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“A cartografia na Estratégia de Saúde da Família: instrumentos para 
incorporação do território na Atenção Primária à Saúde” 
 
 
por 
 
 
Roberta Argento Goldstein 
 
 
 
 
Tese apresentada com vistas à obtenção do título de Doutor em Ciências 
na área de Saúde Pública. 
 
Orientador: Prof. Dr. Christovam de Castro Barcellos Neto 
 
 
 
Rio de Janeiro, agosto de 2012. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Esta tese, intitulada 
 
“A cartografia na Estratégia de Saúde da Família: instrumentos para 
incorporação do território na Atenção Primária à Saúde” 
 
apresentada por 
 
 
Roberta Argento Goldstein 
 
 
foi avaliada pela Banca Examinadora composta pelos seguintes membros: 
 
Prof. Dr. Luiz Henrique Guimarães Castiglione 
Prof.ª Dr.ª Helen da Costa Gurgel 
Prof.ª Dr.ª Gracia Maria de Miranda Gondim 
Prof. Dr. Carlos Eduardo Aguilera Campos 
Prof. Dr. Christovam de Castro Barcellos Neto – Orientador 
 
 
Tese defendida e aprovada em 13 de agosto de 2012. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Catalogação na fonte 
 Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica 
 Biblioteca de Saúde Pública 
 
 
 
G624c Goldstein, Roberta Argento 
A cartografia na Estratégia de Saúde da Família: 
instrumentos para incorporação do território na atenção 
primária à saúde. / Roberta Argento Goldstein. -- 2012. 
63 f. : il. ; mapas 
 
Orientador: Christovam Barcellos 
Tese (Doutorado) – Escola Nacional de Saúde Pública 
Sergio Arouca, Rio de Janeiro, 2012. 
 
1. Regionalização. 2. Atenção Primária à Saúde. 3. 
Estratégia Saúde da Família. 4. Mapeamento Geográfico. 
5. Agentes Comunitários de Saúde. 6. Participação 
Comunitária. 7. Território. I. Título. 
 
CDD – 22.ed. – 362.12 
 
 
 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
Agradeço inicialmente aos meus pais (Luiza e Mauro Argento) pelo constante incentivo, 
ao meu orientador Christovam Barcellos, por toda dedicação, compreensão, paciência e 
coragem; e acima de tudo, pela motivação que me deu durante este sofrido processo de 
desenvolvimento desta tese. 
Agradeço especialmente a minha família, que foi constituída no decorrer deste processo. 
A paciência do meu marido Victor Salomon Goldstein, as perguntas incessantes da minha 
pequena Liora, tal como: “O que é essa tal de tese, que você se preocupa tanto?”; e as noites 
que ganhei com meu pequeno David (ainda que acordado) lendo alguns artigos. 
Ao meu pai Mauro Argento, pela dedicação na leitura dos diversos rascunhos, e as 
discussões sem fim sobre confluência entre os campos da geografia e da saúde. A minha mãe 
Luiza Argento, irmã Carla, minha sogra Teresa Goldstein, minha dinda Myriam Argento (in 
memoriam), e ao meu sogro Salomon Leopold Goldstein (in memoriam), pela motivação para 
tentar terminar logo, o que infelizmente não aconteceu. 
Aos meus professores da ENSP, pelo apoio e discussões durante as disciplinas que me 
fizeram pensar e repensar e pensar novamente sobre o tema e sua relevância na área da saúde. 
Ao Departamento de Endemias Samuel Pessoa, que me acolheu no início de minha 
carreira profissional na ENSP, em especial a Prof.ª Sandra Hacon pelo apoio profissional 
imprescindível no começo de qualquer carreira. As boas risadas dadas com o Prof. Salvatore 
Siciliano no decorrer deste processo que parecia não ter fim, mas que fez com que esta 
empreitada ficasse um pouco mais divertida. 
Não poderia deixar de agradecer aos funcionários da Secretaria da ENSP, em especial o 
Eduardo, que me aturou durante todo esse processo. 
 
 
 
Um especial agradecimento as minhas fies escudeiras, amigas, companheiras, colegas de 
trabalho e quase irmãs Monica Magalhães e Renata Gracie, por me aguentar nas horas mais 
difíceis e sempre, sempre me motivaram para continuar, mesmo eu achando que tudo estava 
horrível. Muito Obrigado mesmo. 
Aos colegas do :Labgeo (Heglaucio, Fabiane- pequenininha, Wanderlei, Diego, Izabel, 
Patrícia, e tantos outros que passaram por lá) muito obrigado pelo incessante apoio nos 
momentos que em pesava em desisti. Obrigado do fundo do coração. 
A todos que contribuíram de forma direta ou indireta para o desenvolvimento desta tese, 
MEU MUITO OBRIGADO. 
 
 
 
"Feliz é aquele que transfere o que sabe, e aprende o que 
ensina." (Cora Coralina) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RESUMO 
O presente trabalho apresenta o processo de mapeamento realizado pelos Agentes 
comunitários de saúde pertencentes a Estratégia de Saúde da Família (ESF) na 
identificação dos seus territórios de atuação. A natureza holística da ESF faz com que os 
profissionais deste programa abracem a participação comunitária e social como uma 
alavanca de força para o desenvolvimento das diversas atividades realizadas. No entanto, 
sabe - se pouco sobre o processo de mapeamento, ou construção de croquis dos territórios 
de atuação. A investigação deste trabalho desenvolvid0 através de abordagens 
participativa para o mapeamento apresenta-se como importante estudo para o 
desenvolvimento e planejamento das ações da ESF. A partir deste processo se buscou 
estruturar documentos cartográficos sob da ótica dos agentes comunitários de saúde 
(ACS) e não dos Cartógrafos ou Geógrafos. Este trabalho abordou a visão dos ACS em 
relação ao seu território de atuação e as variáveis ambientais e de saúde que julgaram 
relevantes para o processo de mapeamento. 
Neste contexto esta pesquisa objetivou utilizar técnicas de cartografia 
participativa e de geoprocessamento na estruturação de um SIG próprio para ESF. Para 
atender a esse objetivo foram desenvolvidas atividades de elaboração dos croquis e 
posteriormente na construção do SIG através dos documentos cartográficos gerados pelos 
agentes. Os resultados, até então apresentados, demonstram a importância de 
primeiramente atentar para o tema cartografia participativa no âmbito da saúde pública, 
na busca de mecanismos operacionais que auxiliem as atividades doa ESF. 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
This paper presents the mapping process conducted with community health agents 
belonging to the Family Health Strategy (FHS) in the identification of its territories of 
operation. The holistic nature of the FHS professionals makes a program community 
participation and social power as a lever for the development of various activities. 
However, the mapping process so construction of a sketch of the territories of operation. 
The investigation of this activity developed through participatory approaches for mapping 
presents as an important study for the development and planning of actions of the FSF. 
From this process sought the structuring of cartographic documents under the perspective 
of the community worker and not the Cartographers and Geographers. This study 
addressed the perspective of the ACS in relation to its territory of activity and 
environmental variables and health that judged relevant to the mapping process. In this 
context, this research aimed to use participatory mapping techniques and GIS in the 
structuring of a GIS for FHS. The aim, we have worked in the drafting of sketches and 
later in building the GIS cartographic documents through agents. The results attention 
from participatory mapping of public health to search for operational mechanisms to 
assist the activities FHS. 
 
 
 
SUMÁRIO 
1. Introdução 1 
2. Objetivos 10 
3. Aspectos metodológicos 10 
4. Organização da tese 14 
5. Publicação 1 - Geoprocessamentoe participação social: 
Ferramentas para vigilância ambiental em saúde. 15 
6. Publicação 2 A experiência de mapeamento participativo para a construção de 
uma alternativa cartográfica para ESF 33 
7. Considerações gerais 61 
8. Bibliografia Geral 64 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE ABEVIATURAS E SIGLAS 
 
 SUS: Sistema Único de Saúde 
 NOB Norma básica 
 ABS: Atenção Básica em Saúde 
 APS: Atenção Primária em Saúde 
 PSF: Programa de Saúde da Família 
 ESF: Estratégia de Saúde da Família 
 SIG: Sistema de Informação Geográfica 
 PSA: Programa de Saúde Ambiental 
 SIAB: Sistema de Informação de Atenção básica 
 IBGE: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística 
 PACS: Programa de Agentes Comunitários de Saúde 
 ACS: Agentes Comunitários de Saúde 
 PGIS: Participatory Geographic Information System 
 BDG: Banco de Dados geográficos 
 PROESF: Programa de Expansão e Consolidação da Estratégia de Saúde da 
Família 
 RRA: Rapid Rural Appraisal 
 PRA: Participatory Rural Appraisal 
 PLA: Participatory Learning Action 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE FIGURAS E TABELAS E QUADROS 
 
