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SOCIOLOGIA APLICADA SOCIOLOGIA APLICADA Graduação SOCIOLOGIA APLICADA U N ID A D E 1 A FORMAÇÃO DA SOCIOLOGIA COMO CONHECIMENTO CIENTÍFICO Prezado aluno iniciaremos os nossos estudos de Sociologia fazendo uma análise do contexto sócio-histórico que propiciou o seu surgimento e, a partir daí, poderemos entender melhor o seu conceito e o seu objeto de estudo. OBJETIVO DA UNIDADE: • Analisar as condições sócio-históricas que favoreceram o surgimento da Sociologia como ciência, identificando seu objeto de estudo e comparando as diferentes posturas paradigmáticas neste contexto, a fim de que possa participar do processo social conscientemente. PLANO DA UNIDADE: • O contexto sócio-histórico e intelectual do surgimento da Sociologia. • A crise do Feudalismo. • A formação dos Estados-Nacionais. • O Mercantilismo e a expansão comercial ultramarina. • A Sociologia se estabelece como Ciência. Bem-vindo à primeira unidade de estudo. Sucesso! UNIDADE 1 - A FORMAÇÃO DA SOCIOLOGIA COMO CONHECIMENTO CIENTÍFICO O CONTEXTO SÓCIO-HISTÓRICO E INTELECTUAL DO SURGIMENTO DA SOCIOLOGIA O surgimento da Sociologia pode ser identificado no bojo de um amplo processo histórico que tem início na transição feudal-capitalista, quando se dá a desagregação da sociedade feudal no século XV e vai até o período das revoluções burguesas - revolução industrial inglesa e a revolução francesa no século XVIII, marcando a consolidação da sociedade capitalista. Respondendo a essas indagações, estaremos com os nossos estudos bem encaminhados... Sendo assim, vamos em frente! A CRISE DO FEUDALISMO Caminharemos juntos nesta etapa, visando entender que, para que a nova ordem pudesse ganhar espaço, o Feudalismo teria que extinguir todas as suas possibilidades de reprodução. A partir dos séculos XV e XVI podemos observar que grandes transformações ocorreram na Europa e, conseqüentemente, no mundo todo. Esses acontecimentos desestruturaram o sistema feudal existente e deram origem a um novo sistema – o capitalismo. A grande crise do feudalismo desenvolveu-se na Europa Ocidental no século XIV, atingindo indiscriminadamente campo e cidade, disseminando a fome, epidemias e as guerras, podendo ser explicada por um conjunto de fatores que trouxe, como conseqüência, a superação do sistema feudal. A economia medieval encontrava-se em crise face à baixa produtividade agrícola, ocasionada pelo esgotamento dos solos - utilização inadequada de técnicas agrícolas predatórias - o que projetava um declínio na produção de alimentos, gerando a fome e, conseqüentemente, as epidemias. Em meados do século XIV, os comerciantes genoveses trouxeram da região do Mar Negro uma epidemia que, no espaço de dois anos, espalhou a morte por toda a Europa, atingindo homens e mulheres adultos e crianças de todos os segmentos sociais, sendo conhecida como Peste Negra – um castigo de Deus. A crise se agravou na medida em que os senhores feudais viram seus rendimentos declinarem devido à falta de trabalhadores e ao despovoamento dos campos. Capitalismo: sistema social baseado no capital, no dinheiro. usuario Comentário do texto IMportante usuario Comentário do texto SOCIOLOGIA APLICADA A mortalidade trazida pela fome e a peste negra foi ainda ampliada pela longa Guerra dos Cem Anos (1337/1453), desencadeada pela disputa das regiões de Bordéus e Flandres, entre França e Inglaterra. A conjuntura de epidemias, de aumento brutal da mortalidade e de superexploração camponesa que caracterizou a Europa do século XIV trazendo a crise, foi sendo superada no decorrer do século XV, com a retomada do crescimento populacional, agrícola e comercial. FORMAÇÃO DOS ESTADOS-NACIONAIS Para acompanharmos as transformações em curso, é fundamental concentrarmos-nos na aliança entre a burguesia e o rei, que resulta na formação dos Estados-Nacionais, verificando-se a consolidação territorial a partir de práticas políticas absolutistas, com o fortalecimento do poder e autoridade dos reis. Essa nova forma de organização política atendia aos interesses tanto da nobreza quanto da burguesia. Os nobres, apesar de sua crescente dependência frente aos reis e da perda de