender em última instância para a evidente consolidação da ordem” (Política postiva, IV, p.17)
Há a apreensão de uma ordem também no sentido moral que faz com que Comte seja um autor muito estigmatizado no século XX, principalmente quando vai da sociologia à religião, fundando uma nova religião na qual é o sumo sacerdote.
A sociologia ou física social
“A ciência a que todas as ciências estão subordinadas, como ao seu fim último, é a sociologia. O escopo desta ciência é o de "perceber nitidamente o sistema geral das operações sucessivas, filosóficas e políticas, que devem libertar a sociedade da sua fatal tendência para a dissolução iminente e conduzi-Ia diretamente para uma nova organização, mais progressiva e mais sólida do que a que repousava na filosofia teológica" (Phil. pos., IV, p. 7). Para tal fim, a filosofia deve constituir-se da mesma forma que as demais disciplinas positivas e conceber os fenômenos sociais como sujeitos a leis naturais que tornem possível a previsão deles, pelo menos dentro dos limites compatíveis com a sua complexidade superior.
A sociologia, ou física social, é dividida por Comte em estática social e dinâmica social, correspondentes aos dois conceitos fundamentais em que ela se funda, os de ordem e do progresso. A estática social põe em luz a relação necessária, o "consenso universal", que existe entre as várias partes do sistema social. Assim, entre o regime político e o estado correspondente da civilização humana há uma relação necessária, pela qual um determinado regime, embora estando de acordo com a fase correspondente da civilização, se torna inadequado para unir a fase diversa e subsequente.
A ideia fundamental da dinâmica social é, pelo contrário, a do progresso, isto é, do desenvolvimento continuo e gradual da humanidade. Segundo a noção do progresso, cada um dos estados sociais consecutivos é o "resultado necessário do precedente e o motor indispensável do seguinte, segundo o luminoso axioma do grande Leibniz: “o presente está grávido do futuro". A ideia do progresso tem para a sociologia uma importância ainda maior do que a que tem a ideia da série individual das idades para a biologia. Ela explica também a aparição dos homens de gênio, desses homens a que Hegel chamava "indivíduos da história cósmica"; e a explicação de Comte é análoga à de Hegel. Os homens de gênio não são mais que os órgãos próprios do movimento predeterminado, o qual, se esses gênios porventura não surgissem, teria aberto outras vias.
O progresso realiza um aperfeiçoamento incessante, embora não ilimitado, do gênero humano; e este aperfeiçoamento assinala "a preponderância crescente das tendências mais nobres da nossa natureza" (Ib., p. 308). Mas este aperfeiçoamento não implica que uma qualquer fase da história humana seja imperfeita ou inferior às outras. Para Comte, como para Hegel, a história é sempre, em todos os seus momentos, tudo o que deve ser. "Dado que o aperfeiçoamento efetivo resulta sobretudo do desenvolvimento da humanidade, como poderia isso não ser essencialmente, em cada época, o que podia ser segundo o conjunto da situação" (Phil. pos., IV, p. 311). Comte afirma que, sem esta plenitude de cada época da história com relação a si mesma, a história seria incompreensível. E tão-pouco hesita em restabelecer na história o conceito de causa final. Os eventos da história são necessários no duplo significado do termo: no sentido de que nela é inevitável o que se manifesta primeiro como impensável, e reciprocamente. É este um modo igualmente eficaz de exprimir a identidade hegeliana entre o racional e o real. E Comte cita a este propósito "o belo aforismo político do ilustre de Maístre: tudo o que é necessário existe".
É fácilde ver como deste ponto de vista o futuro regime sociológico parece a Comte inevitável porque racionalmente necessário. Neste regime, a liberdade de investigação e de critica será abolida. "Historicamente considerado, diz Comte (Ib., p. 39), o dogma do direito universal, absoluto e indefinido de exame é apenas a consagração, sob a forma viciosamente abstracta, comum a todas as concepções metafísicas, do estado passageiro da liberdade ilimitada, no qual o espírito humano foi espontaneamente colocado por uma consequência necessária da irrevogável decadência da filosofia teológica e que deve durar naturalmente até ao advento social da filosofia positiva". Por outros termos, a liberdade de investigação justifica-se no período de trânsito do absolutismo teológico ao absolutismo sociológico; instaurado este último, será banida por ele, como o foi pelo primeiro.” (Abbagnano, Nicola. História da Filosofia, Primeiro volume, Editorial Presença, 1999. pp.132-4)
Características da Sociologia Comteana
Caracteriza-se como uma “física social”, sendo dividida em estática e dinâmica, correspondentes aos dois conceitos fundamentais em que ela se funda, os de ordem e do progresso;
Abarca todos os homens em todos os tempos;
É uma visão continuista da história que suprime a descontinuidade do presente;
A sociedade estudada são os núcleos permanentes: a propriedade, a família, o trabalho, a pátria e sobretudo, a religião.
A positividade é uma estrutura mental da sociedade.
A Lei dos Três Estados
A ideia-chave do Positivismo comtiano é a Lei dos Três Estados, de acordo com a qual o homem passou e passa por três estágios em suas concepções, isto é, na forma de conceber as suas ideias:
TEOLOGICO
O ser humano explica a realidade apelando para entidades supranaturais 
(os "deuses"), buscando responder a questões como "de onde viemos" e "para onde vamos"; além disso, busca-se o absoluto;
Metafísico
É uma espécie de meio-termo entre a teologia e a positividade. No lugar dos deuses há entidades abstratas para explicar a realidade. Continua-se a procurar responder a questões como "de onde viemos" e "para onde vamos" e procurando o absoluto;
Positivo
Etapa final e definitiva, não se busca mais o "porquê" das coisas, mas sim o "como", com as leis naturais, ou seja, relações constantes de sucessão ou de coexistência. A imaginação subordina-se à observação e busca-se apenas o relativo.
A neutralidade da Ciência
Quando discute o papel da Ciência para assegurar a marcha normal e regular da sociedade industrial, engendra um posicionamento próprio ao espírito positivista: a neutralidade da ciência, que se faz sentir nas Ciências de um modo geral e no entendimento do que chamamos de ciência. A influência Comteana no meio acadêmico e científico Brasileiro é verificável.
Marxismo
Introdução
Antes de falarmos nos conceitos-chaves tratados por Marx e Engels, e com os quais vocês têm se deparado em inúmeras outras disciplinas, é necessário chegar perto do cabedal conceitual de Marx e Engels, sem mediadores. Para tanto, um primeiro começo é contextualizar o seu próprio pensamento em relação à época. Um de seus interlocutores é Hegel, para quem as ideias humanas movem a História e não são (como para Marx) produtos das condições históricas. Além disso, temos também a interlocução com Feuerbach, que fica evidenciada segundo o historiador Nicola Abbagnano, em seu ponto de partida com a reivindicação do homem, do homem existente, na totalidade dos seus aspectos, feita já por Feuerbach: “Engels partilha do entusiasmo que a obra de Feuerbach tinha suscitado nele e em Marx, como em muitos dos jovens hegelianos alemães. "Quem foi que descobriu o mistério do "sistema"? - Feuerbach. Quem negou a dialéctica do conceito, essa guerra dos deuses que só os filósofos conheciam? - Feuerbach. Quem foi que apresentou não "o significado dos homens" - como se o homem pudesse ter outro significado além de ser homem – mas "os homens" no lugar do velho xaile com que se embrulhava a autoconsciência infinita? Feuerbach e só Feuerbach" (Sagrada família, Gesamtausgabe, 111, p. 265).” Apesar de não ter aderido aos aspectos positivos e negativos suscitados por Feuerbach, Marx foi capaz de compreender que não é possível conhecer o homem apelando para a sua interioridade ou para sua consciência numa relação abstrata que trouxesse uma essência que obviamente estaria no âmbito da relação privada, mas era necessário mostrar que o homem é fruto das relações historicamente determinadas pelas formas de trabalho e produção.