FIGURAS 
Figura 1: Processo de aprendizagem da construção e delimitação dos mapas 
 Base. 46 
Figura 2: Sobreposição das áreas de atuação das equipes do ESF e a análise 
de renda média do responsável pelo domicílio e cobertura do ESF 49 
Figura 3: Distribuição das taxas de visitas e consultas para o segundo semestre 
 2005. 50 
 
TABELAS 
Tabela 1: Diagnostico cartográfico 44 
Tabela2: Comparação entre metodologias de estimativa de cobertura para a ESF. 
 48, 49 
QUADROS 
Quadro 1: Etapas para o processo de mapeamento 52,53 
 
 
 
 
 
1 
 
1. Introdução 
Os problemas de saúde apresentam uma diversidade de determinações sociais e 
ambientais. O entendimento do processo saúde-doença tem evoluído consideravelmente 
de um pensamento clínico (monocausal) até as concepções ampliadas que articulam saúde 
com condições de vida. Esta tendência está compatível com a Carta de Ottawa e com 
todo o movimento contemporâneo que incorporam, plenamente, a promoção social da 
saúde. Conhecer o território e as condições de vida e saúde dos diversos grupos 
populacionais é uma etapa indispensável do processo de planejamento da oferta de 
serviços e da avaliação de impacto das ações de saúde. A Norma Operacional Básica do 
Sistema Único de Saúde (NOB-SUS) de 01/1996 expressa que “o enfoque 
epidemiológico atende ao compromisso da integralidade da atenção, ao incorporar, como 
objeto das ações, a pessoa, o meio ambiente e os comportamentos interpessoais” (Brasil, 
1997). 
Dentre os instrumentos da política nacional de saúde, destaca-se o Programa de Saúde 
da Família – PSF, criado pelo Ministério da Saúde com o propósito de “reorganizar a 
prática da atenção à saúde em novas bases e substituir o modelo tradicional, levando a 
saúde para mais perto da família e, com isso, melhorar a qualidade de vida dos 
brasileiros” (Brasil, 1997). Atualmente, o PSF é definido com Estratégia Saúde da 
Família (ESF), ao invés de programa, tendo em vista que o termo programa aponta para 
uma atividade com início, desenvolvimento e finalização, o que não se aplicava, tendo 
em vista que é continuo desenvolvimento. 
 Há um consenso entre os profissionais que trabalham com atenção básica e a 
epidemiologia da necessidade do planejamento das ações de saúde e das constantes 
avaliações de seus respectivos impactos. Estas avaliações de impactos da deve estar 
associada ao conhecimento das condições de vida e de saúde dos diversos grupos 
 
2 
 
populacionais. Saúde Pública e Ambiente estão, portanto, intimamente relacionados e são 
fortemente influenciados pelos padrões de ocupação espacial. Neste sentido, não é 
suficiente quantificar ou descrever as características das populações, mas torna-se 
fundamental localizar, o mais precisamente possível, onde estão ocorrendo os agravos; 
como a população está sendo atendida, quais serviços esta população procura ou 
necessita, e quais os locais com potencial de risco ambiental (Brasil, 2000). 
O processo de territorialização consiste em um dos pressupostos da organização do 
trabalho e das práticas de saúde, onde vem sendo desenvolvida diversas iniciativas como 
a Estratégia de Saúde da Família, o Controle de Endemias e a Vigilância Ambiental em 
Saúde. 
O espaço e o território são categorias de análise que permeiam inúmeros debates na 
Geografia. No entanto, estas categorias não são utilizadas unicamente pelos Geógrafos. 
É notório que os epidemiologistas também se utilizam destas categorias para melhor 
compreender os seus objetos de estudo. Neste sentido, torna-se possível afirmar que a 
Ciência Geográfica vem contribuindo com seu arsenal teórico a respeito das categorias 
espaço e território em prol dos mecanismos associados ao desenvolvimento de ações na 
área da saúde pública. 
Observa-se um intenso debate sobre a incorporação do conceito de espaço 
geográfico no campo da saúde coletiva (Silva, 1997; Rojas, 1998, Czeresnia & Ribeiro, 
2000). Atualmente, é marcante a preocupação no âmbito da saúde pública o estudo do 
espaço geográfico e do território de forma integrada, dentro de uma abordagem holística 
e sistêmica. Os conceitos geográficos propostos por Milton Santos constituem uma das 
referências mais significativas para as análises da relação entre espaços e doenças, 
especialmente as produzidas no Brasil. 
 
3 
 
O conceito de espaço apresentado por Santos (1988:26) salienta que: “o espaço 
deve ser considerado como um conjunto indissociável de que participam de um lado, 
certo arranjo de objetos geográficos, objetos naturais e objetos sociais, e de outro, a 
sociedade em movimento”. Czeresnia & Ribeiro (2000), enfatizam que uma das mais 
importantes elaborações teóricas do conceito de espaço geográfico vinculado ao estudo 
de doenças transmissíveis foi feita por Pavlovsky na década de 30. O conceito de foco 
natural expressa uma apreensão espacial que integra o conhecimento das doenças 
transmissíveis com a Geografia e a Ecologia. 
Ao nos apoiarmos nas considerações de Pessoa expostas por Czeresnia & Ribeiro 
(2000) pode-se perceber a significância da integração das condicionantes ambientais para 
o entendimento do processo saúde-doença. “Se pode, em um mapa, delimitar as áreas de 
endemicidade ou epidemicidade da cólera, da peste, da malária, das leishmanioses, etc., 
é que pelo termo geografia deve-se considerar não só a geografia física, o clima e os 
demais fenômenos meteorológicos, que caracterizam geograficamente a região, mas 
ainda as geografias humanas, social, política e econômica. E os fatores que mais 
intervêm na variação e propagação das doenças, são justamente os humanos” (Pessoa, 
1978:153). 
Conforme destaca Santos (1996), a técnica é um elemento fundamental para 
compreender o processo de organização espacial. É a técnica que intermedia a interação 
homem–natureza, onde “o indivíduo em sociedade forma um conjunto de meios 
instrumentais e sociais com os quais realiza sua vida produzem e, ao mesmo tempo, cria 
espaço”. Não se adiciona técnica a um pretenso meio natural. A técnica produz um espaço 
que é “um misto, um híbrido, um composto de formas e conteúdo, de objetos e fluxos”. 
Portanto, as técnicas transformam o espaço e a relação da sociedade com a natureza. Por 
 
4 
 
outro lado, a técnica também pode ser usada para compreender essa relação e sua nova 
configuração espacial. 
 Ao falarmos em técnicas para representação do espaço geográfico,podemos 
destacar as técnicas geoprocessamento, que vêm sendo amplamente utilizado no campo 
da Epidemiologia com o intuito de facilitar a análise da dinâmica espacial das doenças, 
identificar as regiões e grupos expostos a agravos de saúde, sendo também um 
significativo instrumento de apoio às atividades de vigilância epidemiológica e ao 
planejamento de ações de prevenção e controle de doenças (Medronho, 1995). Esse 
conjunto de técnicas vem sendo gradativamente incorporado à prática de vigilância à 
saúde auxiliado na organização e análise espacial de dados sobre ambiente, sociedade e 
saúde, e permitido a elaboração de diagnósticos de situação e o intercâmbio de 
informações entre setores (Rojas, 1998). 
A utilização desta ferramenta tem aumentado a capacidade de formular e avaliar 
hipóteses sobre a distribuição espacial das condições ambientais e sociais que interferem 
na saúde humana, através da confecção rápida de mapas temáticos, que permitem o inter-
relacionamento de dados de diferentes origens e formatos (Vine et al,1997). 
Através das técnicas de geoprocessamento, podem-se integrar informações de 
diversas fontes, como, por exemplo, dados de saúde, sociais e ambientais que permitam 
determinar uma melhor localização e associação das problemáticas a serem estudas, 
facilitando assim, o planejamento de ações por parte do ESF e da sociedade civil 
organizada. Por suas características, as técnicas de geoprocessamento, em especial o 
Sistema de Informação Geográfica – SIGs e o Sensoriamento Remoto podem ser um 
poderoso instrumento para um melhor planejamento, monitoramento e avaliação no 
processo de atuação das Equipes de Saúde da Família. Câmara & Davis (1999) afirmam 
 
