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Mercúrio é um elemento químico do grupo 12 (metais de transição) que pertence ao sexto período da tabela periódica. O único metal que é líquido à temperatura ambiente. Isso pode ser explicado pela energia de ionização muito grande, que dificulta a participação dos elétrons na formação das ligações metálicas. O mercúrio é altamente tóxico. Mesmo à temperatura ambiente, o metal libera vapor inodoro e invisível, que é facilmente absorvido através da respiração, sendo essa a via de contaminação mais grave, pois cerca de 80% da dose inalada vai para a corrente sanguínea. Sua solubilidade no sangue é maior que na água, e uma vez absorvido pelo organismo ele se acumula nos tecidos. Os compostos de mercúrio constituem uma ameaça constante para o meio ambiente. No organismo humano, o excesso de mercúrio, decorrente da inalação ou da ingestão de animais contaminados, especialmente peixes, causa uma serie de distúrbios, podendo sofrer desde náuseas e diarreia até problemas cardíacos e neurológicos. A contaminação ambiental por mercúrio é, portanto, resultado de ações antrópicas (resultado da ação humana) que envolvem este elemento. O Brasil não produz mercúrio, pois não tem reservas de Cinábrio (HgS) (forma comercialmente explorada de mercúrio). Por isso, o país o importa principalmente de países da américa do norte e centrais europeus. Segundo o estudo do Departamento de Geoquímica da Universidade Federal Fluminense, as principais fontes de contaminação ambiental por mercúrio no Brasil são os efluentes industriais da fabricação de soda cáustica e a mineração do ouro na região Amazônica, bem como, também, as indústrias metalúrgicas, fábricas de tinta e de plásticos, principalmente o plástico PVC. Ao serem despejados acidentalmente ou até mesmo propositalmente em cursos d’água, como: rios, lagos ou oceanos, podem transformar-se em dimetilmercúrio (CH3–Hg–CH3) pela ação de certas bactérias presentes nestes locais. Peixes, algas e moluscos são capazes de concentrar em seus organismos quantidades significativas. Anualmente, cerca de 40 milhões de lâmpadas são descartadas no Brasil. Ao ser descartada intacta em aterros, lixões ou entulhos, ela pode se romper facilmente, emitindo vapores com aproximadamente 20 mg de mercúrio, isso quer dizer que essas substâncias tóxicas acabam sendo liberadas e se decompõem, transformando-se no chorume, que mais tarde pode atingir os lençóis freáticos e prejudicar a natureza. Figura 1: Formula estrutural completa dos compostos orgânicos (CH3–Hg–CH3) dimetilmercúrio. Industria e sua utilização Normalmente, o mercúrio é utilizado em instrumentos de medidas como termômetros, medidores de pressão sanguínea e barômetros, além de ser também utilizado na fabricação de lâmpadas fluorescentes. É utilizado na indústria de explosivos, em alguns casos, como catalisador em reações químicas, em odontologia como elemento principal para obturação de dentes. Atualmente foi substituído nos tratamentos dentários pelo bismuto que apresenta propriedades semelhantes, porém ligeiramente menos tóxico. Lâmpadas fluorescentes e sua fabricação A lâmpada fluorescente (Figura 2) é um item muito comum nas residências e nos locais de trabalho por ser uma opção mais eficiente e econômica quando comparada com as lâmpadas incandescentes (Figura 3), a versão com 60 W, que é a mais vendida no país, gasta mais energia do que as outras opções para iluminar o mesmo ambiente. Já fluorescente, com 15 W ilumina da mesma forma que a incandescente de 60 W. Isso significa uma economia de 75%. Figura 2: Lâmpada fluorescente. Figura 3: Lâmpada incandescente. A Lâmpada fluorescente ou Lâmpada fluorescente compacta é uma lâmpada composta por um tubo de vidro revestido com fósforo branco, preenchido de vapor de mercúrio e argônio sob baixa pressão, nos extremos das lâmpadas, há os eletrodos, feitos de tungstênio ou aço inox que ao ser submetido a uma tensão produz uma corrente elétrica (fluxo de passagem de elétrons) ou (emissão termiônica) que, ao passar através da mistura gasosa, argônio e vapor de mercúrio, por exemplo, emite radiação ultravioleta. A luz UV é, então, absorvida pelo tungstato de magnésio ou pelo silicato de zinco, os materiais mais usados no revestimento interior do tubo. Essas substâncias têm a propriedade de transformar o comprimento de onda invisível do ultravioleta em luz visível (Figura 4). Figura 4: Principio de funcionamento da lâmpada fluorescente. Descarte de Lâmpadas Incandescentes A lâmpada com mercúrio, incluída nessa categoria, é classificada como resíduo perigoso de fontes não específicas (resíduo classe I), que tem o código F044, na NBR 10004:2004 (Resíduos Sólidos) da ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas, que