Antes de falarmos nos conceitos-chaves tratados por 
Marx e Engels, e com os quais vocês têm se deparado em inúmeras outras disciplinas, é necessário chegar perto do cabedal conceitual de Marx e Engels, sem mediadores. Para tanto, um primeiro começo é contextualizar o seu próprio pensamento em relação à época. Um de seus interlocutores é Hegel, para quem as ideias humanas movem a História e não são (como para Marx) produtos das condições históricas.
A importância do trabalho
Para falarmos sobre a importância fundamental dada por Marx ao trabalho, comecemos pelo modo pelo qual o homem tem seu modo de ser. Sua existência específica, sua capacidade de expressão, de realização de si, produzindo bens materiais está atrelada à produção concomitante com os princípios, ideias e categorias refletidas nas próprias relações sociais que estabelece. A perspectiva ontológica da unidade indissolúvel entre subjetividade e objetividade, presente na atividade matriz da sociabilidade, o trabalho, não descarta nem mesmo o caráter histórico e transitório dessa relação.
Os pontos principais da antropologia de Marx, segundo Abbagnano:
1) Não existe uma essência ou natureza humana em geral.
2) O ser do homem é sempre historicamente condicionado pelas relações em que o homem entra com os outros homens e com a natureza, pelas exigências do trabalho produtivo. 
3) Estas relações condicionam o indivíduo, a pessoa humana existente; mas os indivíduos por sua vez condicionam-se promovendo a sua transformação ou o seu desenvolvimento.
4) O indivíduo humano é um ser social. 
Encontramos alguns comentadores que logram a Marx, a redução da própria sociedade à sua estrutura econômica, sem compreender que “só a estrutura econômica da sociedade tem, propriamente, história. A moda desta história, e portanto da história geral, e é constituída pela relação entre as forças produtivas e as relações de produção (as relações de propriedade)”(Abbagnano).
As relações de produção
O que são os meios de produção e as forças produtivas? 
Os meios de produção são as condições e os instrumentos de trabalho e as forças produtivas, o trabalho.
De que maneira as forças produtivas estão relacionadas com as relações de produção?
Quando as forças produtivas alcançam certo grau de desenvolvimento entram em contradição com as relações de produção existentes, o que acarreta uma estagnação. Entra-se, então, numa época de revolução social. No entanto, uma formação social só se extingue quando se tiverem desenvolvido todas as forças produtivas a que pode dar lugar; as novas relações de produção entram em ação quando se encontram amadurecidas, no seio da velha sociedade, as condições materiais da sua existência.” (Abbagnano)
Então, o que acontece nas relações produtivas?
Nas relações produtivas, e, por conseguinte, na determinação da existência historicamente condicionada, insere-se o homem na sua totalidade, encontramos o conceito da práxis que se realiza em condições históricas dadas e, como sabemos, nas condições postas pela divisão social do trabalho, pelas relações de produção (relação entre meios de produção e forças produtivas), portanto, pela forma da propriedade e pela divisão social das classes. A economia política afirma que o salário corresponde aos custos e ao preço da produção de uma mercadoria. Calcula-se, assim, o que o trabalhador precisa para manter-se e reproduzir-se, deduzindo-se esse montante do custo total da produção e determinandoo salário. Na realidade, porém, não é o que ocorre.
O fenômeno da ideologia
“A ideologia afirma que somos todos cidadãos e, portanto, temos todos os mesmos direitos sociais, econômicos, políticos e culturais. No entanto, sabemos que isso não acontece de fato: as crianças de rua não têm direitos; os idosos não têm direitos; os direitos culturais das crianças nas escolas públicas são inferiores aos das crianças que estão em escolas particulares, pois o ensino não é de mesma qualidade em ambas; os negros e índios são discriminados como inferiores; homossexuais são perseguidos como pervertidos etc.” 
(CHAUI, Marilena. Convite à filosofia. São Paulo: Editora Ática, 2011. p.218.).
O fenômeno da ideologia
A classe dominante tanto tem o poder material quanto o poder espiritual dominante. Assim, assinala Marx como há uma dissimulação da classe dominante em relação à manutenção do status quo.
Conceito de Educação Ambiental
Na obra a Ideologia Alemã de Marx, lemos:
“As idéias da classe dominante são, em cada época, as idéias dominantes, isto é, a classe que é a força material dominante da sociedade é, ao mesmo tempo, sua força espiritual. A classe que tem à sua disposição os meios de produção material dispõe, ao mesmo tempo, dos meios de produção espiritual, o que faz com que a ela sejam submetidas, ao mesmo tempo e em média, as idéias daqueles aos quais faltam os meios de produção espiritual. As idéias dominantes nada mais são do que a expressão ideal das relações materiais dominantes, as relações materiais dominantes concebidas como idéias; portanto, a expressão das relações que tornam uma classe a classe dominante; portanto, as idéias de sua dominação.
Os indivíduos que constituem a classe dominante possuem, entre outras coisas, também consciência e, por isso, pensam. Na medida em que dominam como classe e determinam todo o âmbito de uma época histórica, é evidente que o façam em toda a sua extensão e, consequentemente, entre outras coisas, dominem também como pensadores, como produtores de idéias; que regulem a produção e distribuição das idéias de seu tempo e que suas idéias sejam, por isso mesmo, as idéias dominantes da época”
Althusser, Gramsci, Lukács.
Como havíamos tentado na aula passada ler Marx, conhecê-lo sem mediadores e comentadores, faremos aqui ao contrário, ao mostrarmos explicitamente as abordagens e leituras feitas por Althusser, Gramsci, Lucáks. O caráter interpretativo nos interessa, e muito, nesta aula, como forma de habilitar ao aluno a entrar nas discussões teóricas travadas pelos teóricos brasileiros importantes no campo do Serviço Social no que tange às abordagens marxistas, tanto na apropriação epistemológica do marxismo, portanto na compreensão marxiana de ciência, quanto em preocupações de ordem ideológica que marcam as discussões sobre a práxis do assistente social. Podemos observar nos teóricos brasileiros do Serviço Social e mesmo nas dissertações de mestrado, a preocupação de mapear as influências de cunho marxistas. Compreender os diferentes níveis de apropriação epistemológica advindas desses três pensadores, como volta ao próprio pensamento marxista, é de alguma forma resgatar toda uma preocupação metodológica para identificar no trabalho investigativo, as influências, inclusive no que tange às discussões visando estabelecer uma reflexão crítica do trabalho profissional.