5 
 
que haverá a necessidade de se utilizar um SIG toda vez que o “onde” for importante na 
identificação e resoluções de problemas. Na área de saúde, tão importante quanto 
conhecer a etiologia da doença, é também, o conhecimento do espaço geográfico onde 
ocorre a doença e suas interações com as condições econômicas e ambientais do lugar, 
possibilitando estabelecer padrões quantitativos e qualitativos de saúde em uma 
determinada área. Pode-se reforçar essa afirmação citando o exemplo do estudo elaborado 
por John Snow em Londres sobre a Cólera, e bastante difundido no âmbito da Saúde 
Pública (Carvalho et. al 2000) 
No final da década 80 a área da saúde começa a discutir e experimentar as diversas 
tecnologias do geoprocessamento tendo os Sistemas de Informações Geográficas (SIGs) 
seu papel destacado. Estes estudos abordam que as condições de saúde da população 
podem ser conhecidas, de forma minuciosa, com a utilização de mapas que permitem 
observar a distribuição espacial de situações de risco e dos problemas de saúde. Na 
década de 90, Vaine, (1997), Corvalán & Kjellström (1995) e Pina (1998) reforçam que 
a abordagem espacial permite a integração de dados demográficos, socioeconômicos e 
ambientais, promovendo o inter-relacionamento das informações de diversos bancos de 
dados. 
Segundo Carvalho MS e Souza–Santos (2005) o desenvolvimento do uso de SIGs 
e ferramentas de análise espacial em saúde pública, dependerão da implantação e da 
demanda teórico metodológica de mapeamento e análise espacial na área de saúde. 
Entretanto, embora bastante extenso, e talvez por causa disso, a integração das abordagens 
participativas ao SIG são pouco utilizadas na área da saúde pública no âmbito nacional. 
Alguns artigos publicados nos últimos anos procuram fazer a integração às abordagens 
participativas na área da saúde e os sistemas de informações geográficas (Beyer KM, et 
al 2010; Seguinot-Medina S (2006); Maman et al. (2009); Liam R O'Fallon et al, 2008). 
 
6 
 
Sob esse ponto de vista, o processo de associação entre as técnicas de mapeamento 
participativo e SIG podem auxiliar o acompanhamento da dinâmica e da complexidade 
das mudanças do território e as suas relações ou associações com a saúde humana. A 
operação entre camadas de informações obtidas de diferentes fontes de dados gera como 
resultado uma nova informação, que seria de difícil obtenção através apenas de dados 
tabulares (Barcellos & Bastos, 1996). 
Nos estudos espaciais, as unidades geográficas de análises definem a escala de 
observação dos fenômenos (Barcellos & Bastos, 1996), porém esta escala é limitada pela 
disponibilidade de informações referenciadas a estas unidades espaciais hoje utilizadas 
nos sistemas de informações, tais como: estados, municípios e setores censitários. 
No nível local, o setor saúde, principalmente a ESF apresenta outro recorte 
territorial. Não condizente tanto com dados ambientais quanto com dados sócios 
demográficos. No caso brasileiro, o setor censitário é a unidade espacial com menor nível 
de agregação de dados de população. Assim, há a necessidade de se buscar ferramentas 
que orientem as equipes de ESF no entendimento e mapeamento dos conteúdos de seus 
territórios de atuação. Pois atualmente o que as equipes de ESF entendem por 
mapeamento está relacionado apenas com o limite da área de atuação de cada agente, sem 
levar em consideração a especificidade socioambiental e o conteúdo do seu território de 
atuação. 
A efetivação das atividades de atenção à saúde se baseia no entendimento de como 
funcionam e se articulam num território as condições econômicas, sociais e culturais, 
como se dá à vida das populações, quais atores sociais envolvidos e a sua íntima relação 
com seus espaços, seus lugares (Monken & Barcellos, 2005). 
 
7 
 
A identificação de problemas de saúde no território deve superar a listagem de 
agravos notificáveis. O ponto de partida desse processo é a territorialização do sistema de 
saúde através do reconhecimento e o detalhamento das condições socioambientais do 
território, segundo a lógica de relações entre condições de vida, saúde e acesso às ações 
e serviços de saúde, o que implica em um processo de coleta e sistematização de dados 
demográficos, socioeconômicos, políticos-culturais, epidemiológicos, sanitários e 
ambientais em uma escala de detalhamento compatível com a ESF (Teixeira et al, 1998). 
Daí vem à importância de integrar as técnicas de mapeamento participativo ao 
geoprocessamento, especificamente ao SIG nas práticas do ESF, buscando um maior 
detalhamento das informações do território de atuação dos agentes e, consequentemente, 
o entendimento das relações ambiente e saúde. Algumas experiências de mapeamento de 
dados da ESF foram realizadas em algumas cidades ao longo dos últimos anos. Podemos 
destacar a experiência realizada em Montes Claros (Pereira & Paranhos, 2002), utilizando 
o Sistema de Informação Geográfica (SIG) sem a integração de dados ambientais apenas 
para a construção de mapas que permitam a geração de indicadores de saúde voltados 
para a gerência do ESF no nível intra-urbano. Outro estudo realizado pela Fundação 
Oswaldo Cruz e UFPE (Portugal, 2003) em Caruaru que mostrou a viabilidade de 
georreferenciar às residências como referências primárias para a construção de agregados 
espaciais de micro-áreas e áreas d a ESF. Em nenhum dos trabalhos citados acima houve 
a preocupação de se discutir o processo de mapeamento do território de atuação das 
equipes do ESF de forma participativa. Em trabalho mais recente que visa analisar a 
gestão territorial do Programa de Saúde Ambiental (PSA) (Bezerra, 2008), relaciona o 
território dos agentes de saúde com dados ambientais para o melhor entendimento da 
relação saúde e ambiente. O autor acredita que os atuais territórios, sob gestão de cada 
agente, não trabalham o princípio de equidade adotado pelo PSA. O presente trabalho 
 
8 
 
apresenta uma metodologia para o mapeamentodas áreas do Programa de saúde 
ambiental em Recife, porém não trabalha a vertente participativa. 
A ESF segue alguns princípios básicos, dentre os quais a territorialização e o 
cadastramento da clientela. Conforme abordado por Pereira & Barcellos (2006), a simples 
alusão à quantidade de ocorrências populacionais descritas no estabelecimento dos 
recortes territoriais da ESF, sem nenhuma proposta de tipificação destes territórios, limita 
a eficácia das ações preventivas e de controles em termos da saúde da população. Em 
decorrência desse fato, torna-se necessário que a fase do planejamento se transforme em 
um momento adequado para a construção de mapas temáticos prévios para subsidiar o 
entendimento da realidade socioambiental do território de atuação da ESF. Em geral, este 
procedimento prévio não é feito e o trabalho de divisão de áreas e micro-áreas acaba por 
perder sua referência territorial. Entretanto, supõe-se que a maneira como foi concebido 
o SIAB, por si só não permite que os dados das famílias coletados pelos agentes possam 
ser espacializados com facilidade na escala local, daí a necessidade de se buscar 
mecanismos para inserção das técnicas de geoprocessamento através de uma visão 
participativa no processo de coleta de dados da EFS. Um dos principais problemas já 
detectados é que os dados produzidos pelo SIAB são insuficientes para se buscar esta 
associação entre saúde e os problemas ambientais necessitando de um maior 
detalhamento no processo de coleta de dados. A territorialização de políticas de saúde 
com base na espacialização dos agentes de saúde se apresenta instrumento dúbio, pois 
auxilia o processo de gestão do território, mas ao mesmo tempo dificulta a 
operacionalização por partes dos agentes e gestores. Conforme ressaltado por Bezerra 
(2008) há um hiato entre a teoria e a pratica que necessita ser preenchido através de 
discussões e proposições que visem o aperfeiçoamento da prática de territorialização e, 
 
9 
 
consequentemente, do processo de representação deste território, através de croquis ou 
mapas. 
Desta forma, o mapeamento participativo do território de atuação pode auxiliar no 
processo de coleta de dados não existentes em nossos sistemas de informações tais como, 
condições de vida e os dados ambientais em micro escala. Neste caso, seria necessária a 
estruturação base georrefereciada atrelada ao entendimento de territorialidade pelos 
agentes comunitários de saúde e coerente com a hierarquização proposta pela ESF (micro-
áreas, área, segmento e município). A construção desta base, é em foco de interesse da 
presente proposta. 
Conforme salientam Monken & Barcellos (2005), há a necessidade de se buscar 
novas metodologias para o campo da Saúde Coletiva que devem ser acompanhadas pelo 
desenvolvimento de métodos que articulem os níveis do indivíduo e das coletividades. 
Dessa forma, a ESF carece de instrumentos que incorporem a dimensão do lugar, como 
expressão do relacionamento entre grupos sociais e seu território. 
Portanto, fica aqui patente a necessidade de se compreender a dimensão geográfica 
na escala local, do cotidiano das atividades de saúde das equipes da ESF, visando auxiliar 
não só o caráter explicativo como também a busca da identificação de situações 
problemas para a saúde no espaço e no tempo, podendo este fato se revestir de grande 
utilidade para a vigilância ambiental em saúde. 
Assim, esta tese foi desenvolvida buscando a associação entre o mapeamento de 
cunho participativo com o uso dos Sistemas de Informação Geográfica (SIG) com a base 
de dados do SIAB (Sistema de Informação de Atenção Básica) e Censo (IBGE). 
Como o cerne da questão relacionada à territorialização da ESF está a delimitação 
da área de atuação do ACS, a cartografia então, assume um papel fundamental como meio 
 