autonomia, tiveram assegurados os seus privilégios feudais sobre os camponeses, mantendo suas terras e os seus títulos nobiliárquicos, além de cargos administrativos, pensões e chefias de regimentos militares. Os burgueses procuraram aliar-se aos reis, financiando-os com recursos para a manutenção de exércitos profissionais permanentes, necessários à manutenção da ordem e do poder. Além disso, a centralização política e administrativa trouxe a gradual unificação de impostos, leis, moedas, pesos, medidas e alfândegas em cada país, beneficiando o comércio e a burguesia. Os Estados-Nacionais, formados a partir de fins do século XIV em Portugal e durante o século XV na França, Espanha e Inglaterra, evoluíram no sentido do Absolutismo monárquico. Sistema político o qual o rei detém o poder total, cabendo-lhe o direito de impor leis e obediência aos súditos. Mesmo as regiões que permaneceram divididas em pequenos reinos e cidades, como a Itália e a Alemanha, a tendência foi para o fortalecimento do poder político dos governantes locais. MERCANTILISMO E A EXPANSÃO COMERCIAL ULTRAMARINA Veremos agora como os europeus – pioneiramente Espanha e Portugal - chegam a regiões nunca antes alcançadas e quais os seus verdadeiros interesses. A expansão territorial implementada pela política usuario Comentário do texto usuario Comentário do texto usuario Comentário do texto UNIDADE 1 - A FORMAÇÃO DA SOCIOLOGIA COMO CONHECIMENTO CIENTÍFICO mercantilista resultou na conquista e exploração de novos territórios denominados “colônias” e estas passando a cumprir o papel de complementaridade da economia da metrópole, constituindo-se em fontes geradoras de riquezas dos países europeus. Através do “Pacto Colonial”, ficava assegurada a exclusividade das transações mercantis estabelecidas entre as metrópoles e suas respectivas colônias, numa relação também conhecida como monopólio comercial. Dentre as características do Mercantilismo, podemos identificar: • expansão marítima comercial e a conquista de novos mercados fornecedores de matérias-primas e mão-de-obra; • busca incessante do lucro, através da manutenção de uma balança comercial de superávit, ou seja, exportar sempre mais do que importar; • idéia metalista – nível de riqueza de um país medido pelo montante de ouro e prata acumulado em seu tesouro nacional; • absolutismo monárquico – poder político centralizado em torno do rei que constituía-se na autoridade maior do sistema, com o Estado controlando a política econômica em favor dos interesses burgueses. As práticas mercantilistas impulsionaram o crescimento do capitalismo comercial dando origem à acumulação primitiva de capitais, pré-condição necessária ao desenvolvimento do próprio capitalismo. Secularização É importante agora, percebermos as mudanças do entendimento do homem sobre si mesmo e o mundo. Na transição feudal-capitalista surge um novo homem, principalmente nos centros urbanos, mais crítico e sensível, representando um pensamento antropocêntrico – o homem como o centro de todas as coisas e racionalista – crença ilimitada na capacidade da razão em dar conta do mundo - movimento resgatado da antiguidade greco-romana, que chocava-se com a postura teocêntrica e dogmática, definida pelo poder clerical na Idade Média. Desenvolve-se, então, uma nova forma de entender a realidade, isto é, a razão passou a ser considerada o elemento principal de interpretação dos fatos.O homem constrói uma concepção anticlerical apoiada em bases de liberdade, que não precisava se submeter à autoridade divina imposta pela Igreja Católica. Renascimento O Renascimento foi um movimento intelectual que marcou a cultura européia entre os séculos XIV e XVI, originário da Itália e irradiado por toda a Europa. usuario Comentário do texto usuario Nota Importante usuario Comentário do texto usuario Comentário do texto usuario Comentário do texto usuario Comentário do texto SOCIOLOGIA APLICADA Está associado ao humanismo e fudamentado nos conceitos da civilização da antiguidade clássica, numa demonstração de menosprezo pela Idade Média, considerada como “noite de mil anos” ou “escuridão”. O Renascimento representou uma nova visão de mundo que atendia