Como havíamos tentado na aula passada ler Marx, conhecê-lo sem mediadores e comentadores, faremos aqui ao contrário, ao mostrarmos explicitamente as abordagens e leituras feitas por Althusser, Gramsci, Lukács.
O caráter interpretativo nos interessa, e muito, nesta aula, como forma de habilitar ao aluno a entrar nas discussões teóricas travadas pelos teóricos brasileiros importantes no campo do Serviço Social no que tange às abordagens marxistas, tanto na apropriação epistemológica do marxismo, portanto na compreensão marxiana de ciência, quanto em preocupações de ordem ideológica que marcam as discussões sobre a práxis do assistente social.
Podemos observar nos teóricos brasileiros do Serviço Social e mesmo nas dissertações de mestrado, a preocupação de mapear as influências de cunho marxistas. 
Compreender os diferentes níveis de apropriação epistemológica advindas desses três pensadores, como volta ao próprio pensamento marxista, é de alguma forma resgatar toda uma preocupação metodológica para identificar no trabalho investigativo, as influências, inclusive no que tange às discussões visando estabelecer uma reflexão crítica do trabalho profissional.
Um exemplo de artigo mencionado para que possam ler na íntegra é de Ester Vaisman, intitulado: ALTHUSSER: IDEOLOGIA E APARELHOS DE ESTADO – VELHAS E NOVAS QUESTÕES, na qual trata da “utilização do critério epistemológico na determinação do fenômeno ideológico”.
Antonio Gramsci
Observa-se que há ao largo de uma interpretação mais restrita marxista, vemos aparecer a figura de Gramsci que, frenquentemente, se torna um interlocutor para sustentar a fundamentação teórica, assim como aconteceu com a proposta curricular da Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social – ABEPSS, de 1996.
Ao tratarmos de epistemologia não podemos nos furtar a considerar questões de cunho teórico-metodológico e ideo-político que permeiam a compreensão do que seja a profissão e a maneira de exercê-la.
O peso teórico-analítico do desvendamento do significado da profissão
Em nenhuma outra profissão, vemos com quão força atrelam-se debates políticos, ideológicos e de cunho epistemológico intrincados no código 
de ética e na lei da regulamentação da profissão.
“O peso teórico-analítico do desvendamento do significado
 da profissão, inaugurado por Iamamoto, em 1982 – em parceria com Carvalho – que esbanja uma sólida e rigorosa postura metodológica comprometida com a perspectiva ontológica de Marx.
Sua análise, mesmo já contabilizando quase trinta anos 
desde a primeira edição, é referência obrigatória para uma compreensão crítica da natureza do Serviço Social, no bojo da produção e reprodução das relações sociais.
E, nesse sentido, vamos recuperar alguns dos seus 
principais achados, recorrendo à elaboração original de 1982, mas também à crítica teórica que Iamamoto (2008) desenvolve de sua própria elaboração, em: “Serviço Social em tempo de capital fetiche.”(SANTOS, J. S. Apropriações da tradição marxista no Serviço Social. 
In Cadernos Especiais n. 42, edição: 22 de janeiro a 19 de fevereiro de 2007.) 
É neste sentido de ethos da profissão que encontramos 
Althusser, como um dos principais pensadores de influência marcante no debate do Serviço Social.
Althusser e Lukács
Sofrendo influência também do cientificismo e do formalismo metodológico (estruturalista) presente no "marxismo" althusseriano, a proposta marxista do Serviço Social nos anos 60/70, posteriormente, se ancora, como nos anos de 1980, 1990 e 2000, em outros pensadores da tradição, crítica como Gramsci.
Além de Lukács , que aparece no horizonte teórico do Serviço Social trazendo um novo tipo de ontologia: propõe a perspectiva do ser social atrelado primordialmente à história como categoria fundamental do ser social.
A contribuição fundamentada pela teoria social crítica
A contribuição fundamentada pela teoria social crítica, na época, possibilitou a transição para outro foco na interpretação da prática profissional do Serviço Social. Essa passa a ser considerada como um dos elementos que constituem o processo de trabalho profissional, assim como o objeto, os meios de trabalho, o produto e a própria atividade do sujeito, que é o trabalho, ou, ainda, a prática profissional.
Sobre Iamamoto e Netto, quando se ressalta em discussões mais recentes que “inexiste qualquer nova questão social”. Considera que, sem a supressão da própria ordem do capital, é inevitável a emergência de novas expressões da questão social. As transformações societárias, que emergem dessa ordem de forma dinâmica “põe e repõe os corolários da exploração, como a cada estágio de seu desenvolvimentoela instaura expressões sócio-humanas diferenciadas e mais complexas, correspondentes a exploração que é a sua razão de ser.” (NETTO, José Paulo. Cinco Notas a Propósito da “Questão Social”. In: Revista da associação brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Sócia - TEMPORALIS. Ano II. Nº 3. Janeiro a Junho de 2001.p. 48)
A pesquisa tem como referencial epistemológico o método dialético de investigação e caracteriza-se como uma pesquisa do tipo qualitativa. Trata-se de um método que permite buscar “a ligação, a unidade e o movimento que engendra os contraditórios, que os opõe, que faz com que se choquem, que os quebra ou que os supera”
 (LEFEBVRE, Henri. Lógica Formal, Lógica Dialética. Tradução: Carlos Nelson Coutinho. 5.ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1991. p.238).
Dois fatores para que a teoria marxiana conseguisse “um lugar ao sol” no interior das ciências sociais por José Carlos Neto 
Neto, que indica dois fatores para que a teoria marxiana conseguisse “um lugar ao sol”, no interior das ciências sociais nas universidades: “De uma parte, a efetiva influência da tradição marxista nos movimentos de libertação nacional e social que se encorpam nos anos 50, assim como sobre os movimentos de massas nos países capitalistas avançados; de outra, a crise das chamadas ciências sociais acadêmicas, que também se põe de manifesto nos centros capitalistas a partir da década de 50”.
Dois fatores para que a teoria marxiana conseguisse “um lugar ao sol” no interior das ciências sociais por José Carlos Neto 
Em primeiro lugar, tratou-se de uma aproximação que se realizou sob exigências teóricas muito reduzidas – as requisições que a comandavam foram de natureza sobretudo ideo-política, donde um cariz fortemente instrumental nessa interlocução.
Em segundo lugar, e decorrentemente, a referência à tradição marxista era muito seletiva e vinha determinada menos pela relevância da sua contribuição crítico-analitíca do que pela sua vinculação a determinadas perspectivas prático-políticas e organizacional-partidárias.
Enfim, a aproximação não se deu às fontes marxianas e/ou aos ‘clássicos’ da tradição marxista, mas especialmente a divulgadores e pela via de manuais de qualidade e níveis discutíveis.
Escola de Frankfurt
“A escola inicialmente consistia de cientistas sociais marxistas dissidentes que acreditavam que alguns dos seguidores de Karl Marx tinham se tornado "papagaios" de uma limitada seleção de ideias de Marx, usualmente em defesa dos ortodoxos partidos comunistas. Entretanto, muitos desses teóricos experimentaram que a tradicional teoria marxista não poderia explicar adequadamente o turbulento e inesperado desenvolvimento de sociedades capitalistas no século vinte”. Esta definição retirada do Google é um bom retrato para delinear as problemáticas que preocupavam os frankfurtianos: Uma dessas problemáticas é a crítica à “indústria cultural”, termo cunhado por Adorno que evidencia tanto uma crítica à cultura quanto à sociedade, do mesmo modo como Marx demonstrou a relação entre a produção material e a reprodução espiritual da sociedade.