10 
 
da estruturação de procedimentos para a delimitação destas áreas. Contudo, atualmente 
convive-se com uma grande dificuldade de cunho operacional, associada à construção de 
mapas digitais que representem as especificidades do ambiente para projetos de micro 
escala de detalhamento, como no caso da ESF. 
Como base epistemológica, a proposta está baseada na afirmativa “a produção de 
doença resulta do acúmulo de situações históricas, sociais e de ambientes” (Barcellos, 
2000). Nesta perspectiva, entende-se o ambiente como sendo “as condições, 
circunstâncias e influências sob as quais existe uma organização ou um sistema, que pode 
ser afetado ou descrito pelos aspectos físicos, químicos e biológicos, tanto naturais como 
construídos pelo homem” (Brackley, 1988 apud Christofoletti, 1990) 
Acredita-se que a relevância desta proposta está no fato de se buscar a adoção da 
abordagem participativa em mapeamento para estudos de saúde integrados a técnicas de 
geoprocessamento, no sentido de criar uma base geoinformacional definida através do 
entendimento e delimitação do território de atuação por parte das equipes da ESF. Assim, 
esta proposta foi construída buscando associar os subsídios teóricos e operacionais 
voltados para o desenvolvimento de estratégias que possam integrar dados e saberes 
técnicos e locais. 
2.Objetivos 
2.1.Objetivo Geral 
Esta de tese tem como objetivo principal estruturar procedimentos metodológicos 
para inserção das técnicas de mapeamento participativo atrelado as técnicas de 
geoprocessamento nas práticas de trabalho da Estratégia de Saúde da Família (ESF), 
visando contribuir no processo de entendimento e mapeamento do território de atuação 
das equipes. 
 
11 
 
2.2. Objetivos Específicos 
Em termos específicos, esta tese visa estabelecer um exemplo aplicado, um modo 
operacional para as equipes da ESF integre os dados produzidos em base 
geoinformacional em conjunto por agentes comunitários de saúde, além de: 
 Contribuir para a discussão da inserção das técnicas de geoprocessamento no 
processo de vigilância ambiental em saúde. 
 Estruturar passos metodológicos para construção dos croquis desenvolvidos 
pelos agentes comunitários de saúde da ESF para auxiliar o diagnóstico de saúde 
ambiental. 
 
Em síntese, esta tese visa, prioritariamente, gerar mecanismos operacionais 
voltados para produção de instrumento de vigilância proposto para a ESF. 
 
3. Aspectos Metodológicos 
Esta tese se estrutura em um nível de microescala de análise visando desenvolver 
procedimentos metodológicos e operacionais para a delimitação da área de atuação de 
uma equipe da ESF e incorporação de variáveis socioeconômicas ausentes no SIAB. 
Pretende contribuir para o Programa de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, 
assim como, para as equipes da ESF no processo de entendimento do seu território de 
atuação. 
 
 
12 
 
 
 Esta tese esta desenvolvida a através dos seguintes passos metodológicos: 
 Revisão bibliográfica: 
O presente projeto contempla uma revisão bibliográfica abrangente aos principais 
temas: a) abordagens participativas; b) técnicas de geoprocessamento; c) processos 
cartográficos, d) Vigilância Ambiental em Saúde e e) Estratégia de Saúde Família. 
 Estruturar passos metodológicos para construção dos croquis pelas equipes do 
ESF. 
Além de um levantamento bibliográfico concernente as metodologias relacionadas: 
a) construção de croquis através de metodologias de cunho participativo, b) adequação 
cartográfica de croquis. 
Esta atividade é considerada de fundamental importância para o entendimento do 
território de atuação das equipes da ESF, devido à ausência da obrigatoriedade de 
espacialização (croquis /mapeamento) e/ou metodologia na delimitação das áreas e 
micro-áreas de atuação no âmbito da vigilância em saúde. Percebe-se quecada equipe 
elabora a delimitação da área de atuação do seu modo, onde muitas das vezes apenas 
contam com as ruas, sem levar em consideração as características físicas e ambientais do 
território de atuação. Nota-se que o principal problema está no processo de planejamento 
da delimitação, onde muitas vezes encontra-se a mesma a família cadastrada em micro-
áreas distintas. Estes problemas operacionais destacados acima, acabam por dificultar a 
compreensão tanto por parte dos agentes quanto das coordenações das equipes do 
significado do território para o pleno desenvolvimento da ESF. 
 
13 
 
O desenvolvimento desta atividade foi apoiado na metodologia proposta por Monken 
(2003), onde podemos identificar os problemas saúde e condições de vida do território de 
atuação da ESF, utilizando como base de referencial teórico o Programa PROFORMAR 
desenvolvido pela Fiocruz através da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio. 
 O desenvolvimento desta etapa do trabalho na tese se deu de forma interativa e 
participativa com os agentes de saúde. O processo de produção de croquis foi utilizado 
como técnica potencializadora para o entendimento de conceitos, visando observar o 
nível compreensão dos atores sociais (equipes da ESF) sobre determinado tema ou no 
“brainstorming” (chuva de ideias) de um projeto. 
As técnicas de visualização gráfica devem ser utilizadas de forma objetiva e clara 
no processo de vigilância saúde. As experiências participativas significam uma 
reformulação ampla das abordagens de saúde (coletada de dados da comunidade, sem 
retorno de informação), com ênfase no aprendizado a partir das diversidades de 
iniciativas locais. 
A utilização de ferramentas de representação gráfica é uma estratégia essencial 
para se adquirir um conhecimento do seu espaço geográfico necessário para a efetiva 
participação social. Shiffer (1996) e outros (Craig, 1998, Krygier,1998, Pieplow, 
1998) vêm demonstrando, em seus estudos que a utilização destas tecnologias de 
espacialização de informações, incluindo: SIGs (Sistemas de Informações 
Geográficas), imagens de satélite e fotos aéreas, simulações digitais, dentre outras) 
auxiliam na discussão e no processo de tomada de decisão de acordo com as 
necessidades dos atores sociais envolvidos. Estas abordagens são utilizadas com o 
intuito de melhor entender o ambiente local destacando as características socialmente 
construídas a sua potencial relação com as questões de saúde. 
 
14 
 
 Adequação de croquis para inserção em um Sistema de Informação 
Geográfica. 
 Esta atividade foi desenvolvida apoiada na metodologia proposta por Magalhães 
& Pina (1995) que consiste em adaptar os croquis/desenhos dos setores censitários a um 
mapa georreferenciados através da digitalização em um "software" de Sistema de 
Informação Geográfica. Assim, pretende-se adaptar os croquis elaborados pelos agentes 
de saúde a uma base cartográfica georrefereciada de rua e/ou setores censitários que será 
associada ao mapeamento das condicionantes ambientais. 
4. Organização da tese 
 Optou-se por apresentar a tese na forma de dois artigos científicos; considerando 
esta estrutura mais objetiva que o modelo de tese tradicional, uma vez que esta tese 
tem um caráter operacional e assim propicia uma divulgação mais prática e rápida dos 
resultados e percepções obtidas. Este formato está de acordo com as normas do Curso 
de Pós-Graduação da ENSP. Esta tese foi concluída no formato de dois(2) artigos já 
publicados e consta com uma consideração geral e respeito da temática retratada. 
 
 Primeira Publicação 2008 - artigo sobre a revisão bibliográfica relacionada a 
abordagens participativas e democratização das ferramentas de 
geoprocessamento. (Desenvolvida em 2007 a publicada em 2008) 
 Segunda Publicação 2012. Apresentação do segundo artigo sobre o processo de 
construção e adequação dos croquis ao sistema de informação geográfica. 
(http://www.cienciaesaudecoletiva.com.br/artigos/artigo_int.php?id_artigo=9991) 
 Considerações gerais 
 
15 
 
5. Publicação 1 
A primeira publicação fruto desta tese de doutorado se deu através de um capítulo 
do livro Território e Saúde, produzido pela editora Fiocruz em 2008 através da 
coordenação dos Pesquisadores Christovam Barcellos e Ary Miranda. O capitulo 11- 
Geoprocessamento e participação social: Ferramentas para vigilância ambiental em saúde 
foi desenvolvido em parceria com o Prof. Christovam Barcellos. Trata-se de uma revisão 
uma bibliográfica até 2008 que busca a integração das técnicas de geoprocessamento com 
a participação social e a sua importância para o processo de vigilância de ambiental em 
saúde, uma das ferramentas propostas para Estratégia de Saúde da Família(ESF). 
 