plenamente aos interesses da burguesia em ascensão. Suas principais características eram o racionalismo, crença na razão como forma explicativa do mundo em oposição à fé; o antropocentrismo, colocando o homem no centro de todas as coisas, em oposição ao teocentrismo e o individualismo, em oposição ao coletivismo cristão. O Humanismo pregava a pesquisa, a crítica e a observação, em oposição ao princípio da autoridade. A explicação da origem italiana do Renascimento e do Humanismo, se dá em função da riqueza das cidades italianas, da presença de sábios bizantinos, da herança clássica da Antiga Roma e da difusão do mecenato. A invenção da Imprensa contribuiu muito para a divulgação das novas idéias. Fases do Renascimento O Renascimento pode ser dividido em três grandes fases, correspondentes aos séculos XIV, XV e o XVI. Trecento - século XIV - manifesta-se predominantemente na Itália, mais especificamente na cidade de Florença, pólo político, econômico e cultural da região. Giotto, Boccaccio e Petrarca estão entre seus representantes. Suas características gerais são o rompimento com o imobilismo e a hierarquia da pintura medieval - valorização do individualismo e dos detalhes humanos; Quatrocento - século XV - o Renascimento espalha-se pela península itálica, atingindo seu auge. Neste período atuam Botticelli, Leonardo da Vinci, Rafael e, no seu final, Michelangelo, considerados os três últimos o “trio sagrado” da Renascença. As características gerais do período são: inspiração greco-romana (paganismo e línguas clássicas), racionalismo e experimentalismo; Cinquecento – século XVI - o Renascimento torna-se neste século um movimento universal europeu, tendo, no entanto, iniciado sua decadência. Ocorrem as primeiras manifestações maneiristas e a Contra-reforma instaura o Barroco como estilo oficial da Igreja Católica. Na literatura atuaram Ludovico Ariosto, Torquato Tasso e Nicolau Maquiavel, já na pintura eram Rafael e Michelangelo. O Iluminismo O Iluminismo foi o movimento intelectual desenvolvido na França no século XVII e teve o seu apogeu durante o século XVIII - o chamado “Século das Luzes”, que enfatizava o domínio da razão e da ciência como formas de explicação para todas as coisas do universo, substituindo as crenças religiosas e o misticismo que bloqueavam a evolução do homem desde a Idade Média. usuario Comentário do texto UNIDADE 1 - A FORMAÇÃO DA SOCIOLOGIA COMO CONHECIMENTO CIENTÍFICO Para os filósofos iluministas, o homem era naturalmente bom, porém era corrompido pela sociedade com o passar do tempo. Eles acreditavam que se todos fizessem parte de uma sociedade justa, com direitos iguais para todos, a felicidade comum seria alcançada. Por esta razão, eles eram contra as imposições de caráter religioso, contra as práticas mercantilistas, contrários ao absolutismo do rei, além dos privilégios dados à nobreza e ao clero. O Iluminismo foi mais intenso na França onde influenciou a Revolução Francesa, assim como na Inglaterra e em diversos países da Europa onde a força dos protestantes era maior, chegando a ter repercussões, mesmo em alguns países católicos. Podemos dizer que, de certo modo, este movimento é herdeiro da tradição do Renascimento e do Humanismo por defender a valorização do Homem e da Razão, contribuindo também para o avanço do capitalismo e da sociedade moderna na medida em que disseminava os ideais de uma sociedade “livre”, com possibilidades de transição de classes e mais oportunidades iguais para todos. Economicamente, o Iluminismo identificava que era da terra e da natureza que deveriam ser extraídas as riquezas dos países. Segundo Adam Smith, cada indivíduo deveria procurar lucro próprio sem escrúpulos o que, em sua visão, geraria um bem-estar geral na civilização. Os principais filósofos do Iluminismo foram: John Locke (1632-1704), ele acreditava que o homem adquiria conhecimento com o passar do tempo através do empirismo; Voltaire (1694-1778), ele defendia a liberdade de pensamento e não poupava crítica à intolerância religiosa; Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), ele defendia a idéia de um estado democrático que garantia igualdade para todos; Montesquieu (1689-1755), ele defendeu a divisão do poder político em Legislativo, Executivo e Judiciário; Denis Diderot (1713-1784) e Jean Le Rond d´Alembert (1717-1783), juntos organizaram uma enciclopédia que reunia conhecimentos e pensamentos filosóficos da época. O outro lado da moeda Estas transformações foram acompanhadas, nos séculos XVII e XVIII, por mudanças políticas, tais como: a Revolução Inglesa, a Revolução usuario Comentário do texto SOCIOLOGIA APLICADA Americana e a Revolução Francesa, que introduziram grandes alterações nessas sociedades e influenciaram a mudança de outras no mundo a fora. Você pode observar que a sociedade que antes tinha suas bases na produção da terra passa a ter suas bases na produção industrial e trouxe consigo uma nova forma de trabalho, que é o trabalho assalariado. Este também trouxe novas formas de relações entre as pessoas e de representatividade nos governos. Tudo mudava. Aquela sociedade tradicional que antes existia estava completamente transformada precisando se organizar para atender às novas necessidades. Revolução Industrial Inglesa Agora, iremos pesquisar a revolução que alterou a relação entre os homens, configurando as formas do mundo contemporâneo. No decorrer do século XVIII, a Europa Ocidental passou por uma grande transformação no setor da produção, em decorrência dos avanços das técnicas de cultivo e da mecanização das fábricas, a qual se deu o nome de Revolução Industrial. A invenção e o aperfeiçoamento das máquinas permitiram o aumento vertiginoso da produtividade, resultando na diminuição dos preços dos produtos e o crescimento do consumo e dos lucros. Esse momento revolucionário de passagem da energia humana, hidráulica e animal para motriz, é o ponto culminante de uma revolução tecnológica, social e econômica, cujas origens podem ser encontradas nos séculos XVI e XVII, com a política de incentivo ao comércio, adotada pelos Estados-Nacionais e a adoção da política mercantilista. A acumulação de capitais nas mãos dos comerciantes burgueses e a abertura dos mercados proporcionada pela expansão marítima estimularam o crescimento da produção, exigindo mais mercadorias e preços menores. Gradualmente, passou-se do artesanato disperso para a produção em oficinas e destas para a produção mecanizada nas fábricas. Para Karl Marx, a Revolução Industrial integra o conjunto das chamadas “Revoluções Burguesas” do século XVIII, responsáveis pela crise do Antigo Regime na passagem do capitalismo comercial para o industrial. Os outros dois movimentos que a acompanham são a Independência dos Estados Unidos e a Revolução Francesa que, sob influência dos princípios iluministas, assinalam a transição da Idade Moderna para a Idade Contemporânea. A Inglaterra foi o país pioneiro da industrialização, sendo que alguns fatores contribuírampara isso: • o principal deles foi a aplicação de uma política econômica liberal em meados do século XVIII, liberalizando a indústria e o comércio o que acarretou um enorme progresso tecnológico e aumento da produtividade em um curto espaço de tempo; UNIDADE 1 - A FORMAÇÃO DA SOCIOLOGIA COMO CONHECIMENTO CIENTÍFICO • a Lei de Cercamento dos Campos, denominados “enclouseres” marcou o fim do uso comum das terras, expulsando o homem do campo e gerando o “trabalhador livre”. Na medida em que não tinham mais condições de vida no meio rural, partiam para as cidades, gerando forte concentração de mão-de-obra urbana, o que favorecia às indústrias; • a Inglaterra possuía grandes reservas de carvão mineral em seu subsolo, a principal fonte de energia para movimentar as máquinas e as locomotivas a vapor. Possuíam também consideráveis reservas de minério de ferro, principal matéria- prima utilizada neste período. • a burguesia inglesa tinha capital suficiente para financiar as fábricas, comprar matéria-prima, máquinas e contratar empregados por causa da grande taxa de poupança que existia na época; • a agricultura inglesa desenvolveu-se com a difusão de novas técnicas e instrumentos de cultivo. A mecanização da produção criou o proletariado rural e urbano, composto de homens, mulheres e crianças, submetido a jornadas de trabalho diárias, extensivas e intensivas, de