“A escola inicialmente consistia de cientistas sociais marxistas dissidentes que acreditavam que alguns dos seguidores de Karl Marx tinham se tornado "papagaios" de uma limitada seleção de ideias de Marx, usualmente em defesa dos ortodoxos partidos comunistas. Entretanto, muitos desses teóricos experimentaram que a tradicional teoria marxista não poderia explicar adequadamente o turbulento e inesperado desenvolvimento de sociedades capitalistas no século vinte”.
Esta definição retirada do Google é um bom retrato para delinear as problemáticas que preocupavam os frankfurtianos.
Alienação
“Etimologicamente a palavra alienação vem do latim alienare, alienas, que significa "que pertence a um outro". E outro é alius. Sob determinado aspecto, alienar é tornar alheio, transferir para outrem o que é seu.
Para Marx, que analisou esse conceito básico, a alienação não é puramente teórica, pois se manifesta na vida real do homem, na maneira pela qual, a partir da divisão do trabalho, o produto do seu trabalho deixa de lhe pertencer. Todo o resto é decorrência disso.” (Aranha)
A Teoria Crítica
A Teoria Crítica caracteriza-se por três grandes momentos:
Os escritos de Adorno, Horkheimer e Marcuse, da década de 30: um período marcado por preocupação acerca da teoria do conhecimento;
Os trabalhos da década de 40, de Horkheimer e Adorno, cuja característica fundamental é o distanciamento da teoria marxista, deixando de lado o tema da luta de classes e a substituição da teoria crítica da economia política pela crítica da civilização técnica, buscando a origem do fenômeno totalitário oriundo do nazismo, não apenas na crise econômica, política e social ou no erro da estratégia das forças de esquerda alemãs, mas no fenômeno metafísico;
A partir da década de 50: período em que as ideias originais da Teoria Crítica são abandonadas e as reflexões frankfurtinianas voltam-se a respeito das tendências no mundo moderno para o totalitarismo, mundo homogêneo, uniforme, sem oposição, que anula os indivíduos, acabano com a sua autonomia e a liberdade de ação na história, nas obras de Marcuse, Adorno e Horkheimer.
A esses três períodos, pode-se acrescentar um 4º, que não se fundamenta apenas no pensamento dos integrantes da Escola de Frankfurt, mas também como um prolongamento que sem desfigurar o perfil teórico da Teoria Crítica, procura, de modo original, resolver e superar certas lacunas deixadas pelos seus fundadores, tendo na figura de Jurgen Habermas, seu principal representante, cuja preocupação central é a reformulação da Teoria Crítica, com o objetivo de suprir essas lacunas.
Para Habermas, a teoria deve ser crítica, engajada nas lutas políticas do presente, e construir-se em nome do futuro revolucionário para o qual trabalha, ou seja, é um exame teórico da ideologia, mas também crítica revolucionária do presente.
Alienação na produção
Vimos no taylorismo como o aumento de produtividade com a economia de tempo, a supressão de gestos desnecessários e comportamentos supérfluos no interior do processo produtivo recai sobre as várias esferas do trabalho humano tendo como fonte a neutralidade e a eficácia da organização. Atrás dessa técnica social de dominação.
A sociedade administrada
Na sociedade da total administração, segundo a expressão de Horkheimer e Adorno, os conflitos existentes foram dissimulados, não havendo oposição porque o homem perdeu sua dimensão de critica. 
Não queremos assumir a posição ingênua da critica gratuita à técnica, mas é preciso preocupar-se com a absolutização do "espírito da técnica" (a razão instrumental, a que já nos referimos). Onde a técnica se torna o principio motor, o homem se encontra mutilado, porque é reduzido ao anonimato, às funções que desempenha, e nunca é um fim, mas sempre meio para qualquer coisa que se acha fora dele.
Serviço Social e o legado da Teoria Crítica
As implicações sobre o fazer profissional do Assistente Social, sob a ótica da Teoria Crítica, pretendem criar estratégias de emancipação desse cenário, já estão historicamente determinado, que evidencia tanto a ciência, quanto à cultura e às relações sociais, diretamente associadas à legitimação da ordem burguesa. Nesse sentido, a chamada “Indústria Cultural” possibilita uma análise macrossocial incidindo sobre as construções sociais. 
Os meios de comunicação estão presentes, inclusive em nosso lazer, e acabam por constituir-se como um meio de opressão e controle social.
Depois de várias aulas falando sobre Marx, sobre os marxistas e as temáticas ligadas ao capitalismo, vemos surgir diante de nós uma temática bem diferente daquela que vimos até agora. Trata-se da Fenomenologia, uma tendência filosófica fundada por Edmund Husserl, no final do século XIX e início do século XX que, sob a influência do pensamento de Immanuel Kant, influenciou as Ciências Sociais, particularmente a Psicologia e o Serviço Social. O que podemos dizer sobre a fenomenologia?Ela é uma abordagem filosófica que também se apresenta como um método de interpretação da realidade. Quando tomamos seu fundador Husserl como parâmetro, vemos aparecer diante de nós que “a discussão entre psicologistas e logicistas naquela época, estava voltada para a divergência quanto ao fundamento teórico que se dava à ciência.”, como bem descreveu a especialista Creusa Capalbo, pois ao defender a necessidade de reconhecer a especificidade da Consciência enquanto fenômeno, dotada de intencionalidade e doadora de sentido ao mundo, a Fenomenologia tem como desafio descrever, compreender e interpretar os atos constituintes da consciência e dos seus correlatos objetos. Para tanto, faz-se necessário contextualizar o pensamento de Husserl e a influência sofrida por Kant.
A influência da filosofia Kantiana
Para entender a influência de Kant é necessário rever as três posturas epistemológicas adotadas ao longo da história da filosofia. 
Foram elas:
Realismo
Primado do objeto em si mesmo apreendido pelos sentidos e depois registrado pelo intelecto. Para o realista a representação que fazemos das coisas está subordinada aos objetos em si mesmos. O ponto de partida são os objetos ou as coisas mesmas. As coisas são apreendidas pelos sentidos e depois registradas pelo intelecto. Exemplo de filósofos realistas: Aristóteles, Locke, etc;
Idealismo
Há a primazia do sujeito, da mente, das ideias que se constituem como ponto de partida para a reconstituição de um acordo entre as coisas e a mente. Acordo ou correspondência que se estabelece a partir de uma análise das ideias que me fazem chegar a uma certa conformidade entre as ideias e as coisas.