Geoprocessamento e Participação Social: ferramentas para vigilância ambiental em 
saúde 
Roberta Argento Goldstein e Christovam Barcellos 
In: Território, Ambiente e Saúde, 2008. Ed. Fiocruz, Rio de Janeiro 
Organização: Ary Carvalho de Miranda, Christovam Barcellos, Josino Costa Moreira, 
Maurício Monken 
 
 
16 
 
Geoprocessamento e participação social: Ferramentas para vigilância ambiental em 
saúde. 
Roberta Argento Goldstein & Christovam Barcellos 
O presente capítulo pretende esclarecer algumas questões relacionadas às 
abordagens participativas, incluindo o mapeamento através da inserção de técnicas de 
geoprocessamento e a sua utilização para o processo de vigilância ambiental em saúde. A 
vigilância ambiental em saúde se configura como um conjunto de ações que 
proporcionam o conhecimento e a detecção de alterações nos fatores determinantes e 
condicionantes do meio ambiente que interferem na saúde humana, com a finalidade de 
recomendar e adotar as medidas de prevenção e controle dos fatores de riscos e das 
doenças ou agravos relacionados à variável ambiental (SVS, 2003). 
As tarefas fundamentais da vigilância ambiental em saúde referem-se aos 
processos de produção, integração, processamento e interpretação de informações 
visando o conhecimento dos problemas de saúde existentes, relacionados aos fatores 
ambientais, sua priorização para tomada de decisão e execução de ações relativas às 
atividades de promoção, prevenção e controle. A vigilância ambiental em saúde tem, 
necessariamente, um caráter integrador inter e intra-setorial, considerando-se que é 
impossível realizar atividades de vigilância e controle de riscos ambientais sem uma 
avaliação e ação conjunta de todos os setores envolvidos com o ambiente e a saúde 
humana em um determinado território. 
 A utilização do espaço geográfico como categoria de análise ressalta a 
função do contexto social e dos componentes ambientais, atrelada a outros conjuntos de 
determinantes que atuam sobre a saúde humana. Em épocas mais recentes, a poluição 
ambiental vem atraindo a atenção dos gestores de saúde que começam a compreender a 
 
17 
 
importância do processo de mapeamento das áreas de risco para a vigilância ambiental 
em saúde dos municípios (Rojas et al., 1999). 
O caminho racional e sustentável de um processo de desenvolvimento que visa 
envolver os diversos atores sociais passa pela participação ativa dos mesmos no processo 
de desenvolvimento, implementação e avaliação do projeto. A participação popular, 
assim como a descentralização das decisões, tem se mostrado como sendo o caminho 
mais adequado para se enfrentar os inúmeros problemas, sejam eles no âmbito da saúde 
ou na área ambiental. Desse modo, a participação é o caminho para a motivação e o 
entusiasmo das pessoas, ingredientes necessários para o desenvolvimento de um processo 
participativo. Para tal, faz-se necessária a transparêncianos processos decisórios dos 
diversos setores ambientais e de saúde. Esta transparência pode ser efetivada quando 
agregada à participação social desde o processo de discussão do problema no âmbito da 
saúde e/ou ambiente até a implementação do projeto e avaliação do mesmo. 
Segundo Chambers (1999) a participação não deve ser vista meramente como um 
instrumento necessário para a solução dos problemas mas, sim, como uma necessidade 
do homem de se auto afirmar, de interagir com a sociedade, de criar, de realizar, de 
contribuir. 
Pode-se analisar a importância de um processo participativo por dois ângulos: 
 Instrumental: será sempre mais eficaz se fizermos a coisa em conjunto; 
 Afetivo: sentimo-nos seguros, mais confiantes, trabalhando em sociedade. 
Os países da América Latina e Caribe encontram-se em um processo de transição 
cultural de participação da cidadania e as instituições públicas buscam de maneira pouco 
eficaz desenvolver algumas atividades através de ações participativas. No âmbito da 
saúde, a participação vem sendo bastante amplificada pelos diversos mecanismos de 
 
18 
 
promoção à saúde. O envolvimento dos diversos setores da sociedade civil em projetos e 
programas vem sendo cada vez mais priorizado pelos organismos internacionais, assim 
como pelo poder público, ressaltando a participação dos atores sociais envolvidos em 
projetos ambientais e de saúde coletiva que acarretem impactos diretos ou indiretos às 
comunidades estabelecidas sob a sua área de influência. 
O uso de mapas pode ser utilizado como técnica potencializadora de processos de 
discussão em grupos focais associados a métodos participativos. Ele também pode ser 
utilizado como instrumento isolado, na formação de uma rede de conceitos, visando 
observar o nível de entendimento de um grupo sob determinado tema ou no brainstorming 
(chuva de ideias) de um projeto ou ideia. Logo, as diversas técnicas de visualização 
gráfica, destacando aqui os mapeamentos, podem ser utilizadas para se obter objetividade 
e clareza aos processos de vigilância ambiental em saúde. 
É importante ressaltar que as diversas técnicas, instrumentos ou métodos 
participativos não têm um fim em si mesmo. Eles por si só não irão resolver os 
problemas locais. Poucos são os pesquisadores que percebem, quando se trabalha 
em grupo de forma participativa, que não existem receitas a serem seguidas. Para 
cada grupo, para cada situação específica, para cada contexto institucional é 
necessário se ajustar, adaptar e mesclar os instrumentos de pesquisa disponíveis 
integrando as informações disponibilizadas pelos grupos sociais. Contudo, a busca 
de se equacionar esses problemas (metodologias e comunicação) tem sido o fator 
fundamental para o sucesso de propostas que envolvam o viés da participação e 
ação da comunidade. Logo, a participação deve ser desde o início do processo de 
planejamento até a finalização do mesmo. 
 
19 
 
Na concepção participativa do desenvolvimento, considera-se que a população 
deve organizar-se em torno dos problemas que consideram mais importantes para 
adquirir uma capacidade coletiva de decisão e, ao mesmo tempo, exercer o controle 
quanto à utilização de recursos existentes em seus territórios. A partir da década de 90, 
houve uma expansão das experiências participativas por todo o país, aproveitando a 
conjuntura política favorável e o incentivo dos organismos mundiais e agências 
governamentais de financiamento (Tenório & Rozenberg, 1999). 
 
Sobre as abordagens participativas 
A participação como princípio básico na concepção de projetos, programas e 
políticas públicas tem tido aceitação cada vez maior, porém o seu efetivo significado 
acabou se perdendo. A palavra participação surge atualmente como um “slogan” ou 
bordão técnico/político na busca de incentivos financeiros para projetos em geral, mas 
sua maior repercussão tem sido vista em projetos de cunho ambiental. As percepções 
do que vem a ser participação variam muito, permeando entre a ideia de participação 
passiva (onde é dito às pessoas o que elas devem fazer para participar no âmbito do 
projeto ou programa), passando por diversas formas como a de autoajuda e cogestão 
(onde as pessoas são atores ativos nas mudanças através de seus projetos), até a ideia 
da ativa participação política na sociedade. Participar, então, é repensar o seu saber em 
confronto com outros saberes, participar é fazer “com” e não “para” (Tenório, 1995). 
Primeiramente deve-se entender o que vem a ser participação. Frequentemente 
a palavra é usada no sentido normativo, considerando que qualquer ação 
“participativa” necessariamente há de ser positiva e promotora de capacitação. 
Segundo Ortiz (2005) participar significa fazer parte de um grupo, tomar parte das 
decisões e ter parte do resultado. O importante não é o quanto se toma parte, mas o como 
 
20 
 
se faz. Deste modo, “a participação comunitária é um processo mediante o qual as 
diversas camadas têm parte no planejamento, na produção, na gestão e no usufruto dos 
bens de uma comunidade”. 
Com relação às questões importantes referentes à abordagem participativa, 
pode-se destacar: 
i) A importância da informação às comunidades e organizações locais e 
/ou regionais a buscarem atividades alternativas para a reabilitação das 
áreas degradadas; 
ii) As vantagens para as comunidades locais em aumentar a capacidade 
e a compreensão dos grupos intervenientes: social, econômica e 
ambientalmente afetados pela atividade de mineração artesanal do 
ouro. 
As experiências acumuladas nos últimos anos no país vêm demonstrando a 
importância da participação efetiva das comunidades locais no planejamento, 
desenvolvimento e resultados de projetos socioambientais. A experiência precursora 
no país que reflete o processo de abordagem participativa se desenvolve pelo viés das 
ciências sociais com Michel Thiollant. Thiollant define então, pesquisa-ação como: 
“um tipo de pesquisa social, com base empírica, que é concebida e realizada em estreita 
associação com uma ação ou com a resolução de um problema coletivo no qual os 
pesquisadores e os participantes representativos da situação ou problema estão 
envolvidos de modo cooperativo ou participativo”. (Thiollant, 1947). 
 