mais de 16 horas no campo ou nas fábricas. Com a Revolução Industrial, consolida-se o sistema capitalista baseado em duas classes fundamentais: a burguesia detentora do capital e o proletariado, que nada possuíam a não ser a sua força de trabalho, que vendiam aos capitalistas em troca de um salário. O capital apresenta-se sob a forma de terras, dinheiro, lojas, máquinas ou crédito. O agricultor, o comerciante, o industrial e o banqueiro, donos do capital, controlam o processo de produção, contratam ou demitem os trabalhadores, conforme seus interesses. As formas de transformação de matérias-primas em produtos são: trabalho artesanal – é a forma mais primitiva de trabalho, dominada pelo homem há milhares de anos. O trabalho era manual, sem a utilização de máquinas e o artesão realizava sozinho todas as etapas da produção, desde o preparo da matéria-prima até o acabamento final dos produtos, não havendo divisão do trabalho. O artesão era dono dos meios de produção - oficina e ferramentas simples - possuindo também o produto final de seu trabalho. trabalho manufaturado – estágio intermediário entre o artesanato e a indústria. Neste processo, podemos observar o uso de máquinas simples e a divisão social do trabalho (especialização do trabalhador) com cada trabalhador ou grupo de trabalhadores, realizando uma etapa para a obtenção do produto final. Na manufatura, já encontramos a figura do capitalista com interferência direta no processo produtivo, passando a comprar a matéria- prima e a determinar o ritmo de produção. indústria moderna – com a mecanização da produção introduzida pela Revolução Industrial, os trabalhadores perdem o controle do processo SOCIOLOGIA APLICADA produtivo, passando a trabalhar para um patrão – burguês - na condição de operários – empregados assalariados. Esses trabalhadores passam a manejar máquinas que pertencem agora ao empresário, dono dos meios de produção e para o qual se destina o lucro, sendo que a matéria-prima e o produto final não mais lhes pertencem. Temos como etapas da industrialização, os seguintes períodos: Primeira Revolução Industrial – desenvolvida entre meados do século XVIII até as últimas décadas do século XIX, com a predominância do trabalho intensivo com jornadas de trabalho de até 16 horas por dia, com baixa remuneração do operariado. Utilização de máquinas à vapor nas indústrias têxteis, sendo que a grande fonte de energia era o carvão mineral. Segunda Revolução Industrial – compreendida entre as últimas décadas do século XIX até o final da década de 1970 – século XX. A jornada de trabalho cai para 8 horas diárias e passa a ser regulamentada por leis trabalhistas, a partir dos avanços sociais relativos ao processo histórico de cada país. O petróleo vai substituindo o carvão até se constituir na principal fonte de energia e a indústria automobilística como maior atividade produtiva. Terceira Revolução Industrial – conhecida também como Revolução Técnico-Científica, tem início a apartir da segunda metade da década de 1970, sendo caracterizada pelo avanço do conhecimento e tecnologia avançada. As jornadas de trabalho são mantidas em 8 horas diárias. Os setores de ponta são a informática, a robótica, as telecomunicações, a química fina e a biotecnologia. Neste período, temos uma diversificação quanto às fontes de energia – hidrogênio, energia solar, etc. A Revolução Industrial favoreceu também o desenvolvimento dos transportes. Logo vieram a locomotiva e a navegação a vapor, o que fez com que houvesse uma redução nos custos dos fretes, baixando os preços dos produtos e aumentando o consumo. Com a Revolução Industrial, a Inglaterra se transformou no maior produtor e exportador de produtos manufaturados e a população dos centros urbanos cresceu assustadoramente. Não podemos esquecer de que havia nesse país matérias-primas indispensáveis para o funcionamento e a construção dessas máquinas – carvão e ferro. E, então, você já pode imaginar o que foi acontecendo: a burguesia investiu na inovação tecnológica e as máquinas foram cada vez mais se aprimorando e aumentando a produção que se expandia por todo o mundo, estabelecendo laços de dependência entre as nações. O