Filosofia de Kant
Procura superar este impasse entre realismo e idealismo. Institui um meio termo entre o sujeito e as coisas. Deixou de privilegiar um ou outro. Buscou uma síntese entre os elementos subjetivos e objetivos. Concluiu pela relatividade do conhecimento já que o conhecimento estruturando-se por via do sujeito, através de mecanismos lógicos, se constitui de forma relativa ao sujeito. Não poderia se constituir sem a contribuição fundamental do sujeito. A realidade existe, mas só é apreendida a partir de categorias que provém do sujeito. A partir desta concepção introduz a ideia de FENÔMENO que expressa a ideia da realidade não como ela poderia ser em si mesma (não sabemos como ela poderia ser em si mesma), mas tal como ela aparece a nós, ao sujeito do conhecimento. Aparece condicionada por determinadas estruturas lógicas da nossa mente que Kant chama de ELEMENTOS TRANSCENDENTAIS. Transcendentais porque estão antes da nossa experiência com o mundo e que condicionam esta experiência dando os fatores para sua organização. Não há objeto sem comprometimento com o sujeito, há correlação entre sujeito e objeto. A realidade, o objeto é o fenômeno apreendido pela consciência, pelo sujeito. (Palestra "Fenomenologia e Existencialismo" do filósofo Franklin Leopoldo e Silva em Café Filosófico da TV Cultura. SITE: http://www.youtube.com/watch?v=Z2XPHjSYBfw /Acesso em 22 de janeiro de 2013).
O método fenomenológico
O que seria isso? Voltar para que?Voltar-se para os fenômenos, aquilo que aparece à consciência.
E o que se dá à consciência? O objeto intencional.
Qual seria o intuito? Chegar à intuição das essências, isto é, ao conteúdo inteligível e ideal dos fenômenos, captado de forma imediata.
Por quê? Para quê?
“Toda consciência é consciência de alguma coisa. Assim sendo, a consciência não é uma substância, mas uma atividade constituída por atos (percepção, imaginação, especulação, paixão, etc), com os quais visa algo. As essências ou significações são objetos percebidos de certa maneira pelos atos intencionais da consciência. A fim de que a investigação se ocupe apenas das operações realizadas pela consciência, é necessário que se faça uma redução fenomenológica, isto é, coloque-se entre parênteses toda a existência efetiva do mundo exterior.
 
Na prática da fenomenologia efetua-se o processo de redução fenomenológica o qual permite atingir a essência do fenômeno. Trata dos aspectos que são essenciais do fenômeno, ou seja, é o estudo das essências, aspirando apreendê-las nos seus momentos fundamentais, através da intuição. O método fenomenológico não explica a realidade por meio de leis, nem utiliza princípios para deduzir a sua verdade. Vale-se do próprio objeto, ou fenômeno presente na consciência.” (Trivinõs)
Merleau-Ponty
Veja como Merleau- Ponty, fenomenólogo francês, descreve a fenomenologia, como a ambição de uma filosofia que seja uma “ciência exata” e “também um relato, do tempo, do mundo vividos”. No prefácio, a “Fenomenologia da percepção” (1945) mostra a maneira como a qual Husserl nos fala sobre a designação da consciência enquanto fluxo de vividos, também indica que nossa relação com o mundo, imediata ou teórica, é um constante escoar. É essencialmente num vazio e numa vaga distância que os vividos se oferecem ao olhar do investigador e, nesta primeira apreensão, são inúteis para uma constatação singular ou eidética. Todavia, nesta própria essência de seu modo vago ou vazio de se dar, surge a mais plena clareza.
Heidegger
Para Heidegger, filósofo alemão, Husserl só se perde quando faz do desocultamento das essências que revelam o que está por trás da atitude natural, o leimotiv da fenomenologia, pois para ele o ponto essencial (ponto de partida) deve ser a vivência (Erlebnis) concreta, histórica e viva.
Sartre
Operou o método fenomenológico, mas sofreu influência de Heidegger, explorando a análise fenomenológica da consciência, preocupado com as reflexões morais que fazem com que o homem se situe no mundo e se projete.
Constitutivos da fenomenologia de Husserl
Há suspensão do juízo da atitude natural, intencionalidade, doutrina universal das essências;
Ocupa-se de fenômenos, mas como uma atitude diferente das ciências exatas e empíricas. Os seus fenômenos são os vividos da consciência, os atos e os correlatos dessa consciência;
Intencionalidade
Para Husserl, a consciência é sempre intencional e não pode ser considerada como uma simples realidade natural entre outras. Ela é sempre a consciência intencional, não pode ser isolada como algo em si, pois é sempre consciência de alguma coisa, assim como toda 'coisa' não pode ser isolada como uma coisa em si, pois ela se faz presente sempre para uma consciência. É sempre a partir da intencionalidade da consciência que se reúne sujeito e objeto e que os fenômenos se fazem presentes como tais.
Do caráter intencional da consciência, pois "toda consciência é consciência de alguma coisa". Este tema era ensinado por Brentano, cujos cursos foram frequentados por Husserl; entretanto esta intencionalidade da consciência era compreendida por ele como todo ato de pensamento através deste ato.
A visão de pessoa e a comunidade de Mounier
Ao final desta aula, você será capaz de:
1. Conhecer a visão de pessoa e comunidade de Emmanuel Mounier.
2. Compreender as vertentes de análise que emergiram, a partir das concepções de pessoa, diálogo e transformação social (dos sujeitos) como uma forma de reatualização do conservadorismo presente no pensamento inicial da profissão pelo filósofo Emmanuel Mounier.
3. Identificar a inspiração fenomenológica, que emerge como metodologia dialógica, apropriando-se também da visão de pessoa e comunidade de E. Mounier, e dirige-se ao vivido humano, aos sujeitos em suas vivências, colocando para o Serviço Social a tarefa de auxiliar na abertura desse sujeito existente, singular, em relação aos outros, ao mundo de pessoas.
Em alguns manuais de história da filosofia, os autores começam a clássica pergunta sobre o que é filosofia, dizendo que é mais fácil dizer aquilo que ela não é. Segundo essa linha de raciocínio, vamos deixar o próprio autor Emmanuel Mounier pontuar com críticas feitas aos sistemas filosóficos importantes, aquilo que sua filosofia rejeita. Emmanuel Mounier é um filósofo católico do século XX, fundador da revista Esprit, que comunga com a ideiade cristã da unidade da humanidade no espaço e no tempo; o gênero humano que tem sua história pessoal atrelada a uma história e destinos coletivos. Tendo como referência o pensamento dos Padres da Igreja, apoiado na bíblia, para qual não há nem escravo nem senhor, nem cidadão nem bárbaro, nem branco nem índio, pois todos são criados imagem e semelhança de Deus e todos são chamados à salvação em Jesus Cristo, daí o maior ato de personalização revela-se na encarnação do Verbo (Logos), que se “fez carne habitou entre nós” (Evangelho de João 1, 14). 
A concepção de pessoa
Emmanuel Mounier
“Estaria fora de nosso propósito pretender dar uma definição a priori da pessoa. Não poderíamos evitar insertar nela essas direções filosóficas ou religiosas que, segundo dissemos, devem ser preservadas de toda a confusão, de todo o sincretismo. Se se quiser uma designação suficiente religiosa para o fim que nos propomos, diremos: uma pessoa é um ser espiritual constituído como tal por um modo de subsistência e de independência no seu ser; ela alimenta essa subsistência por uma adesão a uma hierarquia de valores livremente adotado, assimilados e vividos por uma tomada de posição responsável e uma constante conversão; deste modo unifica ela toda a sua atividade na liberdade e desenvolve, por acréscimo, mediante atos criadores, a singularidade de sua vocação. Por muito que pretenda ser, não se pode tomar esta designação por uma verdadeira definição. Sendo a pessoa, com efeito, a própria presença do homem a sua característica última, ela não é susceptível de definição rigorosa.” 