 
21 
 
O processo participativo engloba diferentes níveis de interesse por parte das 
populações a serem estudas: 
 Nível econômico, com a presença ativa na tomada de decisões das unidades 
de produção, sendo possível detectar várias experiências de cogestão, 
empresas comunitárias, cooperativas etc. 
 Área sociocultural, compreende ações em diferentes instituições da 
sociedade onde se articulam interesses de classes ou grupos, circulam 
valores, normas, pautas de conduta, manifestação de criatividade artística. 
 Área política, corresponde à participação no processo de tomada de decisão, 
desde a estrutura do poder local até o plano nacional. 
De acordo com Bandeira (1999), “a participação deve, portanto, ser vista como 
um instrumento importante para promover articulação entre os atores sociais, 
fortalecendo a coesão da comunidade para melhorar a qualidade das decisões, tornando 
mais fácil alcançar objetivos de interesse comum". 
Porém, cabe ressaltar que as decisões obtidas por meio da participação sempre 
dependerão do grau de capacitação da comunidade ou de seus representantes para 
identificar as soluções relevantes para os seus problemas. 
A participação dos diferentes segmentos sociais nas discussões da problemática 
local funciona para a consolidação de uma identidade local, que pode ser entendida 
com o sentimento de compartilhamento de uma comunidade territorialmente 
localizada. Assim,cabe ressaltar que a identidade local e/ou regional é construída 
historicamente, surgida de processos políticos, sociais, econômicos e culturais que 
fazem com que os habitantes de um determinado território consolidem a sua percepção 
e, levando em conta, claro, as diferenças, divergências e os fortes interesses que 
possam ter em comum. 
 
22 
 
As experiências participativas significam uma reformulação ampla das antigas 
abordagens de saúde e ambiente (coleta de dados da comunidade, sem retorno de 
informação), com ênfase no aprendizado a partir das diversidades de iniciativas locais. 
Uma relação que envolva a participação entre seres humanos no exercício de sua 
cidadania não acontece através de divisão de poderes e responsabilidades induzidas de 
cima para baixo, mas pode e deve ser um processo contínuo e socialmente construído 
de baixo para cima. De acordo com Alencar (1990), “na abordagem participativa, a 
comunidade é vista como um sistema social internamente diferenciado, em 
decorrência da natureza heterogênea da estrutura social de uma comunidade”. As 
abordagens participativas aplicadas tanto na área da saúde quanto ambiental derivam 
das comumente utilizadas em planejamento estratégico de empresas. 
A Democratização das técnicas de geoprocessamento 
A localização espacial da informação no processo de gestão do ambiente e da 
saúde vem sendo cada vez mais valorizada, por apontar novos subsídios ao processo 
de vigilância através dos mapeamentos das áreas de riscos provendo um instrumento 
de ações corretivas e/ou preventivas no contexto da gestão socioambiental. Uma das 
ferramentas para auxiliar o processo de visualização das informações são as técnicas 
de geoprocessamento, aplicadas à realidade local. Através da utilização de técnicas de 
geoprocessamento, pode-se sobrepor informações socioambientais que permitam uma 
melhor localização das problemáticas a serem estudas, facilitando, assim, o 
planejamento de ações por parte tanto do poder público quanto da população local. 
Sob esse ponto de vista, a utilização dessa ferramenta para auxiliar no 
acompanhamento da dinâmica e a complexidade das mudanças no espaço, visam a 
fornecer subsídios para a elaboração de estratégias e ações direcionadas ao 
planejamento, conservação, preservação e gerenciamento socioambiental. 
 
23 
 
Segundo Rodrigues (1990), geoprocessamento é o conjunto de tecnologias de 
coleta, tratamento e desenvolvimento de informações espaciais. Enfatiza ainda que há 
vários tipos de técnicas, cada qual com funções específicas, tais como as de 
digitalização, conversão de dados, modelagem digital do terreno, processamento 
digital de imagens, SIGs (Sistema de Informação Geográfica), dentre outras. De uma 
maneira mais ampla, essas técnicas objetivam a localização, delimitação, qualificação, 
quantificação e o monitoramento da evolução de fenômenos ambientais (Cruz,1999). 
Assim, o geoprocessamento se torna uma ampla ferramenta de diversas aplicabilidades 
do campo das ciências ambientais, pela sua capacidade de análise de diversas 
variáveis, assim como o acompanhamento espaço-temporal de fenômenos sociais e 
ambientais. 
Os mapas temáticos se caracterizam por representar as relações estruturais de 
um tema ou objeto selecionado, sendo resultantes de um processo de análise concebido 
para responder a uma questão pré-definida, ou auxiliar no processo de tomada de 
decisão. “Um mapa temático fornece tanto informações diretas, representadas pela 
distribuição espacial dos temas que simbolizam as classes do objeto mapeado, quanto 
informações geradas pela síntese de duas ou mais informações primárias” (Pina et al., 
1998). 
Não se pode negar a importância da base cartográfica digital para se trabalhar 
com as técnicas de geoprocessamento. Segundo Argento (1990), “no Brasil, é uma 
realidade a ausência de bases de dados consistentes associada a uma coleta sistemática 
e atrelada a uma escala de detalhamento compatível ao fornecimento de informações 
que possam atender, objetivamente, às questões políticas como, também, 
comunitárias”. 
 
24 
 
A utilização de ferramentas de orientação espacial é essencial para se adquirir 
um conhecimento do seu espaço geográfico necessário para a efetiva participação 
social. Shiffer (1996) e outros (Craig, 1998, Krygier, 1998, Pieplow, 1998) vêm 
demonstrando, em seus estudos, que a utilização dessas tecnologias de espacialização 
de informações, incluindo o SIG (Sistema de Informações Geográficas, imagens de 
satélite e fotos aéreas, simulações digitais, dentre outras), auxiliam na discussão e no 
processo de tomada de decisão de acordo com as necessidades da população local. 
Tendo em vista a grande importância atribuída às tecnologias de 
geoprocessamento tanto na área ambiental e, recentemente, na saúde coletiva, a 
geração de informações nem sempre são condizentes e aplicáveis em nível local. 
Diversos pesquisadores (Macnab,1998; Stevens & Thopson, 1996; Howard, 1998; 
King, 2002) vêm divulgando a importância de se gerar informações para que as 
populações locais participem ativamente do processo de tomada de decisão. 
Recentemente foram realizados vários estudos independentes que focalizam a ideia de 
associação das técnicas de geoprocessamento e instrumentos participativos descritos 
como Participatory GIS (PGIS). 
Os principais estudos ressaltados pela literatura são: The Kipersol (África do 
Sul), de Weiner et al., 1995; The Namibian Wildlife GIS, de Tagg et al., 1996 e o 
Namaqualand GIS (África do Sul), de Cinderby et al, 1998. Todos os três estudos 
foram desenvolvidos na África e visavam a fornecer subsídio à população local para 
auxiliar na formulação de políticas de desenvolvimento local fundamentadas no plano 
de desenvolvimento do país. 
Nos trabalhos citados foram desenvolvidas técnicas participativas para definir a 
percepção geográfica de espaço, como também compartilhar os conhecimentos 
gerados de maneira conjunta sobre cada região, permitindo o planejamento e uso dos 
 
25 
 
recursos naturais existentes em cada uma das áreas estudadas (Cinderby, 2000). Nestes 
trabalhos foram utilizados instrumentos participativos como a produção de um mapa 
de percepção buscando incorporar as preocupações e o conhecimento em uma base 
cartográfica. O uso de referências espaciais, como os mapas temáticos e as fotografias 
aéreas, permitiu a integração destes mapas de percepção em um GIS, gerando um 
sistema de informação simples e de fácil acesso à consulta e análise para a população 
local. 
A coleta de dados, utilização de geotecnologias e a participação efetiva da 
comunidade no Brasil são muito pouco divulgados. Alguns destes estudos foram 
realizados na área ambiental por Bronw et al (1995) no mapeamento de seringais, no 
Estado do Acre, com o auxílio de Sensoriamento Remoto. Este estudo contou com a 
participação efetiva dos seringueiros que, no decorrer do processo participativo, 
aprenderam a interpretar as imagens de satélite e, consequentemente, a gerenciar 
melhor o seu espaço geográfico. Shiffer (1996) afirma que a aplicação dos temas 
geográficos integrados a estas novas tecnologias de visualização de dados espaciais 
(fotos áreas, imagens de satélites, cartografia digital, animações e simulações digitais) 
ajuda na participação ativa do público e promove também a sua orientação geográfica. 
Através desses estudos, a utilização das técnicas de geoprocessamento realizadas 
envolvendo a participação local ganha maior visibilidade no cenário mundial. 
Segundo Sparrow (1992, apud Pina et al, 1998), “o SIG, como outros métodos 
de mapeamentos, podem ser utilizados como instrumentos didáticos e de debate com 
a população leigasobre suas condições socioeconômicas e inserção em seu território”. 
O principal problema encontrado atualmente é a dificuldade de obtenção de dados 
coletados num formato georreferenciados para que possam ser transformados em 
informações especializadas de interesse comunitário, ou seja, que reflitam à sua 
 