trabalho assalariado que substitui o trabalho artesanal ganha força utilizando-se fortemente da mão-de-obra feminina e infantil e a energia a vapor cresce em lugar da energia humana. Revolução Francesa A Revolução Francesa é um importante marco histórico da transição do feudalismo para o capitalismo, inaugurando um novo modelo de sociedade baseada na economia de mercado. UNIDADE 1 - A FORMAÇÃO DA SOCIOLOGIA COMO CONHECIMENTO CIENTÍFICO A Revolução Francesa significou o colapso das instituições feudais do Antigo Regime e o fim da monarquia absoluta na França. Ao mesmo tempo, propiciou a ascensão da burguesia ao poder político, fortalecendo as condições essenciais para a consolidação do capitalismo. Movimento político de extrema relevância para o continente europeu e para o Ocidente, a Revolução Francesa teve início em 1789 e se prolongou até 1815. Sofreu grande influência dos ideais do Iluminismo, baseando-se no direito à liberdade, à igualdade e à fraternidade e nos princípios democráticos e liberais da Independência Americana(1776). O êxito do processo revolucionário francês, encerrando os privilégios da nobreza e do clero, serviu de motivação para novos movimentos em direção ao igualitarismo em outras partes da Europa. A Revolução Francesa pode ser subdividida em quatro grandes períodos: a Assembléia Constituinte, a Assembléia Legislativa, a Convenção e o Directório. Causas da Revolução A Revolução Francesa foi resultado de uma conjugação de fatores sociais, econômicos, políticos e, pelo menos um desses fatores, é apontado, pela maioria dos historiadores, como determinante para o desencadeamento do processo revolucionário. Trata-se do descontentamento do povo com os abusos e privilégios do regime absolutista. A composição social da sociedade francesa, na segunda metade do século XVIII, é marcada por uma rígida hierarquia e estratificação social. A hierarquia social francesa propiciava honras e privilégios em função do nascimento e dividia a população de maneira discriminatória segundo ordens ou estados. De um lado, duas classes – o clero e a nobreza, que juntas usufruíamdos privilégios e da riqueza produzida pela sociedade francesa. O Clero ou 1º Estado composto por importantes membros da Igreja Católica, originário da nobreza, que em 1789 representava 2% da população francesa. A Nobreza ou 2º Estado formado pelo rei e sua família, bem como outros nobres como: condes, duques, marqueses, aproximava-se de 1,5% dos habitantes. Controlava a maior parte das terras, concentrando em suas mãos boa parte de tudo que produziam os camponeses; gozava de inúmeros privilégios e não pagava impostos. Do outro lado, o povo – base da sociedade francesa, que sustentava pelo peso de impostos que pagava, a vida de riqueza e muito luxo dos nobres e do clero. O Povo ou 3º Estado era formado pela burguesia, pelos trabalhadores urbanos (a maioria deles desempregados), artesãos e camponeses - sans cullotes. SOCIOLOGIA APLICADA O desenvolvimento do comércio e da indústria, assim como a conquista de novos mercados na Europa e fora dela, fizeram a burguesia acumular riquezas muito rapidamente. A confortável posição que desfrutava no campo dos negócios, contrastava com a desfavorável condição que a burguesia ocupava na vida política do regime absolutista. Apesar de rica, a estrutura social francesa barrava a ascensão da burguesia, uma vez que os privilégios, honras e títulos estavam reservados somente à nobreza e ao alto clero. Além disso, a má administração das finanças, a cobrança excessiva de impostos e os gastos descontrolados da nobreza eram considerados obstáculos aos interesses burgueses. Os camponeses e os trabalhadores urbanos que representavam a esmagadora maioria da população francesa viviam em precárias condições de vida e de existência, ou seja, em quase absoluta miséria. No campo, embora grande parte dos camponeses fosse livre, somente uma pequena parcela podia manter-se com a produção da terra. A elevada carga de impostos relegou boa parte dos pequenos proprietários a subsistir trabalhando nas propriedades dos grandes senhores ou dedicar-se a produção artesanal. Por outro lado, o progresso industrial não representou