A concepção de diálogo
Outro conceito importante ao personalismo é o de disponibilidade que se evidencia em cinco atitudes:
O despojamento de si que invariavelmente exclui o egocentrismo, o individualismo e o amor próprio.
Compreender o outro que implica no “Ser todo para todos sem deixar de ser e de ser eu”.
O tomar sobre si o outro e o seu “o destino, os desgostos, as alegrias, as tarefas, sofrer na nossa própria carne”.
A disponibilidade para com o outro que passa necessariamente por doar-se, de maneira gratuita e generosa, ou seja, “oferecendo-se ele próprio ao outro como valor irredutível”.
 
A fidelidade ao outro, sem interesses, sem que “a presença do outro, longe de me imobilizar, surge, ao contrário, como uma fonte de méritos e é, indubitavelmente necessária à renovação e criação”.
Críticas aos sistemas filosóficos
Crítica ao conceito cunhado por Heidegger:
“A forma mais baixa que podemos conceber de um universo de homens é aquela a que Heidegger chamou do “man”, mundo em que nos deixemos 
aglomerar quando renunciamos a ser pessoas lúcidas e responsáveis; mundo da consciência sonolenta, dos instintos anônimos, das opiniões 
vagas, dos respeitos humanos, das relações mundanas, do “diz-que-diz-que” cotidiano, do conformismo social ou político, da mediocridade 
moral, da multidão, das massas anônimas, das organizações irresponsáveis. Mundo sem a vitalidade e desolado, onde cada pessoa 
renunciou provisoriamente a sê-lo, para se transformar num qualquer, não interessa quem, não interessa quem, de qualquer 
forma. O mundo do “man” não constitui, nem em nós, nem um todo”. (p.52)
Crítica ao Pensamento Iluminista
“O século XVIII pensou que a única solução para escapar às paixões das sociedades irracionais estava numa sociedade racional, fundada no acordo dos espíritos num pensamento impessoal, e dos comportamentos numa ordem jurídica formal”.
Mounier: Não se pode estabelecer a universalidade sem esquecer a pessoa, pois o pensamento só existe e irradia quando enraizado na pessoa. Daí, continua o filósofo, lembrando que a ciência e a razão objetiva devem ser suportes necessários a intersubjetividade, assim como o direito é indispensável para assegurar um mínimo de ordem e segurança.
Crítica ao existencialismo
“Uma coisa é recusar a tirania das definições formais, outra é recusar ao homem, como por vezes faz o existencialismo, toda a essência e toda a estrutura. Se cada homem não é senão a si próprio se faz, então não há humanidade, nem história, nem comunidade (e foi realmente a esta conclusão-limite que alguns existencialistas chegaram”.
Antônio Joaquim Severino, um destacado autor da filosofia da ciência, escreve sobre Mounier e como deveriam ser reorganizados os conceitos utilizados pelos existencialistas numa perspectiva personalista: “É que existir para o homem é mais do que desenvolver sua essencialidade: é submeter-se à facticidade, à temporalidade, à contingência, ao confronto com o outro; mas é também construir-se, assim como ao outro e ao mundo, é personalizar-se continuamente, superando-se e transcendendo-se”.
Crítica ao Marxismo, ao Iluminismo e ao Totalitarismo
“O totalitarismo escolheu bem o seu nome: não se totalitariza um mundo de pessoas”. 
Na filosofia personalista de Mounier, “O personalismo reencontra a pessoa e o sentido das servidões materiais, sem, no entanto, renegar sua transcendência ao indivíduo e a matéria, só ele salva ao mesmo tempo a realidade viva do homem e a sua verdade condutora”, tanto que “um homem mesmo que degradado, é sempre um homem, a quem devemos permitir que viva como um homem”.
 Crítica à Sartre
A descrição fenomenológica em O Ser e O Nada: “O outro é para mim, antes de tudo, o ser para qual sou objeto, ou seja, o ser pelo qual adquiro minha objetividade”. O outro me olha e me coisifica. Pode pensar o que quiser de mim e me classificar a partir de sua experiância. Sou um objeto para ele. Posso experimentar a vergonha de me tornar um objeto para o outro.
Mounier censura Sartre pelo fato dele abstrair no olhar unicamente o olhar que fixa. Ora o olhar mais profundo é, pelo contrário, um olhar perturbador. Mas para isso é necessário que eu acolha a presença do outro como algo de que não disponha, para que o olhar que sobre mim se pousa me não imobilize, mas, muito pelo contrario, me importune me inquiete, me ponha em causa.
A questão social
Combatendo o individualismo, Mounier aporta na questão social:
“O individualismo é um sistema de costumes, de sentimentos, de ideias e de instituições que organiza o indivíduo partindo de atitudes de isolamento e de defesa. Foi a ideologia e a estrutura dominante da sociedade burguesa ocidental entre o século XVIII e o século XIX. Homem abstrato sem vínculos nem comunidades naturais, deus supremo, no centro de uma liberdade sem direção nem medida, sempre pronto a olhar os outros com desconfiança, cálculo ou reivindicações; instituições reduzidas a assegurar a instalação de todos estes egoísmos, ou seu melhor rendimento pelas associações voltadas para o lucro; eis a forma de civilização que vemos agonizar, sem dúvida uma das mais pobres que a história jamais conheceu. É a própria antítese do personalismo e o seu mais direto adversário.”
A pessoa em busca do outro
Podemos dizer que as vertentes de análise que emergiram, a partir das concepções de pessoa, diálogo e transformação social (dos sujeitos) pelo filósofo Emmanuel Mounier, tiveram inspiração fenomenológica, a partir do que Mounier chama de “uma das grandes conquistas da filosofia existencial é, sem dúvida, o valor do outro, que a filosofia clássica tão estranhamente abandonara e fora resgatada pelo existencialismo que a promoveu subitamente ao seu lugar central. 
Tal a inspiração fenomenológica, que emerge como metodologia dialógica, apropriando-se também da visão de pessoa e comunidade de E. Mounier, dirige-se ao vivido humano, aos sujeitos em suas vivências, colocando para o Serviço Social a tarefa de auxiliar na abertura desse sujeito existente, singular, em relação aos outros, ao mundo de pessoas.