26 
 
realidade (Argento,1995). Essas ferramentas tecnológicas têm contribuído para uma 
mudança na abordagem tradicional de mapeamento, transformando o mapa não mais 
em um produto final de um processo de pesquisa e sim em uma ferramenta de auxílio 
para se conhecer primeiramente uma determinada região, a sua distribuição e dinâmica 
espacial, inserindo, assim, a população em um processo participativo de conhecimento 
do seu “meio ambiente”, facilitando assim, a compreensão de sua realidade e/ou 
problemática vigente. A utilização das técnicas de geoprocessamento como ferramenta 
de auxílio no emprego de metodologias participativas busca fornecer subsídios para o 
processo de tomada de decisão, seja ele, voltado para a área de planejamento ou 
gerenciamento ambiental ou social. 
Dessa forma, a inexistência de um Banco de Dados Georreferenciado (BDG) que 
possa atender as propostas vinculadas às questões do meio ambiente e saúde coletiva 
também se torna, hoje, uma realidade que deve ser analisada e priorizada, no sentido 
de se buscar mecanismos alternativos que possam estruturar uma base operacional, 
capaz de subsidiar informações para um criterioso planejamento socioambiental. 
Logo, a integração entre a base cartográfica e o geoprocessamento torna-se um ponto 
básico para a consistência técnica de um projeto na área socioambiental. 
Os mapas são alguns dos resultados esperados de projetos de desenvolvimento 
de SIG. Por outro lado, estes sistemas não são só constituídos por mapas. O que 
diferencia o SIG de um mapa digital é a capacidade intrínseca do sistema armazenar, 
processar e recuperar informações, relacionando os dados gráficos (pontos, linhas, 
polígonos e imagens) aos dados tabulares (Burrough, 1995). Os SIGs têm, por isso, as 
funções de manutenção de dados, mas, ao mesmo tempo, de análise e comunicação 
desses dados (Souza e Katuta, 2002). 
 
27 
 
Portanto, estruturar um SIG para se avaliar os riscos ambientais e/ou de saúde 
em um processo de vigilância ambiental em saúde apoiado em métodos participativos 
significa atrelar a base operacional de um sistema (hardware e software) a um conjunto 
de informações produzidas por diferentes atores sociais. Isto irá permitir uma maior 
aproximação entre técnicos (mapmaker) e população (mapuser), logo, entre 
codificadores e decodificadores das informações cartográficas. 
Devemos então, encarar o processo de produção dos mapas georreferenciados 
como uma efetiva ação a ser desenvolvida em projetos no campo da vigilância 
ambiental em saúde. Porém, estes mapas devem ser pensados e produzidos a partir um 
processo educativo de ambas as partes (técnicos e população envolvida), na busca de 
um melhor conhecimento sobre o território, os determinantes e condicionantes 
ambientais e sociais e sua influência no desenvolvimento dos agravos de saúde da 
população. 
 
 
28 
 
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31 
 
Publicação 2 
 A segunda publicação e publicada na Revista Ciência e Saúde Coletiva (artigo 
559/2012) em parceria com pesquisadores do Laboratório de geoprocessamento do 
ICICT. Este artigo é fruto de um projeto desenvolvido pelo LABGEO com financiamento 
da Fundação Cesgranrio e busca avaliar os procedimentos de mapeamento desenvolvido 
pela Estratégia de saúde da Família (ESF) de 16 municípios da região norte do País. O 
projeto também propôs formas participativas de mapeamento visado à inclusão de dados 
em um Sistema de informação geográfica (SIG) para avaliar a cobertura do atendimento 
de forma localizada. 
 A experiência de mapeamento participativo para a construção de uma alternativa 
cartográfica para ESF. 
Roberta Argento Goldstein; Christovam Barcellos; Monica Avelar Mafra Magalhães; Renata 
Gracie & Francisco Viacava. 
 
Ciência e Saúde Coletiva 559/2012. 
http://www.cienciaesaudecoletiva.com.br/artigos/artigo_int.php?id_artigo=9991 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
32 
 
A experiência de mapeamento participativo para a construção de uma alternativa 
cartográfica para ESF. 
Roberta Argento Goldstein; Christovam Barcellos; Monica Avelar Mafra Magalhães; Renata 
Gracie & Francisco Viacava. 
Ciência e Saúde Coletiva 559/2012 
 
RESUMO: 
 Os mapas e os procedimentos de mapeamento são ferramentas úteis para 
sistematização e comunicação dos resultados de pesquisa, assim como, na conversão de 
dados coletados em informação relevantes a nível local. Os desafios envolvidos na 
incorporação de novos métodos de pesquisas utilizando o mapeamento participativo 
associado às aplicações de Sistema de Informações Geográficas - SIG para as ações no 
setor saúde tem enfrentado dificuldades tanto na falta de recursos financeiros para 
aquisição de software, quanto no treinamento para a utilização das ferramentas de 
mapeamento digital. Este artigo apresenta uma alternativa para operacionalizar o 
território da atuação dos agentes comunitários de saúde através da experiência do 
processo de mapeamento participativo associado ao um Sistema de Informação 
Geográfica – SIG para o Programa de Saúde da Família - ESF. 
 
ABSTRACT 
Maps and mapping procedures are useful tools for systematic and communication of 
research results, as well as the conversion of data collected from relevant local 
information. The challenges involved in incorporating new methods of research using 
participatory mapping associated with the applications of Geographic Information 
System - GIS for the actions in the health sector has faced difficulties both in the absence 
of financial resources for purchasing software, and in training for the use digital mapping 
tools. This paper presents an alternative to operationalize the territory of the performance 
of community health workers through the experience of the process of participatory 
mapping associated with a Geographic Information System - GIS for the Family Health 
Program – ESF. 
 
33 
 
1. INTRODUÇÃO. 
As agências governamentais de saúde tendem a produzir uma enorme quantidade 
de dados, mas as análises intra-urbanas ainda sofrem com problemas de espacialização 
dos dados (Barcellos, et al 2008). Este fato colabora para que as informações ao nível 
local se mantenham desordenadas. Embora as práticas de investigação dos serviços de 
saúde produzam resultados que deveria permitir a melhora da qualidade do atendimento, 
dos serviços e das políticas públicas, o fato é que estes indicadores ainda não auxiliam o 
processo de trabalho das equipes do ESF tanto como poderia. 
Ao ESF foi creditada possibilidade de desenvolver as diretrizes do Sistema Único 
de Saúde (SUS) a nível local. Segundo Costa Neto (2000) por um lado o ESF é entendido 
como uma estratégia, porque contém uma série de características que permite a 
reorientação do modelo de assistência a partir da atenção básica se difundindo para os 
demais níveis, conforme preconizado pelo SUS. Por outro, possui uma série de 
características dos programas de saúde propostos anteriormente, como objetivos, metas e 
normas preestabelecidas. O componente chaves deste processo é o Agente Comunitário 
de Saúde - ACS é considerado um elo entre a comunidade e o sistema de saúde. Contudo, 
algumas barreiras persistem para a efetivação dessas ações. Segundo Silva (2001) os 
agentes não dispõem de instrumentos de tecnologia e capacitação para as diferentes ações 
esperadas do seu trabalho. Logo, há a necessidade de se buscar alternativas, ferramentas 
e métodos que auxiliem no processo de trabalho dos agentes comunitários de saúde e das 
equipes associada a sua realidade local. 
 
 
 
 
34 
 
Nas palavras de Capistrano Filho (1999), “os ACS, que são parte integrante da 
população adscrita, e assim devem trabalhar para organizar a parcela de sociedade 
agrupada num determinado território, que é mais do que um espaço, pois incorpora uma 
população com sua estrutura, sua história, sua cultura, suas organizações”. 
Ao pensarmos o processo de operacionalização do território de atuação dos ACS 
é necessário avaliar o entendimento desta categoria geográfica de análise (o território) e 
a sua relação com o ESF. Esta abordagem teórica sobre o conceito de território no ESF 
vem sendo bastante abordada em diversos estudos (Monken & Barcelos, 2005; Riceto & 
Silva, 2008; Pereira & Paranhos, 2002 Pereira & Barcelos 2006; Gondim, et al 2008). 
Esses autores salientam a importância da classificação deste território, com um espaço 
singularizado e resultante de uma acumulação histórica, cultural, ambiental, e de disputas 
de poder nele existente. 
Reconhecer esta dinâmica social e política das áreas de atuação é, portanto, a 
primeira etapa para uma mudança na concepção da prática de trabalho dos ACS nestes 
territórios. As principais atribuições dos ACS são: a delimitação do seu território de 
atuação e o atendimento aos indivíduos ou famílias para intervenção ou prevenção de 
agravos. Assim, o mapeamento participativo surge como uma alternativa para o maior 
envolvimento dos agentes e da população no processo de territorialização. 
 Neste artigo o termo participação é visto como o processo de sensibilização dos 
indivíduos, aumentando-lhes a responsabilidade para responderem as propostas de 
programas de desenvolvimento e encorajando iniciativas locais (Oakley e Marsden, 
1985). O mapeamento de forma participativa, neste contexto, refere-se amplamente a 
qualquer método utilizado para obter e registrar dados espaciais em parceria com os ou 
atores sociais, sejam eles coordenadores de equipes de ESF, ou agentes comunitários de 
saúde. Sendo assim, o mapeamento não inclui apenas um conjunto de ferramentas, mas o 
 