para a classe trabalhadora operária uma melhoria das condições de vida e de trabalho. A classe operária convivia com salários muito baixos e com altos níveis de desemprego. O quadro de desigualdade social da sociedade francesa, alimentado pela crise econômico-financeira do Antigo Regime, tornou ainda mais precárias as condições em que viviam os trabalhadores do campo e da cidade. Relegados a condições miseráveis de existência, camponeses e trabalhadores urbanos desejavam novas formas de vida e de trabalho. As origens do processo revolucionário francês de 1789 devem ser buscadas nas contradições dos interesses estabelecidos pelo regime absolutista e as novas forças sociais que estavam em ascensão. Ou seja, os interesses econômicos e políticos da nova e poderosa classe burguesa sufocada por uma organização social aristocrática e decadente fizeram despertar o povo (o terceiro estado), que passou a rejeitar as ordens, as diferenças sociais e as restrições. Diante das promessas igualdade e fraternidade, o povo foi atraído para a causa revolucionária. A SOCIOLOGIA SE ESTABELECE COMO CIÊNCIA Tendo em vista todos estes acontecimentos, Augusto Comte (1798- 1857) defende uma proposta para resolver os problemas da sociedade de sua época que viria através da reforma intelectual do homem alcançando a reforma das instituições. Liberalismo: corrente política de pensamento que defende a liberdade do indi- víduo frente ao intervencionismo do Estado. UNIDADE 1 - A FORMAÇÃO DA SOCIOLOGIA COMO CONHECIMENTO CIENTÍFICO Estas reformas estavam embasadas no Liberalismo que triunfara no século XIX e pregava a liberdade e a igualdade inata entre os homens. Porém, suas reformas estabeleciam a autoridade e a ordem pública contra os abusos do individualismo da Escola Liberal (RIBEIRO JR. 1988:15). A Sociologia nasce como resposta a esse individualismo pregado pela sociedade capitalista e vai assim enfatizar as ações altruístas entre os homens. O positivismo de Comte comparava a sociedade à vida orgânica, cujas partes que a constituem desempenham funções que se orientam para a preservação do todo. Sendo assim, a sociedade não poderia sofrer revoluções violentas e sim se desenvolver harmoniosamente. Repudia o laissez-faire do Liberalismo, pregando o planejamento social. Comte defendia a idéia de que as ciências deveriam atingir a máxima objetividade possível. A influência de Comte foi além da escola francesa, atingindo também os republicanos no Brasil, como podemos observar, o lema na bandeira nacional “Ordem e Progresso”. A especificidade do conhecimento sociológico As ciências se distinguem pelos seus objetos de estudo e pelos seus métodos. E com a Sociologia não vai ser diferente. Se observarmos uma sociedade, veremos que os homens praticam atos que podemos chamar de individuais, tais como: dormir, respirar, caminhar, como também, praticam atos considerados sociais – casar, fazer reuniões, pedir demissão – são situações que só podem ser entendidas através das relações que se estabelecem entre indivíduos ou grupos de indivíduos e que não podem ser entendidas isoladamente. São estes fatos coletivos que interessam à Sociologia, pois suas causas são encontradas não no individual, mas sim na sociedade. É HORA DE SE AVALIAR! Não esqueça de realizar as atividades desta unidade de estudo, presentes no caderno de exercício! Elas irão ajudá- lo a fixar o conteúdo, além de proporcionar sua autonomia no processo de ensino-aprendizagem. Caso prefira, redija as respostas no caderno e depois as envie através do nosso ambiente virtual de aprendizagem (AVA). Interaja conosco! Nesta primeira unidade estudamos a formação da Sociologia como conhecimento científico. Na próxima unidade, estudaremos a Sociologia Clássica. Espero você na próxima unidade. Temos muito que estudar! Positivismo: corrente fi- losófica cujo iniciador foi Augusto Comte. Defendia a ciência acima de tudo. Laissez-faire: expressão francesa que transmite uma das essências do Liberalismo que dizia: deixai - fazer, ou seja, o homem era livre para fazer o que quisesse. Objeto de estudo: aquilo que vai ser estudado pelo ci- entista.
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