Michel Focault
A importância de estudar as obras de Michel Foucault se dá por dois aspectos: primeiro, porque ele foi amplamente lido e absorvido pelos intelectuais brasileiros, além de dar seguimento aos epistemólogos importantes do século XX, antecessores a ele e posteriores aqui tratados ao longo da disciplina. Talvez dois conceitos importantessejam mais conhecidos de vocês: a questão do poder disciplinar e do biopoder, tratados nos livros Vigiar e Punir: nascimento da prisão, História da Sexualidade I: a vontade de saber (1976) e nos cursos Em Defesa da Sociedade (1975-1976) e Segurança, Território e População (1977-1978). Nestas obras a cena principal se passa nas prisões, que são lugares onde a vigilância e a punição aparecem de forma tão clara que faz tornar evidente de que maneira o prisioneiro é tratado e vigiado. Foucault estuda arquitetonicamente as prisões como um locus privilegiado, no qual ocorreria uma mudança significativa num novo tipo de poder, o biopoder, que emerge a partir do século XVIII e que controla não só indivíduo que se encontra encarcerado, mas toda a população. Mais tarde, ele irá descrever este mesmo tipo de vigilância que se corporifica arquitetonicamente nas escolas e nos hospitais.
Panopticon
Panopticon é um termo utilizado para designar um centro penitenciário ideal desenhado pelo filósofo Jeremy Bentham em 1785. O conceito do desenho permite a um vigilante observar todos os prisioneiros sem que estes possam saber se estão ou não sendo observados. De acordo com o design de Bentham, este seria um design mais barato que o das prisões de sua época, já que requer menos empregados
Fonte:Wikipédia
Michel Foucault, historiador e filósofo, filho de um eminente médico
O termo “biopolítica” é proferido numa palestra em 1974, intitulada “O nascimento da medicina social”, discutia o fenômeno de medicalização nas sociedades modernas, desviando o olhar sobre a doença para o tema da saúde e dos procedimentos em torno dos sistemas de saneamento público contemporâneos. 
Em tais políticas sociais, conforme suas análises, o reconhecimento da doença apareceria ao mesmo tempo como manifestação individual e coletiva. Implicando todo um novo aparato de discursos, cálculo do seu crescimento no interior de uma população, previsão dos seus riscos de contágio, era toda uma parafernália técnica de inoculação e vacinação que vinha a ser administrada em defesa da sociedade. Contra seus próprios perigos internos, um conjunto de mecanismos de proteção e controle social esboçava desde já aquilo que viria a ser nossa preocupação maior: o alerta em nome da segurança e vida da população. Proferida curiosamente na cidade do Rio de Janeiro – palco setenta anos antes de um trágico conflito social de amotinados contra as primeiras práticas biopolíticas na história do Estado brasileiro, cuja medicina encontrava-se aliás sob os auspícios do Dr. Oswaldo Cruz – essa conferência dava sequência a um longo ciclo de inquietações em seu itinerário intelectual.
História das Ciências deslocando o tribunal da razão
“A obra As Palavras e as Coisas (1966) propõe analisar os saberes a partir do que o constitui: a epistémê. Para o autor em cada época há um espaço de ordem que constitui os saberes, espaço que é condição de possibilidade do aparecimento de saberes, que determina o que pode ser pensado e como ser pensado, o que pode ser dito e como ser dito. Assim, epistémê nada mais é do que o aparecimento de uma ordem em determinado momento histórico e que os saberes que nele surgem, manifestos nos discursos, são tomados como verdadeiros devido a sua influência.
Para o pensador francês episteme não tem o mesmo significado que saber, mas é a existência de uma ordem anterior ao mesmo e que é condição de possibilidade de sua existência. A tese de Foucault é de que todo saber (um discurso científico ou não) só é possível em
determinado momento histórico, porque há um espaço de ordem que o possibilita. Assim, com o projeto metodológico da arqueologia se quer descrever o solo positivo (FOUCAULT, 1999, p. XVII) que possibilita em determinada época surgir determinados saberes. Segundo Rabinow e Dreyfus (1995, p.20) o objetivo de Foucault ao reinterpretar a noção de episteme foi para dar conta de explicar as condições que tornam possíveis os saberes de uma época.
Para Foucault, a episteme não deve ser entendida como um fundamento a priori no sentido clássico (metafísico), para o qual existem princípios atemporais anteriores ao conhecimento, mas por se referir ao saber na sua condição de existência revela-se histórica e, por isso, modifica-se. 
O poder produz saber
Daí podermos dizer que o poder produz saber:
“Temos que admitir que o poder produz saber (e não simplesmente favorecendo-o porque o serve ou aplicando-o porque é útil); que poder e saber estão diretamente implicados; que não há relação de poder sem a constituição correlata de um campo de saber, nem saber que não suponha e não constitua ao mesmo tempo relações de poder. Essas relações de “poder-saber” não devem ser analisadas a partir de um sujeito de conhecimento que seria ou não livre em relação ao sistema de poder; mas é preciso considerar ao contrário que o sujeito que conhece, os objetos a conhecer e as modalidades de conhecimento são outros tantos efeitos dessas implicações fundamentais do poder-saber e de suas transformações históricas. Resumindo, não é a atividade do conhecimento que produziria um saber, útil ou arredio ao poder, mas o poder-saber, os processos e as lutas que o atravessam e o constituem, que determinam as formas e os campos possíveis do conhecimento.” (FOUCAULT, Michel. Vigiar e Punir. Petrópolis: Editora Vozes, 1975, p. 161.)
Por que escolher Foucault?
Por que ele é um autor relevante ao Serviço Social? Com suas próprias palavras, ditas em uma entrevista, mostramos o porquê:
Eu analiso figuras e processos obscuros por duas razões: os processos políticos e sociais que permitiram colocar em ordem as sociedades da Europa ocidental não são mais aparentes: foram esquecidos ou transformados em habituais. Estes processos fazem parte de nossa paisagem mais familiar; e não os vemos mais. Porém, em seu tempo, a maioria deles escandalizou as pessoas. Um dos meus objetivos é mostrar às pessoas que um bom número de coisas que fazem parte dessa paisagem familiar – que as pessoas consideram como universais – não são senão resultados de algumas mudanças históricas muito precisas. Todas as minhas análises vão contra a ideia de necessidades universais na existência humana. Mostram o caráter arbitrário das instituições e nos mostram qual é o espaço da liberdade que ainda dispomos e que mudanças podemos ainda efetuar.” (Entretien avec R. Martain, Université du Vermont, 25 de octobre 1982).Traduzido a partir de FOUCAULT, Michel. Dits et écrits. Paris:Gallimard, 1994, vol. IV, pp. 777-783, por Wanderson Flor do Nascimento.)
Bourdieu, Giddens Habermas
O Neotomismo é uma corrente filosófica que resgata à filosofia de São Tomás de Aquino (século XIII) trazendo-a para os dias atuais, lê-se final do século XIX e início do XX. Podemos dizer que há duas respostas importantes que veiculam o Neotomismo ao Serviço Social: uma de caráter histórico, visto que a profissão (mesmo que ainda incipiente) nasce na seara da Igreja Católica atrelada à doutrina social da Igreja, na qual o respeito à pessoa humana torna-se primordial como forma de dar conta de um projeto societário justo que contemplasse a pessoa humana em sua dignidade. Num segundo momento podemos nos reportar ao fundamento epistemológico do Neotomismo que guarda um princípio metafísico decisivo para compreender a maneira como os primeiros assistentes sociais compreenderam a questão social.