35 
 
processo participativo de coleta de informação daquela localidade até a confecção de 
mapas para auxiliar o processo decisório. Este tipo de mapeamento tornou-se mais usual 
com o desenvolvimento de projetos ambientais tais como: delimitação de área bacias 
hidrográficas; delimitação de áreas de reassentamento com moradores de comunidades; 
localização de terras indígenas e seringais. De acordo com Ascerald (2008) há 150 casos 
de experiências classificadas de "mapeamento participativo" identificadas no Brasil, 
promovidas por ONGs, entidades ambientalistas, entidades associativas de quilombolas, 
indígenas e etc.; embora, nenhuma das experiências abordadas por este autor seja 
representativado setor saúde. 
 Na área da Saúde pode-se destacar o Projeto Saúde e Alegria (2010), desenvolvido 
pelo CEAPS – Centro de Estudos Avançados de Promoção Social e Ambiental (entidade 
civil) desde 1995, buscando promover e apoiar processos participativos de 
desenvolvimento comunitário, na região norte do país. Este projeto utiliza o mapeamento 
participativo, como uma de suas técnicas de documentação do território de populações as 
comunidades tradicionais - indígenas ribeirinhos e quilombola. 
(http://www.saudeealegria.org.br/portal/index.php/home/conteudo/13). 
 A utilidade dos mapas e "softwares" de mapeamento para apresentação e 
divulgação de dados tem sido reconhecida no âmbito da saúde pública no Brasil 
(Barcellos & Bastos, 1996; Câmara & Monteiro, 2001 Skaba et al 2004; Carvalho & 
Souza-Santos, 2005), principalmente por mostrar a informação de maneira sucinta e 
objetiva alcançando diferentes públicos. Isso faz do mapeamento uma ferramenta 
relevante dentro do setor saúde promovendo o processo de desenvolvimento social e 
permitindo aos membros da comunidade, novos meios de identificar e expressar suas 
preocupações, necessidades e opiniões aos responsáveis políticos. 
 
36 
 
No âmbito da saúde, já foram realizadas em algumas cidades, ao longo dos 
últimos anos, experiências de mapeamento de dados do ESF. Montes Claros (Pereira e 
Paranhos, 2002), Vitória da Conquista, Belo Horizonte e Goiânia são exemplos de uso 
de SIG para a construção de mapas que permitam a geração de indicadores voltados para 
a gerência do ESF no nível intra-urbano, porém sem abordar a participação dos agentes 
ou comunidade envolvida. Um estudo piloto realizado pela Fundação Oswaldo Cruz e 
UFPE (Portugal, 2003) em Caruaru mostrou a viabilidade de georreferenciar as 
residências como referências primárias para a construção de agregados espaciais de 
micro-áreas e áreas do ESF. 
O presente artigo se baseia no estudo realizado pelo projeto denominado Bases 
cartográficas para o Programa de Saúde da Família financiado pelo projeto 
PROESF, onde buscou-se avaliar o processo de construção dos mapas base das áreas de 
atuação das equipes do ESF em 17 municípios das regiões norte e nordeste do País. 
Este artigo tem como objetivo contribuir para o processo de mapeamento do 
território do ESF; e assim, apresentá-lo como uma alternativa cartográfica para ESF. 
2. CARTOGRAFIA PARTICIPATIVA: UMA ALTERNATIVA. 
 A ciência cartográfica considera os mapas como uma forma de comunicação de 
dados e também como instrumento de visualização científica. A relação entre o mapa 
(realidade representada) com o seu meio pesquisado possui sentido apenas de localização, 
porém, baseados nos conceitos principais da cartografia, tais como os sistemas de signos 
(sinais ali designados a representar algo da realidade mapeada), a redução (o conceito de 
escala) e projeção (desenvolvimento da superfície da Terra em um plano) Girardi (2000). 
 A partir da década de 70 pode-se observar uma crescente explosão de iniciativas 
de mapeamentos participativos, também chamados de cartografia social, etnocartografia 
 
37 
 
ou mapeamentos humanísticos em diversos países. Estes métodos são baseados nas 
abordagens do desenvolvimento rural, chamados Rapid Rural Appraisal (RRA) 
Participatory Rural Appraisal (PRA), culminando o Participatory Learning Action (PLA). 
 A partir de 1990 inúmeras iniciativas mundiais se propuseram a trabalhar com 
inclusão de populações locais nos processos de produção de mapas. No Brasil as 
experiências em cartografia participativa também podem ser observadas em trabalhos de 
cunho socioambiental realizados em comunidades (Ascerald, 2008). 
 Assim, o mapeamento participativo, pode ser considerado como o processo de 
espacialização e registro do conhecimento de um dado grupo ou comunidade acerca de 
uma determinada paisagem ou localidade. O resultado de um mapeamento participativo 
não necessariamente gera mapas segundo as formalidades da cartografia. Relatos, 
ilustrações, trajetos, roteiros esquematizados podem ser objetos iniciais ou finais destes 
mapeamentos participativos. Normalmente esse mapeamento está relacionado tanto as 
questões ambientais como a de ordenamento do território. 
 Atualmente, existem diversos tipos de mapas em desenvolvimento para 
diferentes propostas participativas. Em geral, um mapa é um retrato de uma área, com 
simbologias, referenciais geográficos e geodésicos. Segundo Flavelle (2002) podemos 
destacar o “sketch maps” (croquis em português) e “base maps” (mapas base) ambos são 
importantes em tarefas que utilizam o raciocínio geoespacial. 
 “Sketch maps” (mapas esquemáticos ou croquis) é um desenho à mão livre 
onde se utiliza o conhecimento local, não requer qualquer tipo de mensuração, 
cálculo ou técnica especial, possuindo assim, uma baixa acurácia. Baseia-se na 
percepção local sendo considerada uma ótima ferramenta para se trabalhar 
 
38 
 
internamente com a comunidade na discussão de resolução de conflitos de uso 
da terra e questões ambientais. 
 “Base maps” (mapas base): São bases cartográficas utilizadas para 
construir outros mapas através da adição novos informações de diferentes 
temas, e serve para realizar correlações geográficas, pois possui referenciais 
cartográficos e geodésicos, que permitem a sua sobreposição a outros mapas. 
 A flexibilidade dos procedimentos participativos para o mapeamento é 
outra característica importante, pois se adapta a diferentes contextos e prioridades. No 
presente artigo usamos como modelo o “base maps”, tendo em vista a necessidade de 
inserção destas informações em ambiente no SIG. 
3. A CARTOGRAFIA DO TERRITÓRIO DE ATUAÇÃO DO ESF. 
O trabalho do ESF está imbuído de noções próprias de território e de 
territorialização, e tem com um dos objetivos a inserção da participação comunitária nos 
assuntos de saúde. A “territorialização” é vista como uma etapa da implantação do PACS 
e ESF. A ideia de territorialização descrita nos documentos do Sistema Único de Saúde - 
SUS está baseada em aspectos gerenciais e técnicos. O processo de territorialização é 
entendido como a demarcação da área de abrangência das famílias adscritas a cada 
unidade básica. Potencialmente, estes territórios teriam como vantagem a possibilidade 
de agregação de dados demográficos, epidemiológicos, de condições de vida, e até 
ambientais, porém poucos trabalhos abordam esta associação de dados do ESF. 
 Contudo, segundo Gondim (2008) esse território é também um espaço, porém 
singularizado e sempre tem limites que podem ser políticos-administrativos ou de ação 
de um determinado grupo de atores sociais; internamente é relativamente homogêneo, 
com uma identidade que vai depender da sua construção. O reconhecimento desse 
 
39 
 
território é um passo essencial para a caracterização da população e de seus problemas de 
saúde, bem como para avaliação do impacto dos serviços de saúde sobre esta população. 
A efetivação das atividades de atenção à saúde se baseia no entendimento de 
como funcionam e se articulam num território as condições econômicas, sociais e 
culturais e de como se dá a vida das populações, seus atores sociais e a sua íntima relação 
com seus espaços, seus lugares (Monken & Barcellos, 2005). A exclusiva referência 
apenas à quantidade de população para o desenvolvimento de recortes territoriais, sem 
nenhuma proposta de classificação ou identificação destes territórios, por ações ou 
problemas de saúde acaba por limitar a eficácia da atuação das equipes do ESF. Contudo, 
este processo de territorialização ainda que impreciso, confuso, desordenado em sua 
delimitação é a única fonte de dados para as análises

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