é responsável pela classificação dos resíduos conforme seus riscos potenciais ao meio ambiente e a saúde do ser humano (ABNT, 2004). Esta norma regulamenta a adequação ao produto pós-uso para que tenha o destino correto, passando por processos de reciclagem a fim de, além de reaproveitar os materiais de sua composição, evitar o descarte poluente ao meio ambiente do mercúrio contido nas lâmpadas. Não existe uma lei nacional que aborde o assunto. Cada estado brasileiro é responsável pela criação das próprias leis sobre reciclagem de lâmpadas, podendo passar essa responsabilidade aos municípios. Em Curitiba a Lei Municipal n° 13.509/2010 dispõe sobre o tratamento e destinação final diferenciados de resíduos especiais. Esta Lei que específica e dá outras providências correlatas, foi assinada em 08 de junho de 2010. Nesta Lei fica determinado que fabricantes, importadores, distribuidores e usuários finais são responsáveis pela destinação adequada dos resíduos. Ficando sujeito a multa que pode variar de R$ 100,00 (cem reais) a R$ 10.000,000 (dez mil reais). Por essa lei, os comerciantes curitibanos que vendem lâmpadas fluorescentes são obrigados a receber os produtos após a utilização, devolvendo aos fabricantes ou encaminhando para o destino correto. Esse processo é chamado de logística reversa. 23 além dessa lei, os coletores de lixo (normal e reciclável) são instruídos para não fazerem a coleta de lâmpadas fluorescentes, quando identificadas. Normalmente as lâmpadas fluorescentes tubulares são de fácil identificação, mas isso não acontece com as fluorescentes compactas e demais lâmpadas poluentes. As informações foram repassadas em telefonemas a Prefeitura Municipal de Curitiba. A fim de resolver o problema do descarte do consumidor final, a prefeitura disponibiliza o serviço de coleta comunitária de lixos especiais. Segundo a prefeitura, o serviço é destinado ao recolhimento de lixo tóxico domiciliar, como pilhas, baterias, óleos de origem animal e vegetal, remédios vencidos, tintas e embalagens, além das lâmpadas fluorescentes sendo limitada a quantidade de 10 unidades por pessoa (CALENDÁRIO, 2012). Para esse serviço é disponibilizado um caminhão itinerante, que percorre os terminais de transporte coletivo da capital paranaense, passando ao menos uma vez por mês em cada local. O horário de atendimento é das 07:30 às 15:00 horas. O calendário completo do ano em vigor pode ser acessado pelosite da prefeitura ou através do telefone 156. Figura 4: Caminhão da Prefeitura Municipal de Curitiba realizando a coleta de lâmpadas fluorescentes. Fonte: Rogério Machado, 2011. Processo de descontaminação e reciclagem Este processo de reciclagem tem início no recebimento, na retirada da embalagem e na estocagem das lâmpadas. Quando levadas para a reciclagem em si, as lâmpadas são explodidas em equipamentos enclausurados e sob pressão negativa (para que não haja vazamento). O mercúrio na forma de gás já se libera e é filtrado por cartão ativado. Após isso se separa os terminais (componentes de alumínio, soquetes plásticos, estruturas metálicas/eletrônicas). Esses elementos já estão prontos para a reutilização. Então o vidro é separado do pó fosfórico, e também já está livre de contaminação. O pó fosfórico é levado ao processo de desmercurização térmica e destilação. O mercúrio é retido por filtros de carvão ativado restando apenas o pó de fósforo descontaminado. O mercúrio por fim, é tratado por um sistema de controle de emissão de gases, onde é recuperado e pode-se então ser reutilizado. O método descrito acima é o utilizado pela empresa Apliquim Brasil Recicle, mas é a forma tradicional que funciona uma usina de reciclagem padrão em referência a lâmpadas. Considerações finais Utilizar lâmpadas fluorescentes é um bem ao meio ambiente, desde que seja feito com consciência que o seu descarte é diferenciado e que deve ser feito da maneira correta, muitas vezes exigindo esforços do consumidor final, seja pessoa física ou jurídica. Notam-se ainda deficiências na legislação brasileira em vários quesitos que vão desde a regulamentação das embalagens desde os recursos para a destinação de resíduos sólidos. Por fim, vale ressaltar que a conscientização da população é a melhor maneira de preservação do meio ambiente. Pesquisa bibliográfica Este artigo baseou-se em diversos temas coletados a partir de pesquisas feitas na Internet. O “artigo” em questão, (Mercúrio em Lâmpadas Fluorescentes), fornecido para articulação deste, bem como, contemplando as seguintes dimensões: funcionamento das lâmpadas fluorescentes, substâncias tóxicas, e formas de manipulação e destinação correta das lâmpadas queimadas.
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