Objeto cientifico
“Construir um objeto cientifico é, antes mais e, sobretudo, romper com o senso comum, quer dizer, com as representações partilhadas por todos, quer se trate dos simples lugares-comuns da existência vulgar, quer se trate das representações oficiais, frequentemente inscritas nas instituições, logo, ao mesmo tempo, na objetividade das organizações sociais e nos cérebros”. (Bourdieu)
Partindo de Bachelard e Canguilhem, que na observação de Foucault são essenciais para a compreensão de toda uma série de discussões que ocorreram entre os marxistas franceses, Bourdieu sublinha a hierarquia epistemológica dos atos de produção científicaevidenciando a existência histórica da autonomia científica ligada ao passado da ciência e à institucionalização das principais universidades dos países centrais do sistema capitalista mundial. O que não explicita, mas parte dele como realidade social.
"Mas suprimam Canguilhem e vocês não compreenderão mais grande coisa de toda essa série de discussões que ocorreram entre os marxistas franceses; vocês não mais apreenderão o que há de especifico em sociólogos como Bourdieu, Castel, Passeron, e que os marca tão intensamente no campo da sóciologia [...]" (Foucault).
Bourdieu, assim como Foucault, tem um grande interesse no legado de Husserl e se opondo à Sartre entende que a filosofia é uma reflexividade epistemológica sobre as ciências. “As estratégias dos agentes e das instituições sociais envolvidas em lutas literárias e artísticas não são definidas através de uma simples confrontação de possibilidades. Pelo contrário, dependem da posição que esses agentes ocupam na estrutura do campo ( na estrutura do capital específico).” (Bourdieu)
A explicação reside na analogia entre estrutura do espaço social e a estrutura do campo específico: “Será que a sóciologia e a historiografia, que revelam a relatividade de todo conhecimento ao se reportarem às suas condições históricas, não estão condenadas a reconhecer a sua própria relatividade, e assim forçadas a condenar-se a si próprias a um relativismo nihilista?” (Bourdieu)
 “O autor, a teoria, a própria natureza e os leitores, todos são efeitos do texto.” (Bourdieu). Isso quer dizer que os enunciados também sofrem com a existência de um campo de produção de discurso especializado que é condição de aparecimento de uma luta entre a ortodoxia e a heteroxia. Sabemos o quanto o discurso da academia é ritualizado e o que proferido fora dela mantido apenas como uma opinião (doxa).
Existe então um efeito de verdade no discurso da ciência, para tanto é necessário que o pesquisador (o cientista) vire suas armas contra si mesmo, para ficar diante de sua perspectiva de investigação, ficando próximo do que ele chama-se sócio-análise do empreendimento científico, uma sóciologia da sóciologia, não um epistemologia da sóciologia. A própria noção de campo deflagrada por ele como um exemplo de um instrumental teórico pré-determinado, sendo mas como aquele que trará entendimento.
A influência de Nietzsche
A influência de Nietzsche se faz sentir no adágio Deus está morto e a existência humana é marcada pela finitude e por uma historicidade radical, o que faz com que muitos o chamem de pós-estruturalistas.
O próprio Bourdieu se inspirou num primeiro momento no estruturalismo, mas depois tornou-se um crítico. Bourdieu crê que sua obra está dentro de uma visão do construtivismo sóciológico.
Na sóciologia reflexiva de Bourdieu, os motivos, as intenções e o comportamento observável concretizado passam necessariamente por Marx e seus conceitos como alienação, mercadoria fetiche, ideologia e falsa consciência.
 
A ação social humana consiste tanto numa dimensão de relações objetivas como numa dimensão de envolvimento subjetivo, assim se assemelhando a uma orquestra que toca sem maestro: as pessoas normais atuam de forma razoavelmente adequada às situações, evidenciando que não prestam atenção ao discurso.
A abordagem de Bourdieu abarca tanto o agente quanto a estrutura, o discurso como a ação, respeitando as suas lógicas não só diferentes quanto antagônicas, até porque o discurso não provoca a ação, nem a explica e nem tão pouco se explica.
 
“As estratégias dos agentes e das instituições sociais envolvidas em lutas literárias e artísticas não são definidas através de uma simples confrontação de possibilidades. Pelo contrário, dependem da posição que esses agentes ocupam na estrutura do campo ( na estrutura do capital específico).” (Bourdieu) 
A explicação reside na analogia entre estrutura do espaço social e a estrutura do campo específico: “Será que a sóciologia e a historiografia, que revelam a relatividade de todo conhecimento ao se reportarem às suas condições históricas, não estão condenadas a reconhecer a sua própria relatividade, e assim forçadas a condenar-se a si próprias a um relativismo nihilista?” (Bourdieu)
“O autor, a teoria, a própria natureza e os leitores, todos são efeitos do texto.” (Bourdieu). Isso quer dizer que os enunciados também sofrem com a existência de um campo de produção de discurso especializado que é condição de aparecimento de uma luta entre a ortodoxia e a heteroxia. Sabemos o quanto o discurso da academia é ritualizado e o que proferido fora dela mantido apenas como uma opinião (doxa). 
 Existe então um efeito de verdade no discurso da ciência, para tanto é necessário que o pesquisador (o cientista) vire suas armas contra si mesmo, para ficar diante de sua perspectiva de investigação, ficando próximo do que ele chama-se sócio-análise do empreendimento científico, uma sóciologia da sóciologia, não um epistemologia da sóciologia. A própria noção de campo deflagrada por ele como um exemplo de um instrumental teórico pré-determinado, sendo que ela deve ser um campo relacional que aponte para a própria construção do objeto científico.
Bourdieu ia de encontro a doxa (opinião) dominante dos filósofos. Dá exemplos de resistência a uma academia tradicional com Kuhn (EUA) e Deleuze, Althusser e Foucault (Paris), embora estes conservavam uma posição filosófica dominante, não partindo para o campo empírico.
Bourdieu alfineta Foucault quando diz que não adianta procurar a arqueologia e a genealogia das ciências humanas enquanto tiverem como horizonte a filosofia da filosofia e não questionarem a influência das condições sociais de uma dada atividade sobre o estatuto dessa atividade, para que a filosofia não se escondesse na nota de rodapé.
Em relação à Habermas, Bourdieu faz uma crítica dizendo que de certa forma ele se manteve também fora do campo empírico.
A sociologia de Giddens
A sociologia de Giddens propõe novos conceitos, abandona categorias clássicas relativas à sociedade e ao individuo, centra suas análises na continuidade da vida social ou na sua recursividade, na qual se estabelece uma relação dialética entre sujeito e objeto, ação e estrutura, reprodução e inovação. Bourdieu segue linha muito semelhante.
É preciso ter muito cuidado para não se cometer o equívoco, muito frequente, de entender que a crítica de Giddens ao estruturalismo de Lévi-Strauss, no qual os modelos e as operações estruturais são elaborados em elevado grau de abstração, o conduz a uma visão substantiva da estrutura social, nos termos propostos pela teoria de Radcliffe-Brown, a estrutura segundo Giddens também não pode ser observada, ela, contudo, é real, se realiza e se transforma no curso da vida social, na prática cotidiana, na interação de esquemas individuais de entendimento da realidade social, na manipulação, enfim, das categorias pelos indivíduos.
Habermas e a Ação Comunicativa
De que maneira Habermas analisa a crise do capitalismo que extrapolou do campo ~jkhu econômico e atingiu o social?

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